20 de julho de 2024

O Museu de Arte Sacra de Pernambuco

Por Sierra


Fotos: Arquivo do Autor
O Museu de Arte Sacra de Pernambuco, localizado no Alto da Sé, em Olinda, é um exemplo de como a preservação da memória pode atravessar séculos e continuar despertando o fascínio das pessoas para as coisas do passado  



No começo desta semana eu me peguei pensando em voltar ao Museu de Arte Sacra de Pernambuco (Maspe), que fica no Alto da Sé, em Olinda. Eu disse voltar porque esse foi o primeiro museu que eu visitei na vida; e isso ocorreu em 1985, numa excursão da Escola Polivalente de Abreu e Lima, onde eu estudava, quando tinha 11 anos de idade.

As tramas da memória são mesmo um espanto: enquanto há acontecimentos de tempos remotos que nós vivenciamos que conseguimos recordar com grande riqueza de detalhes,  de outros nós simplesmente não nos recordamos, como se eles não tivessem ocorrido em nossas vidas. Pois é exatamente isso  que se deu comigo com relação ao Maspe. Eu recordo que houve a excursão escolar, que eu fiquei muito contente quando embarquei no ônibus, em Abreu e Lima, e desembarquei, em Olinda, e o instante em que eu e os meus colegas ficamos defronte ao museu prontos para entrar e conhecê-lo. Daí em diante eu não me lembro de mais nada.




O acervo do Maspe é de uma riqueza realmente impressionante; e documenta vários séculos da arte sacra em Pernambuco










Ontem, à tarde, ao largar do trabalho, eu me dirigi até o Alto da Sé, localidade turística das mais visitadas de Olinda, para outra vez adentrar no Maspe, depois de trinta e nove anos. E eu confesso que, se não fosse a minha familiaridade com a bela fachada do antigo Palácio Episcopal que abriga o museu, porque eu já passara por ali inúmeras vezes, tudo o mais figuraria como algo novo e completamente desconhecido, visto que minha memória da visita ocorrida em 1985 simplesmente se apagou. Eu confesso também - é preciso que eu diga isso - que certa emoção me invadiu quando eu adentrei naquele imóvel. Emoção essa por reconhecer que, transcorridos quase quarenta anos, foi o cultivo de uma vida interior e o interesse pelas artes e pelas questões do patrimônio histórico e artístico que me conduziram àquele lugar.














Paguei o ingresso de R$ 5,00 - a recepcionista me falou que o valor estava promocional para todo o público visitante -, guardei a mochila no armário e comecei a percorrer os salões, os grandes salões do térreo e, depois, os do primeiro andar, para apreciar o belo acervo que é composto por pinturas, esculturas, sinos, móveis, vestes e objetos litúrgicos. Tudo ou quase tudo disposto num projeto museológico que confere às peças expostas não somente uma atmosfera de excepcionalidade como também potencializa o caráter de sacralidade.







O próprio prédio onde o Maspe foi instalado e inaugurado em abril de 1977 - a edificação passou muito tempo em estado de abandono; até que a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) iniciou um trabalho de restauração em abril de 1974 que durou três anos - é por si só merecedor de uma visitação. A edificação que, antes de passar a ser a residência do primeiro bispo diocesano de Olinda, Dom Estêvão Brioso de Figueiredo, que chegou a então vila em 1676 - neste mesmo ano a vila foi elevada à cidade -, era a Casa de Câmara do lugar, passou por várias reformas em 1725. De acordo com o Padre Antonio Barbosa, para quem o Palácio Episcopal é um "marco perene de valor histórico e cultural", em 1785 a edificação foi novamente ampliada e restaurada; e completou: "De 1825 a 1829, o décimo sexto bispo de Olinda, Dom Tomás de Noronha, aumentou e construiu varandas e sacadas, dando-lhe suntuosidade palaciana" (Padre Antonio Barbosa. Relíquias de Pernambuco: guia aos monumentos históricos de Olinda e Recife. São Paulo: Editora Fundo Educativo Brasileiro, 1983, p. 5, ambas as citações).



Este painel documenta fotograficamente vários períodos da história do antigo Palácio Episcopal



Eu exibindo uma satisfação imensa por poder desfrutar do privilégio de apreciar um equipamento cultural tão bem cuidado como o é o Maspe









Durante a minha visita ao Maspe, que goza de uma localização realmente privilegiada- dá para ver o mar de suas sacadas -, minha atenção ficou dividida em apreciar os itens do acervo e as feições do prédio: suas janelas, portas, salões e telhado. A mim me pareceu que ali há espaço para abrigar muito mais peças: oxalá algum colecionador de arte sacra faça uma generosa doação para aumentar o acervo desse importante equipamento cultural pernambucano. Também a  mim me pareceu que um dos salões do primeiro andar não ficou bem ambientado com as peças que nele foram arrumadas - algumas delas de tempos recentes -; em mim elas causaram certo estranhamento, porque eu as enxerguei como objetos que destoam  do conjunto maior que integra o acervo.



