Entre os muitos encantos que
Salvador, a capital da boa Bahia, reserva ao visitante interessado em
instituições culturais, se encontra uma casa majestosa, que é o Museu da
Misericórdia, situado na Rua da Misericórdia, em pleno centro histórico.
O museu está instalado num
conjunto predial suntuoso que compreende a Igreja de Nossa Senhora da
Misericórdia, cuja construção primitiva remonta ao século XVII e que é o
edifício-sede da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, uma instituição fundada
em 1549, mesmo ano em que foi estabelecida a fundação de Salvador. Em tempos
idos o conjunto abrigava também, junto com o hospital, uma capela dedicada à
Nossa Senhora da Conceição.
Foi no dia 18 de outubro de
2013, uma sexta-feira, que eu visitei o museu. Enquanto pagava o ingresso na
recepção eu fui informado de que não era permitido fotografar ali; em razão
disso, Ernani Neves resolveu não me acompanhar durante a visitação.
Antes de escrever sobre o
acervo em si, eu quero dizer do quanto me impressionaram o projeto museológico,
o apuro e a organização do espaço e o sistema de segurança que conferem ao
museu um caráter de lugar realmente especial, um lugar no qual impera uma
atmosfera de grandiloquência que, até então, eu não vira em nenhuma outra
instituição museal que visitara. O apuro com que o ambiente era apresentado por
si só constituía um convite para um passeio com vagar, de modo que, tudo o que
estava exposto ali, se revelasse por inteiro aos olhos dos curiosos e
interessados em diversos aspectos do passado que fora vivenciado na Bahia.
Enquanto eu percorria as
salas do Museu da Misericórdia o sentimento principal que me tomou foi o da
satisfação; senti-me privilegiado por estar num espaço no qual reinavam não
somente um cuidado com a preservação de tantos elementos constitutivos de nossa
história, mas também numa instituição que fora planejada para bem receber os
que ela buscavam, como eu, para conhecê-la, porque os museus, ao contrário do
que muitos pensam, não são depósitos de objetos velhos, antigos e que caíram em
desuso; os museus, do tipo do Museu da Misericórdia, são, fundamentalmente,
instituições que se valem de objetos – e não apenas deles – para nos pôr em
contato com fragmentos e/ou grandes dimensões de realidades vivenciadas por
nossos antepassados; e isso significa dizer, por extensão, que eles abrigam
conhecimentos acumulados por anos a fio, por homens e mulheres cujos saberes
foram responsáveis pela construção e vivência de uma dada realidade.
Enorme e variado o acervo do
Museu da Misericórdia é constituído, entre outros, por peças que abrangem
pinturas, ourivesaria, prataria, azulejaria, alfaias e paramentos, esculturas,
arte sacra e mobiliário de um arco temporal que vai do século XVII até o XXI. Sem
esquecer que o edifício em si, só ele, é uma atração à parte, com seus espaços
muito bem cuidados que exibem detalhes de uma arquitetura requintada, como o
acesso ao salão nobre e o próprio salão, que apresenta um forro de 170 metros
quadrados de pinturas sobre madeira, paredes emolduradas com azulejaria
portuguesa e altar barroco.
Patrimônio histórico
nacional, o Museu da Misericórdia de Salvador, que é um primor de organização,
deve figurar como um dos roteiros imperdíveis para todo aquele visitante que
enxerga a capital baiana para além do seu Carnaval e de suas praias.
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