9 de outubro de 2021

Sobre derrotistas

Por Sierra



Foto: Arquivo do Autor
Seja qual for a direção que você escolher seguir, faça você mesmo o seu caminho. Aonde você for carregue consigo suas crenças, seus valores, sua capacidade de discernimento, suas convicções, sua resiliência, seus propósitos e suas metas. Não dê ouvidos a derrotistas. Derrotistas são sempre pedras em nossos caminhos; é preciso vencer tais obstáculos e deixá-los para trás


 

Poucas situações são tão desagradáveis para mim nesta vida do que tratar com pessoas derrotistas. O derrotista faz de tudo para lhe desencorajar. O derrotista só vê o lado ruim das coisas e situações. O derrotista diz que você vai quebrar a cara. O derrotista reprova sempre o que você faz. O derrotista coleciona histórias e mais histórias de desilusões e fracassos e insiste em lhe dizer que a vida é assim e pronto; e que não será diferente com você. O derrotista não aceita ser contestado. O derrotista é o dono da verdade. O derrotista aposta que você vai tropeçar e cair. O derrotista reprova o seu comportamento, o seu jeito de ser, a sua sexualidade, a roupa que você veste, as pessoas com as quais você se relaciona, os lugares que você frequenta, a sua opinião e o seu ideal de liberdade. O derrotista é, enfim, um indivíduo que se compraz em deixar você no fundo do poço e mais para baixo do que sola de sapato.

Eu aprendi que devemos sim estar preparados para o erro, para o fracasso e, principalmente, para a força que tem a realidade sobre as nossas expectativas, afinal, como diz a sabedoria popular, tudo pode acontecer, inclusive, nada. Mas daí a pensar que fracassos, derrotas, desilusões, erros e perdas significam que vivemos sob o império do derrotismo definitivamente não é o mais sensato a fazer. Quando entendemos que algo que planejamos pode dar certo ou errado e que algo pode não nos dar o prazer e/ou a satisfação e/ou o prestígio e/ou o que for de bom que imagináramos, ficamos cientes de que o caminho a ser tomado é outro; é o recomeço, é o tentar de novo, porque, diferentemente do que muitos pensam, nem sempre querer é poder, afinal, nem tudo o que queremos depende única e exclusivamente de nós para acontecer e se concretizar.

Apesar de admitir que este mundo em que vivemos não tem conserto, porque a maioria das pessoas definitivamente não consegue se livrar por inteiro de suas ganâncias, planos de riquezas e maldades, paradoxalmente, eu procuro encarar a minha vida com um elevado grau de otimismo. Não fecho os olhos para as misérias do mundo. Não ignoro o imperativo da brutalidade, da vileza, dos preconceitos e da estupidez do mundo. Não faço ouvidos moucos para as ameaças que partem de muitas frentes do mundo. Mas não me deixo abater por causa de tudo isso. Tenho um firme propósito de vida; e ele está fundamentado num ideal de liberdade de pensar e de ser e de estar do qual eu não abro mão.

Nunca que eu pretendi ser modelo para o que quer que fosse. Não caminho olhando para trás a fim de ver se alguém quer seguir o mesmo caminho que eu, acompanhando, mesmo que de longe, os meus passos. Eu não apaguei de mim as vezes em que fui perverso, desonesto, intolerante e preconceituoso. Eu bem sei dos monstros que existem dentro de mim. Ao longo da minha existência eu já tropecei muito; já chorei; já me desiludi; já fracassei; já cometi uma série de atos ética e moralmente reprováveis. Mas também já me levantei bastante; já sorri; já conquistei; já acertei; e já protagonizei atos dignos de aplausos. Tudo somado e subtraído me deixou ainda com saldo positivo; e isso é o que muito, o que muito importa para mim.

Neste exato momento em que você está lendo este texto, indivíduos estão matando, estuprando, contaminando, espancando, devastando, roubando, corrompendo, enganando, traindo... O mundo é cruel. O mundo é selvagem. Mas o mundo não é só isso. O mundo não é só como o pinta e o descreve o derrotista. O derrotista é, em resumo, alguém de quem nós devemos nos afastar imediatamente; ou fazemos isso ou corremos o sério risco de sermos contaminados pelos males que ele carrega.

Seja qual for a direção que você escolher seguir, faça você mesmo o seu caminho. Aonde você for carregue consigo suas crenças, seus valores, sua capacidade de discernimento, suas convicções, sua resiliência, seus propósitos e suas metas. Não dê ouvidos a derrotistas. Derrotistas são sempre pedras em nossos caminhos; é preciso vencer tais obstáculos e deixá-los para trás.

É preciso que olhemos para o mundo, para as pessoas e para o que está ao nosso redor com lentes de aumento, a fim de que possamos enxergar para além das aparências.

Não quero retroceder. Para mim não vale “a vida que poderia ter sido e que não foi”, do poeta. Definitivamente, o meu horizonte até agora não mudou de cor.


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