Nesta e nas fotos seguintes diferentes aspectos da arquitetura do antigo Palácio Episcopal que abriga o Maspe















O elevador, discretamente instalado, em nada comprometeu a estrutura do prédio; e proporciona acessibilidade ao primeiro andar a todos os visitantes que não podem acessar escadas



Ah, e eu não posso deixar de dizer, eu que já vi tantos oratórios em minha vida, que eu fiquei fascinado pelo grande oratório em que foi reproduzida a crucificação de Jesus Cristo com várias esculturas formando uma cena que é de encher os olhos. É uma peça muito bonita e encantadora. 


























Outra coisa: eu fiz questão de adquirir, na recepção, um exemplar do bonito catálogo que foi lançado em 2018 pela Companhia Editora de Pernambuco (CEPE) dentro das comemorações dos quarenta anos do museu.


O mar, a Catedral da Sé, a feira de artesanato e de comidinhas... Tudo isso no entorno do Maspe, proporcionando várias experiências aos visitantes








Bem localizado, expondo um acervo riquíssimo, retrato bastante representativo da arte sacra brasileira, e dispondo de um elevador como item de acessibilidade, o Maspe é uma dessas atrações que dizem ser imperdíveis. E é mesmo.

13 de julho de 2024

Mais uma farra no INSS

 Por Sierra


Foto: Arquivo do Autor
Demonstrativo do benefício recebido pela minha mãe neste mês de julho



Historicamente o Instituto Nacional de Seguro Social, que muita gente conhece pela sigla INSS, e que é certamente um dos órgãos mais importantes do Governo Federal, porque trata da concessão e do pagamento de benefícios e aposentadorias de milhões de cidadãos, foi e é marcado fraudes que, geralmente, quando são descobertas, já geraram prejuízos milionários à instituição, ou seja, ao contribuinte.

Mas não é só por fraudes que o lado negativo da história do INSS é marcado. O caso que eu vou lhes contar ilustra bem essa situação; e revela como todos aqueles que recebem benefícios e aposentadorias por esse órgão federal estão sujeitos a várias manobras com vistas a abocanhar parte do dinheiro deles.

Na semana passada a minha mãe chegou a nossa casa dizendo que a atendente da Caixa Econômica, onde ela sacou o benefício de um maro salário mínimo, lhe informou que ele veio com um desconto de R$ 28,40; e que recomendou que ela procurasse uma agência do INSS para saber do que se tratava o tal desconto.

Assim  que ela me contou isso eu lembrei que, dias atrás, eu tinha lido no site de notícias Metrópoles reportagens informando que algumas associações e sindicatos, com o aval do próprio INSS, estavam conseguindo inserir cobranças de supostas mensalidades de seus supostos associados. O mesmo canal de informações fez também saber ao seu público leitor como a farra dos descontos estava proporcionando uma vida de luxo aos dirigentes dos tais sindicatos e associações. É muita sacanagem para com o cidadão, não é?

Pois bem. Pedi a mainha que trouxesse o extrato da conta para eu examiná-lo. Peguei o papel e verifiquei que o desconto fora feito para alguma coisa que tinha por sigla ABAPEN. De imediato eu pesquisei no Google o que era isso. Meus amigos, ABAPEN é, vejam só, uma tal de Associação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas da Nação. Com essa informação em mãos eu acessei o muitíssimo útil e recomendado site Reclame Aqui; e eis que, como era de se esperar, não apenas essa associação como outras apareciam ali como alvo de várias reclamações de pessoas que, a exemplo de minha mãe, tiveram descontos indevidos feitos em seus parcos benefícios.

Gente, como é que o INSS permite que se cometa um ataque desses aos nossos idosos que vivem, ou melhor, sobrevivem com um salário tão mínimo como o que é destinado a eles? Como é que os dirigentes do INSS acatam os pedidos de tais entidades ditas associativas para que os descontos sejam feitos - eu vi no Reclame Aqui que algumas pessoas já vêm sofrendo com isso há alguns meses - nos cadastros dos beneficiários? Será que essas associações e demais entidades apresentaram ao INSS algum comprovante de filiação dos supostos associados? Eu aposto que não. E se os mostraram certame pelo menos parte dos documentos era e é falsa, porque, assim como reclamantes do Reclame Aqui, a minha mãe nunca se filiou à associação alguma e, por conseguinte, não autorizou que fosse feito qualquer desconto no benefício dela.

Normalmente quando se investigam casos de fraudes e outros negócios escusos envolvendo o INSS vem à tona o óbvio ululante: os gatunos agiram e obtiveram êxitos em suas práticas criminosas contando com o auxílio de funcionários desonestos do próprio instituto. Será que esse caso da farra dos descontos feitos à revelia dos aposentados e pensionistas também contou com a cumplicidade de indivíduos da tão nobre, visada e subtraída instituição? Quem acredita que sim levante a mão.

