4 de novembro de 2017

Não era vidro, mas se quebrou – Alguma memória da prática de educação patrimonial vivenciada pelo Centro Cultural Estrela de Lia (2006-2010)

Por Clênio Sierra de Alcântara


Ciranda, cirandinha                    
vamos todos cirandar,
vamos dar a meia volta
volta e meia vamos dar.
O anel que tu me deste
era vidro e se quebrou;
o amor que tu me tinhas
era pouco e se acabou [...].
                                               Ciranda, cirandinha (cantiga de roda de domínio público)

Ciranda é uma dança do povo,
em Pernambuco é original;
quando o conjunto toca uma melodia
o povo vem participar;
e  de mão dadas forma logo uma ciranda
e começa a cirandar.
Que coisa linda! Que coisa bela!
É ver o povo participar.
                                                 Dança do povo (Bezerra do Sax)


Fotos: Acervo do Centro Cultural Estrela de Lia


Um encontro e um desafio

Levado por um enorme fascínio e admiração pela artista da cultura popular Lia de Itamaracá, de quem vinha buscando me aproximar desde que me mudara para a Ilha de Itamaracá, em dezembro de 2000, na tarde do domingo 24 de novembro de 2013 – para ser ainda mais exato, embora os folders e demais materiais de divulgação tenham anunciado que o evento ocorreria uma semana antes, no dia 17, na verdade, ele acabou sendo adiado porque a publicação na ficara pronta a tempo -, eu deixei a minha ilha-morada, que dista a cerca de 48 km do Recife, para ir prestigiar o lançamento do catálogo da exposição multimídia Lia – A ilha e a ciranda, que se iniciara em 18 de outubro e ficaria em cartaz até 1º de dezembro daquele ano no Centro Cultural Correios, localizado no Bairro do Recife, atraindo um público bastante numeroso, que superou as expectativas dos organizadores, resultando num tremendo sucesso.

Enquanto aguardava a chegada da diva eu fui me enchendo de ansiedade porque eu saíra de casa decidido a não deixar escapar a oportunidade de, finalmente, chegar perto, tocar e beijar aquela mulher admirável. Pois bem, teve início a cerimônia de lançamento; e, depois de enfrentar uma pequena fila para conseguir um autógrafo no meu exemplar do catálogo, eu não só abracei e beijei a negona, como também lhe falei rapidamente da minha admiração por sua pessoa e do fato de, igualmente a ela, residir na ilha que o seu brilho e o seu talento ajudaram a divulgar em todo o país.

Ainda no evento eu troquei figurinhas com o produtor artístico de Lia, Beto Hees; e a partir daquele encontro – e de maneira muito rápida – eu passei a manter um contato bem de perto com tudo o que envolvia a carreira da famosa cirandeira. Sabendo do meu interesse em acompanhá-la com o fito de fazer registros textuais a respeito de suas vivências, Beto Hees me devotou uma confiança e uma solicitude espantosas; em pouco tempo eu estava não somente percorrendo os bastidores dos shows e visitando a casa da cirandeira, bem como unindo as minhas mãos às dele e às dela para batalharmos pela reconstrução e reativação do Centro Cultural Estrela de Lia (CCEL), cuja frágil estrutura veio abaixo em janeiro de 2014, às vésperas do aniversário de setenta anos de idade de Lia.

