18 de abril de 2020

Jair Bolsonaro: um escravo da ignorância

Por Clênio Sierra de Alcântara

É só uma gripezinha: Seu Jair, como diria um amigo meu que, tanto quanto o senhor, é mais grosso do que papel de embrulhar prego, coronavírus no fiofó dos outros é refresco


I

Dia 12 de abril. Domingo de Páscoa: ressurreição, almoço em família, reflexão, comunhão e celebração da vida para todos os cristãos... Que nada! Para o Exército da Salvação da República Antidemocrática Bolsonariana, o Domingo de Páscoa foi o dia escolhido para renovar e revigorar a estupidez e a arrogância que o alimenta. Imitando os grupos que são pagos, em Gana, na África, para animar velórios, porque lá, assim como no México, ainda que de outra forma, a morte é motivo de festa, muitíssimo diferente da tradição cristã imperante no Brasil, homens e mulheres que defendem o asinino presidente deste país, o senhor Jair Messias Bolsonaro, fizeram “protesto” na Av. Paulista, em São Paulo, a cidade que é o epicentro da pandemia do coronavírus nestas plagas, contra o isolamento social e pedindo o impeachment de João Doria, “inimigo” de Seu Jair e “amigo” do bom senso e da responsabilidade social, e governador do estado mais rico da nação.

Uivando como os chacais, ganindo como os cães, ululando como os lobos, guizalhando como as cobras, grasnando como os urubus, guinchando como os ratos, regougando como as raposas, chiando como as toupeiras e zurrando como os burros, os homens e mulheres da tropa civil que compõe o Exército da Salvação bolsonarista, encenaram, por assim dizer, um degradante espetáculo que a não ser pelo uso de um caixão e pelo clima festivo, nada mais tinha daquilo que fazem os ganenses.

E o respeito às famílias que já enterraram os seus entes queridos que foram vitimados pelo coronavírus? E a compaixão para com todas as pessoas que estão internadas em UTI’s lutando para sobreviver? Que nada, minha gente! Bolsonarista sabe lá o que é isso? Bolsonarista que se preze o que quer de verdade é ver o seu ideário dominando todos os espaços, mesmo que, para tanto, eles passem com um rolo compressor por cima de tudo e de todos; o negócio deles é negar a realidade, como se eles vivessem num universo paralelo. É triste isso? É repugnante? É lamentável? É. Eu só quero ver quando Seu Jair começar a dizer que comer merda é bom e faz bem, como é que essa fauna incansável, destemida e voraz vai fazer a propaganda.

II

Para mim é um assombro ver imagens de grandes metrópoles, como Roma, Paris, Moscou e Nova York com ruas vazias. Mas a realidade que eu tenho vivido, não me fez mergulhar numa percepção derrotista de mundo, porque, por onde eu tenho andado e/ou passado de ônibus, ao ir para o trabalho ou às compras no supermercado, e uma vez que o recomendado isolamento e distanciamento social não está sendo rigorosamente cumprido por aqui, , eu vejo a vida pulsando, eu vejo a vida de alguma forma e mesmo com limitações acontecendo sem um cenário fantasmagórico ou apocalíptico.

Outro dado que me espanta é ver como, de uma hora para outra, a sempre alegada falta de recursos públicos, no Brasil, para melhorar as condições de vida das pessoas mais pobres e de tantas coisas que estão em situação precária, deu lugar à construção de hospitais, à compra de equipamentos, à disponibilização de um auxílio financeiro e por aí vai. Então quer dizer que os recursos existem e só podem ser usados em “situações emergenciais”? Sou levado a crer que, desse jeito, os pobres e desassistidos vão começar a desejar que todos os anos uma pandemia dessas se instale neste país. Até os bancos privados, que sempre lucraram horrores por aqui, mesmo em épocas de crise, com suas políticas de juros escorchantes e tarifas disso e daquilo e com benefícios do próprio Governo, resolveram ser generosos. Será que é o fim dos tempos, minha gente?

Muito se tem dito que o isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus fez com que voltássemos a olhar para nós mesmo não com vaidade e/ou egoísmo, e sim com o entendimento e a compreensão do quanto somos frágeis e que não somos senhores do absoluto. Vejo em tudo isso que está se desenrolando, em toda essa construção e/ou reconstrução do cotidiano, um verdadeiro choque em quem sempre sustenta e tem certeza para tudo. Além disso, para mim, essa realidade foi igualmente um baque num deslumbramento que eu considero tão exagerado com as tecnologias eletrônicas, como se elas fossem o ápice de tudo e a comprovação máxima não só da inventividade humana como também o saciamento de todas as nossas necessidades. Para mim, que sempre e sempre fui um morador de subúrbios, a coisa mais incrível e espantosa do mundo é ver gente sobreviver à falta de saneamento básico, à precariedade do sistema de abastecimento de água, à violência urbana desenfreada, ao desamparo social e à indiferença dos governantes para com esse estado de coisas.