Li no mesmo Metrópoles que depois das reportagens a cúpula do INSS tomou conhecimento dessa arbitrariedade e divulgou que irá ressarcir, digo, devolver os valores que foram descontados dos beneficiários. Simples assim. Praticaram algo ilegal, mexeram no dinheirinho que garante a sobrevivência, aos trancos e barrancos e com muito malabarismo, de milhões de indivíduos e disseram que vão resolver o caso devolvendo as quantias indevidamente subtraídas. E apuração dos fatos, não vai haver? E punição dos responsáveis pela prática da ilegalidade não vai ocorrer?

Quem tem conhecimento do quadro socioeconômico brasileiro, marcado por acentuadas desigualdades, sabe que mesmo com essa mixariazinha de um salário mínimo, em muitas cidades, aposentados e pensionistas são os principais movimentadores da economia local. Dito isso, toda vez que o INSS permite que ocorram cobranças indevidas, como a que fizeram no benefício da minha mãe, ou que os bancos vorazes abocanhem parte desse dinheirinho exigindo que o beneficiário mantenha uma conta corrente paga  e sorrateiramente até emitam cartões de crédito que não foram solicitados para cobrarem taxa de anuidade desse pessoal - o Bradesco fez isso com a minha saudosa avó Maria da Conceição, que era analfabeta -, a instituição se porta como cúmplice de todos os males que são praticados contra os cidadãos que, na maioria dos casos, já são idosos.

A farra dos descontos indevidos que está na ordem do dia constitui mais um capítulo da parte desabonadora da história do INSS.

6 de julho de 2024

Outras cidades invisíveis

 Por Sierra


Foto: Arquivo do Autor
Trecho da Rua Fernando Lopes de Albuquerque, na Ilha de Itamaracá, no litoral norte de Pernambuco

 

Naquela que deve ser a sua obra mais conhecida e celebrada, que é As cidades invisíveis, mestre Italo Calvino nos falou de várias urbs, como: Chloé, cidade grande na qual as pessoas que passam pelas ruas não se reconhecem; Sofrônia, que é composta de duas meias cidades; Eudóxia, que possui um tapete no qual se pode contemplar a verdadeira forma da cidade; e Moriana, cujas portas são de alabastro transparente.

Eu me recordei dessa famosa narrativa de Italo Calvino quando fiquei a imaginar os milhares, os milhões, os bilhões de cidades invisíveis que existem na cabeça de cada um dos habitantes deste planeta em contraste com as cidades reais com as quais nós lidamos diariamente.

Decerto são bastante diferentes as cidades que imaginamos como sendo as ideais para se viver e aquelas onde em realidade nós vivemos. Nós sempre tendemos a fazer mentalmente projetos de centros e espaços urbanos perfeitos, principalmente quando os lugares reais que percorremos apresentam uma série de deficiências estruturais e são, por assim dizer, espécies de anticidades.

E por que existem anticidades? E por que nós não tratamos de promover a transformação da cidade real conferindo-lhe a aparência daquela que imaginamos? E por que nós não nos dispomos a executar pequenas ações - não jogar lixo em córregos, por exemplo - que podem mudar para melhor a aparência dos espaços que habitamos? E por que sempre e sempre nós responsabilizamos a administração municipal por todos os males que acometem a cidade sem que assumamos a nossa parcela de responsabilidade para com tais ocorrências?

Na última quarta-feira, enquanto eu me encontrava à espera de uma condução, ouvi um homem dizer para outro que algumas obras da cidade onde ele mora foram abandonadas pelo prefeito atual porque se tratam de projetos de administrações anteriores. Segundo o entendimento daquele cidadão, o abandono das obras e o descaso para com o dinheiro público se resumiam ao fato de que o chefe do executivo municipal do momento não querer concluir um projeto que de algum modo poria o nome de um ex-prefeito na ordem do dia, porque, afinal, fora ele que o concebera. 

A avaliação daquele cidadão tem o seu quê de verdadeira, uma vez que, neste país, em todos os níveis do poder executivo - municipal, estadual e federal - a cultura da descontinuidade administrativa é histórica e muito daninha para a sociedade como um todo, porque abandonar uma obra sem justificativas técnicas plausíveis é jogar o dinheiro do contribuinte no lixo. Acontece que, muitas vezes, muitas vezes mesmo, o abandono desta ou daquela obra se deu não por mero capricho do administrador do momento e sim porque a obra foi embargada pela Justiça por causa de uma ou mais irregularidades. Ou o abandono ocorreu forçosamente, porque a empresa que estava tocando o projeto consumiu boa parte dos recursos e depois faliu. Ou foi descoberto um superfaturamento da obra. Ou o serviço iniciado no empreendimento ficou tão malfeito  que era preciso recomeçar do zero. Sem querer posar de advogado do diabo, amiúde, são essas e outras situações que também podem provocar o abandono de obras públicas; obras essas que frequentemente consomem rios de dinheiro.

