11 de novembro de 2023

Do antissemitismo, da islamofobia e outros demônios

 Por Sierra


Imagem: Internet
Um dos danos que o conflito provocou ao redor do mundo foi o recrudescimento tanto do antissemitismo como da islamofobia. E isso, como se sabe, é como lançar um fósforo aceso num mar de gasolina, porque esses sentimentos que muitos nutrem contra os judeus e também contra os adeptos do Islamismo podem ser o estopim para a ocorrência de carnificinas pelo mundo afora. O mal não precisa de motivos para se proliferar; e, quando ele encontra um, tudo tende a sair dos eixos e desembocar em mais mortes, tristeza e dor



Neste instante mesmo em que eu comecei a escrever este texto e até que eu chegue ao seu final, é muito provável que pelo menos uma pessoa morra no meio dos combates bélicos que por ora estão sendo travados em diferentes pontos do planeta, como na Ucrânia, no Sudão do Sul, na Síria e na Faixa de Gaza. Essas e outras guerras estão sendo travadas ao redor do mundo - não nos esqueçamos dos morticínios promovidos pelo narcotráfico em países como México, El Salvador e Brasil -, mas é o conflito envolvendo Israel e o grupo terrorista Hamas, por ora alojado na Faixa de Gaza, que tem quase que monopolizado a atenção da imprensa mundial.

No meio dos debates que começaram em 7 de outubro, dia em que o Hamas deu início aos ataques e aos assassinatos de israelenses e estrangeiros em Israel, as discussões entre os que defendem Israel e os que acusam Israel de cometer um verdadeiro massacre de civis no território palestino se avolumaram e tomaram elas mesmas um tom belicista. Não se admite contestação às ações promovidas pelo exército israelense na Faixa de Gaza sob o argumento pétreo de que o Hamas foi que começou os ataques e promoveu as primeiras carnificinas; nesse cenário, caso eu, você ou quem quer que seja que escreva e/ou fale que Israel está matando milhares de civis inocentes enquanto caça membros do Hamas, somos de pronto acusados de apoiar terroristas e de defender a ação deles contra o Estado de Israel que ano após ano sufoca, limita e restringe o viver dos palestinos que ocupam o território que pertence aos palestinos.

Desde que começou essa guerra eu venho acompanhando discursos inflamados e acusações trocadas por articulistas cujos textos quase que exalam cheiro de pólvora e de sangue. E tem uns e outros que se comportam como se estivessem atuando como membros de torcidas de futebol que só vão aos estádios soltar o pau no grupo de torcedores adversários. E isso revela à qual nível chegou a cobertura jornalística do conflito, como se opiniões de articulistas e analistas pudessem mudar, por mínimo que fosse, o rumo dos acontecimentos.

Logo que a guerra eclodiu e eu tomei conhecimento das ações algo surpreendente e espantosa dos terroristas do Hamas, eu me pus na linha de frente que defende o direito de Israel de contra-atacar, garantir a segurança dos seus cidadãos e continuar na luta contra os seus muitos inimigos. Os dias foram passando e o mesmo mundo observador que lamentou e chorou com os horrores que os terroristas desferiram contra os israelenses, viu que, em sua ofensiva para derrotar e massacrar membros do Hamas, Israel saiu destruindo meia Faixa de Gaza parecendo ignorar que aquele lugar, que aquele território não é só ocupado por terroristas que querem varrer o Estado de Israel do mapa. E as imagens de prédios em ruínas, de crianças chorando, de ambulâncias bombardeadas e toda coleção de flagrantes captados por um sem-número de câmeras decerto fizeram parte da opinião pública mundial reconsiderar o apoio total e irrestrito que dera a Israel quando da eclosão do conflito, por avaliar que, indiscutivelmente, por maior que seja a legitimidade para contra-atacar e derrotar o inimigo Hamas, não se pode tomar como plenamente aceitável que Israel promova ele mesmo uma destruição completa e total da Faixa de Gaza, como se isso fosse eliminar de uma vez por todas os seus adversários.

Um dos danos que o conflito provocou ao redor do mundo foi o recrudescimento tanto do antissemitismo como da islamofobia. E isso, como se sabe, é como lançar um fósforo aceso num mar de gasolina, porque esses sentimentos que muitos nutrem contra os judeus e também contra os adeptos do Islamismo podem ser o estopim para a ocorrência de carnificinas pelo mundo afora. O mal não precisa de motivos para se proliferar; e, quando ele encontra um, tudo tende a sair dos eixos e desembocar em mais mortes, tristeza e dor.

Particularmente eu não mudei a minha posição de apoio ao direito de Israel de contra-atacar os seus inimigos. Contudo e seguramente o que mudou na minha percepção desses contra-ataques foi que eu não apoio o sacrifício de tantos inocentes como justificativa de que, infelizmente, só e somente só desta forma pode-se por tabela destruir os inimigos que, no dizer dos defensores intransigentes de Israel, usam os inocentes como escudos.

Muito ainda será dito e escrito sobreo desenrolar do conflito que está causando a destruição da Palestina, inclusive, sobre o vergonhoso vexame do serviço secreto israelense, que não previu os ataques dos terroristas do Hamas.

O Holocausto, aquele episódio da Segunda Guerra Mundial que expôs a dimensão da malignidade gestada por seres humanos contra outros seres humanos e que levou à morte milhões de judeus, não pode e nem deve ser mais repetido, parta o massacre de que lado partir.

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