À medida que eu fui me inteirando do histórico de funcionamento do CCEL, que era um misto de ponto de cultura e dinâmico espaço de atividades de cunho social, e comecei a examinar o acervo documental – folders, cartazes, fotografias, objetos, registros textuais – guardado zelosamente por Beto Hees, me vi diante de um rico material que, compreendi, mais do que ser preservado, merecia ser dado a conhecer a um público amplo, porque as experiências levadas a cabo pelas pessoas que integravam o CCEL e por outras tantas que eram convidadas para tomar parte como monitoras nos eventos, em tudo se enquadravam numa dinâmica metodológica que ganhava relevo em várias partes do país, impulsionada pela diuturna ação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) com vistas a promover a sensibilização do público em geral para com a salvaguarda do patrimônio material e imaterial brasileiro, assegurando sua sobrevivência para as futuras gerações. Tal dinâmica metodológica atendia e atende pelo nome de Educação patrimonial. E cabe aqui dizer que, ao estabelecer e disseminar pelo país as chamadas Casas do Patrimônio, o Iphan, a meu ver, está corrigindo um erro histórico presente em quase toda a sua trajetória, qual seja, o de sempre ter mantido longe de suas esferas de atuação a presença do povo, escolhendo e determinando o que devia ou não devia ser preservado, como apontam inúmeros pesquisadores e estudiosos das questões de preservação do patrimônio cultural, como Olinio Gomes Paschoal Coelho que, num artigo escrito com muita clareza e lucidez, chegou mesmo a dizer que não existe no Brasil uma política nacional que estabeleça uma relação mais estreita entre os bens que são tombados e os grupos sociais que os rodeiam; isso, segundo ele, tem gerado “uma dicotomia entre o que o poder público decide preservar – tombar – e as próprias comunidades que vivenciam esses bens” (Coelho, 2013, p. 56). Bem, se ainda não se pode dizer que o cidadão comum tem poder de decisão quanto aos critérios de tombamento mantidos pelo Iphan, algo de muito relevante precisa ser destacado neste ponto: de uns tempos para cá essa instituição passou a manter uma política de trazer as comunidades para as suas dependências com o fito de “integrá-las” e fazê-las “interagir” com o que diz respeito às questões de salvaguarda do patrimônio cultural o que, reconheçamos, é uma verdadeira correção de rumo e não é pouca coisa.

Tomando referenciais teóricos e conceituais de Educação patrimonial como fundamentos, este artigo foi concebido com o objetivo de evidenciar como, mesmo sem ter acesso a um conhecimento formal, indivíduos podem desempenhar eficientes atividades que consolidam o entendimento e o propósito de tal metodologia educativa.





Educação patrimonial: fundamentos teóricos e conceituais e outras reflexões
                                                                                                  
Num país cuja Constituição, em seu artigo 215, traz a determinação de que “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional” e estabelece que, para tanto, “apoiará e incentivará a valorização das manifestações culturais”, a dura realidade que constata que um sem-número de cidades por este país afora não dispõe de centros culturais, teatros, museus, cinemas e nem sequer bibliotecas, revela, na verdade, o estado de precariedade de acesso aos bens culturais vivenciado por milhares de brasileiros. Dito isso, as políticas públicas e mesmo iniciativas particulares que buscam ultrapassar essa barreira e promover uma democratização de conhecimento e vivência do patrimônio cultural, enfrentam, sem dúvida alguma, certa resistência por parte de um público que, por desconhecimento, entende que as únicas formas de cultura que ele aprecia são aquelas que lhe chegam pela televisão e pelo rádio. Sendo assim, para esse público não é cultura o doce de jaca que a vizinha prepara e põe à venda na barraca; nem a rede artesanal de pesca do preto Francisco; a cantoria dos repentistas que vez e outra aparecem na feira livre; e muito menos a capelinha humilde aonde todo domingo a comunidade vai para assistir à missa celebrada pelo Padre Malaquias. Neste sentido, creio que, sem que tenha entendimento e nem direito de acesso aos bens materiais e imateriais que representam o seu passado e a sua tradição, o indivíduo não está no pleno exercício daquilo que José Ricardo Oria Fernandes, em pioneiro artigo que trata da Educação patrimonial, denominou de “cidadania cultural” (Fernandes, 1993, p. 271).

Quem ler a publicação Educação patrimonial: histórico, conceitos e processos, lançada pelo Iphan em 2014, ficará sabendo que já no anteprojeto para a criação do então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), Mário de Andrade apontava para a relevância de um “caráter pedagógico estratégico dos museus e imagens” (Florêncio et al, 2014, p. 5) – aliás, é do autor de Amar verbo intransitivo a famosa frase: “Defender o nosso patrimônio histórico e artístico é alfabetização” -; e que Rodrigo Melo Franco de Andrade, que dirigiu o órgão desde sua criação, em 1937, até 1967, também apontou, em artigos e discursos, a importância da educação popular para que se assegurasse a defesa permanente do patrimônio cultural (Florêncio et al, 2014, p. 6). No entanto – segue nos informando a referida publicação – somente a partir de 1975 essa questão começou a ser abordada de modo mais insistente; e, na década seguinte, o Iphan se viu efetivamente envolvido com a temática Educação patrimonial, algo que, de uns anos para cá – sinalizando, auspiciosamente, se tratar de um caminho sem volta – se consolidou em suas diretrizes administrativas, sobretudo com a criação das chamadas Casas do Patrimônio, que vêm se espalhando de modo promissor pelo país.

