I
Brasília, domingo, 17 de
maio de 2020. Mais uma vez, de novo e novamente demonstrando que estão
absolutamente nem aí para o bom senso e menos ainda para as leis, o senhor Jair
Bolsonaro, presidente da República, e vários ministros do seu desgoverno, estiveram
ali na rampa do Palácio do Planalto apoiando e vibrando com a patriotada que
seus apoiadores faziam na Praça dos Três Poderes. Desta feita, diz-se, agentes
do Estado circularam entre aquela gente desocupada recolhendo algumas faixas e
pedindo que de outras fossem retiradas palavras de protesto e afronta contra a
democracia, daí por que várias delas apareciam esburacadas, porque tiveram
dizeres recortados. Mas não adiantou, porque em outras foram vistos ataques
verificados também nos pandemônios anteriores: pedidos de saída dos ministros
do Supremo Tribunal Federal (STF) e dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; além, é claro, de pedir a intervenção
dos militares, o fim do isolamento social e a liberação do uso da cloroquina no
tratamento contra o coronavírus (Pedro Henrique Gomes, Brenda Ortiz e Pedro
Borges. “Bolsonaro e pelo menos 11 ministros participam de ato pró-governo”. In G1: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/05/17/bolsonaro-e-ao-menos-11-ministros-participam-de-ato-pro-governo-no-palacio-do-planalto.ghtml. Publicado em 17 de maio de 2020. Acessado
em 17 de maio de 2020).
É esse tipo de gente que diz
que quer promover a mudança para melhor deste país. Como pode querer melhorar
uma sociedade alguém que não consegue conviver com o aparato da lei e que
tripudia e que não aceita a existência dos poderes que regem toda a nação?
Ainda naquele domingo de
patriotada inconsequente e feroz, veio um sopro de civilidade: ex-ministros da
Defesa divulgaram uma nota exortando as Forças Armadas a ignorarem os pedidos
por intervenção militar em favor do governo do senhor Jair Bolsonaro. Diz um
trecho da referida nota: “Diante das imensas dificuldades decorrentes da crise
imposta pela pandemia do coronavírus, cujos efeitos se alastram, de forma
trágica, pelo Brasil, as Forças Armadas cumprem um importante papel no enfrentamento
das adversidades e na manutenção da unidade e do ânimo da população. A
democracia no Brasil, aproxima-se com um destino incontornável, que necessita
da contribuição de todos para o seu aperfeiçoamento” (“Ex-ministros da Defesa
lançam manifesto e rechaçam pedidos de golpe militar a favor de Bolsonaro” In Seleções Readers Digest: https://www.selecoes.com.br/plantao/ex-ministros-da-defesa-lancam-manifesto-e-rechacam-pedidos-de-golpe-militar-a-favor-de-bolsonaro/.
Publicado no dia 18 de maio de 2020. Acessado no dia 18 de maio de 2020).
Compreendo que manifestações
como essa de ex-ministros da Defesa, como Aldo Rebelo e Raul Jungman, podem
significar muito pouco diante da ação de um mandatário que, ao mesmo tempo que
apoia discursos que gritam por uma intervenção, trata de ir militarizando instâncias do seu desgoverno, escolhendo ministros militares e
fazendo-os ocupar vários outros postos, como temos visto no Ministério da Saúde.
E essa movimentação, essa aparelhagem me faz crer – e tomara que eu esteja
enganado – que a militarização do desgoverno de Seu Jair caminha para um golpe
militar silencioso. Daqui a pouco toda e/ou a maioria dos cargos da
administração estará sob o controle dos militares e o presidente se sentirá
ainda mais apoiado para continuar praticando os seus diabolismos em nome da
ordem, da moral e dos bons costumes ditos cristãos,.
II
As movimentações que aqui e
ali se verificam no desgoverno do asinino presidente da República
Antidemocrática Bolsonariana deixam ver como a vontade autoritária e o apego e
a ânsia de tudo dominar e moldar à visão que essa gente animalesca tem de como
deve ser o mundo ideal em que todos nós deveríamos viver, se associam para
fazer a distopia ser estabelecida.
