Por Sierra
Nesta semana eu resolvi atacar uns demônios interiores que estavam me atormentando. E ataquei todos eles com uma mão bem pesada. Não sei se consegui vencer todos eles, mas a batalha me deu pelo menos alguma confiança e crença de que eu poderei derrotá-los definitivamente.
Ao longo de nossa jornada existencial nós travamos enfrentamentos diariamente, quer sejam com o mundo lá fora, quer sejam com o que vai dentro de cada um de nós. É muito ruim quando eu me vejo refém de situações desagradáveis que eu mesmo alimentei e fiz crescer, perdendo ou aparentemente perdendo o controle da situação.
Quando, na noite da última quarta-feira, fazendo uso do WhatsApp, eu tomei a iniciativa de tentar resolver duas de três pendências que vinham me atormentando há um longo tempo, eu fiz isso de modo muito pesado, cru, direto e nada sutil, porque, tomado de um misto de incômodo e fúria, eu pensei, naquele momento, que, embora houvesse outra maneira de buscar colocar os eixos nos seus devidos e acertados lugares, eu considerei que era mesmo daquele jeito e com aquela raiva que eu deveria agir para que não deixasse quaisquer dúvidas quanto ao meu incômodo e insatisfação e para que eu alcançasse o objetivo pretendido e ficasse, ao fim e ao cabo, com minha consciência tranquila.
Ontem, também à noite, eu resolvi atacar, igualmente via WhatsApp, o terceiro incômodo, a terceira pendência tormentosa. E, dessa vez, eu novamente recorri a um repertório muito duro de palavras para construir frases que deixassem com uma claridade cristalina o que eu sentia. E novamente esse ato de coragem tirou de mim, eu presumo e espero, algumas impurezas que estavam a corroer o meu bem-estar.
Como não poderia deixar de ser, ocorreu de um dos meus destinatários reagir às minhas palavras e contra-atacar, como se ele fosse o dono da razão e da verdade e eu tivesse agido como um louco que, na realidade, estava errado e não sabia exatamente o que fizera. Ele disse que eu estou "doente" e que tinha "pena de mim". Decerto que eu estava "doente" e ele era uma das causas de minha "doença"; e, do alto de sua fortaleza de sapiência, autoconfiança e presunção, ele fazia de conta que estava tudo bem, porque, se eu me mantinha calado era porque não existiam problemas e a vida, a minha vida, seguia sem quaisquer atropelos. Não revidei o ataque dele. Eu não precisava fazer isso, porque o que eu quisera alcançar, eu conseguira: eu acertei o alvo bem no seu centro. E isso era tudo o que eu queria. E eu tenho um claro entendimento de que não preciso da "pena" de quem quer que seja.
Um dos meus grandes defeitos - e eu sei, por experiência própria, que alguns desses defeitos mais de uma vez me salvaram de armadilhas montadas por pessoas ruins e aproveitadoras - é ir rapidamente dos oito para os oitenta ou do zero para os cem; e, por vezes, faço isso com um furor desmedido. Eu sei que não sou uma flor que se cheire. E reconheço que, em mais de uma ocasião, eu saí atropelando e botando tudo a perder, mas sem, contudo, me arrepender e/ou lamentar pelo que resultou do que eu fiz. E eu suponho que não me arrependo porque acaba que o meu ato de aparente insanidade me levou para outro lugar, me afastando de pessoas que não estavam me fazendo bem.
Nesta manhã de sábado, neste exato momento em que estou escrevendo estas linhas, rememorando o que se passou comigo, eu reflito sobre a necessidade que existe em meu ser e no meu modo de estar no mundo que busca o tempo todo encontrar uma paz interior; e eu vou manter essa postura enquanto eu tiver forças e disposição para tanto, sabendo que, pelo menos comigo, o abalo dessa paz almejada e desejada passa necessária e obrigatoriamente pelo exercício de retirar do meu cotidiano e do meu convívio aproveitadores de todos os tipos.
Como eu disse lá atrás, eu agi nesta semana contra três incômodos de modo muito pesado, cru, direto e nada sutil. Mas eu não me arrependo de absolutamente nada do que fiz na minha vida até aqui, porque tudo resultou em algum aprendizado. E, se eu estou "doente", como disse um dos três incômodos - na verdade, ele agora é um ex-incômodo -, eu nunca que vou querer ficar são.
Nenhum comentário:
Postar um comentário