Andando pelas cidades - sejam elas do tamanho que for - nós sempre nos deparamos com problemas: ruas sem pavimentação; lixo não recolhido; bueiros entupidos; rodovias esburacadas; pontes sem guarda-corpos; desordenamento urbano; etc. E reclamamos dos prefeitos. E depositamos uma esperança de que o próximo chefe do executivo municipal que for eleito resolverá finalmente todas as carências e deficiências da cidade, dotando-a de uma nova cara. E, novamente, nós não assumimos responsabilidades para com o bem-estar da cidade, como se ela abrisse mão da nossa cota de cuidado e participação para com a manutenção de sua integridade.

Neste ano ocorrerão as eleições - em alguns casos as reeleições - de prefeitos e vereadores. Ouviremos promessas que não serão inteiramente cumpridas. Apostaremos nossas fichas em fulano e beltrano. E aguardaremos o desfecho do pleito eleitoral com grande expectativa ou com um enorme desânimo.

Todos e cada um de nós carrega dentro de si "um sonho feliz de cidade", como disse Caetano Veloso na música "Sampa". O que tem nos faltado é uma clara compreensão de que a cidade idealizada jamais ganhará concretude enquanto não nos dispusermos a manter uma rotina de verdadeiro cuidado para com a cidade real na qual habitamos.

29 de junho de 2024

Personas urbanas ( 32)

 Por Sierra


Sai da minha aba, sai pra lá.

Sem essa de não poder me ver.

Sai da minha aba, sai pra lá.

Não aturo mais você. 

                                          Sai da Minha aba. Alexandre Pires/Lourenço Olegário



Pessoas insuportáveis. De várias coisas nós não conseguimos escapar nesta vida: das doenças, dos impostos, da morte e de pessoas insuportáveis. Não dá para escapar o tempo todo delas, por mais que tentemos evitá-las, porque elas são quase que onipresentes.

Driblar, tentar evitar, se afastar e até correr e/ou mudar de caminho, se for possível, para não esbarrar em pessoas insuportáveis é um exercício que exige esforço permanente tanto físico como mental.

Tem gente que pensa e acredita que pessoas insuportáveis não sabem que são insuportáveis. Eu não acredito nisso. E digo mais: pessoas insuportáveis não apenas sabem que são insuportáveis como sadicamente agem e fazem de tudo para incomodar ainda mais você, para que você não suporte mais a presença indesejável dela, saia do seu eixo e perca as estribeiras.

As pessoas insuportáveis possuem um acentuado teor de malignidade. Elas não param e não se conformam até conseguir atanazar nem que seja um indivíduo por dia. Eu acredito verdadeiramente que elas traçam estratégias, que elas planejam, que elas maquinam o que vão fazer para manter o seu caráter de insuportabilidade. Elas não sossegam enquanto não atingem seus intentos. Não sossegam. Elas partem para cima de quem quer que seja que esteja ao alcance delas para dar início ao seu ritual sádico.

Não sei se vocês já perceberam que, geralmente, as pessoas insuportáveis têm algum grau de parentesco com o Google. Elas se consideram muito sabedoras, muito inteligentes e especialistas em vários assuntos; e, por conta disso, acreditam que têm algo a oferecer a você; que você deve parar o que estiver fazendo para dar toda a atenção a elas, dure isso o tempo que for; e que você se comportará como um tremendo de um mal-educado e de um ingrato caso as interrompa e diga-lhes que tem muito o que fazer.

Certamente há algo de doentio nas pessoas insuportáveis. Só pode haver. Não é possível que seja normal alguém que age o tempo todo assim; alguém que fala excessivamente, como se não precisasse respirar e que não cede espaço e que não deixa brecha para que você fale, para que você diga alguma coisa, para que você emita uma opiniãozinha de nada.

As pessoas insuportáveis, eu imagino, se sentem como se fossem um sol em torno do qual deve gravitar a massa restante. Elas querem ser o centro das atenções. Elas sempre têm as melhores ideias, projetos e indicações. Caso você consiga fazer um aparte e caso você consiga ser ouvido por elas, você será esmagado de uma vez pela avalanche de informações que elas despejarão sobre a sua cabeça que, a esta altura, já estará a ponto de explodir. E você vai querer dar um basta na situação; e anunciar que está muito apertado e precisando ir ao banheiro só para se livrar ainda que brevemente desses encostos.

Como por vezes o meu senso de autopreservação opera com uma carga de energia muito elevada, não é raro que eu, com a minha velha conhecida impaciência, enfrente valentemente alguns exemplares dessas pessoas insuportáveis e as afaste de mim de alguma forma. E mesmo que eu não consiga afastá-las de imediato, eu trato de deixar claro, claríssimo, que elas estão em incomodando, me chateando e me aborrecendo. Ah, leitor, eu não tenho mais idade para suportar certas coisas e certos tipos de gente, não.