O apoio incondicional à ação
dos militares, os discursos apologéticos que mesmo os membros civis do
desgoverno fazem à Ditadura Militar que vigeu neste país no longo e tenebroso
período de vinte e um anos e a referências que aparecem num e noutro setor da
administração à ideologia nazista – e eles, claro, negam sempre as evidências,
como se nós fôssemos uns grandissíssimos cretinos que estão vendo pelo em ovo -, demonstram de modo inconteste que esse pessoal não tem um mínimo que seja de
crença nos fundamentos daquilo que se entende por democracia. Essa gente age
levada por impulsos autoritários tão severos e eu diria que quase
incontroláveis, que não percebem – e creem que não percebemos – que os
evidenciam, como se o autoritarismo, com suas sugestões e engrenagens, fosse
algo naturalmente aceito num ambiente democrático.
Recordemos que o senhor
Roberto Alvim foi rechaçado da Secretaria Especial da Cultura depois de
encarnar uma versão, digamos, tupiniquim, cabocla do nazista Joseph Goebbels,
ministro da Propaganda de Adolf Hitler. Agora o, por assim dizer, “neonazista”
da vez, é o senhor Fábio Wajngarten, chefe da Secretaria Especial de
Comunicação Social da presidência da República (Secom).
O Ministério Público Federal
(MPF) determinou a abertura de um inquérito civil contra Wajngarten por conta
de uma publicação feita pela Secom, nas redes sociais, no último dia 5, na qual
os militares que atuaram na Guerrilha do Araguaia foram chamados de “heróis”, incluindo aquele que é considerado o mais cruel de todos eles, o tenente-coronel do Exército,
Sebastião Curió. Diz um trecho da postagem: “A Guerrilha do Araguaia tentou
tomar o Brasil via luta armada. A dedicação deste e de outros heróis ajudou a
livrar o país de um dos maiores flagelos da história da humanidade: o
totalitarismo socialista” (“MPF vai investigar postagem de Wajngarten com
elogios à [sic] militares na Guerrilha do Araguaia”. In Diario de Pernambuco: https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/politica/2020/05/mpf-vai-investigar-postagem-de-wajngarten-com-elogios-a-militares-na-g.html.
Publicado no dia 15 de maio de 2020. Acessado no dia 15 de maio de 2020).
Sim, o senhor Fábio
Wajngarten é, vejam vocês, um dos paladinos dos “ideais democráticos” que trabalham
para o mandatário da República Antidemocrática Bolsonariana. Pois ele, que é também apologeta daqueles homens que lutaram contra um dos maiores “flagelos da
história da humanidade”, recebeu uma reprimenda da Confederação Israelita do
Brasil (Conib) por ter a Secom do judeu – isso, ele é judeu – Wajngarten
utilizado num vídeo com informações sobre o combate à pandemia de coronavírus a
mensagem “O trabalho, a união e a verdade nos libertarão”, quando se sabe que a
frase “O trabalho liberta” está inscrita na entrada do campo de extermínio
nazista instalado em Auschwitz, na Polônia. O secretário disse em sua defesa
que toda medida do Governo é deformada “para se encaixar em narrativas”
(“Confederação Israelita repudia mensagem do governo que remete a lema
nazista”. In Deutsche Welle: https://www.dw.com/pt-br/confedera%C3%A7%C3%A3o-israelita-repudia-mensagem-do-governo-que-remete-a-lema-nazista/a-53403487. Publicado em 12 de maio de 2020. Acessado em 20 de maio de 2020).
Quando li essa notícia
procurei ver o tal vídeo. Ao longo de quatro minutos, a Secom rebate acusações
de parte da imprensa que só mostra um presidente da República indiferente às
agruras provocadas e/ou agravadas pela pandemia; ali são exibidas ações
governamentais como o pagamento do auxílio emergencial e a liberação de crédito para micro e pequenas empresas. Sim, Fábio Wajngarten, tudo o que aparece no
vídeo é mais do que uma obrigação do Estado fazer, afinal, o governo de uma nação serve
para que, se não for para amparar de algum modo os seus cidadãos?!. Secretário
Wajngarten, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. A imprensa que, segundo o senhor, só ataca o nobilíssimo presidente, não põe frases na boca dele e
nem o incentiva a descumprir o isolamento social e menos ainda a participar de
protestos antidemocráticos e inconstitucionais, como temos visto. Quanto às
ilações e deformações que o senhor diz que são feitas sobre tudo o que sai do
desgoverno do qual a sua respeitável e incontestável pessoa faz parte, elas
são, sem dúvida alguma, decorrentes do histórico de canalhices que são
praticadas por inúmeros dos seus integrantes, com ênfase no seu chefe-supremo que, dia a dia, com a sua presença e atuação, faz do Palácio do Planalto e
adjacências, uma imensa cloaca.
