Ao abrirem mão de certos princípios, os petistas agora se veem novamente enrolados até o pescoço com os desdobramentos de mais um assombroso escândalo. As velas do bolo do aniversário de trinta e cinco anos foram apagadas, mas os fatos desabonadores não.
Na semana passada o Partido
dos Trabalhadores (PT) comemorou, ao seu modo, os seus trinta e cinco anos de
fundação. Metido numa série de escândalos há pelo menos cinco anos, o partido,
em que pese o fato de estar ocupando o cargo máximo que pode ser alcançado por
um candidato numa eleição política, que é a Presidência da República, sabe,
contudo, que não está enfrentando seus melhores dias.
Depois de ver alguns dos
seus mais conhecidos e importantes quadros atrás das grades em decorrência da
apuração de um conjunto de crimes que ficou conhecido como “mensalão”, o PT se
vê, agora, metido com os desdobramentos da chamada Operação Lava-jato, que
investiga o desvio de dinheiro da Petrobras, por meio de acertos com
empreiteiras que, como se tem dito, tinham de pagar uma porcentagem de cada
licitação que elas “vencessem” na companhia, a fim de que os recursos
abastecessem caixa-dois de campanhas políticas não só do PT, mas também de
outros partidos.
É inegável que o PT tem,
sim, o que comemorar, afinal, seus candidatos – primeiro com Luis Inácio Lula
da Silva e depois com Dilma Rousseff – vêm ocupando o cargo de Presidente da
República há mais de uma década; elegeu durante esse tempo uma quantidade
expressiva de vereadores, prefeitos, governadores, deputados e senadores; e
promoveu a execução de programas de grande alcance social como o Bolsa Família
e o Prouni. Por outro lado, de modo paralelo, o partido, que nunca desistiu de
pôr amarras na imprensa – por razões óbvias – e de proclamar suas raízes
autoritárias, aparelhou o Estado com seus militantes como “nunca antes na
história deste país”; aliou-se a personagens execráveis do cenário político,
como Paulo Maluf, Fernando Collor e José Sarney; e criou um ministério atrás do
outro para abrigar os cupinchas. Ou seja, o partido aderiu inteiramente a tudo
o que dizia que iria combater quando chegasse ao poder, o que nos faz crer que
não se tratava realmente de princípios doutrinários o que os seus líderes
anunciavam: tratava-se de enrolação, de embuste, de propaganda enganosa.
O Partido dos Trabalhadores –
não se sabe até quando manterão essa denominação que ficou imprópria – parece que
não se deu conta de que o principal prejudicado com os sucessivos aumentos de
impostos, arrochos anunciados e a ameaça real de apagão e de falta de água é
justamente a parcela da população que eleição após eleição tem feito a alegria
da agremiação. Afora isso o espectro de um impeachment
vem rondando os céus de Brasília deixando as lideranças petistas em
desassossego, porque o tempo que eles têm de estrada já lhes ensinou que, na
briga pelo poder, mesmo as alianças mais bem tramadas podem se desmanchar no ar
caso a cabeça da Presidente Dilma Rousseff seja posta a prêmio.
À pretensão de reescrever a
história do Brasil, o PT juntou a desfaçatez, o descaramento e a caradura. Com
um plano de perpetuação no poder seus líderes devem ter imaginado que logo,
logo passariam como um rolo compressor por sobre as instituições legitimamente
constituídas e imporiam seus gostos e vontades dentro daquela visão de mundo em
que todos são iguais, mas uns são mais iguais que outros. Daí por que permanecem
na ordem dos discursos petistas as acusações de que seus pares são vítimas e
alvos de uma imprensa elitista e preconceituosa, como se os fatos fossem
inventados por ela e o impoluto partido sofresse com um desmedido golpismo.
Os fatos vão-se acumulando
como detritos num monturo e o PT insiste em querer negá-los e sepultá-los. Não
adianta os petistas continuarem lançando pás e mais pás de terra sobre a apuração
dos malfeitos porque eles continuarão vindo à superfície. O PT quer dar aos
fatos que vão surgindo o mesmo destino inglório que deram a Celso Daniel, cujo
assassinato até hoje não foi esclarecido, apesar de circularem sérias
especulações a respeito. Mesmo enterrado, o cadáver de Celso Daniel permanece
insepulto como uma lembrança inapagável na cabeça de inúmeros petistas.
A megalomania do PT é tão
absurda e inconveniente que os seus dirigentes não percebem que sua antes
portentosa e faiscante estrela está se apagando.
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