20 de março de 2021

Os fantoches do Ministério da Morte ou Perversidade de rebanho

 Por Clênio Sierra de Alcântara


Ainda estamos muitíssimo longe de alcançar a desejada imunidade de rebanho, mas a perversidade de rebanho essa nós já alcançamos faz muito tempo.

 


Nuvens negras, nuvens lutuosas continuam a pairar sobre o céu da República Antidemocrática Bolsonariana como se fossem o indicativo de um pesadelo sem fim.

O senhor Jair Bolsonaro, ainda presidente deste desgraçado país, muito embora odeie e repila a plenos pulmões o epíteto, a alcunha de genocida, é um prodígio na luta a favor do alastramento do coronavírus e da contaminação do maior número possível de indivíduos. Desde o início da pandemia ele vem se empenhando brava e bestialmente para que a população ignore as recomendações médicas e científicas e siga só e somente só os seus “sábios” conselhos. Quais sejam: não aderir aos lockdowns; não fazer uso de máscaras; não acreditar na letalidade da doença; participar de aglomerações tais como festas, passeatas e carreatas; tomar medicamentos supostamente eficazes contra a covid-19; invadir hospitais para verificar se as UTI’s estão mesmo abarrotadas; e negar tudo o que a “mídia golpista” anda dizendo por aí sobre o caos no sistema público de saúde.

É uma cantilena constantemente repetida já faz um ano; e que, infelizmente, é seguida por seus cegos, surdos e ignóbeis apoiadores que bem merecem o apelido de gado, por se negarem a aceitar a realidade dos fatos e irem na direção que o chefe-supremo da República Antidemocrática Bolsonariana aponta. Enquanto isso, a contagem dos mortos vitimados pela covid-19 permanece em escala assustadora: hoje, às 20:00h, o Consórcio de Veículos de Imprensa divulgou que este país atingiu a marca de 292.856 vidas perdidas desde o início da pandemia.

Como eu venho dizendo, as construções de narrativas que envolvem o fato pandemia e seus sérios e terríveis desdobramentos – mortes aos milhares, desemprego, aumento do número de pobres e miseráveis, desamparo social, desesperança, insegurança, etc. – vão sendo construídas e nós, que estamos a acompanhá-las, nos defrontamos com um permanente duelo de narradores. O momento urge que construamos um discurso de pacificação e de união que convirja para o encontro de um bem comum, porque, ainda que uns sejam e/ou possam ser mais bem assistidos que outros, a doença atinge a todos, e nós continuamos pisando pé ante pé numa escada rolante que se movimenta no sentido contrário ao da nossa pisada.

É muito louco isso. Enquanto segue a politização da pandemia, milhares de vidas vão sendo destroçadas e os agentes governamentais não conseguem formar um elo pelo bem de toda a sociedade. Disputas de queda de braço até agora só fizeram com que esta, que é a maior crise sanitária do nosso tempo, ignorasse esses debates perniciosos e infrutíferos e continuasse se agravando dia após dia.

O senhor Jair Bolsonaro alinhava o tecido de suas convicções, que são ao mesmo tempo autoritárias e obscurantistas, de modo que ele possa agasalhar os seus apoiadores. Ocorre que, para além desse, digamos, “clubezinho de fidelidade”, o tecido de discórdia e de polarização que ele vem alinhavando tem servido como mortalha para milhares de indivíduos independentemente da crença política e partidária que eles professam.

Alguém que, como esse Jair Bolsonaro, não sabe o que é responsabilidade pública e que reafirma constantemente suas vontades autoritárias e seus ideais antidemocráticos, não poderia jamais ocupar qualquer cargo público que se conquista por processos eletivos, que dirá o de presidente de uma nação. Enquanto diariamente alimenta o seu rebanho selvagem de apoiadores com uma ração de autoritarismo, negacionismo, estupidez e perversidade, o senhor Jair Bolsonaro vai cada vez mais revelando quão é rasteiro, desprezível, perigoso e corrosivo para a democracia e para o bem da sociedade. Sob uma suposta armadura de honestidade se encontra em Jair Bolsonaro tudo o que de mais execrável e nocivo um agente público pode apresentar, que é pensar que pode fazer tudo o que quer e que as leis e a ordem são ele próprio.

Agora mesmo, enquanto vê governadores decretarem medidas restritivas visando conter o avanço do contágio do coronavírus e o colapso do sistema público de saúde, Jair Bolsonaro, o infame, novamente alardeia para a sua insensata claque que eles estão querendo que as pessoas morram de fome. Isso não é verdade. E Seu Jair Bolsonaro não está preocupado com o povo coisíssima nenhuma, que ele não tem coração e nem sensibilidade para isso; a sua preocupação é tão somente com suas perdas de capital político, porque ele, que já se declarou contrário à reeleição, quer ser reeleito. E, em vista das ações acertadas e desesperadas dos governadores, o que foi que fez o honesto honestíssimo senhor Jair Bolsonaro? Recorreu ao Supremo Tribunal Federal para barrar tais ações. E, não satisfeito com isso, ele anda dizendo a um e a outro que quer decretar estado de sítio no país. Sob a sua ótica insana e perversa é preferível que o cidadão morra, mas morra trabalhando.

Enquanto isso, enquanto vai se articulando para decretar o estado de sítio – eita presidente porreta danado! -, Jair Bolsonaro, o perverso, resolveu escalar mais um fantoche para o seu Ministério da Saúde, também conhecido como Ministério da Morte, o paraibano Marcelo Queiroga, que já deu o ar de sua graça na amaldiçoada Brasília, e recebeu logo de cara esta pérola de boas-vindas daquele que ele irá substituir, o general Eduardo Pazuello: “Ele vai dar continuidade ao nosso trabalho”. Seria cômico se não fosse trágico. E o novo e destemido boneco manipulável do Ministério da Morte já disse a que veio: ele declarou que irá visitar os hospitais para averiguar se as pessoas andam mesmo morrendo de covid-19. Vá, ministro, vá. Só não se esqueça de usar máscara e de comprar os chamados “kits intubação” que estão perto de acabar. Definitivamente nem para titereiro o senhor Jair Bolsonaro presta. Ó céus! Ó vida!

Ainda estamos muitíssimo longe de alcançar a desejada imunidade de rebanho, mas a perversidade de rebanho essa nós já alcançamos faz muito tempo.

Brasília, a incorrigível, nunca me decepciona.

Um comentário:

  1. O que dizer de um governo puramente negacionista que vais contra todas as ideias cientifica só poderias está a beira do holocausto, agora dessa vez não mais judeus e sim brasileiros. O único governo que vai contra a ciencia puxa a carroça ao matadouro e o circo aplaude; ignorantes, deploráveis,disfarçados, e principalmente fascista e nazista. Governo da instabilidade, do troca troca da conveniencia assola e mata o seu povo. A estupidez ganha cenário de disputa entre o moralismo e a mediocridade de um povo fanfarrões. Jair Bolsonaro aniversariante da morte.

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