13 de julho de 2017

Honestildo, o competente presidente-proprietário da Roubobras S/A

Por Clênio Sierra de Alcântara


Honestildo, o melhor de todos. Nove vivas para Honestildo: Viva! Viva! Viva! Viva! Viva! Viva! Viva! Viva! Viva!


A voracidade e o empenho com que políticos e empresários desonestos se lançam sobre o dinheiro público neste país não espantam mais ninguém, dada a banalidade que a coisa toda tomou no noticiário de todo dia. Milhões e milhões de dólares depositados em contas secretas no exterior, patrimônios grandiosos encontrados aqui e ali, estilos de vida nababescos. Tudo bancado pelo dinheiro que sai do meu, do seu e do nosso bolso em forma de impostos que deveriam ser convertidos em serviços de educação, saúde e segurança pública de qualidade, em estradas bem pavimentadas, em esgoto tratado e por aí vai, e que acaba nas mãos de homens e mulheres que fazem o diabo para nos roubarem e ainda tripudiarem em cima de nós.

Presidente da República moribundo, o senhor Michel Temer é ele mesmo a figura-emblema de um modo de fazer política que estabelece que não importa se os meios são espúrios e inescrupulosos, o que vale, de fato, são os fins ainda mais vis que eles proporcionam. O senhor Michel Temer faria um bem danado ao país que ele pensa que ainda está governando, se renunciasse e caísse fora, dando oportunidade para que os brasileiros tentássemos, mais uma vez, eleger um presidente que conduzisse realmente com integridade, honestidade e competência os destinos da nação. O senhor Michel Temer quer, a esta altura das circunstâncias, nos fazer acreditar que é homem probo, vítima de empresários e inimigos outros que tudo o que querem é vê-lo apeado do poder.

Locupletar-se é a modalidade à qual com maior afinco se dedica o típico político brasileiro: aquele sujeito que mira a carreira política sem dispor de nenhuma ideologia e, às vezes, nem formação educacional, almejando, uma vez eleito, encher suas burras recorrendo a todo tipo de falcatrua, superfaturando obras, desviando verbas, utilizando notas fiscais frias, empregando funcionários fantasmas e recrutando comparsas. E é esse típico político brasileiro, que não tem nenhum compromisso com o progresso do país, que em todos os pleitos aparece posando de benfeitor para as multidões, quando se sabe que para ele não há nada mais desprezível do que o povo, essa entidade que nem sempre enxerga as coisas como elas em verdade são.

A roubalheira, as tramoias, os conchavos, as negociatas, os combinados, os arrumadinhos, as percentagens por fora, as vendas de leis, os empréstimos supercamaradas, as armações, as cartas marcadas, a compra de votos... O mundo político brasileiro é contaminado por tantos males que é difícil acreditar que, ainda assim, algo consiga manter a máquina pública funcionando. Porque não é só de políticos e empresários desonestos que este Brasil está cheio, não, como deixam ver os casos de magistrados que também praticam delinquências vendendo sentenças e livrando criminosos da cadeia.

Nossa sociedade parece que é em essência corrupta; talvez seja por isso que quando eu e você, que agora está lendo este artigo, furamos uma fila ou praticamos qualquer outra infração, agimos com a maior normalidade do mundo, crendo que coisinhas assim não fazem mal a ninguém e que desonestos e criminosos são aqueles lá e não nós outros. Insistimos em posar de honestões praticando os nossos pequenos delitos de todo dia crentes de que nunca irão nos pegar com a boca na botija, como se dizia antigamente.
Nos esquemas de cifras milionárias o senhor Luiz Inácio da Silva permaneceu o tempo todo mantendo uma retórica vociferante com a qual, claro, atacava meio mundo e jurava inocência. Enquanto isso, um a um, os seus homens de confiança foram caindo nas garras da Justiça, metidos que estavam e estão em ilícitos de vários tipos para se apossarem das riquezas do país, porque esse é, na verdade, o entendimento que eles têm de bem-estar social: para os pobrezinhos um cartão do Bolsa Família; para eles apartamentos suntuosos, sítios, joias, carrões e altas quantias em contas abastecidas pelos propinodutos.

O senhor Luiz Inácio da Silva conseguiu enganar muitos incautos com o seu figurino de homem honesto que tudo o que dizia fazer era pensar em como acabar com a fome e a pobreza de milhões e milhões de brasileiros. Ainda bem que nem todos caíram nesse conto do vigário, e neste momento, enfim, assistimos à decretação da sentença contra o honestíssimo senhor Luiz Inácio da Silva, a primeira de outras que estão por vir. E não adianta esbravejar, maldizer, praguejar, apontar o dedo para fulano e sicrano e atacar a mídia de golpista, senhor Luiz Inácio da Silva, porque a sentença não foi escrita a lápis e nem a giz, para ser apagada; agora é arcar com as consequências de sua inabalável honestidade, senhor Luiz Inácio, porque a decretação de sua sentença não foi um ataque à democracia, como tem dito os seus asseclas que, diga-se de passagem, têm uma ideia muito própria do conceito de democracia, a começar pela defesa do controle absoluto da mídia pelo Estado; a sua sentença, pelo contrário, revela um amadurecimento admirável das instituições democráticas brasileiras que, ao julgarem um réu, passaram a enxergá-lo como indivíduo e não como um representante desta ou daquela classe social.


Honestildo é o político ou o empresário sonso e dissimulado que está a todo tempo cavando um meio de surrupiar os recursos públicos a fim de injetá-los em sua Roubobras S/A.

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