13 de novembro de 2014

Cidades & Armadilhas

Por Clênio Sierra de Alcântara





Fotos: do autor   Calçada deteriorada na Rua Padre Azevedo - Varadouro - João Pessoa - PB.  Registro feito em 20 de setembro de 2014




Percorrer as ruas de algumas cidades exige de nós uma total e completa atenção, sobretudo se esse deslocamento for feito a pé. A falta de manutenção dos espaços públicos muitas vezes faz com que pequenos contratempos se transformem em graves problemas e/ou grandes armadilhas.

Caminhar por calçadas deterioradas se já é um desafio para quem não tem dificuldade nenhuma de locomoção, imaginem como isso se processa com aquelas pessoas que têm limitação física, como cadeirantes, usuários de muletas e deficientes visuais. Bueiros sem tampas são potencialmente mais perigosos em dias chuvosos e/ou quando estão situados em logradouros que vivem às escuras à noite; nestes casos, a chance de que uma pessoa e/ou um veículo caiam neles aumenta. Fios energizados arriados ou partidos causaram algumas mortes no Recife nos últimos meses. Postes de iluminação pública que estão seriamente carcomidos pela ação do tempo e/ou apresentam acentuada inclinação podem vitimar pessoas a qualquer momento, assim como marquises de prédios abandonados que são esquecidos pelos órgãos fiscalizadores municipais. Ruas esburacadas quase sempre são responsáveis por vários acidentes automobilísticos registrados diariamente: ao tentar desviar dos buracos, motoristas – sobretudo aqueles que não respeitam os limites de velocidade – capotam, atropelam pedestres ou colidem com outros veículos.





Nesta foto e na seguinte, flagrante de um bueiro sem tampa na Rua do Riachuelo - Boa Vista - Recife - PE. Registros realizados em 12 de setembro de 2014








A realização de obras – sejam elas viárias, imobiliárias ou quaisquer outras que estejam em andamento no núcleo habitado das cidades, principalmente – precisam ser eficientemente sinalizadas, como modo de evitar que incautos avancem em áreas nas quais só os envolvidos com elas podem circular. Guarda-corpos de pontes, balaustradas, escadarias, etc., também devem ser constantemente conservados tendo em vista que, não sendo assim, esses elementos se estabelecem como mais uma armadilha para todos que circulam por eles.

Embora em alguns casos seja quase impossível para os agentes ambientais identificarem as árvores doentes e, por isso, ameaçando desabarem a qualquer hora e ainda mais em épocas de chuva, noutros, elas poderiam ser cortadas e removidas antes que caíssem atingindo carros e transeuntes. Atente-se, por outro lado, para o fato de que árvores são um bem de que a população não deve abrir mão, sobretudo em centros urbanos dominados por veículos. Os burgomestres devem manter de modo permanente uma política que contemple de forma efetiva o plantio de árvores, porque uma cidade arborizada é uma cidade comprometida com a conservação do meio ambiente que, quando bem cuidado, contribui e muito para a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes.




              Av. Dom Pedro I - Tambiá - João Pessoa - PB. Registro no dia 20 de setembro de 2014



A fisionomia urbana é marcada por muitos contrastes. A todo momento estamos a vivenciar no território citadino uma sucessividade de transformações: a construção de um edifício; o alargamento de uma avenida; a pavimentação de uma rua; a formação de uma favela; a demolição de um prédio antigo; etc. E o modo como percebemos essas mudanças e interagimos com elas diz muito do grau de envolvimento que mantemos com o lugar. Quando mencionei aqui o que denominei de “armadilhas”, eu apontei para uma série de problemas e situações com os quais nos deparamos quase que diariamente, e, não raro, sem que nos incomodemos suficientemente com eles a ponto de buscarmos os órgãos competentes atrás de soluções. Fazemos muitíssimo mal às cidades quando adicionamos ao descaso da Municipalidade para com tais “armadilhas” nossa completa e total indiferença.

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