Por Clênio Sierra de Alcântara
Imagem: Internet Bom, se não tem arroz coma macarrão. E encerra o papo |
I
Essa gente em tudo vê
maldade. Pessoal veja o lado bom: sem comer arroz cada um de vocês ficará com o
corpo sequinho de um guará. Guará? Sim, aquele bicho que puseram na cédula de
R$ 200,00.
II
Eu até que tentei imitar o
senhor Mário Frias: decorei uma por uma aquelas falas e circulei pelos cômodos
de minha casa, como se elas fossem as dependências de um museu. Fiz caras e
bocas, empostei a voz, mas não deu certo. Cheguei à conclusão de que, mesmo com
a minha total falta de experiência no ramo da atuação, eu jamais conseguiria
ser tão canastrão como o senhor Mário Frias.
III
Ah, gente, por favor, se não
tem arroz, faz macarrão. Pronto, falei.
IV
Tenho um amigo que figura na
ala dos idealistas; e que acredita que a humanidade ainda tem jeito; e que isso
será notado quando a pandemia acabar, ocasião em que, segundo ele, as pessoas
mudarão os seus hábitos. Não sei que merda de alucinógeno esse meu amigo anda
consumindo.
V
Estava num supermercado hoje
cedo e ouvi este diálogo travado entre duas mulheres, digo, duas pessoas do
sexo feminino:
- Bolsonaro deu o auxílio e
agora tá tirando com essa carestia danada.
- E não é. Tá tudo caro,
minha filha.
- Quero só ver quando esse
auxílio acabar. A fonte tá secando e os preços das coisas subindo. Quem aproveitou,
aproveitou.
- E então.
VI
Com toda a roubalheira que
andam descobrindo nos gabinetes e noutros recintos do Rio de Janeiro, não
duvidem se qualquer dia desses uma megaoperação policial encontrar fortes
indícios de que o Cristo Redentor desviou a maior parte do valor dos ingressos
que se paga para ir visitá-lo.
VII
- Para, criatura. Que coisa
irritante! Agora tu só fala em arroz, arroz, arroz...
- É porque feijão só presta
com arroz.
- Ah, é? Então vai ficar com
fome, porque eu não vou gastar o restinho do meu auxílio pra comprar arroz,
não.
VIII
Enquanto almoçava eu
acompanhei a milésima reportagem sobre os incêncios que vêm acabando com o
Pantanal mato-grossense. De repente, um fazendeiro da região apareceu na tela
com os olhos lacrimejados; e, quando o repórter quis me fazer crer que aquele
era um semblante de tristeza pela devastação que o fogo estava causando, eu cá
comigo desconfiei que, na verdade, aqueles olhos estavam marejados era por
remorso.
IX
- Se tu me pedires arroz de
novo, eu solto a mão bem no meio do teu focinho, peste. Eu já disse que não tem
arroz e que não vou comprar porque o dinheiro não dá?!
X
- Vem cá, tu és evangélico
de qual tipo: Jair Bolsonaro, Flordelis, Pastor Everaldo, Valdemiro Santiago,
Edir Macedo, Damares Alves, Romildo Ribeiro Soares, Marcelo Crivella ou Eduardo Cunha?
- Não tem outros exemplos,
não?
- Piores do que esses, não.
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