Numa longa e muito esclarecedora entrevista que concedeu ao site Universa, publicada no último dia 9 de abril, a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, uma das mentes mais brilhantes deste país, entre os muitos pontos que abordou – ela, inclusive, relembrou outros acontecimentos de grande impacto na história do mundo, em geral, e do Brasil, em particular, como a Revolta da Vacina, ocorrida no Rio de Janeiro, em 1904, e o crash da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929 -, ela disse que: “Todos nós sempre esperamos um milagre. Nossa prepotência é um pouco esta: achamos que somos uma sociedade muito racional, que se pauta pela tecnologia, mas todos nós esperamos por um milagre sempre. Todo mundo quer ouvir o que o presidente fala: ‘Tenho um remédio que vai acabar com isso tudo’. Que pensamento mágico é esse? A crise vai mudar o mundo? Depende do quanto as pessoas saírem do pensamento mágico, refletirem mais sobre seus castelos de verdades” (Camila Brandalise e Adressa Rovani. “100 dias que mudaram o mundo”. In https://www.uol.com.br/universa/reportagens-especiais/coronavirus-100-dias-que-mudaram-o-mundo. Publicado em 9 de abril de 2020. Acessado em 15 de abril de 2020).


III

Na noite do mesmo Domingo de Páscoa em que bolsonaristas celebraram a morte ao mesmo tempo em que espezinhavam as ações de combate ao coronavírus e o luto de quem perdeu parentes e amigos para a pandemia, o ainda ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, por ora o Judas da República Antidemocrática Bolsonariana, cumprindo uma etapa, uma das estações de sua malhação, surgiu no programa Fantástico, da Rede Globo, dando entrevista. Mantendo o tom de quem sabe o que é cumprimento de dever como médico, que é cuidar da vida das pessoas, e, sobretudo, responsabilidade social e ética profissional, o senhor Henrique Mandetta atacou não somente os “engenheiros de obras prontas”, bem como o comportamento errático e irresponsável do presidente Jair Bolsonaro que, além de ser contra as medidas de isolamento social do Ministério da Saúde, sai por aí caminhando por áreas de comércio e provocando aglomerações. Sem hesitar e entendendo que nessa frente de combate à pandemia deve haver da parte do Governo um discurso único e não duplo, como estava sendo, o ministro continuou defendendo, como se fosse um mantra, o tripé foco-disciplina-ciência.

Ainda naquele dia, ainda naquele domingo, foi divulgado que o senhor Jair Bolsonaro exigira que o ministro Henrique Mandetta, nas coletivas de imprensa, mudasse a ordem dos fatores: primeiro divulgasse o número de recuperados da doença e, só depois, o de mortos, como se isso fosse alterar a gravidade dos fatos.

O que se viu após a veiculação da entrevista do ministro Henrique Mandetta  - e ainda por cima à Rede Globo, tida como arqui-inimiga do bolsonarismo -, foi uma aceleração da sua fritura e do seu descarte, porque, como se já não fosse pouca a insatisfação do presidente para com a permanência de Henrique Mandetta na sua equipe ministerial, a entrevista foi tomada como uma grande afronta ao senhor Jair Bolsonaro e uma clara forçada de demissão. E daí por diante a crocodilagem, a trairagem, os conspiradores e os carrascos da República Antidemocrática Bolsonariana se puseram em marcha, enfurecidos e indignados, clamando e se articulando pela saída do desaforado ministro.

A nota pitoresca que se deu logo após a entrevista foi a declaração do excelentíssimo senhor presidente; ele disse que não a vira “Porque eu não assisto à Rede Globo”. Ah, não? E por que razão, no ano passado, quando da exibição, pelo Jornal Nacional, o telejornal mais as-sis-ti-do do país, de uma reportagem ligando a família Bolsonaro aos milicianos acusados de assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes, o senhor bradou tantos “patifes”, tantos “canalhas” e outros vitupérios contra a emissora da família Marinho?
Nos bastidores e subterrâneos do poder disseram que Luiz Henrique Mandetta nunca prestou; que já foi metido com ações e/ou negócios escusos. Agora vejam só: enquanto mostrou obediência a Seu Jair, ele, ainda assim, com um passado dito nebuloso, servia. Mas não nos esqueçamos de que, por muito menos, Gustavo Bebianno foi alijado das hostes presidenciais. E o general Santos Cruz também.