Compreendida como “um processo permanente e sistemático de trabalho educativo” que tem como ponto de partida e centro o patrimônio cultural com todas as suas manifestações (Grunberg, 2007, p. 7), a Educação patrimonial se apresenta no panorama de desigualdade social em que vivemos – e, por extensão, de falta de acesso efetivo a muitos dos bens culturais –, como um recurso deveras relevante, uma vez que, como ressalta José Ricardo, a proposta dessa metodologia e suas práticas pedagógicas podem ser inseridas no ambiente formal de ensino como também alcançar a comunidade em geral, para além dos muros das escolas (Fernandes, 1993, p. 273).




Como educadores ao tomarmos as práticas pedagógicas de Educação patrimonial como mecanismos de ensino-aprendizagem, temos fundamentalmente de levar em conta que, como bem observaram Pedro Paulo Funari e Raquel dos Santos Funari, elas constituem “um campo de ação, por definição, inter e transdisciplinar”, não podendo ser dissociadas “das discussões sobre o sentido mesmo do ensino” (Funari ; Funari, 2008, p. 11).

Penso que uma das grandes questões a ser abordada quando nós, supostos fazedores e/ou construtores da massa conceitual e crítica da Educação patrimonial, discutirmos e apreciarmos seus fundamentos e suas razões de ser e de existir, é que devemos pôr a descoberto e da maneira mais clara possível, a validade daquilo que defendemos a fim de que o conhecimento se dissemine a contento e de modo eficaz, tal qual um rio de saber que vai escoando manso, mas ininterruptamente, sem encontrar obstáculos para a sua passagem e, por onde corre, contribui para irrigar lavouras de sabedoria cultivadas não só com saberes ditos “acadêmicos”, mas também com os conhecimentos mais comezinhos que elas recebem de outros mananciais, como se fossem afluentes, e que podem avolumar e dar substância aos ensinamentos que esse rio maior conduz, algo que, de certa forma, se liga à concepção da pedagogia da autonomia do educador pernambucano Paulo Freire, revelando o sujeito também como detentor de saberes úteis na construção e/ou disseminação de um conhecimento (Freire, 1996).

 Dito isso, tenhamos em mente que “manuais” e “guias básicos” de Educação patrimonial devem ser publicações que, ao mesmo tempo em que ponham em pauta a própria questão epistemológica, digamos assim, organizem o conhecimento de modo que ele realmente seja esclarecedor e principalmente motivador e incentivador de práticas de ações educativas envolvendo o patrimônio nas mais diferentes situações e ambientes e com os mais diversos públicos. Desta forma, a prática da Educação patrimonial, tanto quanto promover o reconhecimento, a valorização e a preservação do patrimônio cultural, nos possibilita desenvolver estratégias e meios de desencadear sua difusão, amplificando o entendimento de quem quer que esteja à nossa frente, seja alguém que tenha uma formação escolar, seja simplesmente alguém que assistiu a uma palestra ou leu um artigo como este e resolveu implantá-la em sua comunidade. Essas atividades educativas devem servir como subsídio para que a comunidade em geral “desperte para uma reapropriação de seus bens, sugerindo uma retomada dos valores culturais e históricos” que digam respeito a ela (Oliveira; Wenceslau, 2008, p. 30).

A construção de um pensamento e de uma ação preservacionistas passa, acredito, por uma sensibilização que desperte no cidadão uma postura crítica sobre o que é efetivamente patrimônio (Leitão, 2002; Lemos, 1981) e o porquê da necessidade de sua preservação.







Educação patrimonial como exercício de cidadania


Conforme vamos ampliando o alcance das práticas de Educação patrimonial nas escolas, nas associações de moradores, nos clubes de escoteiros e nos mais diversos agrupamentos sociais, acreditamos estar multiplicando as chances e as possibilidades não somente de compreensão da natureza mesma do patrimônio em si – tanto o material quanto o imaterial -, mas também nos sentimos esperançosos de que, ao disseminarmos tal entendimento, conseguiremos, por consequência, incutir no público que nos ouve e/ou lê o anseio de tomar parte nessa cadeia que visa proteger, salvaguardar e, por que não dizer, respeitar os patrimônios em suas mais diversas formas. E isso só poderá ser realmente alcançado quando a Educação patrimonial passar a integrar o dia a dia das pessoas de forma mais constante e efetiva e não ficar limitada a explicações enfadonhas no ambiente de quatro paredes de uma sala de aula. Penso que tão ou mais importante que capacitar professores e dirigentes de escolas para que abordem a temática nos conteúdos disciplinares é fazer com que eles agucem o interesse e a disposição de seus alunos levando-os para apreciar patrimônios edificados in loco, conduzi-los para que vejam folguedos em atividades, oferecer a eles degustação de comidas típicas, promover oficinas de confecção de objetos ligados às manifestações da cultura popular e até possibilitando o encontro deles com mestres guardiões de algum fazer tradicional – não necessariamente artístico, como um fabricante de colheres de pau, por exemplo. Evidentemente que nem sempre é possível realizar aulas de campo, por várias razões, como a falta de transporte para conduzir os alunos; mas, quando elas forem possibilitadas, delas não se deve abrir mão, dada a largueza de entendimento que a vivência prática proporciona acerca do objeto de estudo.





