17 de julho de 2014

Restos de uma Copa

Por Clênio Sierra de Alcântara


Foto: Cleidson de Alcântara


Querendo nos convencer de que frango é faisão, a presidentona Dilma Rousseff e seu staff do atraso vêm alardeando que a Copa do Mundo de Futebol, encerrada no domingo passado, foi um tremendo sucesso. Claro que eu não caí nesse engodo. É óbvio que eu não me deixei levar por esse discurso pífio e falseador da realidade.



Não duvido que a Copa tenha sido de fato um grande sucesso; mas foi um sucesso para a Fifa, que ganhou milhões e milhões de dólares explorando para o seu próprio bolso os estádios construídos ao custo de alguns bilhões de reais oriundos dos impostos que são pagos por gente como eu e você, leitor. Lucraram muitíssimo a Fifa, a Rede Globo e outras empresas ligadas ao evento. E nós, o que lucramos?



Bem, a começar pelos exorbitantes gastos com a construção dos estádios, herdamos uma série de obras inacabadas e a promessa de outras tantas que sequer saíram do papel. Algumas das denominadas arenas, antes mesmo de serem concebidas, já figuravam como elefantes brancos, estruturas gigantescas que exigirão volumes elevados de dinheiro para a sua manutenção. As prometidas obras de mobilidade, com o perdão do trocadilho, ficaram imobilizadas. E as anunciadas melhorias com vistas a promover o turismo ao menos nas cidades-sede dos jogos não passaram, em alguns casos, de demonstrações mambembes de arrumação de casa para receber visitas: placas de sinalização turísticas postas de última hora e com erros graves de inglês; ausência de aparato receptivo em locais de visitação; elevação estratosférica dos preços de produtos e serviços “para turista pagar”, como fizeram vários taxistas desonestos; etc.



O caso do estádio construído na cidade de São Lourenço da Mata foi um dos mais absurdos. Para começo de conversa basta dizer que foi como se essa cidade não existisse, porque tudo o que se divulgava fazia o incauto acreditar que a tal arena estava localizada no Recife. Não se procurou dotar o município de qualquer atrativo para receber visitantes; nem se promoveu melhorias no espaço urbano como legado do evento para a população do lugar. Como o estádio foi erguido num terreno bem afastado do sítio urbanizado, para o qual o acesso pode ser feito sem que se atravesse o centro da cidade, São Lourenço da Mata permaneceu tão somente como um ponto no mapa.



É do jogo político anunciar pequenos feitos como se fossem grandes realizações. Não entrei nessa. Para mima Copa do Mundo foi um grande desperdício de dinheiro e desperdício, convenhamos, não é sucesso, é, neste caso, sinal de falcatrua, de maracutaia. E ao realizá-la o Governo abriu mão de dotar inúmeras cidades de infraestrutura; agiu como se ignorasse o fato de que a maioria delas apresenta graves problemas que comprometem a finalidade última do urbanismo, que é tornar a cidade o melhor dos lugares para se viver.



Ao alardear que a Copa do Mundo foi um êxito total, a presidenta Dilma Rousseff quer nos fazer crer que seu Governo é operante e eficiente. Não, presidenta, o seu Governo permanece sendo um dos mais ineptos da história. Para mim a Copa foi um fracasso retumbante. Os “craques” pernas de pau da selecinha perderam feio. E a realidade, que foi ofuscada durante um mês pelo enfadonho noticiário futebolístico, está aí, imperiosa, mostrando as mazelas de todo dia que nada tem a ver com gramados bem cuidados, camarotes e celebridades.



Por que em vez de propor uma “reforma do futebol brasileiro”, presidenta Dilma, a senhora, com sua inteligência paquidérmica, não reforma o seu Governo? Tanta coisa importante para ser feita e a senhora vem com uma leseira dessas?



Caro Nelson Rodrigues, o Brasil não é a “pátria de chuteiras”; é o país das grandes empreiteiras, ops, besteiras.

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