Na sua destemida e empenhada luta para desbancar Henrique Mandetta, o deputado federal Osmar Trevas, ops, Terra manteve a postura a um só tempo infame e bajulatória de ser contra o isolamento social, de desdenhar da severidade da pandemia e de defender a liberação do uso da cloroquina, atitudes tão do agrado do senhor Jair Bolsonaro. O senhor Osmar Trevas, ops, Terra é uma dessas criaturas abomináveis que povoam a cena política brasileira. Assim como a sua então namorada e atual esposa, Mônica Tolipan, ele foi um comunista de carteirinha. Em depoimento enviado, no ano passado, ao jornal Zero Hora, de Porto Alegre, ele tentou explicar o abandono do seu passado comunista e seguida filiação ao PMDB (atual MDB), um dos partidos que mais praticou e pratica o fisiologismo neste país. A declaração que ele fez é um exemplo do grau de cinismo e de vileza que os arrivistas possuem: “Quero dizer que deixei a militância de esquerda há mais de 40 anos porque fui, com o passar dos anos, aprendendo com a vida que as pessoas de boa-fé que querem, honestamente melhorar o mundo, podem ser vítimas de ideias erradas e da manipulação de líderes inescrupulosos” (Flávia Said. “Quem é Osmar Terra, o ex-comunista de Bolsonaro que faz sombra a Mandetta”. In Congresso em Foco: https://congressoemfoco.uol.com.br/saude/que-e-osmar-terra-o-ex-coumunista-de-bolsonarro-que-faz-sombra-a-mandetta/. Publicado em 11 de abril de 2020. Acessado em 14 de abril de 2020). Atente-se para estes dois trechos do depoimento: “pessoas de boa-fé que querem honestamente melhorar o mundo”; e “ser vítimas de ideias erradas e da manipulação de líderes inescrupulosos”.

Na opinião do ilustre e incensado escritor argentino Jorge Luis Borges, “Só os imbecis não mudam de ideia”. Agora vejam o caso do gaúcho Osmar Terra, ele trocou seis por meia dúzia, ele trocou merda por bosta. O site Radar aos Fatos apurou que o “homem de boa-fé” Osmar Terra é o parlamentar que mais dissemina fake news sobre o coronavírus no Twitter. Segundo o levantamento, vinte e dois parlamentares divulgaram notícias falsas; desse total, dezenove são, não por acaso, da base aliada do Governo (PSL, PSC, Republicanos, Podemos, PSD e MDB) e três da oposição, todos do PT. E sabem qual foi a resposta da assessoria do nobilíssimo deputado? Que “desinformação é informação que a mídia não gosta ou não concorda”. E pronto (“Osmar Terra é o parlamentar que mais publica fake news sobre o covid-19, aponta levantamento”, In Congresso em Foco: https://congressoemfoco.uol.com.br/saude/osmar-terra-e-o-parlamentar-que-mais-publica-fake-news-sobre-covid-19-aponta-levantamento/. Publicado em 15 de abril de 2020. Acessado em 16 de abril de 2020).

Vamos agora a outro ponto: o impoluto e honesto senhor Osmar Terra, membro de um partido no qual imperam as conveniências e as vantagens a ser tiradas do Governo de quem quer que seja o presidente deste país, que em seu depoimento ao Zero Hora disse “da manipulação de líderes inescrupulosos”, por escolha própria e não por necessidade, vou repetir, por escolha própria e não por necessidade, resolveu integrar o Governo e ser quase que um capacho de um sujeito que desde sempre demonstrou admiração pelo torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra que, por acaso, torturou a então namorada e hoje esposa do senhor Osmar Terra. Que coisa, não é? As linhas do destino são mesmo tortuosas; e certas escolhas que fazemos demonstram com enorme clareza a dimensão de nossa pequenez moral e ética.

Na mesma trilha de Osmar Trevas, ops, Terra há tempos pôs-se outro chaleira nato. Na terça-feira, durante uma coletiva de imprensa da qual também participava o então incômodo ministro Henrique Mandetta, Onyx Lorenzoni, ministro da Cidadania, uma das figuras que mais perderam prestígio dentro do Governo, haja vista que já fora ministro-chefe da Casa Civil, fez uma acalorada defesa do presidente, dizendo, entre outras coisas, que Seu Jair está fazendo tudo certo; e que já no ano passado o mandatário começou a tirar o país do buraco econômico em que se encontrava. Lorenzoni é uma das principais caras da República Antidemocrática Bolsonariana; um sujeito medíocre e bajulador que tem se valido de elogios a fim de ver se ganha pontos com o presidente e se sustenta na equipe ministerial. Ele pensa que conhece bem Seu Jair.

Estava certo. Eram favas contadas. Até a grama e as emas do Palácio da Alvorada sabiam que isso iria acontecer ainda nesta semana. Porém, antes do desfecho da crônica de uma demissão anunciada, circulou que a crocodilagem já tinha em preparo um dossiê contra Luiz Henrique Mandetta, que foi apeado do cargo de ministro na tarde da quinta-feira, dando lugar ao médico Nelson Teich.