Na minha experiência como pesquisador e, por extensão, educador, eu tenho encarado a Educação patrimonial como uma ferramenta de aprendizado que pode ter resultados muito animadores quanto ao despertar de uma consciência coletiva no sentido de fazer conhecer para que se compreenda a necessidade de proteger e preservar o patrimônio cultural, porque os patrimônios, de uma maneira geral, são bens que pertencem a todos nós, são bens coletivos que dizem da nossa história, que falam do nosso passado e que mostram os caminhos percorridos por pessoas que chegaram a este mundo antes de nós. E num país de dimensões continentais como é o Brasil, onde tanto há o que proteger, deve-se tomar , até mesmo como atitude cidadã, o posicionamento firme de compreensão – e de ação – de que os órgãos públicos responsáveis pelas políticas de proteção, divulgação e salvaguarda do patrimônio histórico, artístico e cultural não têm condições de, sozinhos, manterem diligências o tempo todo e em todos os lugares a fim de fiscalizarem, fazerem levantamentos de danos e casos de desrespeito às leis que protegem os bens e etc.; de modo que, imbuídos dessa compreensão, podemos agir no sentido de colaborar com o aparato governamental nessa dificílima tarefa.

Já faz um bom tempo que o tema “proteção do patrimônio” ganhou maior visibilidade despertando o interesse não só de profissionais que atuam em áreas afins como arquitetos, historiadores, restauradores e antropólogos, bem como da mídia de uma maneira ampla; daí por que a conservação de um determinado imóvel ou atos de vandalismo contra monumentos ganhem espaço considerável nas páginas dos jornais e nos telejornais. A Educação patrimonial também vem ganhando espaço na esfera dessa maior visibilidade das questões que envolvem o patrimônio; e, em vista disso, possibilitar que suas práticas se multipliquem e sejam incentivadas fará com que o patrimônio permaneça na ordem do dia. Em virtude disso, o conhecimento de publicações que divulgam práticas de Educação patrimonial nos proporciona a possibilidade de replicar experiências que deram certo, bem como oferece a oportunidade de entrarmos em contato com realidades diferentes das que vivenciamos no nosso dia a dia.






Dê-me a sua mão e vamos cirandar

O que vai ser narrado a partir do próximo parágrafo é um relato que, num primeiro momento, busca apresentar tanto um folguedo da cultura popular brasileira – a ciranda – quanto um dos mestres que o divulgam – Lia de Itamaracá -; num segundo momento vai-se narrar parte da trajetória de um centro cultural destacando o que durante alguns anos nele e por meio dele foi apresentado à comunidade do seu entorno e de áreas adjacentes como práticas que podem ser tomadas como sendo de Educação patrimonial.

As tradições, como se sabe, foram todas inventadas (Hobsbawm; Ranger, 2012). No entanto, isso não significa dizer que possamos saber com exatidão qual foi o dia, o mês e o ano e quem inventou determinada tradição, como é o caso do folguedo ciranda. Muito provavelmente concebida a partir das bastante conhecidas e disseminadas brincadeiras de roda infantis, a ciranda como roda de adultos, da forma como é executada em várias localidades pernambucanas e paraibanas (Diniz, 1960; Rabello, 1979; Pimentel, 2005) – as do Rio de Janeiro e as da Região Amazônica diferem consideravelmente das do Nordeste -, deve ter principiado na década de 50 do século passado, em Pernambuco, por obra de Antônio Baracho, um ex-cortador de cana-de-açúcar nascido em Nazaré da Mata (PE) e já falecido, que largou o posto de mestre de maracatu de baque solto para se dedicar ao folguedo, marcando seu nome como o mais importante e talentoso cirandeiro do país. Digo isso porque até hoje não se tem conhecimento de registros documentais desse tipo de ciranda em época anterior às apresentações dele e de seus contemporâneos; e, se não foi Baracho quem a inventou, foi ele, ao que parece, quem a moldou tal qual atualmente a conhecemos.  Pontuando a importância de Mestre Baracho nos fundamentos desse brinquedo da cultura popular, duas das três filhas dele, Maria Dulce e Severina Baracho, que o acompanhavam nos vocais desde que eram crianças e que ainda hoje se apresentam com show próprio e/ou acompanhando Lia de Itamaracá, cantam assim:

