Por Clênio Sierra de Alcântara
Honestildo, o melhor de todos. Nove vivas para Honestildo: Viva! Viva! Viva! Viva! Viva! Viva! Viva! Viva! Viva! |
A voracidade e o empenho com
que políticos e empresários desonestos se lançam sobre o dinheiro público neste
país não espantam mais ninguém, dada a banalidade que a coisa toda tomou no
noticiário de todo dia. Milhões e milhões de dólares depositados em contas
secretas no exterior, patrimônios grandiosos encontrados aqui e ali, estilos de
vida nababescos. Tudo bancado pelo dinheiro que sai do meu, do seu e do nosso
bolso em forma de impostos que deveriam ser convertidos em serviços de
educação, saúde e segurança pública de qualidade, em estradas bem pavimentadas,
em esgoto tratado e por aí vai, e que acaba nas mãos de homens e mulheres que
fazem o diabo para nos roubarem e ainda tripudiarem em cima de nós.
Presidente da República
moribundo, o senhor Michel Temer é ele mesmo a figura-emblema de um modo de
fazer política que estabelece que não importa se os meios são espúrios e
inescrupulosos, o que vale, de fato, são os fins ainda mais vis que eles
proporcionam. O senhor Michel Temer faria um bem danado ao país que ele pensa
que ainda está governando, se renunciasse e caísse fora, dando oportunidade
para que os brasileiros tentássemos, mais uma vez, eleger um presidente que conduzisse
realmente com integridade, honestidade e competência os destinos da nação. O senhor
Michel Temer quer, a esta altura das circunstâncias, nos fazer acreditar que é
homem probo, vítima de empresários e inimigos outros que tudo o que querem é
vê-lo apeado do poder.
Locupletar-se é a modalidade
à qual com maior afinco se dedica o típico político brasileiro: aquele sujeito
que mira a carreira política sem dispor de nenhuma ideologia e, às vezes, nem
formação educacional, almejando, uma vez eleito, encher suas burras recorrendo
a todo tipo de falcatrua, superfaturando obras, desviando verbas, utilizando
notas fiscais frias, empregando funcionários fantasmas e recrutando comparsas. E
é esse típico político brasileiro, que não tem nenhum compromisso com o
progresso do país, que em todos os pleitos aparece posando de benfeitor para as
multidões, quando se sabe que para ele não há nada mais desprezível do que o
povo, essa entidade que nem sempre enxerga as coisas como elas em verdade são.
A roubalheira, as tramoias,
os conchavos, as negociatas, os combinados, os arrumadinhos, as percentagens
por fora, as vendas de leis, os empréstimos supercamaradas, as armações, as
cartas marcadas, a compra de votos... O mundo político brasileiro é contaminado
por tantos males que é difícil acreditar que, ainda assim, algo consiga manter
a máquina pública funcionando. Porque não é só de políticos e empresários
desonestos que este Brasil está cheio, não, como deixam ver os casos de
magistrados que também praticam delinquências vendendo sentenças e livrando
criminosos da cadeia.
Nossa sociedade parece que é
em essência corrupta; talvez seja por isso que quando eu e você, que agora está
lendo este artigo, furamos uma fila ou praticamos qualquer outra infração, agimos
com a maior normalidade do mundo, crendo que coisinhas assim não fazem mal a
ninguém e que desonestos e criminosos são aqueles lá e não nós outros. Insistimos
em posar de honestões praticando os nossos pequenos delitos de todo dia crentes
de que nunca irão nos pegar com a boca na botija, como se dizia antigamente.
Nos esquemas de cifras
milionárias o senhor Luiz Inácio da Silva permaneceu o tempo todo mantendo uma
retórica vociferante com a qual, claro, atacava meio mundo e jurava inocência. Enquanto
isso, um a um, os seus homens de confiança foram caindo nas garras da Justiça,
metidos que estavam e estão em ilícitos de vários tipos para se apossarem das
riquezas do país, porque esse é, na verdade, o entendimento que eles têm de bem-estar
social: para os pobrezinhos um cartão do Bolsa Família; para eles apartamentos
suntuosos, sítios, joias, carrões e altas quantias em contas abastecidas pelos
propinodutos.
O senhor Luiz Inácio da
Silva conseguiu enganar muitos incautos com o seu figurino de homem honesto que
tudo o que dizia fazer era pensar em como acabar com a fome e a pobreza de
milhões e milhões de brasileiros. Ainda bem que nem todos caíram nesse conto do
vigário, e neste momento, enfim, assistimos à decretação da sentença contra o
honestíssimo senhor Luiz Inácio da Silva, a primeira de outras que estão por
vir. E não adianta esbravejar, maldizer, praguejar, apontar o dedo para fulano
e sicrano e atacar a mídia de golpista, senhor Luiz Inácio da Silva, porque a
sentença não foi escrita a lápis e nem a giz, para ser apagada; agora é arcar
com as consequências de sua inabalável honestidade, senhor Luiz Inácio, porque
a decretação de sua sentença não foi um ataque à democracia, como tem dito os
seus asseclas que, diga-se de passagem, têm uma ideia muito própria do conceito
de democracia, a começar pela defesa do controle absoluto da mídia pelo Estado;
a sua sentença, pelo contrário, revela um amadurecimento admirável das
instituições democráticas brasileiras que, ao julgarem um réu, passaram a
enxergá-lo como indivíduo e não como um representante desta ou daquela classe
social.
Honestildo é o político ou o
empresário sonso e dissimulado que está a todo tempo cavando um meio de
surrupiar os recursos públicos a fim de injetá-los em sua Roubobras S/A.
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