Na República Antidemocrática Bolsonariana a lei do mandatário é implacável: não basta a bajulação, não basta trabalhar corretamente, isto porque o correto só é realmente correto, se estiver de acordo com as vontades e os gostos e os caprichos e as crenças e o humor do seu presidente.

Venalidades, venalidades... Brasília é um campo pedregoso repleto de raposas e de armadilhas.


IV


A pandemia segue insaciavelmente ceifando vidas em muitos países. Os Estados Unidos, a terra da promissão dos bolsonaristas, se tornaram o lugar onde mais pessoas morreram até agora vitimadas pelo coronavírus. Por lá, tal qual está acontecendo aqui, o presidente Donald Trump, que não pode fazer com governadores e prefeitos o que fazia no seu programa televisivo O Aprendiz, no qual podia demitir os participantes, anda superirritado com chefes dos executivos estaduais e municipais que não seguem os seus ditames a respeito do convívio com o coronavírus. Na terça-feira, Andrew Cuomo, governador do estado de Nova York, o epicentro da pandemia no país, foi taxativo ao desaprovar as falas autoritárias do presidente; ele declarou que Trump não tem poder de rei. E priu.

Por aqui, neste Brasilsil varonil, o senhor Jair Bolsonaro continua irredutível na sua campanha de promover o retorno à normalidade enquanto o número de mortos vítimas do coronavírus só faz aumentar. Na coletiva de anúncio do novo ministro da Saúde, na quinta-feira, durante quase dezesseis minutos, Seu Jair reiterou a mesmíssima cantilena que ele vem anunciando desde o início da pandemia, repito, desde o início da pandemia: que ele é o detentor do poder no país; que ele sempre falou em proteger vidas; e que é preciso que as pessoas voltem a fazer a economia andar. Ontem, na cerimônia de posse do senhor Nelson Teich, o presidente repetiu seu plano de salvação do país, porque “O efeito colateral das medidas de combate ao coronavírus não pode ser pior do que a própria doença”. O que ele, como autodeclarado defensor da vida, principalmente da vida dos mais pobres, não diz, é que o seu Governo propôs um auxílio emergencial para a população de míseros R$ 200,00, que só foi elevado para R$ 600,00 depois que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, declarou que o valor aprovado pelos parlamentares seria de R$ 500,00; o que ele também não diz em suas falas públicas é que são inadequadas e irresponsáveis as suas saídas pelo comércio de Brasília sem usar máscaras e promovendo ajuntamento de pessoas por onde passa; o que ele não menciona em seus pronunciamentos é que, ao contrário da imensa maioria dos brasileiros que, caso desenvolva os sintomas mais graves da doença vai muito provavelmente morrer nas dependências de alguma unidade hospitalar ou clínica do Sistema Único de Saúde, ele, seus familiares, ministros e outros figurões vão se tratar em instituições de ponta do tipo Hospital Albert Einstein, de São Paulo; o que ele não declara é que a cloroquina não possui respaldo abrangente por parte da comunidade ci-en-tí-fi-ca; o que ele não diz, enfim, é que todos, todos os países nos quais a pandemia chegou irão, em maior ou menor grau, sofrer sérias perdas econômicas, porque a humanidade está atravessando um acontecimento atípico e inesperado.

Seu Jair, como diria um amigo meu que, tanto quanto o senhor, é mais grosso do que papel de embrulhar prego, coronavírus no fiofó dos outros é refresco.

É muito fácil, prático e eu diria que até vantajoso para o senhor Jair Bolsonaro, culpar e jogar os seus apoiadores, em particular, e a população, em geral, contra o Congresso Nacional, alegando que o Senado e a Câmara dos Deputados não aprovam o que ele estabelece. Sim, é fato que os políticos na maioria das vezes, acredito, se movem não pensando no ganho do povo, mas em seus próprios ganhos – financeiros, eleitorais, etc. -, porém, o que o senhor Jair Bolsonaro faz, na verdade, penso eu, ao responsabilizar deputados e senadores por parte do seu digamos, insucesso, é de algum modo negar que sua irritação se deve, na realidade, ao tolhimento de seu poder que ele, talvez, enquanto era um superinútil deputado federal, durante quase trinta anos, pensou que um presidente detinha. Felizmente ele não tem todo o poder que pensara ter. E para contrariá-lo um pouco mais e fazer saltar seus olhos de fera enfurecida, o Supremo Tribunal Federal declarou que governadores e prefeitos podem sim estabelecer medidas de combate ao coronavírus.