Sou filha de Baracho, o rei dos cirandeiro
que só o nome dele faz o mundo estremecer.
Papai quando morrer se cobre o mundo de luto
sofre os cirandeiro bruto
que quer cantar sem saber.






A ciranda, que também dá nome ao ritmo musical que embala os brincantes, é uma dança circular apreciada por pessoas de todas as faixas etárias. Dando as mãos uns aos outros, mulheres, homens e crianças seguem na roda marcando o passo no pé esquerdo a partir da batida do bombo – um dos instrumentos básicos da ciranda, assim como a caixa e o ganzá -, girando ao mesmo tempo que avançando e recuando, como a imitar o movimento das ondas do mar.

Não seria exagero dizer que, no embate que certos grupos intelectuais empreendem ao distinguir “cultura erudita”, “cultura de massa” e “cultura popular”, esta última quase sempre sai perdendo tanto no que diz respeito ao reconhecimento como manifestação cultural propriamente dita quanto ao aspecto venal, comercial, porque, ainda se acredita que tal forma de cultura não tem grande apelo junto ao público, não desperta interesse de um grupo social amplo. E por que, em vasta medida, essa percepção da cultura popular permanece praticamente inalterada? (Coelho, 1986; Arantes, 1987). A mim me parece que é porque a cultura popular é avaliada como uma manifestação primitiva, arcaica, desalinhada com as ideias de modernidade e progresso, parada no tempo e sem representatividade efetiva porque não se enquadra nas escalas da alta cultura, é algo meramente folclórico, menor e realizado por pessoas de baixa ou nenhuma educação formal (Brandão, 1982). Sim, eu sei e tenho plena consciência de como instituições, como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), se empenham em preservar essas representações ditas populares; por outro lado, não devemos esquecer que essa, digamos, preocupação com a cultura popular advinda dos órgãos públicos de preservação cultural é relativamente recente, pelo menos nas ações efetivas de salvaguarda, uma vez que, como é do conhecimento de todos os que lidam com as diretrizes concernentes ao patrimônio, em seus começos e durante décadas a política preservacionista do Iphan empenhou-se tenazmente em garantir para a posteridade a conservação de edificações monumentais – civis, militares e religiosas – que diziam particularmente da história das elites ou, dito de outra maneira, da história dos dominadores, como pode ser lido no livro A teimosia das pedras, de autoria de Vera Milet (Milet, 1988). Deste modo, acredito que, toda e qualquer iniciativa de Educação patrimonial deve ter o compromisso primordial de promover o desmonte, a desconstrução desse pensamento de que a cultura popular é uma cultura que não é rica de significados e nem deve ser tomada como um dos fundamentos das tradições do país, algo que Gilberto Freyre, Luís Cedro e outros intelectuais procuraram fazer já na década de 1920, em Pernambuco, como atesta a publicação do Manifesto Regionalista (Freyre, 1996) no qual se afirmou um compromisso de defesa e preservação desses valores.




Lia de Itamaracá é ciranda, meu bem!


Maria Madalena Correia do Nascimento, conhecida artisticamente como Lia de Itamaracá – ela não cansa de dizer a todo mundo que é a personagem da mais famosa ciranda brasileira, “Quem me deu foi Lia”, cujos versos dizem assim: “Essa ciranda quem me deu foi Lia/que mora na Ilha de Itamaracá” -, ganhou o epíteto de “rainha da ciranda” quando começou a aparecer para o grande público nos anos 70, ocasião em que se verificou no Recife, por conta das ações do chamado Movimento de Cultura Popular (MCP), ocorrido na década anterior, uma vaga de divulgação e valorização desse segmento cultural, e foi lançado o lp Lia de Itamaracá – A rainha da ciranda pela Tapecar Produções, em 1977. Ela gravou ainda mais dois discos: Eu sou Lia (Ciranda Records, 2000; nesse mesmo ano ele foi lançado também na França pela Arion) e Ciranda de Ritmos (Petrobras, 2008). E anda ensaiando o repertório para um próximo lançamento. Atualmente com setenta e dois anos e em plena atividade – basta dizer que no último Carnaval ela fez cinco shows na Região Metropolitana do Recife -, Lia, que conciliou seu labor artístico com o emprego de merendeira numa escola pública, do qual se aposentou, conheceu de muito perto todas as dificuldades enfrentadas pelos artistas da chamada cultura popular e, felizmente, se sobrepôs a elas, levando o seu canto e a sua dança até para fora do país.

