22 de janeiro de 2012

Uma praça revitalizada

Por Clênio Sierra de Alcântara


Fotos: Ernani Neves





Depois de passar anos a fio entregue ao descaso e ao abandono - e isso a despeito de estar localizada ao lado da Câmara Municipal -, a Praça Olavo Bilac, situada na Rua do Hospício, na área central do Recife, foi reentregue à população, em fins do ano passado, devidamente revitalizada. O processo de recuperação dessa praça compreendeu a retirada  de barracas de vendedores ambulantes, a construção de bancos,  a pavimentação de trechos que antes eram de terra batida, a demarcação do espaço do jardim, a reconstrução da calçada que a contorna e uma nova iluminação.




O modo como a Municipalidade trata dos espaços públicos da cidade diz muito da qualidade e/ou da precariedade de sua administração. Se os espaços públicos, que são de uso comum, são deixados de lado e entregues à sua própria sorte, amargando uma lenta e constante destruição, o que é que, afinal, o burgomestre está fazendo para melhorar o estado geral do município?




De tanto passarmos por certas ruas tendemos a nos familiarizar de maneira tal com alguns dos seus aspectos, que, caso ocorra qualquer alteração em sua morfologia, dela logo damos conta. Tenho certeza que você, que está lendo este artigo, é capaz de enumerar um sem-número de deficiências da cidade onde mora e/ou frequenta costumeiramente seja lá pelo motivo que for: uma calçada deteriorada; uma boca de lobo que está destampada há meses; um e outro ponto de alagamento; um esgoto estourado; um terreno onde o lixo é depositado clandestinamente; etc. Será que ninguém da Prefeitura também não tem olhos para ver o que vemos? E, se tem, como se explica que os problemas - grandes e/ou pequenos - que estão espalhados pelos quatro cantos do território urbano permaneçam insolúveis?





Quando eu passava pela Praça Olavo Bilac e a via completamente deteriorada, custava a acreditar que ali, bem ao lado, ocorriam reuniões de vereadores nas quais, em tese, eram discutidas políticas que visavam à melhoria da cidade como um todo. Atravessando aquele lugar eu me perguntava: por que os vereadores mantêm-se tão indiferentes  com relação a este pedacinho do Recife?



A revitalização da Praça Olavo Bilac trouxe à baila um conceito que foi mais popular no Recife muitos anos atrás. Trata-se de uma espécie de parceria público privada denominada "praça adotada". E que funciona da seguinte maneira: uma empresa - não sei, mas creio que não se trate somente de empresas; pode ser que esteja aberto a qualquer entidade ou pessoa que tenha interesse em investir na empreitada - pode divulgar a sua marca e/ou seus produtos em painéis espalhados estrategicamente na área, tendo como contrapartida ficar responsável pela manutenção da praça. Não sou um entusiasta de tal iniciativa, porque entendo que cabe à Municipalidade cuidar de todos os equipamentos urbanos. Mas, francamente, entre uma praça deteriorada e abandonada e uma bem conservada, ainda que pontuada por peças de propaganda, eu fico com esta última.




E para não dizerem que eu não falei de flores, vou encerrar este artigo com uns versos do poema "Remorso" de autoria do grande Olavo Bilac: "Às vezes uma dor me desespera.../ Nestas ânsias e dúvidas em que ando./ Cismo e padeço, neste outono, quando/ Calculo o que perdi na primavera".

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