Falando em defesa do presidente no programa O grande debate, da CNN Brasil, Caio Coppolla, o mais convicto dos convictos, disse que o senhor Jair Bolsonaro é acusado de “genocida” por muita gente porque propõe o fim do isolamento social, algo que, segundo ele, líderes de países como Itália, Espanha e Alemanha estão fazendo. É uma meia verdade. Caio Coppolla, o mais convicto dos convictos, não disse, por exemplo, que os tais países por ele citados, possivelmente, já atingiram o pico de contaminação e agora estão numa escala decrescente; ele também não disse que a liberação para a reabertura de estabelecimentos comerciais nessas nações não foi generalizada e nem em todos os lugares; por fim, Caio Coppolla intencionalmente esqueceu de dizer para, claro, corroborar suas assertivas, que o tal acusado de “genocídio” – palavra um tanto quanto exagerada para definir o que propõe o asinino presidente da República Bolsonarista – vem defendendo o fim do isolamento social desde o início, ou seja, mesmo sem ter ideia e ignorando propositalmente os riscos e a ação do contágio, Seu Jair, verdade seja dita, não queria que o tal isolamento social fosse estabelecido em momento algum por aqui; e a sua tacanhice é tão imensa, a sua estupidez é tão enorme que, mesmo estando o Brasil atravessando um período de elevação da contagem de contaminados e mortos pelo coronavírus, ele inflexivelmente permanece defendendo o fim da quarentena.

Engrossando o coro do presidente Jair Bolsonaro e com certeza não tendo com o que de proveitoso se ocupar, foi divulgado que a desembargadora Sueli Pini, atual vice-presidente do Tribunal de Justiça do Amapá, afixou, na última segunda-feira, uma longa carta escrita à mão na porta da Igreja de São José, em Macapá, declarando-se inteiramente contrária ao isolamento social estabelecido pelo governador do estado e pelo prefeito da capital. Sueli Pini, na tal carta, minimizou a gravidade do coronavírus e chegou até a dizer que já existia - e barato – um coquetel de remédios aprovado pelo Food And Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em sua narrativa epistolar a magistrada pediu “humildade, grandeza de atitude e boa estratégia política para retroceder e determinar a reabertura da normalidade”. Segundo foi apurado, a história da cartinha da senhora Sueli Pini foi parar no gabinete do ministro Humberto Martins, corregedor do Conselho Nacional de Justiça (Manoel Schlindwein. No Amapá, desembargadora cola carta contra quarentena na porta de igreja”. In Veja On-line: https://veja.abril.com.br/blog/radar/no-amapa-desembargadora-cola-carta-contra-quarentena-na-porta-de-igreja/. Publicado em 15 de abril de 2020. Acessado em 15 de abril de 2020).


V


A pandemia vai tomando os espaços e ocupando quase que por completo a vida das pessoas e, junto com ela, recebemos o tempo todo uma avalanche imensa de informações e notícias nem todas, infelizmente, verdadeiras. De minha parte procuro não ser vítima das fake news para não ter de, desavisadamente, repassar aqui e nos meus diálogos com amigos e conhecidos, coisas sem fundamento. Não nego que estejamos pisando em terreno de areia que pode ser movediça, no que diz respeito às informações que são divulgadas de um modo geral. Escrever, pelo menos para mim, é um compromisso sério; é tomar uma posição diante de algo; eu não escrevo para me posicionar em cima do muro; eu não escrevo para fazer média; eu não escrevo sem viés e sem juízo de valor; eu não escrevo, enfim, para angariar seguidores, simpatizantes ou coisas do tipo; eu escrevo para me expressar, compreendendo a escrita não somente como um instrumento e um ato de coragem, mas também como uma expressão da própria liberdade de existir, e de existir tendo a capacidade de pensar, o que não me livra de cometer erros e falhas e nem me impede de me retratar por causa disso.

Não tem sido poucas as demonstrações de intolerância e de desrespeito aos profissionais dos órgãos de imprensa neste país, o que não poderia ser diferente tendo em vista que se tem no comando da nação, um senhor que incentiva e/ou já incentivou seus apoiadores a maldizerem e hostilizarem repórteres e jornalistas que ele classifica como detratores do seu Governo, reação essa que é muito própria de quem acredita que tem de ser bajulado e não questionado e, principalmente, de quem não consegue disfarçar de forma alguma a sua sanha autoritária.

O senhor Jair Messias Bolsonaro, não é de hoje, elegeu órgãos de imprensa, como a Rede Globo e o jornal Folha de S. Paulo, como seus principais inimigos, algo que só fez piorar agora que os desdobramentos da pandemia estão levando o seu Governo pelo ralo e deixando ver que a sua pessoa e o seu poder são pequenos e não gigantescos e ilimitados como, talvez, como eu já disse, ele tenha chegado a pensar. E, dado que ele não se cansa de apontar o dedo e de demonizar esses seus “inimigos”, os bolsonaristas, essa gente irresponsável, hipócrita e covarde, vêm fazendo valer as lições de suas cartilhas repletas de absurdos e de aberrações.