III
Nesta semana em que eu tomei
conhecimento de que o espertalhão Luciano Hang – o feioso proprietário da rede
de lojas Havan, que é um superapoiador de Seu Jair – vem tentando ludibriar as
autoridades colocando feijão e arroz para vender em suas lojas de departamento
a fim de que elas sejam enquadradas na categoria de serviços essenciais, vimos,
mais uma vez que, apesar de tanto se acusarem e trocarem desaforos e farpas, a
dita esquerda e a dita direita deste país se equivalem e são constituídas de
uma mesmíssima matéria fecal.
Sorrindo um sorriso bestial
de escárnio e de deboche que lhe é tão característico, o senhor Jair Bolsonaro
disse na terça-feira, durante uma entrevista ao jornalista Magno Martins: “Quem
for de direita toma cloroquina, quem for de esquerda toma tubaína”. Talvez
tenha sido o modo que ele, que é tão contrário às recomendações no tocante ao
enfrentamento da pandemia, encontrou para “comemorar” os milhares de mortos que o
coronavírus já fez neste país. O excrementíssimo senhor presidente é de um
sadismo e de uma crueldade nada hilariantes. “E daí?”, não é, Seu Jair?
E como nesta infeliz nação
direita e esquerda disputam o tempo todo e incansavelmente o posto de quem é o
lado mais obscuro e retrógrado da história, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva,
em entrevista ao site da revista Carta Capital, também ocorrida na terça-feira,
fez o seguinte e infame comentário: “Ainda bem que a natureza [...] criou esse
monstro chamado coronavírus, porque está permitindo que enxerguem que apenas o
Estado é capaz de dar solução a determinadas crises”. Mesmo carregando um monte
de processos nas costas em virtude dos tantos negócios escusos com os quais se
meteu durante o período em que esteve ocupando o Palácio do Planalto, o senhor
Luiz Inácio, o socialista que de tudo fez para enricar, como se diz por aqui,
continua acreditando, coitado, que é uma voz confiável. E ele ainda teve o
desplante de pedir desculpas, no dia seguinte, pela fala grosseira. Pô, Seu Lula,
vá tomar sua cachaça e comer sua polenta que é o melhor que o senhor faz.
Nessa disputa infeliz de
fraseados, a sensatez e a clarividência dos fatos veio nas palavras do
ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandettta, na quarta-feira, na GloboNews.
Mantendo o compromisso com a ciência ele declarou: “Quem é de direita usa
cloroquina. Quem é de esquerda, tubaína. E quem é de juízo, escuta a medicina”.
Não estamos doentes só por
causa da pandemia do coronavírus que está nos atacando. A sociedade brasileira
está doente faz tempo. E essa irresponsável disputa ideológica que vem sendo
travada tem nos deixado ainda mais vulneráveis, porque faz muitos creem que
problemas graves e/ou gravíssimos podem ser resolvidos como que por um
movimento de prestidigitação de governantes irresponsáveis, malfeitores e bufões.
IV
Para mim é um exercício de
ficção acreditar que o pós-pandemia fará de nós seres humanos menos maus do que somos.
Basta ver como a realidade tem se mostrado desde já para que eu não creia em
nenhuma mudança para melhor. As pessoas não conseguem se comportar pensando no
bem comum. Recorre-se a uma série de medidas visando o alcance do respeito,
mesmo que forçado, às determinações sanitárias de combate ao coronavírus, e
muita gente segue se comportando como se isso não lhes dissesse respeito; as
pessoas continuam indo na contramão do que é seguro, negando que exista uma
ameaça invisível às suas vidas; e indo de lá para cá e de cá para lá por entre
becos, ruas e avenidas, como se a persistência de suas teimosia e desobediência
de alguma forma pudesse lhes dar uma resistência física e aumentar a sua
imunidade.
Quando alguém sente uma dor
de cabeça, por exemplo, ingerir um analgésico costuma trazer um alívio quase
que imediato. Mas a ciência até agora não foi capaz de elaborar e de sintetizar
em laboratórios com as mais avançadas das mais avançadas tecnologias algum
fármaco, alguma substância que consiga fazer dissipar de imediato a indiferença
e a ignorância. O único remédio que se conhece até o presente momento contra a
indiferença e a ignorância é a educação, é a instrução; e isso requer tempo e
dedicação, não é algo que se pode comprar na farmácia ali na esquina.
