Por Sierra
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Fotos: Arquivo do Autor Fachada do Hotel Central, um ícone arquitetônico do Recife: não é só hospedagem no centro da capital pernambucana, não; o hotel tem proporcionado aos seus hóspedes e ao público em geral uma diversificada programação artística e cultural |
Não é incomum que algumas edificações sejam convertidas em ícones e símbolos quer de um tempo, quer como representação de uma dada linha e/ou movimento arquitetônico e artístico. E esse é bem o caso do Hotel Central, localizado na esquina das ruas Manoel Borba e Gervásio Pires, no bairro da Boa Vsta, área central do Recife.
Construção que, à época de seu aparecimento, no século passado, figurava como uma das mais vistosas e altas do cenário urbano recifense, o Hotel Central, que conheceu o seu apogeu de charme e glamour na década de 1930, tempo essse em que hospedou personalidades ilustríssimas como Getúlio Vargas e Carmen Miranda, segue em pleno funcionamento como um dos poucos hotéis do centro urbanno da capital pernambucana.
No último sábado 2 de agosto, o salão de chá doHotel Central foi palco e cenário de um efervescente barulhinho bom cultural regado a muita música e com um algo a mais. E eu que, até então, nunca adentrara ali, cheguei lá no começo da tarde e só saí quando a noite começou a cobrir a Boa Vista com o seu manto. E foi um dia desses que nós vivenciamos e deles nunca mais nos esquecemos.
Já do outro lado da calçada dava para ver e ouvir que o negócio estava bem azeitado e bom la dentro, porque o restaurante se encontrava bastante movimentado e um forró animado ecoava dali naquele sábado de festa.
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Na companhia do Véio do Mangaio |
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Tem forró? Tem, sim senhor! |
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O cantor Ed Carlos |
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A cantora Edilza Aires |
No salão de chá, entre comes e bebes e gente bem disposta para dançar forró, um denominado Tributo ao Rei Luiz Gonzaga, parte da programação da pré-estreia do filme Luiz Gonzaga - légua tirana, marcada para acontecer na noite daquele dia no Cinema São Luiz, outro ícone arquitetônico do Recife, ditava o ritmo da celebração. Organizado pelo Movimento Rebuliço Cultural, o tributo a Gonzagão promoveu um revezamento no microfone de artistas como Rony Félix, Edilza Aires, Véio do Mangaio e outros mais.
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Rony Félix animando o salão |
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O apresentador de televisão Ciro Bezerra |
E você pensa, leitor, que foi só isso? Teve mais, porque se tem uma coisa neste mundo que nós não nos fartamos de consumir, esse negócio são as manifestações artísticas e culturais.
Às 15h o tributo a Luiz Gonzaga chegou ao fim para que o salão de chá fosse preparado para outro acontecimento artístico. E assim foi que, pouco depois das 16h, os que ali estavam presentes acompanharam, após as devidas apresentações do responsável pelo evento, o escritor e dramaturgo Moisés Monteiro de Melo Neto, e de Dona Rosa, proprietária do hotel, os atores Thalita Gadêlha e Angelis Nardelli fazerem uma leitura dramatizada do texto da peça Sertão!, de autoria do próprio Moisés.
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Dona Rosa: comandando o Hotel Central e incentivando acontecimentos artísticos e culturais no local: viva! |
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A atriz Thalita Gadêlha |
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O ator Angelis Nardelli |
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O escritor e dramaturgo Moisés Monteiro de Melo Neto |
Pouco depois do fim da apresentação da peça, lá fora, na calçada do Hotel Central ,o toque de uma sanfona voltou com tudo - era Kayro Oliveira, que interpretou Luiz Gonzaga menino no filme. E, quem quis, foi para lá se juntar aos diretores da cinebiografia de Gonzagão, Marcos Carvalho e Diogo Fontes, Mestre Bule Bule, o cantor Ed Carlos, parte da equipe realizadora do filme e outros tantos que, como eu, estavam ali para engrossar o coro e seguir em cortejo rumo ao Cinema São Luiz, que foi o que fizemos, na maior animação, quando a noite foi chegando. E lá, na porta do cinema, onde já era grande o movimento de quem fora até ali para prestigiar o filme, eu vi e me fotografei ao lado dessa coisa bonita e talentosa que é o Chambinho do Acordeon.
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Os cineastas Diogo Fontes e Marcos Carvalho |
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O baiano multiartista Mestre Bule Bule |
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Chambinho do Acordeon que, de novo, deu vida ao mestre Luiz Gonzaga no cinema |
Fazendo hoje o cômputo daquele sábado em parte vivenciado culturalmente no Hotel Central - eu não pude ficar para assistir ao filme porque, às 20h, eu tinha a peça O mercador de Veneza para ver na Caixa Cultural, no Recife Antigo -, eu me vejo celebrando o acerto de Dona Rosa em apoiar as artes e as manifestações culturais permitindo que o seu empreendimento seja palco e cenário para atuação e performance dos mais variados artistas. Eu lhe agradeci pessoalmente por isso, Dona Rosa, e quero fazê-lo agora publicamente: muito obrigado!
Testemunho inconteste de muitas transformações urbanas por que passou o Recife, o Hotel Central está atravessando, ao menos em termos culturais e artístico, um tempo de bonança, preenchendo sua história com novos acontecimentos.
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