17 de março de 2015

Marchando contra o retrocesso



Por Clênio Sierra de Alcântara



Foto: internet        Panelaços, passeatas, vaias, apitaços... Um sentimento de inconformidade tomou de assalto todo o país e a presidente Dilma Rousseff continua a fingir que nada tem a ver com isso


É, parece que o brasileiro tomou mesmo gosto pela passeata de protesto. Que o digam as inúmeras marchas que agitaram dezenas de cidades deste imenso país no domingo passado. O brasileiro que lê jornal, que ouve rádio, que assiste à tevê, que acessa a internet, que toma ônibus para ir trabalhar, que vai ao supermercado e que, enfim, tem contas a pagar no fim do mês, sabe a quantas anda o cenário político e socioeconômico do Brasil. Ele sabe que, em meio a uma grande investigação que apura o desvio de milhões e milhões de reais de recursos da Petrobras, envolvendo políticos e empresários, as coisas de sua vida prática não andam nada bem; que o seu salário tem ficado cada dia menor ; e que o horizonte não aponta nenhum sinal de melhora. Pelo contrário. O que se avizinha é mais alta de preços, falta de água e corte de energia elétrica.

A situação é bem essa. O diagnóstico é esse e não outro. E o que é que a presidente Dilma Rousseff e os seus asseclas sentenciam? Eles seguem com um discurso cheirando a mofo em que afirmam que as pessoas foram às ruas para protestar tão somente pelo antro de corrupção que se instalou na estatal petrolífera brasileira. Nada mais petista do que o palavrório estupidificante. Nada mais petista do que o palavreado que tenta distorcer a realidade dos fatos querendo minimizar a gravidade dos acontecimentos.

A presidente Dilma Rousseff, coitadinha, insiste em atribuir a si mesma – e posar de durona – qualidades que não possui. É má governante; não tem tino para o diálogo; anuncia o novo que já chega velho; escolhe mal seus auxiliares; é pretensiosa por demais; enfim, é uma típica figura do cenário político brasileiro: alguém que assume um cargo público sem ter o mínimo entendimento do que seja efetivamente ser político e praticar uma política com p maiúsculo. Senhora presidente, com todo o respeito, por mais que a digníssima carregue na maquiagem, seu semblante algo enfurecido não nega que Vossa Excelência está mais perdida do que cachorro quando cai de caminhão de mudança.

Como não têm respostas – eles nunca têm, essa é que é a verdade – que sejam suficientemente esclarecedoras para os fatos, porque está no DNA dos petistas a tendência para o engodo e a mistificação, eles se agarram a qualquer coisa para justificar as suas pisadas em falso, as suas tramoias, os seus negócios escusos, as suas alianças execráveis e os seus conluios. De acordo com a ótica petista todas as pessoas que engrossaram as fileiras das passeatas no último domingo e que vêm promovendo panelaços em suas residências não passam de ressentidos e inconformados eleitores – frise-se isso, são eleitores e não cidadãos – que votaram em Aécio Neves. Não é um espanto a capacidade que eles têm para simplificar coisas tão complexas?! Segundo a exegese petista é claro que um beneficiário do Bolsa Família ou um estudante que ganhou uma bolsa integral do Prouni e muito menos um trabalhador enquadrado como pagador da chamada “tarifa social” da conta de luz não têm por que protestar, afinal, eles vivem no melhor dos mundos. Para os petistas as passeatas são obras de uma “elite branca” e golpista e preconceituosa e intolerante que quer apear do poder uma presidente eleita legitimamente. O discurso é tão absurdo que beira o ridículo. Ai dos petistas se não fossem os membros da “elite branca” – Marilena Chaui, Antonio Candido e outros – dispostos a orientá-los e a fazer de títere um sindicalista semianalfabeto e depositar nele todas as esperanças de transformação social do país.

Domingo passado eu levantei cedo para elaborar meu cartaz de protesto numa cartolina branca – a partir do nome Dilma, grafado verticalmente em vermelho, eu escrevi, em preto, tomando as iniciais, estes termos: despreparo, incompetência, leviandade, maracutaia e atraso -, dei conta dos meus afazeres intelectuais e dos do cotidiano, almocei e saí de casa ao meio-dia e meia crente de que chegaria à Av. Boa Viagem, no Recife, a tempo de reforçar o coro da indignação e da insatisfação. Não deu. Tudo o que encontrei por lá foram e um e outro cartaz jogados em lixeiras e, aqui e ali, adesivos nos quais se lia “Dias melhores virão”. Sim, é isso o que todos nós brasileiros honestos e trabalhadores e pagadores de impostos e cidadãos esperamos. Só não vamos esperar de braços cruzados: se for preciso mais marchas, marcharemos; se for necessário bater em mais panelas, bateremos. Nada de golpismo. Protestar é democraticamente legítimo. E que se mantenha bem longe de nós o desejo de inúmeros fariseus que empunharam cartazes nos quais pediam uma intervenção militar no Governo. Não é para tanto. Vade retro, Satanás! Agora, continuemos alertas e combativos porque a lógica da governança do dito Partido dos Trabalhadores, o entendimento que os petistas têm de desenvolvimento e igualdade social é, ao que tudo deixa ver, transformar a maioria dos brasileiros em beneficiários de, no mínimo, do Bolsa Família. Retrocesso, companheiros, nós não toleramos.

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