5 de agosto de 2025

As minhas bodas de cristal

 Por Sierra


Foto: Arquivo do Autor
Não é nada fácil manter um blog concorrendo com inúmeros sites de notícias de acontecimentos factuais, com as massificadas redes sociais e mesmo com páginas "mortas", sites e outros blogs que não estão mais sendo alimentados e que, ainda assim, aparecem nas buscas. Seja como for, eu sigo mantendo este meu exercício intelectual firme e forte. E que venham mais bodas para eu comemorar com meu público leitor



Como diz uma muito conhecida e repisada frase feita, parece que foi ontem. Só que não foi ontem, porque, na verdade, já passaram quinze anos - completados exatamente hoje -, desde que eu, seguindo a sugestão de um então amigo e companheiro, Ernani Neves, me lancei no desafio de dar início a este blog, tateando aqui e ali por conta da minha inexperiência no trato com o universo não somente dos blogs em si, como também do próprio lidar com o computador e as suas ferramentas operacionais.

Com o correr do tempo eu fui aos poucos me familiarizando com  o espaço virtual - vez e outra auxiliado  por Ernani Neves que, além de tudo, normalmente figurava como fotógrafo e colaborava com belas imagens que ilustravam algumas das postagens - e buscando imprimir uma dinâmica ao blog, estabelecendo, por exemplo, a periodicidade das publicações, criando séries de textos, como os sobre feiras livres, e ampliando a gama de assuntos a respeito dos quais eu poderia escrever.

Não posso dizer a vocês que é a coisa mais fácil do mundo manter um blog quando essa atividade não é o seu ganha-pão e você, além do seu trabalho propriamente dito, tem de lidar e contornar outras atividades da vida prática. Contudo, eu aceitei o desafio; espantei o desânimo que às vezes me acometia e queria me convencer de que era um exercício intelectual vão, porque pouquíssimas pessoas acessavam o que eu publicava, principalmente quando ocorreu a massificação das redes sociais; e segui o meu rumo como blogueiro.

Nessa longa caminhada, afinal - eis outra frase feita -, quinze anos não são quinze dias, eu experimentei pequenas e grandes emoções e glórias - a mais recente delas foi receber um e-mail da renomada historiadora Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke, no qual ela me disse que leu a resenha que escrevi sobre o seu livro O triunfo do fracasso -, e, várias vezes, empreendi viagens e adquiri livros e fiz pesquisas com vistas à elaboração de material, textos e imagens para alimentar o blog, de modo que ele acabou funiconando, também, como uma espécie de catalisador das minhas atividades intelectuais, me levando a continuar sentindo satisfação e prazer na vontade de saber.

Eu tenho plena consciência de que o que eu venho fazendo, ao longo desses quinze anos de exsitência do blog, é um exercício de certa maneira fadado ao limbo ou a um nicho muito restrito do ambiente virtual, porque as chamadas redes sociais se tornaram os espaços por excelência das grandes multidões, com sua massa gigantesca de vídeos e fotografias nos quais a presença de textos no mais das vezes é só um detalhe – e um detalhe ao qual muitas pessoas nem dão a devida atenção. E, nesse cenário, os blogs acabam figurando como corpos estranhos e obsoletos, porque estão na contramão do breve, do rápido e do extremamente instantâneo e fugaz, como algo que, a bem da verdade, ficou ultrapassado porque não conseguiu acompanhar a velocidade com a qual as interações sociais na rede mundial de computadores estão sendo processadas.

Há quem pense, inclusive, que, com o advento das denominadas inteligências artificiais – ChatGPT, DeepSeek e outras –, não será preciso nem desenvolver as competências de elaboração de textos, porque esses mecanismos os produzem em abundância e em pouquíssimo tempo, bastando tão somente que digamos a eles sobre o que é que nós queremos que eles escrevam. E pronto. E está tudo resolvido sem precisar que leiamos livros e façamos pesquisas mesmo que seja na internet e nos lancemos ao desafio de encararmos uma página em branco – de papel ou virtual – para começar a preenchê-la.

É claro que eu não posso dizer a vocês até quando eu continuarei com o entusiasmo de manter este blog, alimentando-o regularmente pelo menos uma vez por semana, mesmo sabendo que o público que ele atinge é mínimo e a concorrência seja incomensurável, visto que até com endereços inativos ele disputa a atenção e o interesse do público. Seja como for, eu penso, neste exato momento, que por enquanto não está no meu horizonte abandonar este blog, porque tem sido nele que eu fundamentalmente tenho exercitado e posto a descoberto as minhas práticas e interesses intelectuais, algo que eu ainda não consegui estabelecer nas redes sociais.

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