Dia desses eu cheguei para uma criatura dessas e falei pausadamente e expliquei em detalhes como e por que ela era e é uma pessoa incômoda e insuportável. Ela me ouviu atentamente ou fez de conta que me ouviu. Ela me ouviu e, claro, não gostou do que eu disse. Eu precisava dizer tudo aquilo que falei para ver ser ao menos aquele indivíduo se tocava do quanto ele era e é incômodo para mim. Eu confesso que não demorou muito e ele retomou a sua rotina de insuportabilidade. E, já que falar não resolveu o negócio e eu não tenho como escapar totalmente dele, eu tratei de não me demorar onde ele se encontre e não alimento e nem dou mais combustível para o que ele fala, porque as pessoas insuportáveis querem exatamente isso, que você, caso ela permita a sua fala, faça alguma pergunta ou um comentário qualquer sobre o que ela falou. Se você fizer isso, você se lasca ainda mais, porque o discurso dela prosseguirá.

Será que existe uma receita? Será que existe um remédio? Será que existe um método facilmente aplicável para que nós possamos pelos menos suportar as pessoas insuportáveis sem sofrer alguma sequela? Eu creio que não. Mas eu não esmoreço. Eu sempre penso no meu bem-estar. E faço o que me é possível para ficar bem longe desse tipo de gente.

22 de junho de 2024

A cidade esvaziada

 Por Sierra


Fotos: Arquivo do Autor
Flagrante de um trecho da Av. Dantas Barreto a partir da Rua da Roda:


Não sei como isso se dá com vocês, mas comigo, quase sempre, a coisa acontece assim: eu vou atravessando ruas, becos, calçadas e recantos e fico a observar se alguma ou algumas mudanças ocorreram nos cenários desde a última vez que eu os percorrera e/ou os avistara.

Eu sou um colecionador mental de cenários urbanos. Eu arrumo a minha coleção, geralmente, fixando nos registros algum sentimento, alguma evocação de modo que ele permaneça guardado em mim com uma aura de eternidade. É um recurso um tanto quanto passional, eu reconheço, mas, para mim, não poderia ser de outra forma, porque é precisamente essa ideia de eternidade, que eu estabeleci e concebi, que fundamentalmente me liga a esses recortes urbanos.

Na semana passada eu percorri logradouros de três bairros centrais do Recife: da Boa Vista, de Santo Antônio e de São José. Percorri-os olhando para uma miríade de paredes, chãos e indivíduos estabelecendo conexões entre o que se encontrava guardado em mim e o que a vista naquela quinta-feira me trazia.

Eu lamento. Eu lamento muito enxergar espaços esvaziados de gente como eu tenho visto nos bairros centrais do Recife. É como se a cidade estivesse passando por uma ação de evacuação em massa. E esse esvaziamento de pessoas, por outro lado, deixa ver, também, que processos de transformação, revitalização e gentrificação estão seguindo como que coordenados, como se a ausência de pessoas nada dissesse respeito a eles, como se tais processos não estivessem efetivamente ligados e interligados aos indivíduos que habitam na cidade ou que apenas a vivenciam como lugar de permanência temporária.


Rua Matias de Albuquerque: vazios dos cenários urbanos do Recife outrora tão cheios de gente


Enquanto, por exemplo, o Cais de Santa Rita e o Cais José Estelita passam por um vistoso e custoso processo de gentrificação, a Prefeitura Municipal do Recife vem trabalhando para valorizar pelo menos parte do patrimônio histórico edificado civil e religioso da cidade - já "libertaram", por assim dizer, as igrejas de Santa Cecília, de Nossa Senhora do Livramento e do Divino Espírito Santo, dos bares, barracas e etc. que as ladeavam; e o Mercado de São José está sento todo ele recuperado e revitalizado. Some-se a isso o recente anúncio de que vão finalmente restaurar e ocupar, como espaço cultural, o sobrado localizado na Praça Maciel Pinheiro, onde a escritora Clarice Lispector passou parte de sua infância.

Tais iniciativas contrastam com um Recife que está muito abandonado e degradado. Contrastam com um Recife que vem seguindo como se fosse área pela qual não se devesse transitar. Com o abandono de prédios. Com o fechamento de centenas de estabelecimentos comerciais. Com um Cinema São Luiz que está há vários meses sem abrir suas portas...

Naquela quinta-feira eu me deparei com um grande paradoxo: a área central do Recife segue esvaziada de gente e alguém teve a iniciativa, vejam só, de instalar um estacionamento de automóveis no térreo de um edifício que fica na esquina entre as ruas da Imperatriz e Aurora. Aposto com qualquer um que tal estacionamento não terá muito tempo de existência, assim como aconteceu com o que foi instalado num prédio na esquina entre as ruas Nova e do Sol.