Não tenho dúvidas de que muito, bastante, demasiadamente irritados com o fato de que, apesar deles, a audiência dos telejornais da Rede Globo, nestes tempos de pandemia, só vem aumentando, eles, tal qual bestas-feras ensandecidas, partiram literalmente para o ataque, até agora sem lançar mão de paus, pedras e tacapes, porque se pode esperar de tudo dessa gente louca.

Vejamos alguns acontecimentos recentes, todos promovidos pelos fantoches-zumbis do presidente contra a Rede Globo: sexta-feira, dia 10 de abril, o repórter Renato Peters fazia uma entrada a vivo no programa jornalístico SP1, quando uma mulher surgiu afobada, segurou o microfone que ele empunhava e vociferou: “A Globo é um lixo, Bolsonaro tem razão”. No dia seguinte, um grupo formado por cerca de duzentos delinquentes, integrantes do Exército da Salvação da República Antidemocrática Bolsonariana, fez protesto defronte à sede paulista da emissora, no bairro do Brooklin. E na última terça-feira, dia 14 de abril, a jornalista Mariana Aldano, que também fazia uma entrada ao vivo no SP1, foi atacada por dois homens que saíram de uma fila formada defronte a uma agência da Caixa Econômica Federal e gritaram: “Globo lixo”.

Os exemplos citados de ataques à “inimiga” Rede Globo revelam o alto nível de incivilidade dos bolsonaristas que querem e só aceitam ver a realidade moldada conforme a visão algo tacanha e deformada que eles têm do mundo, do pequeno e estreito mundo em que eles vivem. Para esse pessoal a Rede Globo só prestava e era útil quando “conspirava” para derrubar Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer; mas, agora que a roda-gigante do poder em Brasília girou, eles não se conformam com a cobertura que a emissora da família Marinho faz do desgoverno do senhor Jair Bolsonaro e menos ainda do noticiário que ela tem transmitido sobre a pandemia do coronavírus.

Alguém já disse que a estupidez humana não tem limites – e, se não me falha a memória, foi este que vos escreve –; e aí estão os bolsonaristas para confirmar, corroborar e certificar essa assertiva.

Acompanhem-me neste raciocínio simples como o fogo: os bolsonaristas ficam, por exemplo, cobrando transparência do Governo chinês a respeito da pandemia, vide os arroubos do deputado Eduardo Bolsonaro e do ministreco da Educação Abraham Weintraub. “Ah, a China é isso”, “Ah, a China fez aquilo”, eles dizem. Será que essa gente estúpida, hipócrita e covarde não sabe que a China é uma ditadura e que de lá só sai a informação que os dirigentes do Partido Comunista da China (PCC) quiserem? É claro que os bolsonaristas sabem disso. Eles atacam ferreamente a Rede Globo e outros veículos de informação, alegando que ela só fala mal do Governo, sem esconderem que o sonho de consumo deles, e não só deles, como também do senhor Jair Bolsonaro, é poder impor, como fazem os dirigentes comunistas chineses e de todas as ditaduras que existem, um comportamento, um limite e uma linha editorial para todos os órgãos de imprensa; e, como não conseguem fazer isso ou pelo menos até agora não conseguiram, eles se julgam no direito e tomam como um dever patriótico, promover e incentivar ataques à Rede Globo e, absurdamente, considerando que eles dizem zelar pela verdade dos fatos, difundir, a torto e a direito, notícias falsas; eles que cobram que a grande imprensa aja com imparcialidade e preze pela divulgação só e somente só, repito, da “verdade” nua e crua, incansavelmente agem como milicianos digitais propagando fake news; além disso, usam e abusam da prática de ameaça a todos aqueles que, como eu, fazem críticas à atuação desmiolada de seu líder-supremo e a deles próprios. Essa gente não presta, está bem visto.

Senhores e senhoras bolsonaristas, não esqueçam de que todos só começamos a tomar amplo conhecimento da operacionalidade do chamado Mensalão, do Partido dos Trabalhadores, e da Operação Lava-jato através da ampla cobertura da imprensa, dessa imprensa que os senhores e as senhoras hoje condenam, porque é a imprensa que faz chegar a informação à população em geral; o Mensalão, inclusive, veio à tona e começou a ser investigado a partir de uma reportagem publicada pela revista Veja.

