5 de dezembro de 2013

Pedacinhos do Recife


Por Clênio Sierra de Alcântara


“Vou-me embora do Recife!
Meu coração fica aqui”.
                                           Recife. Murilo Costa




Olhando para trás eu me dou conta de que o meu fascínio de hoje pelo estudo das origens e do desenvolvimento físico das cidades teve início, na verdade, não no tempo das aulas na universidade, mas bem antes disso; embora tenha sido na academia que ele se potencializou, foi em minha infância e mais ainda na adolescência, quando comecei a colecionar calendários e cartões-postais – mesmo sem saber escrever direito, durante alguns anos eu me correspondi com um sujeito de Governador Valadares chamado Darci, técnico de futebol de salão, com o qual troquei vários cartões-postais. Darci, onde está você? – que mostravam cenários urbanos. Eu olhava detidamente para aquelas paisagens e me demorava mergulhado nelas; e me imaginava percorrendo as ruas, conhecendo os monumentos e entrando naquelas construções todas que enchiam meus olhos de curiosidade e fascinação.


Fiz esse passeio aparentemente digressivo para contar da alegria que foi encontrar em pleno Recife Antigo, um lugar por si mesmo de tão fortes evocações imagísticas, objetos muito bem trabalhados, que trazem pequenos flagrantes da capital pernambucana estampados neles. Foi ali, na feirinha típica da Rua do Bom Jesus – a antiga Rua dos Judeus, onde foi erguida a primeira sinagoga de todo o continente americano -, que acontece aos domingos, que eu me deparei, na banquinha do talentoso designer Nilson Santos, com pedacinhos do Recife presos a porta-cartões, marcadores de livros, porta-garrafas, caixinhas para guardar as mais variadas coisas e outros itens. Os objetos são feitos realmente com muito esmero.






Conversando com o Nilson Santos – ele mantém um providencial site no qual divulga os produtos: www.griferecife.com.br -, fiquei sabendo que o seu projeto de fixar o Recife em objetos começou com o desejo de dar vazão ao bom acervo fotográfico que reuniu com um amigo, que chegou a ser sócio de sua empreitada. E me disse ainda que a sua relação com a cidade se dá de maneira muito passional, porque foi ela que o acolheu profissionalmente e foi nela que ele fixou morada.







Não se pense que é apenas o Recife de dias recentes que aparece nos produtos. Garimpando imagens em vários suportes, Nilson Santos nos apresenta o Recife retratado em coloridos cartões-postais de tempos idos, revelando cenários dessa cidade que, para as câmeras, nunca se mostrou com timidez. É um Recife sempre atraente. É um Recife para sempre se ter por perto.








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