Aspecto da Rua Pedro Ivo, que faz a ligação entre as ruas Matias de Albuquerque e Nova: nesta rua que mais parece um beco não há, no momento, sequer um estabelecimento funcionando


Ah, gente, e ali, bem em frente ao novo estacionamento, eu olhei para uma fachada e fiquei ainda mais triste: uma placa anunciando  que o edifício da tradicional Livraria Imperatriz está à venda. É mais uma instituição da paisagem urbana e sentimental recifense que vai desaparecer tal qual aconteceu com a Livro 7 e a Síntese. E por falar nessas livrarias, eu me lembrei agora que, ainda naquela quinta-feira, eu passei pela Rua do Riachuelo e vi que demoliram umas construções e que removeram umas barracas num amplo terreno - eu não observei se havia uma placa informando o que será feito ali. Também na Rua do Riachuelo, só que na esquina com a Rua do Hospício, eu observei que um casarão que há muitos anos sofria com um processo de degradação e que ocupado, entre outros, por uma reprografia e um sebo, fora igualmente demolido.


O prédio da icônica Livraria Imperatriz está à venda


Por esses dias me ligou um muito querido amigo chamado Holmes Vanderley. Nesses tempos de troca de mensagens textuais e de áudio pelos WhatsApp's da vida, receber uma ligação é algo inusitado e incomum; acontece que eu e ele somos de outro tempo, por isso, um telefonema, para nós, não é um espanto. Pois bem, entre os vários assuntos que nós tratamos na demorada conversa, Holmes, que está atualmente residindo em Caruaru, me disse que, por ora, ele, que é uma das pessoas que eu conheço mais identificada com o Recife, com as coisas do Recife, com o ser do Recife, com a luz do Recife, com o traçado do Recife, enfim, com o espírito do Recife, não tem sentido vontade alguma de voltar a morar lá. Ele me disse que o que tem sentido é uma enorme vontade de sair também de Caruaru e ir buscar moradia em alguma pequena cidade do nosso interior pernambucano.


Aspecto da Praça Maciel Pinheiro, vendo-se ao fundo o sobrado onde morou Clarice Lispector com um anúncio da restauração e reocupação do prédio

Depois de nossa conversa eu me peguei pensando em quantos Holmes Vanderleys se desapegaram do Recife, saíram do Recife, se afastaram do Recife, abandonaram o Recife, esvaziaram o Recife... 

Não sei. Eu não sei se ainda verei um centro do Recife em pleno bulício, em plena agitação como vi há quinze, vinte anos. Creio que não o verei mais como em tempos atrás. O esvaziamento dos bairros centrais do Recife talvez seja um processo que não será mais revertido, como igualmente pensa o Holmes Vanderley. Talvez eu e ele estejamos errados em nossas avaliações. Eu só não quero que em mim o sentimento de apego ao Recife se esvaia deixando um imenso vazio. Ah, isso não.

15 de junho de 2024

Sobre presentes que nos desagradam

 Por Sierra



Imagem: Freep!k
Ninguém merece ganhar coisas das quais não gosta


Quem é que não gosta de ganhar presente? Eu particularmente adoro. Assim como também gosto de ver o brilho nos olhos daqueles que recebem presentes que eu lhes oferto. Ganhar e ofertar presentes são formas de demonstrar um carinho e um gostar, na maioria das vezes. Ruim é quando acontece de você ter escolhido algo que a pessoa visivelmente não gostou de ter recebido.

Muitos anos atrás - o episódio ocorreu há mais de uma década - eu ganhei um porta-retratos de um casal que voltara de lua de mel. Ao receber das mãos do sujeito aquele objeto eu disse assim de mim para mim: "Como alguém traz um troço desses de viagem para presentear alguém?". Chegando à minha casa eu tratei de manter o tal porta-retratos guardado num lugar que não ficasse ao alcance da minha vista.

O tempo foi passando e a estratégia de esconder o porta-retratos não funcionou, porque, quando, por algum motivo, me deparava com ele, eu sentia uma raiva danada daquilo. Até que num belo e iluminado dia me veio a indagação: "Qual a razão para eu manter dentro de casa algo que só me causa contrariedade, algo que inteiramente me desagrada?". E eu de pronto me dei uma resposta em ação que foi uma verdadeira catarse: eu peguei aquela coisa feia, quebrei ela em mil pedaços e joguei logo no balde de lixo.

Nossa, como foi bom ter feito isso. Ufa, que alívio! Se eu soubesse que ter feito isso me faria tão bem, eu teria destruído aquele troço no dia mesmo em que ele chegou às minhas mãos e imediatamente começou a me fazer mal.