Em entrevista concedida ao
El País, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, disse exatamente o que
eu penso sobre o futuro que há de ser vivido por quem escapar, por quem
sobreviver ao coronavírus. Disse ele: “Não vamos sair melhores dessa situação.
Ninguém se comove em ver corpo jogado na vala. Quase 1.000 famílias perdendo
gente por dia e ainda tem sujeito preocupado em abrir comércio”. (Breiller
Pires. “Alexandre Kalil: ‘Politizou a coisa. Fica parecendo que quem não quer
morrer é comunista’”. In
El País: https://brasil.elpais.com/brasil/2020-05-17/alexandre-kalil-politizou-a-coisa-fica-parecendo-que-quem-nao-quer-morrer-e-comunista.html. Publicado em 17 de maio de 2020.
Acessado em 18 de maio de 2020).
Vejam vocês que nestes dias
pandêmicos o número de divórcios aumentou em vários lugares, assim como os
casos de conflitos familiares e violência doméstica. As pessoas não conseguem
se suportar e conviver dentro de suas casas e ainda há quem acredite que seja
possível alcançar paz no mundo.
V
Não nos descuidemos; os
animais da República Antidemocrática Bolsonariana são autoritários, hipócritas,
estúpidos e covardes; e estão por aí sempre dispostos a atacar e agredir e
ferir e até matar, porque não aceitam de forma alguma ser contrariados em seus
propósitos de tudo moldar à concepção deles, uma vez que só eles e apenas eles
são corretos, honestos e querem o bem maior do país. Eles são cristãos, não
esqueçam disso.
No domingo passado, naquela
patriotada havida em Brasília, uma pitbull bolsonarista roxa até a medula,
atacou com uma bandeira a repórter Clarissa Oliveira, da BandNews. A selvageria
contra a imprensa continuou ao longo da semana. Na quarta-feira, em Barbacena,
Minas Gerais, um endemoniado integrante das hostes bolsonaristas passou por uma
rua onde se encontrava uma equipe da TV Integração, afiliada da Rede Globo, e
gritou: “Globo lixo”. Só que isso não foi suficiente para ele descarregar a sua
raiva e o seu ódio contra a emissora da família Marinho; então o delinquente
desceu do carro e prontamente começou a agredir fisicamente o cinegrafista
Robson Panzera, que resultou com dois dedos quebrados (“Bolsonarista é preso
após agredir cinegrafista da Globo e chutar a câmera”. In Forum: https://revistaforum.com.br/comunicacao/bolsonarista-e-preso-apos-agredir-cinegrafista-da-globo-e-chutar-camera/.
Publicado em 20 de maio de 2020. Acessado em 20 de maio de 2020).
O vídeo da agressão ao
cinegrafista é mais uma prova inconteste da falta de civilidade e da
incapacidade que tem os apoiadores, o verdadeiro rebanho do senhor Jair
Bolsonaro, de aceitar a liberdade de expressão e a opinião de quem deles
diverge. Lugar de animais selvagens é longe da civilização ou então atrás de
grades.
VI
Na quarta-feira a grande
notícia do dia foi a saída de Regina Duarte da Secretaria Especial da Cultura. Mas
ainda não foi o capítulo final do novelão porque ela não saiu completamente do
desgoverno do seu ídolo Jair Bolsonaro; para continuar ganhando dinheiro do
contribuinte sem fazer nada de relevante pela cultura do país, o seu chefe-supremo
escalou-a para parasitar agora na Cinemateca Brasileira.
Diz-se que a senhora Regina
Duarte não abandonara antes a tal secretaria porque estavam tratando de
encontrar uma “saída honrosa” para ela. Parece uma piada. É cada coisa que
inventam. Regina Duarte perdeu praticamente toda a honra que tinha – se é que
tinha – ao ingressar nas hostes da República Antidemocrática Bolsonariana; e foi
massacrada, hostilizada, repudiada e reprovada por uma grande leva de
representantes da classe artística devido ao seu comportamento estúpido e
insano naquela entrevista concedida à CNN Brasil que se somou à sua nulidade
como secretária especial da Cultura.
Não sei se Regina Duarte já
parou para pensar no quanto foi irrelevante dentro daquela secretaria e do
tanto de desapontamento que causou em pessoas que, como eu, a tinha em grande
conta.