Dito isso, senhores e senhoras seguidores do líder-supremo Jair Bolsonaro, eu, Clênio Sierra de Alcântara, que não recebo patrocínio de quem quer que seja para escrever o que escrevo, que não sou filiado a partido de seu ninguém e nem quero fundar um e nem me candidatar a nada, que não tenho o rabo preso em nenhuma maracutaia e que milito e que advogo pela liberdade de ser e estar e de ir e vir, digo a todos vocês que eu vou sempre e sempre preferir que continuem existindo órgãos de imprensa iguaizinhos a esses que os senhores dizem que “só falam mal do Governo” a uma imprensa que seja servil e submissa, amordaçada e censurada e que exista tão somente para dizer que “tudo vai bem, obrigado”, escamoteando verdades e edulcorando a realidade. “A Globo é um lixo”, os senhores proclamam; mas ela é essencial num país onde os donos do poder, os caciques eleitorais de todas as colorações partidárias julgam, como o senhor Jair Bolsonaro, estar acima do bem e do mal.

Nós temos de ter livre acesso à informação; nós temos de ter liberdade de escrever e de falar e também de poder ouvir, ler e assistir a contrapontos e a opiniões contrárias à ordem governamental estabelecida. Dizer o que a mídia em geral deve, pode e/ou tem de publicar e divulgar, é pura e simplesmente, censurar; é impedir que se saiba; é sonegar informações; é domesticar; é manter no cabresto; é, em resumo, promover a alienação. Ora, se eu não gosto da Rede Globo, se eu não concordo com a linha editorial do seu jornalismo e mesmo com toda a sua grade de programação, eu tomo a iniciativa de mudar de canal; eu não vou é sair por aí como um facínora atacando os seus repórteres nas ruas, porque isso é um ato de delinquência, porque isso é desrespeitoso, porque isso é covardia e porque isso é uma prova inconteste de que não se tem capacidade alguma de conviver com o divergente. A simples ação de eu poder mudar de canal significa dizer que eu tenho capacidade de discernimento e liberdade de fazer escolhas. Qual é a dificuldade de entender isso?


VI


Os que estão defendendo o fim do isolamento social e os que apoiam a sua continuação vêm acusando-se mutuamente de ser egoístas, o que não deixa de ser verdade. Os dramas sociais provocados e/ou agravados por essa pandemia que assombra o mundo têm revelado como somos seres que se comportam muitas e muitas vezes com extremo egoísmo e insensibilidade e zero no quesito solidariedade.

Por que tendemos quase sempre a querer salvar somente a nossa pele ou, quando muito, a de nossos parentes e/ou amigos? Por que geralmente nos comportamos como se os moradores de rua e as pessoas que passam o dia revirando o lixo atrás do que comer ou pedindo esmolas não existissem? Por que costumamos desprezar a velhice em si e, por conseguinte, os velhos?

A pandemia que vai se desenrolando aos nossos olhos, talvez, faça com que nós, de alguma maneira, desenvolvamos um mínimo que seja de humanidade que, sabe-se lá como e por que nós perdemos. Há alguma coisa errada quando dizemos que acreditamos e que louvamos o amor e ao mesmo tempo somos incapazes de estender a mão a quem está precisando de alguma ajuda, a sentir empatia e a nutrir um sentimento de companheirismo. Se assim agimos significa dizer que algo dentro de nós precisa ser modificado com ou sem pandemia.


VII


O presidente tripudia, o presidente faz pouco caso, o presidente não dimensiona a gravidade dos fatos, o presidente não percebe a fragilidade das pessoas frente ao avanço da mortandade provocada pelo coronavírus e, ainda assim, ressente-se por não ter até agora angariado amplo apoio da sociedade em sua proposta de pôr fim à quarentena, intento esse, aliás, que levou o jornal norte-americano The Washington Post, em seu editorial da última terça-feira, a classificá-lo como o pior líder mundial a comandar o combate ao coronavírus.

Note-se que, em meio a essa situação tão terrível e amedrontadora, o senhor Jair Bolsonaro foi tragado pela pandemia; e só aparece nos holofotes porque continua a praticar peraltices e a defender absurdos. Ele se comporta como se não fosse o responsável pela desconstrução de sua imagem até mesmo dentro de uma parcela do seu eleitorado. Ele é o que é e acusa a grande mídia de desfigurar a sua infame pessoa.

Ora, não foi a Rede Globo que incutiu nele incompetência; não foi o site O Antagonista que pespegou-lhe insensibilidade e truculência; não foi a revista Veja que aplicou-lhe autoritarismo e indiferença; não foi, enfim, o jornal Folha de S. Paulo que atribuiu-lhe despreparo e estupidez. Jair Bolsonaro, esse sujeito tacanho e nocivo que está no comando do país, não é obra da oposição política e muito menos de mim e de outrem que não compartilha de suas ideias e visões de mundo. A incompetência, o despreparo, a insensibilidade, a truculência, a indiferença, o autoritarismo e a estupidez não são interpretações sobre a sua pessoa e sim definições do que ele é; o senhor Jair Bolsonaro é, cagado e cuspido, como diria a minha saudosa avó, tudo isso que vai dito aí, porque, se ele fosse diferente disso, o seu comportamento, as suas atitudes, a sua compreensão da realidade e as suas falas e ações seriam outras e não as que nós temos ouvido e visto ele praticar com enorme desenvoltura.

