1 de outubro de 2011

Personas urbanas (5)

"Felicidade! Brilha no ar
Como uma estrela que não está lá.
Conto de fadas. História comum.
Como se fosse uma gota d'água
Descobrindo que é o mar azul".

                          Felicidade. Umberto Tozzi.



Felicidade. Quando me perguntam se acredito que a felicidade existe, eu digo que sim, mas sem aquela tolice de tantos que pensam que felicidade mesmo, para valer, só se for um estado pleno de alegria e bem-estar. Comigo não é assim que a coisa funciona. Como eu já disse noutra oportunidade, sou uma pessoa triste em busca permanente da alegria - e que isso, por favor, não soe como literatice de auto-ajuda.

Cheguei à conclusão - e isso já tem um bom tempo - de que felicidade é outro nome para o que se compreende como prazer. Sob essa ótica, eu posso dizer que tomo doses de felicidade dia após dia, porque, diariamente - num dia mais, noutro menos -, faço e/ou vivencio uma ou mais situações que me conferem um prazer indescritível, ainda que por vezes esses prazeres tenham de duelar com e outro aborrecimento, com uma e outra tristeza.

Diariamente eu encontro a felicidade: nas leituras que faço; nas linhas que preencho com força e com vontade no meu confessor; nas músicas que ouço de outrem ou nas que eu mesmo elaboro; nos projetos que vou pondo em papéis e com eles fico a almejar mais e mais o futuro; nos pensamentos confiantes que não deixam também de pesar as possibilidades de fracasso; nas imagens que me emocionam até mesmo na televisão; no sair para caminhar...

Embora sendo um descrente, um ímpio, um incréu, um incrédulo, um ateu, eu não deixo de ter esperança na vida e nem de acreditar que posso mudá-la para melhor ou para pior. Eu creio firmemente que, quando temos possibilidade de fazer escolhas - digo quando temos, porque nem sempre isso é possível -, devemos arcar com todos os resultados que elas nos tragam. Eu prefiro sempre - sempre - acreditar que estou no comando de tudo de bom e/ou de ruim que acontece comigo em virtude das decisões que tomo. Para mim não existe essa "entidade" chamada destino; existe, sim, um seguir adiante, seja pelo caminho que for. Eu ia quase dizendo que felicidade é a persistência da confiança que pode existir em cada um de nós.

Todos nós temos problemas. E problemas de toda ordem: financeiro, afetivo, de relacionamento, de trabalho, etc. Mas os problemas só são de fato problemas quando insolúveis. Parece-me que, a partir do momento em que conseguimos administrá-los, eles perdem e muito a dimensão que num primeiro momento nós lhes conferimos.

Estou extremamente feliz agora. E esse estado de espírito em muito se deve, penso eu, àquelas vozes que diariamente chegam aos meus ouvidos dizendo "eu te amo muito", me reconhecendo e me aceitando como eu sou: pelo feio e pelo bonito que há em mim; por tudo o que eu sei e por tudo o que eu desconheço; por toda  minha estupidez e por toda minha sensibilidade; pelo meu silêncio e pela minha ânsia descontrolada de dizer; pela minha coragem e pela minha covardia; por causa da minha força e por causa da minha fraqueza; pelas vezes que eu fui embora e, depois, voltei; pelo meu egoísmo e pela minha comunhão; por conta da minha omissão e por conta da minha franqueza; pela minha ingratidão e pela minha gratidão...

O sol tem brilhado forte no campo da minha vida. E o tempo é de permanente semeadura.
               

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