Normalmente a vida e as pessoas ao nosso redor nos ensinam uma porção de coisas para o nosso bem viver; e, às vezes, ocorre que nós mesmos temos alguns insights e fazemos pequenas e grandes descobertas que nos elevam para um patamar que sequer imaginávamos que alcançaríamos, como aconteceu comigo ao me livrar daquele presente incômodo, daquele intruso, daquele inconveniente objeto que eu levara para dentro da minha casa sem quê nem para quê e que ficara me atanazando com sua presença durante um longo tempo.

Há quem diga que presentes são coisas que nós devemos guardar e preservar mesmo que eles não nos agradem. Existe até um dito popular para isso: "a cavalo dado não se olham os dentes". Quem louva e defende isso parece ignorar aquele outro quadrúpede, o cavalo de Troia, o presente dos aqueus para os eólios que causou a derrota destes numa guerra.

Não, gente, comigo isso não funciona mais desde aquele iluminado dia em que eu me livrei do maldito porta-retratos. "Ah, a pessoa escolheu com tanto carinho o presente e se lembrou de você durante a viagem e você fez isso?". Bem, se foi verdade que sobrou carinho, o fato é que faltaram bom senso e simancol na escolha do suvenir. E eu decididamente não tenho vocação nenhuma para autoflagelação. Não tenho mesmo.

Vejam o que é a falta de bom senso - de bom senso e de respeito, melhor dizendo - na postura de quem escolhe um presente para dar a alguém. Por ocasião do meu mais recente aniversário uma alma que talvez se julgue ser muito, muito caridosa - ela é evangélica, ainda por cima; não que ser evangélico seja um mal em si e um defeito; para mim o mal e o defeito de um evangélico estão na postura de querer a todo custo converter alguém à crença dele e de pensar que todos os outros que não seguem a religião que ele professa irão para o inferno. Particularmente eu não tenho nenhum problema com a ideia de inferno por eles desenhada e constantemente anunciada; mas, com gente desse tipo eu tenho sim; e, por isso, eu os evito -,  sabendo que eu sou ateu me presenteou, imaginem, com uma caneca na qual estava gravado um versículo bíblico. Não é de lascar? Como se não bastasse a cafonice de dar de presente uma caneca, a criatura, que não se conforma com o fato de ir para o céu sozinha, ainda teve a petulância e o descaramento de afrontar a minha descrença. Eu tive ímpeto de jogar no chão a caneca assim que eu a recebi no meio de um grupo de pessoas. Mas consegui me conter. E dois ou três dias depois, não me lembro bem, eu repassei o objeto para um conhecido meu dizendo que eu ganhara aquilo e que não gostara dele; e perguntei a ele, claro, se a queria ou não, porque, caso ele não a quisesse, eu a jogaria fora. Ele a quis.

Passadas algumas semanas a criatura que me presenteara com a indesejada caneca me perguntou por ela. Sem titubear e nem medir as palavras eu lhe disse que me desfizera do objeto, que o repassara para outra pessoa, porque não gostara do presente e muito menos da frase que ele trazia. E arrematei a explicação com esta frase que eu carrego como um mantra desde aquele dia catártico em que eu me livrei do porta-retratos: "Presente só é de fato um presente quando faz bem e agrada a gente".

O livrar-se do porta-retratos foi um aprendizado e tanto para mim. Depois dele, nunca mais eu me deixei ficar refém de presentes incômodos: eu trato de me livrar deles o mais rápido que posso. Amém!

8 de junho de 2024

A Praça da Democracia de Abreu e Lima

   Por Sierra

 

 

Fotos: Arquivo do Autor
A agora denominada Praça da Democracia, de Abreu e Lima: espaço público que testemunhou um dos capítulos mais importantes da História recente deste país

 As cidades, todas elas, são compostas por pequenos mundos, por verdadeiros microcosmos detentores de memórias; memórias essas que nem sempre são de conhecimento da maior parte de seus habitantes, porque, no mais das vezes, ocorre que esses pequenos mundos e esses microcosmos nem sempre se comunicam entre si, não se interligam, de modo que, embora as cidades sejam constituídas por várias memórias locais, como uma verdadeira colcha de retalhos de acontecimentos, isso não significa dizer que essa colcha esteja ao alcance de todos os indivíduos que nelas residam.

O conceito de memória que eu estou inserindo aqui diz respeito aos fatos que de alguma forma deixaram vestígios e esses vestígios foram de alguma maneira preservados, quer como documentos textuais, quer como objetos, quer como espaços construídos e/ou apenas delimitados, quer como filmagem e/ou só captação de som, quer, enfim, até mesmo e apenas como uma tradição oral, que foi passando de geração em geração.


