18 de janeiro de 2025

O parque infantil da Praça São José, em Abreu e Lima

 Por Sierra


Fotos: Arquivo do Autor
Esta e as três fotos seguintes foram captadas no dia 7 de janeiro.
Brincar é uma necessidade para as crianças; e as praças, muitas vezes, são um dos lugares preferidos por elas para vivenciar isso. A instalação de brinquedos na Praça São São José, depois de tantos meses de ausência, deve ser celebrada como um entendimento de que a praça é realmente um lugar para os públicos de todas as idades


Existe uma máxima que diz que, "querendo, a gente aprende até morrer". E foi assim que, entre as inúmeras leituras que eu já fiz na minha vida até aqui, eu aprendi, há bastante tempo, que, segundo especialistas, o brincar e a ludicidade devem fazer parte e estar presentes na infância, porque é por meio dos brinquedos e das brincadeiras que as crianças desenvolvem a imaginação, a motricidade, o raciocínio, a sociabilidade e vários outros aspectos que dizem respeito a seu crescimento físico e mental.







Com isso em mente, todas as vezes que eu cruzava a Praça São José, na área central de Abreu e Lima, uma cidade da Região Metropolitana do Recife que perdeu boa parte do seu traçado urbano antigo para obras de duplicação da BR 101, me pegava triste ao ver que a Prefeitura Municipal continuava sem repor os brinquedos e sem reorganizar e/ou reestruturar o pequeno espaço, o diminuto parque infantil que existia lá e que fazia a alegria de várias crianças, como eu muitas vezes vi ali.

Não sei qual é a política da Municipalidade abreulimense no que diz respeito ao tratamento e à manutenção daquela praça. O que eu sei, como cidadão que várias vezes por semana passa por ela, é que aquele equipamento urbano, ao meu ver, não é devidamente cuidado. Digam-me: para que manter ali uma fonte que não jorra água há vários anos? Por que o monumento dedicado ao General Abreu e Lima - o personagem que deu nome à cidade - e a Simon Bolívar está entregue à própria sorte? Por que a Municipalidade prioriza a manutenção do espaço onde, todos os dias, homens de várias idades vão para lá jogar dominó e baralho sem ao menos terem o cuidado de zelar pelo ambiente, jogando copos e embalagens de lanches no chão? Por que a Municipalidade desprezou por tanto tempo a necessidade que as crianças também tinham e têm de frequentar aquele espaço público, deixando-as sem poder usufruir de uns poucos brinquedos que nele existiam?


Esta e as três fotos seguintes foram registradas no dia 9 de janeiro








Gente, uma praça como a Praça São José, que fica na área central da cidade, que é diariamente frequentada por várias pessoas e que é um lugar de passagem para quem vai para os seus compromissos escolares e laborais ou em busca de estabelecimentos comerciais que ficam no seu entorno, deve dispor de uma estrutura ambiente que seja no mínimo atraente e convidativa para todos aqueles que a frequentam. E, quando eu digo todos, significa ser ela um espaço que possa receber pessoas de todas as idades, inclusive, pessoas que têm dificuldade de locomoção e/ou que são portadoras de alguma deficiência física, como os cadeirantes, que precisam vivenciar espaços com acessibilidade; e, inclusive ainda, as crianças, porque, para elas a praça também é um lugar de socialização, onde o lúdico reúne em si uma gama de interações que vão muito além dos movimentos corporais.

Como bem sabemos todos nós que vivemos em espaços urbanos dominados pela presença maciça de veículos automotivos - carros, caminhões, motocicletas -, muitas crianças não dispõem de áreas seguras para brincar nos arredores de suas residências, porque o espaço da rua, considerando a intensa circulação de veículos, se tornou um espaço muito perigoso para as brincadeiras, para o prazer e a alegria do brincar, de modo que, ao levá-las para uma praça, seus pais e responsáveis esperam encontrar ali não somente um lugar seguro para os pequenos, mas também esperam que ali as crianças encontrem brinquedos e equipamentos recreativos para se divertirem e se descontraírem.

Na noite do último dia 7 de janeiro eu flagrei dois rapazes fazendo ajustes na montagem de brinquedos de madeira na caixa de areia da Praça São José; e fiquei feliz ao ver que, depois de muito tempo, a Municipalidade abreulimense resolvera instalar brinquedos novos naquela praça, onde crianças não tinham vez, digamos assim, já que nada ali era convidativo para elas. Dois dias depois eu passei novamente por lá, à tarde e à noite, e verifiquei que o local ainda se encontrava rodeado com fita amarela e preta indicando que o espaço ainda não fora liberado para uso.


Esta e as duas fotos seguintes foram feitas no dia 10 de janeiro 





Acontece que, ainda na noite do dia 9 de janeiro, eu assisti ao desembaraço de dois garotos que, ignorando a tal faixa amarela e preta, brincavam alegremente na casinha de madeira, subindo e descendo com desenvoltura. Certamente pulsava neles uma ânsia muito grande de querer brincar ali. E eu acredito que a mãe ou as mães deles e/ou os responsáveis por eles nãos se importaram em vê-los ali ignorando aquela fita proibitiva

A longa ausência de brinquedos, que marcou a Praça São José, me levou a pensar que a Municipalidade abreulimense pouco ou nada entende da importância do lúdico e do brincar para as crianças; e deixou evidente para mim que falta aos responsáveis pelos equipamentos urbanos da cidade a compreensão de que as crianças também são cidadãos, que elas podem frequentar praças e que elas merecem que as praças disponham de brinquedos e de espaços que possam servir como cenários de brincadeiras. 

Nunca é demais dizer que uma cidade só é de fato acolhedora, reconhecedora e valorizadora da cidadania de seus habitantes quando ela respeita e confere dignidade a todos e a cada um deles.

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