Por Sierra
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Foto: Arquivo do Autor O muito talentosos artista plástico Quihoma Isaac, a Tigresa Zezé Motta e eu numa noite que para mim foi inesquecível |
Falando somente a partir do que eu sinto, eu preciso lhes dizer que habitualmente eu fico à procura de qualquer mínima coisa que me proporcione satisfação, prazer e tesão, porque sentir isso é, para mim, o leitmotiv da minha existência. Eu não aceito a ideia de que todos e cada um de nós podemos viver abrindo completamente mão disso.
Sabe aquela expressão antiga sine qua non? Pois é, para mim, satisfação, prazer e tesão formam a tríade sine qua non para que eu encare a minha vida com entusiasmo, porque, do contrário, eu sucumbiria ao peso excessivo que o mundo põe em nossos ombros para que o carreguemos enquanto vivos estivermos.
Não, para mim essa tríade não está presente em tudo que eu vivencio, faço e executo; nem nos caminhos todos que eu percorro; nem em todos os lugares que eu frequento; e nem nas pessoas todas com as quais de alguma forma eu convivo e/ou lido. Encontro cada um deles, às vezes de forma muito intensa, num instante de boa surpresa e não somente no que eu me dispus a pôr em prática para que eles se acheguem até a mim.
Ao longo do meu dia eu costumo passar por movimentos de alternância da satisfação, do prazer e do tesão com insatisfações, desprazeres e quase ausência de tesão. E por que isso acontece comigo? Ora, isso se dá porque nem tudo o que praticamos e/ou realizamos está naquela esfera. Por vezes nós atingimos o extremo oposto daquilo que forma a tríade; e atravessamos o dia buscando compensações para nos restabelecermos; e de alguma forma o alcance daquilo que nos motiva, impulsiona e nos empurra para a vida chega, mesmo que seja em pequenas porções.
Ontem, enquanto eu seguia para ir bater perna no Recife, à tarde, após o expediente do trabalho, eu fui carregando comigo planos de alcance de satisfações, prazeres e tesões, sendo que partes deles já estavam em curso, que era o fato de que eu me encontrava indo à capital levando no pensamento vários propósitos, sendo o principal conseguir um ingresso para ir assistir ao show "Zezé Motta canta Caetano - Coração vagabundo", programado para ter início às 20h, no teatro da Caixa Cultural. E, quando eu cheguei lá e vi a quantidade de pessoas na fila e me certifiquei de que, sim, eu iria conseguir um ingresso para ver a Tigresa Zezé Motta, a satisfação, o prazer e o tesão entraram em ebulição dentro de mim. Aí vieram um jantar rápido na Gelatto's, o show e o meu encontro com a Zezé Motta no camarim dela. E isso tudo, claro, me encheu de uma intensa alegria. Ah, e ainda teve o meu encontro com um artista plástico chamado Quihoma Isaac, que eu não conhecia, e que foi muito gentil comigo.
Ao longo da vida nós experimentamos sensações muito variadas e vivenciamos situações, quer como protagonistas e/ou coadjuvantes, quer como meros expetadores de acontecimentos que mexem demais conosco. E mexem de tal forma que podem até desencadear transformações radicais no nosso cotidiano - a morte de um ente querido, por exemplo -, fazendo com que repensemos e reavaliemos a nossa postura diante do mundo.
Eu preciso dizer isto a vocês: haja o que houver, ocorra o que ocorrer eu me recuso firme, tenaz, brava e terminantemente a abrir mão - repito isso como confirmação e certificação de minha postura - do que for possibilidade de alcance e obtenção de satisfação, prazer e tesão, porque, para mim, a vida, a aventura da vida e do existir não fariam sentido sem isso. Eu acredito piamente que estou neste mundo não somente para carregar pedras e assim garantir o meu sustento e o pagamento de minhas contas. Eu estou nesta vida também para ver a beleza que nela existe; gostar de pessoas, coisas e animais; caminhar na beira do mar; ler e escrever; andar à toa por aí; estender a mão a quem eu puder ajudar; dar abraços e beijos efusivos; e usufruir de muitos bocadinhos de felicidade.
Satisfação, prazer e tesão são tão necessários para a minha vida quanto o ar que eu respiro.
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