13 de março de 2014

As aves ainda cantam em Juripiranga


Por Clênio Sierra de Alcântara




Fotos: Ernani Neves                Igreja de Nossa Senhora da Soledade                 


As fontes documentais às quais tive acesso me contaram que a ocupação do atual território onde está situada Juripiranga, pequena cidade paraibana que dista a cerca de 51 km de João Pessoa, teve início no último quartel do século XVIII – por volta de 1777 -, quando um senhor chamado Braz Gomes Tavares e membros de sua família fixaram-se no lugar conhecido como Serrinha de Baixo, distante cerca de 1 km da área que hoje constitui a sede do município. Tempos depois chegaram Francisco Félix e a família Chagas.


Conforme essas pessoas foram promovendo o povoamento do lugar, atraíram outros forasteiros que enxergaram naquelas terras um potencial de crescimento. Assim foi que, posteriormente, a família G. Pereira, vinda do sertão, estabeleceu morada numa porção do terreno ao qual deu o nome de Serrinha de Cima. Conta-se que, muito diligentes, os G. Pereira participaram ativamente do desenvolvimento econômico da região. E, à medida que o número de habitantes foi crescendo, o núcleo primitivo que constituiria a futura cidade viu surgirem mais casas e aumentarem as atividades comerciais do espaço que aos poucos foi se urbanizando.



Os arruados de Juripiranga



Fachadas de casas como estas da foto são um encanto


Juripiranga aparece na divisão administrativa do Brasil de 1911, como distrito pertencente a Pilar com o nome de Serrinha; o mesmo ocorrendo nas divisões administrativas de 1936, 1937 e 1938; no quinquênio 1939-1943 ainda é apresentado com a denominação de Serrinha. No quinquênio 1944-1948, estabelecido pela Lei nº 520, de 31 de janeiro de 1943 foi denominado de Juripiranga, que na língua tupi significa “ave que canta”. Por força da Lei nº 2.673, de 22 de dezembro de 1961, Juripiranga logrou emancipação política e administrativa, desmembrado de Pilar; e foi instalado oficialmente como cidade em 4 de janeiro de 1962.


Em 15 de setembro de 2012 eu estive em Juripiranga em companhia fotógrafo Ernani Neves. Fomos até lá, depois de nos demorarmos na cidade de Pedras de Fogo.






Vejam que criatividade nesta fachada



Ruas por onde andei


A primeira impressão que tive não foi nada boa. Em que pesem o verde da paisagem, onde, certamente, as aves continuam a cantar, e o imponente portal que anuncia ao visitante que ele está adentrando em território juripiranguense, a estrada de acesso à cidade estava repleta de crateras, fazendo com que os veículos que por ela transitavam a atravessassem como se estivessem a percorrer uma pista de obstáculos.

Passado esse desconforto inicial, fui adentrando no pequeno mundo que é Juripiranga, enchendo os olhos de encantamento com as graciosas e coloridas fachadas de várias de suas casas. Há quem diga, no Brasil, que quem vê uma cidade do interior do Nordeste, vê todas as outras. Não concordo com isso. Problemas e carências podem até ser mostrados como pontos de intersecção desse conjunto, mas não dizem tudo. Porque cada cidade – pequena, média ou grande – apresenta em sua silhueta em sua configuração, uns pequenos e/ou grandes sinais que pertencem única e exclusivamente a ela, marcando a sua identidade.





Mais fachadas encantadoras



Em alguns cenários |Juripiranga parece que está parada no tempo








Atravessei a Av. Brasil, principal artéria da cidade, procurando sinais identitários de Juripiranga. E não demorou para que eu encontrasse um deles: a imponente Igreja de Nossa Senhora da Soledade, paróquia dessa invocação e da de São Sebastião, que são os padroeiros da cidade e motivos de duas festas religiosas que ocorrem em fevereiro (São Sebastião) e setembro (Nossa Senhora da Soledade).

Em meio a tantos logradouros calçados encontram-se naquele espaço urbano, trilhos de trem. “Para onde vão? Para onde levam esses trilhos?”, eu me perguntei, sem me dar conta de que, talvez, fossem mais um trecho das tantas linhas férreas abandonadas por esse país afora, como abandonado me pareceu estar também o Mercado Público da cidade.










Ponte ligando dois territórios da cidade





Mais uma vista da Igreja Matriz





O Mercado Público da cidade














Seguindo o meu itinerário conheci no caminho uma paraibana arretada chamada Marisa Pereira que disse adorar o Galo da Madrugada e o Carnaval de Olinda. Superextrovertida, Marisa, era uma animação só. Foi ela quem me deu o programa da festa da padroeira.



Dona Marisa Pereira



Programa da festa da paddroeira




Mais edifícios antigos





















O portal da cidade







Buracos e mais buracos na estrada







Nessa árvore veem-se alguns ninhos de aves





Trilhos de trens



Faltou-me adentrar com mais vagar em Juripiranga. Voltarei até lá qualquer dia desses porque quero, à maneira do que alhures fez o Candeia, “assistir ao sol nascer, ver as águas dos rios correr, ouvir os pássaros cantar”.





Nenhum comentário:

Postar um comentário