Mulher de coragem e muita fibra para enfrentar uma sociedade, como a brasileira, que ainda permanece duramente machista. Negra com a plena convicção de sua cor e, por isso, exaltadora de sua negritude. Guerreira do tipo que não abaixa a cabeça para os desafios que lhe aparecem. Merendeira de mão cheia muito querida por uma multidão de crianças e adolescentes. Carismática, talentosa e com brilho próprio, como deve ser uma verdadeira pop star, Lia de Itamaracá é a um só tempo plural e singular, novena e toque de xangô, terra e mar, brasilidade e africanidade, diversidade e síntese, e, sobretudo, um harmonioso encontro da força de viver com a alegria. Uma artista que faz do seu canto e da dança que ele anuncia uma celebração da própria vida e que convoca a todos para darem as mãos numa ciranda de paz, tolerância, respeito e felicidade merece mesmo ser chamada e tratada como rainha.


Centro Cultural Estrela de Lia: arte e memória de mãos dadas com ações sociais







Em 2005, no mesmo ano em que foi reconhecida por lei estadual como Patrimônio Vivo de Pernambuco e um ano após ter recebido, em Brasília, das mãos do então presidente da República Luis Inácio Lula da Silva, a Ordem do Mérito Cultural, Lia de Itamaracá juntou-se a um grupo de amigos para erguer na Praia de Jaguaribe, próximo à rua onde ela mora, na Ilha de Itamaracá, no litoral norte pernambucano, quase na fronteira com a Paraíba, um espaço onde ela pudesse realizar, preservar e divulgar a sua ciranda. Assim foi que, valendo-se de recursos próprios, a cirandeira e os seus parceiros juntaram madeira e tronco e palha de coqueiro e puseram de pé o tão por ela desejado Centro Cultural Estrela de Lia (CCEL), um verdadeiro marco de resistência da cultura popular pernambucana: em que pese o reconhecimento artístico de Lia de Itamaracá, era a primeira vez que o folguedo ciranda dispunha de um espaço próprio para acontecer; clubes de frevo, maracatu, coco e escolas de samba mantinham e mantêm sedes para a promoção de seus ensaios e festividades, enquanto que a ciranda só aparecia nos eventos, como se os mestres cirandeiros só necessitassem dos pátios das igrejas e das pontas de rua para mostrarem o brinquedo que eles defendem com grande garra e determinação.







Quando o Centro Cultural Estrela de Lia entrou em funcionamento, as noites de sábado em Jaguaribe nunca mais foram as mesmas; elas passaram a ser um grande acontecimento. Ganhando divulgação na imprensa, as apresentações musicais que tomavam o palco da casa atraíam não apenas moradores da ilha, como também levas de turistas que apareciam por lá doidos para dançar ciranda e conhecer a famosa Lia de Itamaracá que, para muitos, não passa de um mito folclórico que só existe na ciranda “Quem me deu foi Lia”, não é uma mulher de carne e osso. E Lia não deixava por menos: cantava com uma animação que só vendo. E não demorava para que nós, que íamos até lá prestigiá-la junto com os seus convidados, formássemos uma envolvente e animada ciranda e dançássemos até que o cansaço chegasse. Que noites memoráveis!

Como foi dito o propósito inicial do Centro Cultural Estrela de Lia era promover, preservar e difundir a ciranda. Contudo, a coisa ganhou uma dimensão muitíssimo maior da que fora pensada. E em virtude disso, durante quatro movimentados anos, a comunidade jaguaribense e das adjacências vivenciaram uma das experiências mais ricas, intensas e dinâmicas que um grupo social jamais experimentara com a arte, a cultura e a cidadania naquela famosa ilha do litoral nordestino.

