27 de julho de 2024

As comemorações dos 75 anos da Fundação Joaquim Nabuco

 Por Sierra


Fotos: Arquivo do Autor
Celebrando os 75 anos de existência da Fundação Joaquim Nabuco, Pernambuco e o Brasil celebram tanto a instituição, que está entre as grandes do país no seu segmento, como também exalta a figura de Gilberto Freyre que propôs, enquanto deputado federal, a sua criação


Quando, visitando o site da Fundação Joaquim Nabuco, eu tomei conhecimento de que a presidência da instituição, a professora Márcia Angela Aguiar, programara as comemorações pela efeméride dos 75 anos de criação da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) para o domingo dia 21 de julho, eu tratei logo de ir me organizando para comparecer e prestigiar o evento, porque mantenho para com a Fundaj um elo sentimental e intelectual realmente grande e forte. 


A presidenta da Funda Márcia Angela Aguiar


Tal elo se fundamenta em quatro quesitos: 1º) a Fundaj foi criada a partir da atuação de mestre Gilberto  Freyre enquanto deputado federal - ela foi criada como Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais -, e, como vocês sabem, eu tenho o o autor de Região e tradição como o meu principal farol intelectual; 2º) a Fundaj, ao longo dessas quase oito décadas de existência com atuação nas regiões Norte e Nordeste do país, firmou-se como uma verdadeira guardiã de parte da memória nacional, em seus vários campus, com acervos de documentos, livros, fotografias, filmes , discos, depoimentos gravados, museu, galerias de arte, cinemas, arquivos de personalidades como Francisco Julião, Josué de Castro e Edson Nery da Fonseca, etc.; 3º) pelo empenho que a instituição mantém em não apenas preservar e salvaguardar os acervos que detém, mas também como produtora e difusora de conhecimento, promovendo publicação de livros e periódicos, pesquisas, cursos, seminários e debates; e dando suporte para uma miríade de pesquisadores nacionais e estrangeiros que a buscam à procura de fontes e testemunhos que sirvam para os estudos que eles estão empreendendo; 4º) e pelo fato de que foi a Fundaj que primeiramente me deu, como pesquisador por formação, uma grande medida do valor e da importância da proteção e salvaguarda da memória nacional e da necessidade também de uma promoção de produção e difusão de conhecimento com objetivo de estimular a formação de indivíduos como instrumentos de transformação social, algo em que eu acredito verdadeira e intensamente, ao mesmo tempo em que tratou e trata de manter equipamentos culturais de primeira linha que igualmente contribuem tanto para o lazer como para o cultivo de uma vida interior, com suas galerias de arte, seu Museu do Homem do Nordeste e seus cinemas. Reconheçamos: não é pouca coisa. (Caro leitor, sim, eu sei bem dos muitos ataques que até hoje a Fundaj e o seu criador sofreram e sofrem; e das tentativas de desqualificá-los e desmontar a instituição; contudo, não é sobre isso que eu quero tratar aqui hoje).


Cerimônia de lançamento do selo postal em homenagem aos 75 anos da Fundaj


Enquanto eu seguia para o campus do bairro de Casa Forte, da Fundaj, no Recife, em algum momento eu me fiz esta pergunta: "Será que em plena tarde de domingo esse evento irá atrair um grande público?". Apesar da minha indagação expressando dúvida, eu seguia confiante para lá - fiz parte do percurso de carona, depois, eu peguei um ônibus; detalhe: a Ilha de Itamaracá, onde eu moro, é distante da capital -, carregando no pensamento essas certezas nas quais por vezes nós nos agarramos para que elas nos confortem e nos animem.

Pois bem. Quando cheguei lá eu me deparei com uma boa movimentação. E, depois de rever o Museu do Homem do Nordeste e fazer algumas fotos e vídeos, eu entrei no Auditório Benício Dias para garantir um bom lugar na plateia.


A historiadora e pesquisadora Rita de Cássia Barbosa de Araújo no momento em que fazia a sua conferência sobre a história da Fundaj


Programado para ter início às 16 h, o evento só começou às 16h52. Eu detesto atrasos. Fico impaciente. E, embora eu tenha preenchido o tempo da espera com um bom bate papo com os amigos quase irmãos Djalma e Apolônio, que eu conheci ali, sentados que estavam à minha esquerda, eu me aborreci com o atraso. Atrasos de eventos são algo imperdoáveis para mim, além de serem desrespeitosos para com todo o público.

A cerimônia enfim começou; e com o ritual enfadonho desses tipos de eventos: chamada de autoridades para compor a mesa - estiveram presentes, entre outros, o babalorixá Ivo de Xambá, o deputado estadual João Paulo e a vereadora do Recife Liana Cirne - que, depois, fazem pronunciamentos, algumas, inclusive, extrapolando o limite de tempo de três minutos que fora estipulado na ocasião. Quase todos que tiveram espaço de fala louvaram evidentemente a brilhante iniciativa de Gilberto Freyre e a importância socioeducativa e de salvaguarda da memória nacional da Fundaj; e uns e outros recordaram os tempos sombrios do desgoverno de Jair Bolsonaro para a educação e o setor cultural de um modo geral e falaram da falta de concurso público para a Fundaj - a presidenta Márcia Angela Aguiar lembrou de destacar como a especulação imobiliária está desfigurando e transformando os arredores do campus em Casa Forte dessa instituição federal.


O Coral da Fundaj em ação: que pena que foi uma apresentação tão curtinha


Um dos, digamos, prejuízos causados por atrasos nos eventos é que muita gente se aborrece, se cansa e vai embora sem acompanhar toda a programação. Outro reflexo negativo do atraso é que, vendo o adiantado da hora, os organizadores tratam de querer acelerar o que ainda falta apresentar, algo que é quase um misto de insulto e desconsideração para com quem se preparou para fazer uma apresentação como também para com a plateia e os convidados.




Da esquerda para a direita: Apolônio, Djalma e eu


Seguindo o que fora programado, ocorreu um arrastado lançamento de um selo postal dos Correios comemorativo aos 75 anos da Fundaj. Na sequência, a competente e admirada historiadora e pesquisadora Rita de Cássia Barbosa de Araújo, que é funcionária da instituição há mais de trinta anos, precisou encurtar a conferência em que ela apresentou uma, por assim dizer, biografia da Fundaj. Puxa, que pena! Assim como foi igualmente lamentável que a apresentação do Coral da Fundaj tenha sido tão curtinha no encerramento da cerimônia toda.


Eu não iria perder a oportunidade de me fotografar ao lado de Rita de Cássia Barbosa de Araújo


Bom, como além de cansados nós estávamos famintos - eu pelo menos estava -, fomos lá para o hall aproveitar os comes e bebes que foram oferecidos aos que, como eu, compareceram ao evento para prestigiar e celebrar a efeméride dos 75 anos da Fundaj. 


A hora dos comes e bebes



Participar do evento naquele domingo de celebração, de justa e merecida celebração, me encheu de um regozijo que só os que cultivam uma vida interior e/ou admiram Gilberto Freyre podem compreender.

Viva Gilberto Freyre!

Viva a Fundação Joaquim Nabuco!

Viva a democracia!

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