Cotado para assumir a
Secretaria Especial da Cultura, o senhor Mário Frias é, artisticamente falando,
em minha opinião, nada ou quase nada se comparado à Regina Duarte, o que, a meu
ver, só rebaixa ainda mais o papel da intérprete da corajosa Malu, do seriado
Malu Mulher, nesse pandemônio que é o desgoverno do senhor Jair Bolsonaro.
Embora em termos estritamente artísticos Regina Duarte e Mário Frias estejam em
pontos diametralmente opostos, como pessoas e como cidadãos eles têm a
mesmíssima natureza, porque quem apoia regime autoritário, autoritário é.
VII
O senhor Jair Bolsonaro se
empenha tenazmente em defender com armas, unhas, dentes e mais alguns outros
instrumentos os filhos que, vez e outra, são flagrados enrolados em
malfeitorias. Não se sabe até quando o pai coruja conseguirá proteger suas
crias; e há mesmo quem aposte que a sua prole será a responsável pela derrocada
dele.
Nesta semana começamos a
acompanhar o desenrolar de mais um capítulo da série Meus filhos, meu problema. No domingo
passado, em entrevista concedida à Mônica Bergamo e publicada pelo jornal Folha
de S. Paulo, um dos veículos de imprensa mais odiado pelo clã Bolsonaro, o
empresário Paulo Marinho, que é suplente do senador Flávio Bolsonaro, revelou
que este seu ex-parceiro de campanha recebeu informações privilegiadas de
alguém da Polícia Federal sobre pelo menos uma das operações deflagradas por
essa Corporação, notadamente a que envolvia o senhor Fabrício Queiroz, um dos
personagens centrais da trama de negócios escusos que, segundo investigações em
curso, envolvem o nobre senador.
Será, senhor Jair Bolsonaro,
que estamos nós, mais uma vez, diante do que Vossa Excelência corriqueiramente
classifica como perseguição, canalhice e patifaria da mídia?
VIII
Até as vidraças das janelas do Supremo Tribunal Federal apostavam que o ministro Celso de Mello iria liberar para o conhecimento do grande público o vídeo da reunião ministerial ocorrida no último dia 22 de abril, doravante, o Dia do Canalha. Peça-chave da acusação do ex-ministro Sergio Moro no inquérito que investiga uma possível interferência do presidente da República na Polícia Federal, o vídeo foi editado – segundo se disse, trechos que diziam respeito a falas sobre a China e outros países foram cortados – e liberado ontem.
Até as vidraças das janelas do Supremo Tribunal Federal apostavam que o ministro Celso de Mello iria liberar para o conhecimento do grande público o vídeo da reunião ministerial ocorrida no último dia 22 de abril, doravante, o Dia do Canalha. Peça-chave da acusação do ex-ministro Sergio Moro no inquérito que investiga uma possível interferência do presidente da República na Polícia Federal, o vídeo foi editado – segundo se disse, trechos que diziam respeito a falas sobre a China e outros países foram cortados – e liberado ontem.
Não se pode dizer que o país
estava num verdadeiro frisson para assistir ao tal vídeo, como quem espera o
capítulo final de uma série e/ou de uma novela muito acompanhada; isso porque a
parte principal, a que interessava ao mencionado inquérito já havia sido
divulgada; e também já eram muito comentadas as falas dos ministrecos doidos
varridos – Brasília, gente, é muito parecida com um manicômio judiciário –
Abraham Weintraub e Damares Alves, a louca da goiabeira.
Mas uma coisa é ler a transcrição
de falas e a descrição de imagens; e outra é poder ver o modo como os
indivíduos se comportaram durante a filmagem e ouvir o tom de seus
pronunciamentos. E assim foi que eu pacientemente sentei para assistir às quase
duas horas de duração da maldita reunião ministerial, do verdadeiro pandemônio
que foi aquele encontro.