Com o intuito de atrair ainda mais a comunidade e de dar oportunidade a artistas de diferentes expressões musicais para que eles divulgassem seus trabalhos, o CCEL passou a semanalmente unir a ciranda a outros ritmos, como o coco e o forró. E não demorou para que se percebesse que mais do que oferecer cultura e arte à comunidade carente do lugar – e convenhamos que isso só não era pouco -, se poderia aproveitar o envolvimento e o interesse de todas aquelas pessoas que buscavam o centro cultural para engajá-las, instruí-las e incluí-las num processo que não apenas garantisse que o folguedo ciranda seria conhecido pelas futuras gerações, mas também desencadeasse algo de transformador na vida de cada uma delas. E foi tendo isso em vista que, aos 31 dias de agosto de 2006, quando lavraram a Ata de fundação do CCEL no 1º Registro de Títulos, Documentos e de Pessoas Jurídicas do Recife, os membros diretores destacaram nos parágrafos II e VIII do Artigo 5º do documento que iriam promover “O resgate, preservação, difusão e recriação dos ritmos, danças e cantos das manifestações artísticas e culturais na sua forma mais completa”; e que haveriam de “Formar parcerias com escolas e/ou entidades visando desenvolver projetos de cunho sócio-cultural e ambiental para crianças, adolescentes e pessoas na terceira idade”.

No papel o plano de promover práticas de Educação patrimonial – é claro que os envolvidos não tinham noção de que o que pretendiam realizar tinha essa denominação; Educação patrimonial era um conceito ainda muito atrelado ao mundo acadêmico e ao universo de pesquisadores e iniciados; ou seja, o que quero destacar dessa experiência é que aquelas pessoas fundamentalmente executaram ações de Educação patrimonial sem que tivessem noção disso – como instrumento de mobilização social e com o fito de envolver a comunidade local, a fim de se estabelecer trocas culturais e referências identitárias entre o CCEL e a população, estava perfeitamente claro e preciso; mas, como executar as ações, efetivamente falando, se o centro cultural não tinha recursos financeiros para tanto? A saída foi recorrer a parcerias, como houve com a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), e aos editais de fomento cultural lançados pelos governos estadual e federal, como o Funcultura, da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), e o Ministério da Cultura estabelecendo o CCEL como Ponto de Cultura. Foi através desses financiamentos que, por exemplo, o CCEL organizou duas edições do evento Ciranda das Artes – a primeira ocorreu de dezembro de 2006 a fevereiro de 2007; e a segunda, de janeiro a março de 2008 -, que, além de apresentações de artistas como Dona Selma do Coco, Erasto Vasconcelos e Isaar; e de grupos como o Afoxé Oya Yalaxé e o Raízes do Quilombo, oferecia oficinas de animação, percussão, fotografia, cerâmica, iniciação teatral e de mamulengo.




As práticas de Educação patrimonial empreendidas pelo CCEL - sejam as realizadas por seus membros efetivos, sejam as executadas por pessoas que eram convidadas para isso -, não se restringiam ao palhoção do centro cultural, elas chegavam às salas de aulas e a outros espaços disponíveis em escolas da rede pública de ensino da ilha; tanto os alunos quanto os professores participavam das oficinas e palestras que versavam sobre tradição oral e africanidades, percussão e confecção de instrumentos, modelagem com argila, penteados afros e, claro, tudo sempre sendo arrematado pelo conhecimento teórico e prático da ciranda que, afinal de contas, era o fundamento de toda a ação. Tome-se como exemplo a oficina de confecção de alfaias. As aulas, que tinham duração de três horas, ocorriam duas vezes por semana durante dois meses. O tempo era relativamente longo devido à preparação da madeira e do couro: a madeira para ser colada em formato arredondado; e o couro para ser esticado. Os alunos aprendiam o passo a passo desde o início a fim de que pudessem dominar todo o processo e tivessem autonomia para, caso surgisse oportunidade e eles tivessem interesse, pudessem trabalhar com esse ofício. Era essa prática de Educação patrimonial uma das mais ricas dentre as que se ofereciam naquele centro cultural.

Deve ser destacado - e aqui se nota a preocupação social ampla do centro cultural - que o CCEL chegou a oferecer cursos de gastronomia e palestras de preservação ambiental com o intuito de capacitar e incentivar a geração de renda na comunidade, onde muitos vivem da pesca artesanal e da coleta de crustáceos e moluscos. Outro ponto que deve ser evidenciado – e este, sim, está em conformidade com o cerne deste artigo – é que, apesar de tratar de preservação cultural, as práticas educativas se limitavam ao patrimônio imaterial, não incluíam o patrimônio material – a Ata de fundação nem toca no assunto, não obstante a Ilha de Itamaracá, cuja ocupação foi iniciada já no século XVI, abrigar diversos prédios históricos, uns conservados e outros em ruínas -, o que talvez explique a falta de ações voltadas para a salvaguarda da estrutura do próprio CCEL. Será que os seus membros nutriam o entendimento de que patrimônio material diz respeito somente a edificações erguidas com pedra e cal? O mais provável é que essa questão tenha passado despercebida deles.

