Por Clênio Sierra de Alcântara
Centro (Igaraçu – PE). Trabalhei em Igaraçu durante mais de dez anos. E, como para chegar ao meu local de trabalho, eu quase sempre escolhia o caminho que atravessava a área comercial onde está instalada a feira livre de seu espaço central, fiquei mais do que familiarizado com seu ambiente, porque, não raro, era também nele que eu fazia minhas compras.
Fotos: o autor do texto |
Denominado por uma das gestões municipais como “maior centro comercial do litoral norte”, o espaço que acomoda a feira – o dia da feira propriamente dita é o sábado, ocasião na qual todo o pessoal que não possui bancos fixos, comercializa seu produto disposto no chão e em bancos por vezes improvisados, principalmente ao longo da Rua José Gerônimo C. Júnior -, abriga ainda um mercado público, açougues, supermercados, armarinhos, farmácias, enfim, uma variedade enorme de estabelecimentos comerciais.
Na entrada do pátio, como que dando boas-vindas ao público em geral, está assentada uma estátua representando o português Duarte Coelho, o donatário da Capitania de Pernambuco que fundou a então Vila de Igaraçu no século XVI. Falando nisso, não custa lembrar que o principal centro comercial dessa cidade – que é o que está sendo enfocado neste texto – dista cerca de 500 m do seu sítio histórico que, no dizer do jornalista Ernesto Paglia – eu considero a definição graciosamente perfeita –, “parece uma caixinha de joias”.
Faz vários anos que a Prefeitura Municipal tratou de reestruturar a área comercial padronizando os bancos dos feirantes – a estrutura é feita de cimento armado e coberta com telhas tipo Brasilit – e os bares; e construindo um grande espaço coberto onde são comercializados principalmente roupas e calçados.
A dinâmica dos negócios fez com que certas posturas municipais não se estabelecessem. Por exemplo: o grande galpão tido como “mercado da carne” está com boa parte de sua área subutilizada. Nesse espaço a falta de gerência permitiu que alguém instalasse ali, imaginem, uma oficina de conserto de televisores. Outro ponto onde o descaso se estabeleceu fica próximo ao comércio de roupas, onde alguns bancos estão em completo estado de abandono.
Dada a quantidade de pessoas que percorrem toda a extensão desse centro de comércio – em particular aos sábados -, seria mais do que providencial que a Municipalidade coibisse o tráfego de automóveis e motocicletas na área que compreende a entrada e o contorno dos primeiros boxes que antecedem os bancos, porque, além de impedirem o livre trânsito de pedestres, eles ocupam um espaço que não é apropriado para a sua circulação.
Há uma gama enorme de quitutes à espera do visitante nesse teritório igaraçuense, afinal, uma feira livre tem também essa coisa de nos conquistar pelos aromas e sabores de comidinhas e bebidas feitas na hora: tapioca e beiju quentinhos; bolos a valer; sucos variados e caldo de cana; feijoada e galeto; dobradinha e churrasco... O cardápio certamente atende a todos os gostos.
Por vezes fico a imaginar onde terão ocorrido as primeiras feiras livres dessa cidade tão antiga. Ainda não pesquisei a respeito; mas sou levado a crer que seu espaço primitivo talvez tenha sido no mesmo sítio na qual ocorre atualmente, ou muito próximo a ele, dado que sua localização fica a poucos metros da BR 101, onde, provavelmente, existia a velha estrada que levava a Goiana, à Paraíba e às outras províncias do Norte; pois é sabido que lugares de passagem significam fluxo de pessoas e produtos, ou seja, de prováveis compradores e vendedores de mercadorias e víveres.
Feiras livres são fundamentalmente lugares de convívio social aos quais as pessoas vão não apenas para comprar produtos, mas também para ver o movimento e as novidades, para encontrar velhos conhecidos, para bater papo, para comer, para, enfim, vivenciar a cidade que habitam e/ou estimam. E esse negócio de estima é tão verdadeiro que algumas feiras livres atraem pessoas de outros municípios; uma gente que se acostumou com o bulício do lugar, com certos feirantes e até mesmo com certas mercadorias de sua predileção que ela acha que só vai encontrar ali.
Feiras livres são fundamentalmente lugares de convívio social aos quais as pessoas vão não apenas para comprar produtos, mas também para ver o movimento e as novidades, para encontrar velhos conhecidos, para bater papo, para comer, para, enfim, vivenciar a cidade que habitam e/ou estimam. E esse negócio de estima é tão verdadeiro que algumas feiras livres atraem pessoas de outros municípios; uma gente que se acostumou com o bulício do lugar, com certos feirantes e até mesmo com certas mercadorias de sua predileção que ela acha que só vai encontrar ali.
Não canso de repetir que sou ligado por liames muito fortes a esse pedaço de Igaraçu, onde vivi alguns dos meus melhores dias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário