4 de janeiro de 2025

O meu caminho é esse

 Por Sierra


Imagem: Henrique Córdova
Tempo houve em que eu me deixava perturbar por um medo da incerteza do futuro. Mas bastou eu ter clareza de que a vida não dá garantia de nada, para que a chavezinha da minha cabeça virasse e eu espantasse para bem longe de mim tais pensamentos


Desde anteontem eu decidi que, na primeira postagem deste ano, no blog, eu trataria de escrever uma espécie de mensagem de boas-vindas a 2025. E, pensando nisso, eu me lembrei de uma frase que vez por outra eu ouço alguém dizer por aí e que, com pouca diferença, também faz parte da canção "Sentimental", do Chico Buarque: "Este ano vai ser o ano da minha vida".

Se, em algum momento de minha vida, eu pronunciei tal frase, devo-lhes dizer que ela não serve mais para mim. E por quê? Porque, para mim, todo ano é o meu ano, já que todos eles compõem o alicerce e a edificação de toda a minha existência até aqui. Cada ano deixou em minha cabeça alguns aprendizados; e algumas marcas no meu corpo, porque o tempo vai passando e deixando em nós sinais desse seu ininterrupto transcurso.

Daqui a exatamente uma semana eu estarei aniversariando. E, com o peso e o vigor compatíveis com os 51 anos de idade que eu irei completar, eu espero seguir ao longo de todo este ano mirando o horizonte de modo entusiasmado e confiante, apesar dos muitos riscos e perigos que espreitam a vida de maneira incansável e insone.

Sim, eu vou continuar fazendo planos. Eu não vivo sem fazer planos. Nem que seja um futuro para logo mais ou para amanhã de manhã, eu planejo. Na minha vida, como eu costumo dizer, eu planejo até o plano, mesmo sabendo que nem tudo sai exatamente como foi desejado e planejado.

Eu já planejei várias coisas e não tratei de colocá-las em ação, não pus elas para andar. Mas várias outras coisas ganharam vida e corpo, se materializaram e me deram, pequenos, médios, imensos e intensos prazeres e satisfações, porque se não for para isso, definitivamente eu não faço planos, eu não faço nada.

O calendário foi realmente uma grande invenção. O calendário e o relógio, porque eles nos fazem acreditar em recomeços, mesmo sabendo que os recomeços também chegarão ao fim. E é nessa toada que eu sigo sem deixar que a vida me leve a reboque.

Por ora o meu calendário pessoal e intransferível sinaliza que, antes que este 2025 termine, algo basilar de minha vida será modificado. Eu cumprirei uma etapa de minha existência. Eu encerrarei um ciclo. E passarei a ocupar parte do meu tempo com outros afazeres. E eu não posso negar a vocês que uma certa e boa ansiedade vem me acompanhando por causa disso. E eu imagino que desfrutarei de um potente regozijo quando o tal dia chegar.

Tempo houve em que eu me deixava perturbar por um medo da incerteza do futuro. Mas bastou eu ter clareza de que a vida não dá garantia de nada, para que a chavezinha da minha cabeça virasse e eu espantasse para bem longe de mim tais pensamentos.

Enquanto eu vinha escrevendo estas linhas me chegaram à lembrança as figuras de alguns colegas de infância que já desapareceram deste mundo, tragados que foram pela força bruta que não desculpa e não releva constantes e recorrentes malfeitorias e delinquências. Por vezes, ao longo de nossa jornada, nos deixamos ser seduzidos pelos cantos de algumas sereias. E nos perdemos. E esse se perder, às vezes, é para sempre.

Este 2025 ainda está em seus começos, ainda é um bebezinho. Mão não demora muito e ele estará aí, robusto, intrépido e desafiador, assistindo o tempo todo aos passos que todos e cada um de nós vamos dando para percorrer os caminhos que nos cabe atravessar. E caminhos nem sempre são retilíneos. E caminhos nem sempre são suaves. E caminhos nem sempre têm paisagens bonitas. E caminhos nem sempre levam a bons lugares. E caminhos nem sempre nos dão alegria.

Este ano vai ser o meu ano assim com foram todos os outros até aqui, porque o meu caminho continua aberto; e eu não desisto de forma alguma de mim.

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