Com suas práticas de Educação patrimonial inteiramente dependentes de recursos oriundos de editais elas foram rareando à medida que escasseava o dinheiro até serem completamente extintas no ano de 2010. Ainda que a duras penas a partir de então o CCEL retomou o foco inicial de ser um espaço de e para a ciranda; mas mesmo sendo destinado apenas a isso e sem contar com apoio de quem quer que fosse para empreender ações de manutenção e conservação do palhoção rústico e das demais dependências – banheiros e um pequeno bar -, o centro cultural que em nada ou quase nada mais lembrava os dias de casa cheia e muito movimento, definhou, definhou até vir abaixo sob as fortes chuvas que caíram na ilha em janeiro de 2014; por causa disso, triste e desconsolada, Lia nem quis comemorar os seus setenta anos de vida completados no dia doze desse mesmo mês.

O histórico da prática de Educação patrimonial que durante quatro anos foi vivenciada pelo CCEL e do qual este artigo buscou resgatar alguma memória, é deveras significativo e revelador de como ações de caráter educativo, como as que eram experimentadas pelo pessoal desse centro cultural, conseguem aglutinar a comunidade em torno de um objetivo comum, no caso, promover a preservação e difusão do folguedo ciranda, que é um patrimônio cultural imaterial pernambucano e que tem na pessoa da cirandeira Lia de Itamaracá um dos seus representantes mais conhecidos e populares. A experiência é bastante expressiva também quando se leva em conta e se avalia que os tais agentes promotores das ações de Educação patrimonial com vistas à preservação e valorização do patrimônio cultural ciranda, não foram capacitados e nem instruídos para tanto e, mesmo assim, buscavam recursos, firmavam parcerias e levavam atividades a escolas e/ou convidavam os interessados a comparecerem ao CCEL a fim de compartilharem seus conhecimentos do fazer cotidiano, esmiuçando, praticando e mostrando tudo o que dizia respeito ao universo dos cirandeiros, alinhavando saberes tradicionais e experiências de vida, alcançando o grande propósito de perpetuar a existência do folguedo.

Tudo o que foi dito aqui corrobora a importância dos esforços que estão sendo novamente envidados por Lia de Itamaracá e por algumas pessoas a ela ligadas para reconstruir, restabelecer e trazer de volta o CCEL, a fim de novamente integrá-lo à dinâmica social do entorno onde ele existia. É um empenho que tem em vista continuar mantendo a preservação e difusão de um patrimônio cultural unindo esse a outro propósito também de suma importância: buscar pelo menos minimizar o caráter desigual das oportunidades de acesso a bens culturais que se verifica em certos estratos da população, algo extremamente necessário nas periferias das cidades do mundo todo e não só do Brasil.

Em suas apresentações Lia de Itamaracá, uma negra de origem muito humilde que se tornou uma referência no seu ofício de artista, costuma cantar uma ciranda de autoria de Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba, intitulada “Minha ciranda”, cujos versos iniciais dizem muito não somente do fundamento agregativo do folguedo como também se porta, a meu ver, como um canto de convocação, de chamamento mesmo para que não apenas dancemos e cantemos ciranda, bem como procuremos cuidar para que ela sempre exista. Então cantemos: “Minha ciranda não é minha só/ela é de todos nós [...]”. Sim, ela é de todos nós.


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(Artigo originalmente publicado in Átila Bezerra Tolentino, Emanuel Braga [orgs.]. Educação patrimonial: políticas relações de poder e práticas afirmativas. João Pessoa: Iphan-PB; Casa do Patrimônio da Paraíba [Caderno Temático 5], p. 118-131, 2016. Link da versão digital: portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/caderno_tematico_educacao_patrimonial_05.pdf. Aqui no blog o artigo aparece como foi enviado para publicação e não como foi editado e publicado. Outro esclarecimento: na página 21 do seu estudo, Padre Jaime Diniz nos diz que, "segundo informação", somente em Paudalho havia uma ciranda que "tem sede coberta de palhas". Sendo assim, se ele recebera uma informação verdadeira, o CCEL não foi o primeiro espaço dedicado à ciranda, como eu afirmei no artigo.)



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