11 de maio de 2024

Novamente o infernal terminal de ônibus de Igaraçu

 Por Sierra


Fotos: Arquivo do Autor
Novas instalações e velhos problemas: filas enormes no dia em que a parte nova do terminal de ônibus de Igaraçu foi aberta para os usuários


Quando uma obra pública se arrasta por anos a fio nós costumamos pensar, porque somos gatos mais do que escaldados, que a coisa vai gorar e figurar como mais uma peça abandonada no museu do desperdício do dinheiro do contribuinte. Não parece ser esse, felizmente, o caso do terminal  de ônibus de Igaraçu que, depois de ter ficado com suas obras paralisadas por não sei quanto tempo, ele as viu serem retomadas; e, ao que tudo indica, elas serão realmente finalizadas.

Informalmente eleito pela língua ferina do povo, pela língua certeira do povo, porque só ele verdadeiramente é que sabe onde o calo realmente aperta, como o pior terminal de ônibus de toda a Região Metropolitana do Recife, o terminal da cidade de Igaraçu é um eixo muito importante dentro da engrenagem que atende a milhares de indivíduos que diariamente recorrem ao sistema de transporte público de passageiros e que tomam como destino a capital e outros lugares ao longo do caminho saindo da Ilha de Itamaracá, Itapiçuma, Araçoiaba e da própria Igaraçu; e, ao longo de vários anos, passou por um processo de degradação que só tornava um martírio a condição de quem tinha e tem de passar por ele para seguir seu rumo a partir  das diversas linhas que saem de lá.







Desde que as obras foram retomadas, nós, as pessoas que diariamente afluem para aquele terminal, ficamos na expectativa de que agora o negócio era para valer, era à vera; e que finalmente iríamos deixar de ocupar um espaço pequeno e mal administrado.

Enquanto as obras seguiam, um incidente ocorrido em março ratificou o dito que proclama que o que é ruim pode piorar: um caminhão que carregava um contêiner bateu num dos pilares de sustentação da cobertura do terminal que, assim, teve de ser interditado, porque corria o risco de desabar. O resultado disso foi que nós tivemos de passar quase duas semanas sob sol, chuva e sereno - e sem banheiros e sem bancos para sentar - embarcando e desembarcando do lado de fora até que as cabeças pensantes que administram o equipamento tivessem a iniciativa de montar algumas tendas - insuficientes, diga-se logo, para tanta gente - para que nós pudéssemos voltar para dentro do terminal que a essa altura se parecia com qualquer outra coisa, menos com um terminal de ônibus, principalmente à noite, quando boa parte dele ficava às escuras elevando a nota triste do improviso.


Detalhe do telhado

Quando eu passei por lá na última quinta-feira escutei o disse me disse informando que, no dia seguinte, a área nova seria liberada para os usuários; informação essa reforçada pelos tapumes que foram postos para separar o perímetro novo do velho.

E assim foi que, na manhã de ontem, eu e centenas, milhares de passageiros desembarcamos num terminal parcialmente renovado e ainda em obras. Vários funcionários da empresa que o administra e outros do Consórcio Conorte, responsável pelo gerenciamento e controle das linhas que circulam por ali, estavam no meio do vuco-vuco dando informações sobre os novos pontos de embarque.





Eu de pronto tratei de fazer uns registros fotográficos do espaço antes de embarcar com destino ao meu local de trabalho na cidade de Abreu e Lima - e fiz registros outros registros à tarde. Também busquei ouvir algumas impressões de usuários que estavam ali. Alguém comentou: "Esse telhado não ficou bom. Vê só: quando chover vai molhar a gente. Quem já viu fazer um telhado assim, separado?!". Outro disse: "Parece que agora o negócio vai sair mesmo". E por ali, naquela muvuca toda, ainda se encontravam os inconvenientes vendedores de passagens.

O espaço era novo, mas a rotina era velha; velha não, velhíssima. Filas enormes davam o tom do atraso das saídas dos ônibus, um dos principais problemas de quem precisa do sistema de transporte público de passageiros. E, como retiraram os leitores eletrônicos dos cartões de passagens, algo que agilizava o embarque, porque ele podia ser feito também pela porta do meio, o atraso dos ônibus somado à demora para que todos embarquem apenas pela porta dianteira só piora a situação; sem esquecer que tais atrasos ainda acarretam perda de minutos preciosos dentro do sistema temporal que foi implantado para seguidos embarques pagando apenas uma passagem. Será que o pessoal do Grande Recife Consórcio de Transportes Metropolitano não vai rever isso?









Atrasos e superlotação de ônibus são dois dos castigos mais comumente aplicados a quem, infelizmente, depende dos busões para fazer seus deslocamentos rumo aos compromissos da vida prática.

Além da multidão que ocupava a parte nova do terminal, ontem eu observei que alguns dos pombos que moravam no telhado que foi removido da parte velha apareceram por lá. O que será que eles acharam da nova possível morada?


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