Por Sierra
Imagem: Redes sociais Não seja uma Cássia Kis: acredite e aposte. numa ideia feliz de país |
Esquerda e direita estão em
polvorosa no Brasil com talvez nunca tenham estado desde o início da
redemocratização. A batalha pela eleição presidencial escancarou o esgoto a céu
aberto que movimenta as investidas intestinais dos comitês de campanha que
recorrerem a tudo e mais um pouco para aniquilar o opositor, porque o ápice da
civilização, segundo o entendimento dos marqueteiros políticos, é exatamente
isso; e cada um entra numa batalha com as armas que tem.
É claro que, tal qual em
2018 – só que operando em modo ainda mais turbinado –, o uso das ditas redes
sociais, que eu costumo chamar de antissociais, utilizadas como terra de
ninguém, exacerbou a proliferação dos ataques aos que disputam o pleito neste
ano. Ainda não faço parte desse universo. Ainda. E sei que nem tudo o que cai
nessas redes é peixe. Na verdade, não se vê peixe por ali. Em tempos de
eleição, o que essas redes de arrasto mais trazem é bandalheira, é escrotice, é
mentira. Quem vive preso às redes sociais leva a vida numa espécie de universo
paralelo.
Na troca de acusações entre
a esquerda e a direita o Cristo que dizem estar ali, coitado, é constantemente
crucificado, porque é evocado por pessoas que descaradamente disseminam
mentiras e notícias falsas e até cometem crimes de injúria e difamação dizendo
que estão agindo assim em nome da fé que professam. Pelos que acompanham os
embates entre um e o outro lado, parece que o bem mesmo não existe. E, nessa
guerra religiosa, valores ditos cristãos escorrem pela sarjeta como se fossem
algo imprestável. É evidente que essas pessoas que recorrem à tal expediente de
distorcer e manipular as instâncias da fé não são gente de boa fé; são, isso
sim, pessoas que não medem seus atos, que não pensam nas conseqüências de seus
abusos e desatinos e que revelam, na verdade, que estão dispostas a tudo e que
são capazes de recorrer a qualquer expediente para difundir suas visões de mundo
e para defender seus ideais. Nessa batalha religiosa as pessoas parecem não
enxergar que estão espezinhando os verdadeiros e sublimes valores da fé que
elas dizem professar.
Foram várias as vezes em que
eu me vi raivoso e quase perdi as estribeiras escrevendo sobre o panorama
político nacional e/ou tentando discutir política. Não é perda de tempo
discutir política, como pensam alguns; é um exercício necessário e salutar. O que
temos visto ultimamente e, infelizmente, é a discussão, é a defesa de
posicionamentos descambarem para ataques físicos que resultaram até em homicídios,
o que é o cúmulo da intolerância e da incapacidade de coexistência entre
contrários.
As duas coisas que mais me
chamaram atenção nesses últimos anos de acirramento violento de disputas
políticas, polarizando esquerda e direita, foram: a cegueira de tantos e a
disposição de muitos para permanecerem firmes e inabaláveis dentro de suas
bolhas de crenças, desancando, distorcendo e negando tudo o que não se enquadre
e/ou que não caiba em sua bolha; e o desmascaramento de tantos e quantos que
resolveram revelar o que realmente são e o que fundamentalmente pensam aderindo
e defendendo pautas que para o senso comum das pessoas realmente esclarecidas
soam absurdas, retrógradas, obscurantistas e até criminosas, como se defender
isso e se posicionar a favor disso, fosse pensar no bem comum.
Seguindo o mesmo torpe
caminho de Regina Duarte, Cássia Kis resolveu também ela aderir às forças e às ideias
do atraso, escrevendo em redes sociais e falando à imprensa barbaridades como
ataques a homossexuais. Cássia Kis, uma das grandes atrizes da teledramaturgia
nacional, uma senhora sexagenária que já viu muita coisa na vida, resolveu
apoiar e defender um candidato à presidência da República que ataca incansavelmente
as instituições, que faz pronunciamentos misóginos e homofóbicos e que defende
o armamento da população, entre outras barbaridades. Como assim, Cássia Kis? Quer
dizer que as minorias não têm serventia e nem são cidadãos merecedores de
respeito? Quer dizer que você assina embaixo de tudo o que o inominável fala e
faz? Cássia Kis, talentosa Cássia Kis, a sociedade é algo muito mais amplo e
complexo do que você provavelmente pensa que ela é. E é uma lástima, uma grande
lástima constatar que você tenha chegado a esta altura de sua vida apoiando uma
ideia onde uns indivíduos devem ser vistos como anomalias e como quaisquer
outras coisas e não como gente por causa da sexualidade que vivenciam. Eu compreendo
perfeitamente que “pintou um clima” entre vocês dois, porque, o que eu já vivi
nestes meus 48 anos de idade, me fizeram crer que, por mais que, às vezes,
demore, quase sempre alguém encontra aquele ou aquela que lhe merece.
Eu vou amanhã novamente sair
de casa de peito e de coração abertos e convicto, inteiramente convicto, de que
farei a escolha certa votando no candidato Luiz Inácio Lula da Silva, o “menos
pior”, o “mal menor”, como uns e outros têm dito por aí. Eu vou votar novamente
em Lula contra todos os demônios, contra todos os bibelôs de trogloditas e
contra todos os eczemas que estão espalhados pelo Brasil afora.
Leitor não seja uma Cássia
Kis: acredite e aposte numa ideia feliz de país.
Antigamente os gregos discutiam política e isso era pra poucos. Atualmente muitos se degladiam cada um com sua convicção; É Deus a cima de tudo, é favor a democracia, outros de boca fechada. A arrogância das igrejas que esqueceram de pregar o Cristo e hj prega o mito. Quanta hipocrisia.
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