Torçamos para que a população cuide bem desse  equipamento urbano recentemente revitalizado







Foi pensando em tal conceito de memória que, na sexta-feira da semana passada, eu fui até a Praça da Bandeira, em Abreu e Lima, cidade da Região Metropolitana do Recife que, na década de 1980, teve um grande naco de seu centro urbano posto abaixo para que mais faixas da BR 101 fossem abertas. É curioso que pouco se trate disso neste país: a situação por que algumas cidades têm de conviver com uma BR passando pelo seu centro urbano, em vez de ser pelas suas franjas, pelos seus terrenos afastados das áreas centrais.

Pois bem. Eu soubera que a tal Praça da Bandeira passara por uma ação revitalizadora; e, como eu estivera lá noutra ocasião e a encontrara em estado de abandono, eu resolvi ir conferir o que fora feito a fim de escrever outro artigo para este blog.

Pouca gente sabe que a Praça da Bandeira, uma pequena praça, na verdade, é considerada como o local onde, pela primeira vez em todo o país, ocorreu uma manifestação pública reivindicando que o povo pudesse voltar a comparecer às urnas e votar para eleger o presidente da República, porque vivia-se sob uma ditadura militar desde 1964. Não existem documentos físicos da época - registros textuais, fotografias, etc. - que sirvam como , digamos, atestados fidedignos de tal fato aconteceu. Mas existem testemunhas oculares; alguns dos cidadãos que tomaram parte no evento como protagonistas ainda estão vivos; e isso também é importante, isso também é um marco. Reginaldo Silva, Severino Farias, Antônio Amaro, José da Silva Brito, vereadores na ocasião, e Aguinaldo Fenelon, suplente de vereador, estiveram naquele lugar em 31 de março de 1983 para fazer História.


Placa informando sobre o acontecimento havido em 1983


Detalhe da escultura de autoria de Demétrio Albuquerque: a meu ver ela ficou com informações demais; e informações que não dizem propriamente respeito ao evento de 1983. Ela ficaria muito bem colocada num museu da cidade ou na sede da Prefeitura Municipal




Como eu lhes disse, eu estivera naquele equipamento urbano noutra ocasião; e encontrando-o abandonado, lamentei muitíssimo que a Prefeitura Municipal de Abreu e Lima deixasse que a Praça da Bandeira amargasse uma situação tão precária independentemente de ela ser ou não um lugar de marco histórico da cidade - vocês podem ler o artigo "A Praça da Bandeira, em Abreu e Lima (PE), como um dos marcos germinais da Campanha pelas Diretas Já!" publicado também neste blog.

Foi preciso o acontecimento de duas efemérides - a lembrança dos 40 anos do início daquela Campanha e dos 60 anos da decretação da Ditadura Militar - para que a Municipalidade abreulimense finalmente se movimentasse para revitalizar a praça, que, conforme a placa instalada no local para assinalar a sua reinauguração, ocorrida no último dia 31 de março, passou a ser denominada de Praça da Democracia.

Claro que a recuperação da outrora Praça da Bandeira deve ser louvada. Contudo, entretanto e todavia um olhar aguçado sobre o que foi feito ali revela que a restauração e/ou revitalização teve alguns erros e acertos, segundo a minha avaliação. 


Nesta e nas duas fotos seguintes detalhes do revestimento da pista de caminhada: está evidente que o material ou foi mal aplicado ou é de baixa qualidade ou ambas as coisas






Que eu me lembre - eu nasci em Abreu e Lima; e estudei numa escola que ladeia o espaço - aquela diminuta praça nunca gozou de grande prestígio. A reforma de agora, que teve o mérito de celebrá-la por causa daquele acontecimento histórico, promoveu algumas modificações em seu desenho: inseriram rampas para cadeirantes; mastros para bandeiras; uma pistazinha de caminhada - ao que parece o material com o qual a revestiram é de qualidade ruim, porque já está se soltando; e eu registrei um trecho coberto com lona plástica preta -; uma escultura autoria do renomado Demétrio Albuquerque - eu, que aprecio muito as esculturas desse artista, avaliei que a que ele fez para a Praça da Democracia ficou com informação demais, tem muita coisa ali; para mim ela não ficou artisticamente interessante para aquele ambiente; a minha opinião é que esculturas que retratassem os indivíduos que estiveram ali em 1983 ficariam adequadas e condizentes com o ocorrido -; uma placa dizendo daquele fato histórico; e um espaço que pode servir como palco para apresentações artísticas e/ou de outra natureza. Gente, outro senão: para que o exagero de vinte lixeiras num espaço tão diminuto? Além de a quantidade de lixeiras postas ali ter ficado esteticamente feio, minha opinião é que nos espaços ocupados por algumas delas deveriam ter plantado flores, isso sim. Ah, gente tem mais um ponto positivo para a Municipalidade: foi posta uma placa na faixa da BR 101 denominada Avenida Duque de Caxias indicando a direção da localização da praça.

Espero que a agora denominada Praça da Democracia, de Abreu e Lima, comece a figurar de alguma maneira na memória de um número maior de moradores da minha cidade natal.