Vamos lá. Na minha
avaliação, a reunião contou com algumas intervenções pontuais que, no meu
entendimento, são dignas de louvor. Quais sejam: o ainda ministro da Justiça e
da Segurança Pública, Sergio Moro, destacou que no tal Pró-Brasil, o plano de
desenvolvimento do país apresentado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Braga
Netto, e razão de ser do encontro, não poderia deixar de contemplar a questão
da segurança pública e nem medidas de anticorrupção; o ministro da Infraestrutura,
Tarcísio de Freitas, falou de conclusão de obras; o então ministro da Saúde,
Nelson Teich, disse da necessidade de controlar a doença provocada pelo
coronavírus; Tereza Cristina, ministra da Agricultura, opinou que o Brasil deveria
buscar a autossuficiência na produção de trigo; e o presidente da Caixa
Econômica Federal, Pedro Guimarães, frisou o emprenho do banco na política de
baixar juros.
No mais o que se viu na
reunião foi um presidente da República soltando os cachorros contra meio mundo
se valendo, para isso, de inúmeros palavrões; afirmando seguidas vezes que ele
é quem manda em tudo; que tem fontes seguras de informação extra-Governo; que
as Forças Armadas defendem a democracia, mas não um golpe para derrubar ele; e
que o seu desgoverno se apoia nos pilares da família, do armamento da
sociedade, da liberdade de expressão e de Deus. O vice-presidente Hamilton Mourão
não disse sequer um piu. E foi perturbador, para mim, ver Sergio Moro nada dizer diante de algumas frases que foram ditas ali; e ele ainda abandonou o encontro antes do fim.
Do outro lado, além dos já
mencionados Abraham Weintraub – ele parecia ter tomado um porre de cachaça
vencida e ido à reunião de ressaca e cheinho de revoltas – e Damares Alves – a louca
da goiabeira estava possessa e ansiosa para prender prefeitos e governadores -,
quem negativamente também se destacou foi o ministro Ricardo Salles, do Meio
Ambiente, que protagonizou o momento chutar o pau da barraca, na reunião, ao
descarada e serenamente sugerir que fosse aproveitado o momento de “tranquilidade”
provocado pela pandemia – não sei em que planeta ele está vivendo – para alterar
legislações em várias frentes e setores que, sob a ótica dele, atrapalham o progresso
do país.
Poderíamos esperar que
somente coisas boas saíssem de um encontro que tem como chefe-supremo uma
criatura que possui uma consciência moral, ética e cristã tão rasteira e
desprezível? Claro que não. Essa gente em geral não presta. E vale ainda o que
eu disse noutro artigo: quem, por escolha própria e não por necessidade de sobrevivência,
se junta a seres dessa espécie, é da mesmíssima laia e também não vale nada. Tudo o que foi dito na reunião de grosseiro, estúpido, preconceituoso, abusivo e
torpe me surpreendeu nem foi por mim visto como algo fora do padrão, porque eu
nunca esperei e nem espero algo diferente disso advindo de um desgoverno que é
cheio até o gogó de uma gente autoritária, hipócrita, estúpida e covarde. Agora,
“porra”, “foda-se quem seja”, “merda”, “bosta”, “estrume”, “vagabundos”, poxa, “puta
que o pariu”, a reunião chegou ao fim e ninguém lembrou de dizer amém.
E assim como muito bem comentado pelo escritor do texto, que a reunião parece uma reunião de moleques e que foi a oportunidade para todos eles soltarem seus demônios na fala dos secretários(a), como a fala da louça da goiabeira, kkkkk, que quer a todo preço a prisão de prefeitos e governadores , como se ela fosse o judiciário, a passagem da boiada pelo ministro do meio ambiente, que de qualquer forma quer legalizar a grilagem no Brasil, e que por último suspendeu as verbas do projeto de tamar, sorrateiramente aproveita na sua fala e diz; vamos agir e aproveitar enquanto a mídia se preocupa com covid 19 para dar passagem a boiada, senão é um absurdo, o engajamento dessa milícia de vermes asqueroso. O bozo como já se esperava, quer de qualquer forma blindar seus patetos dos filhos e amigos...
ResponderExcluirE agora com os pedidos de investigação dos fake News, que promoveram a campanha desse desgoverno miliciano, o.presidente tenta de qualquer forma intimadar ministros do STF, com ofensas e ameaças, dizendo; que " chega" não admito mas isso. A democracia, uma conquista sofrida por um tempo sombrio, querem de qualquer forma, colocar em xeque essa conquista. Os bolsominions com seu discurso de ódios contra o STF, continuam as ameaças como; vou dar um tiro a queima roupa pelas costas nesses ministros fdp. É um absurdo onde chegamos, a ignorância se confunde com pedido de liberdade. E os capítulos dessa novela nazista tá só começando.