18 de março de 2012

Personas urbanas (7)

Por Clênio Sierra de Alcântara


"Quem me chamou
Quem vai querer voltar pro ninho
Redescobrir seu lugar
Pra retornar
E enfrentar o dia a dia
Reaprender a sonhar".
                                  Brincar de viver. Guilherme Arantes




Redescobrir-se.  De uns dias para cá fui sendo tomado por uma avalanche de sentimentos ruins, sendo o peso do fracasso o grande responsável por esse desabamento de agora. Fracassei em várias frentes. E a cada vez que eu me proponho a avaliar a minha vida e as circunstâncias que me levaram a isso, eu sucumbo, como se eu tivesse, como se eu pudesse ter controle sobre tudo o que ocorre  e/ou pode ocorrer em minha vida.

Estou prestes a enfrentar uma situação que eu nunca quis. Isso me lançou na lona. Isso faz com que eu me sinta menor. Eu não queria percorrer o território no qual daqui a alguns dias terei de pôr os pés.

Minha cabeça não andava nada boa. E eis que, agora, fui deixado de lado por uma pessoa. Ela não aguentou carregar o peso morto que eu sou. Nem nos relacionamentos eu consigo êxito. Não entendo os meus sentimentos, deve ser isso. Eu não consigo verbalizar certas coisas que eu sinto. Talvez a solução seja eu permanecer sozinho no mundo. Quem é que está disposto a suportar alguém tão dominador, egoísta, centralizador e incapaz de compreender o que é que sente? Creio que ninguém. Normalmente as pessoas querem ter como companhia alguém que as faça feliz; alguém que lhes aponte caminhos para o futuro; e não alguém que as leve para o abismo. Eu não consigo salvar ninguém. É por isso que eu preciso aprender a ser só.

Estou com 38 anos de vida. E às vezes eu sinto que nada realizei, nada construí, não fiz absolutamente nada de significativo. Como se não bastassem as circunstâncias ruins, eu ainda trato de piorá-las. Minha mãe não vai me perdoar nunca. Nem mesmo a ela eu pude salvar.

Olho em derredor buscando algo que de alguma forma responda a algumas das indagações que me faço. Eu também, vez por outra, tento me animar inventando possibilidades de redenção. Aí vem uma avalanche daquelas e lança tudo por terra. Tenho 38 anos. E sou ainda muito imaturo para com certas coisas.

Eu fracassei. Eu fracassei. Eu fracassei de novo.

Hoje o choro veio copioso.

Eu preciso enfrentar com mais coragem a vida. Eu preciso parar de me acovardar. Eu preciso decidir que rumo tomar. E já que eu sou incapaz de nutrir um sentimento verdadeiramente salvador ou, pelo menos, que oferte confiança, eu preciso fazer com que as pessoas que me desejam se afastem de mim tão logo me conheçam. Eu não sirvo para ninguém. Eu preciso me salvar.

Peço desculpas a todos aqueles que se entregaram a mim de peito aberto.

Definitivamente eu preciso me refazer. Eu preciso me redescobrir.

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