Quando os bolsonaristas acusam a imprensa de deformar o seu líder-supremo, eles não apenas surrupiam e distorcem a realidade para adequá-la aos seus discursos, como demonstram que vale tudo para não admitir o que é claro e óbvio ululante. Os bolsonaristas, tal qual o seu admirado e boçal líder-supremo, são vítimas indomáveis e ferozes do pior de todos os enganos, que é o autoengano. O senhor Jair Bolsonaro é, em grande medida, a corporificação de alguns dos males que sempre provocaram o atraso do desenvolvimento deste país e que ele, paradoxalmente, diz ter sido eleito para combater. Hoje, em Brasília, dirigindo-se a um grupo de apoiadores e mandando um recado para os seus “inimigos”, disse, referindo-se, claro, à Presidência da República: “Não vão me tirar daqui”. A autoconfiança, aliada com a irresponsabilidade e a insensatez, costuma nos conduzir para a desgraça. O presidente Jair Bolsonaro é, lamentavelmente, um escravo da ignorância.

Enquanto neste país a pandemia está sendo usada como mais um elemento de promoção de disputas políticas, acirrando uma divisão e uma polarização que se arrasta há anos, o coronavírus vem demonstrando que não tem filiação partidária e nem ideológica; e que não nutre preconceito de classe social, de credo, de gênero, de raça e muito menos de orientação sexual; por isso, vem tirando a vida de esquerdistas, direitistas, centristas, feministas, machistas, sadistas, masoquistas, naturistas, idealistas, evolucionistas, criacionistas, terraplanistas, negacionistas e de todo tipo de gente que porventura exista.


VIII


Eu me prometi e vou cumprir a promessa de não concluir esta narrativa em tom de abatimento e de terra arrasada. Na segunda-feira, dia 13 de abril, faleceu, no Rio de Janeiro, aos 72 anos de idade, Moraes Moreira, o mais pernambucano dos baianos. Imaginem vocês que eu tomei conhecimento da sua partida minutos depois de eu ter ouvido no meu toca-discos – sim, eu ainda ouço músicas ao “modo antigo” ou “ultrapassado”, como alguns dizem -, a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério e o seu Maestro Forró executarem duas coisas deliciosas que Moraes Moreira compôs com amigos: os frevos “Bloco do Prazer”, que eu adoro, feito em parceria com Fausto Nilo, e “Festa do interior”, dele com Abel Silva. Nestes tempos tão duros e tenebrosos, Moraes, “Pra libertar meu coração/eu quero muito mais/que o som da marcha lenta”, eu quero, Moraes Moreira, o Bloco do Prazer – e “quem não vai querer?” -, porque “a vida arrasa e contamina”, e ela é “tão pouca” e “eu quero muito mais”. Adeus, Moraes Moreira!

2 comentários:

  1. Eterna saudades do Morais Moreira,das suas músicas tocadas no carnaval de olinda, em bares e ruas alegrando os foliões.
    O drama do planalto está longe de chegar ao fim, pois este senhor hoje presidente, foi eleito pelo voto direto, 50%+1 este foi o seu total de votos, após contagem final.
    O povo que o elegeu, e quem deve explicação ao resto da sociedade. Colocaram no poder um indivíduo sem educação de berço (veja como ele trata com as pessoas), e estendeu para toda família (observem seus filhos). Não se espera nada bom de quem não tem, este senhor passou mais de 20 anos no congresso, saiu de lá para o execultivo e se diz traido pelo congresso, não se entende esta e outras posturas do então presidente. Acumular inimigos é fato real no seu cotidiano, sofrer perseguições também é parte da sua rotina diária, não ter total controle da situação é seu ponto fraco.

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  2. Enquanto o mundo todo está em isolamento social, os gados saem as ruas. E como senão bastasse tamanha ignorância pedem e brasvejam pedindo a volta do AI-5. Entretanto, pedem liberdade reafirmando que não sabe nem o que foi o AI-5, quanta ignorância? Copiando o presidente dos EUA, o presidente bozo quer a preço de milhares de mortos a abertura do comercio e volta do povo ao trabalho, com objetivo fatídico pensando meramente na economia. O despreparo, se revela nas suas resposta a repórteres, quando perguntado sobre a quantidade de mortos no Brasil " de forma ignorante, e despreparado, responde ; " eu não sou coveiro" ... presidente" . Quanta ignorância seu presidente. E sobre a imprensa ainda bem que tem a globo lixo como os chamam, para mostrar e escancarar tamanho insanidade.

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