Por Sierra
I
As narrativas históricas nos
dão conta de que as origens do que um dia constituiria a cidade de Laranjeiras,
que dista a cerca de 20 km de Aracaju, remontam aos princípios do século XVII.
Depois que Cristóvão de Barros, que chegou ao território sergipano , em 1589,
para expulsar piratas franceses, saiu vitorioso nos embates travados na região
do médio Rio Cotinguiba, em terras da antiga freguesia de Nossa Senhora do
Tomar de Cotinguiba – e não nos esqueçamos de que foi esse líder que fundou São
Cristóvão, a primeira capital de Sergipe -, grupos de mestiços fixaram
residência na margem esquerda do mesmo rio, o que foi a gênese daquela formação
urbana que recebeu o nome de Laranjeiras porque, segundo o narrador da
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, havia muitos pés de laranja no local;
por isso, disse-nos ele, os primeiros habitantes da povoação construíram um
pequeno porto fluvial que tomou a denominação de “porto de Laranjeiras”
(Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, 1959, vol. XIX, p. 349. Quem consultar diretamente
tal publicação, verificará que houve um lapso do revisor que marcou as
incursões de Cristóvão de Barros como tendo elas ocorrido no início do século
XVI).
A primeira metade do século
XVII, em Sergipe, foi muito marcada pelas investidas dos invasores holandeses
que queriam, a todo custo, se apropriar das riquezas da capitania sergipana.
Efetivamente foi a partir de 1645 que Sergipe voltou ao domínio dos seus
primeiros conquistadores europeus.
Como indicativo da importância que o território laranjeirense despertou nos começos de sua formação está o fato de que, em 1701, padres da poderosa Companhia de Jesus iniciaram a construção de uma igreja à margem esquerda do Riacho São Pedro, o primeiro templo religioso do lugar, tendo eles fixado residência próxima à edificação. Trinta anos depois eles começaram a construir, numa colina, a Igreja de Comandaroba. Com o correr dos anos várias edificações eclesiásticas foram erguidas, pontuando Laranjeiras com forte presença da religião católica.
Quando do advento do século
XIX Laranjeiras que, em 1808, abrigava, de acordo com a estimativa por mim
consultada, 600 fogos (casas), na sede e na circunvizinhança, sinalizando estar
bastante próspera, permanecia ainda como povoação, sem conseguir foros de
freguesia. Dezesseis anos depois o lugar apresentava “mais de 850 casas entre
edifícios menores e aqueles que lhe faziam a decoração” (José Anderson
Nascimento. “Esboço histórico”. In Tom Maia, José Anderson Nascimento e Thereza
Regina de Camargo Maia. Sergipe Del Rei. São Paulo: Ed. Nacional; Rio de
Janeiro: Embratur, 1979, p. 26).
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Esta imagem e as oito seguintes aparecem, respectivamente nas páginas 352, 354, 353, 353, 352, 351, 350, 350 e 349 da Enciclopédia dos Mucicípios Brasileiros |
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Em 7 de agosto de 1832,
ocasião em que a Assembleia Geral da Província, computando o censo demográfico
e o arrolamento econômico, reconheceu a capacidade autonômica da povoação,
Laranjeiras deixou de ser povoado e foi elevada à categoria de vila. Ocorre que
o território dessa nova vila não foi desmembrado da freguesia de Nossa Senhora
do Socorro, à qual pertencia, mas, sim, o território da antiga freguesia,
anexado ao da vila, ficando os habitantes de Socorro preteridos no justo
propósito que alimentavam de ver a freguesia elevada à categoria de vila, tendo
eles chegado a representar junto ao Conselho da Província protestando porque se
julgaram injustiçados com o que ocorrera.
Para que uma placa desse tamanho na fachada de um prédio antigo? Isso além de esconder os detalhes da fachada é poluição visual. As pessoas da cidade já sabem que ali é um mercado; não precisa disso |
Leiamos o que a respeito desse acontecimento registrou o prestimoso narrador da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros:
Os habitantes de Laranjeiras
também não assumiram atitude de inércia frente aos acontecimentos, que poderiam
ter um desfecho pouco lisonjeiro para os destinos da nova vila, prejudicando,
sobretudo, as suas rendas e, por intermédio da sua Câmara, que somente foi
instalada a 4 de fevereiro de 1833, já a 12 de abril do mesmo ano dirigiam-se
também em forma de representação ao Presidente da Província, contra os desejos
dos socorrenses.
Entre as alegações da Câmara
de Laranjeiras destaca-se a circunstância apresentada de ser a povoação de
Socorro distante, apenas, uma légua de Laranjeiras e a ausência de comércio
naquela povoação obrigava os seus habitantes a se dirigirem, todas as semanas,
ao mercado da grande feira de Laranjeiras, para se proverem dos gêneros de que
necessitavam (Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Op. cit., p. 349).
Mas as alegações da Câmara
laranjeirense não pararam por aí. Também foi apontada uma questão de ordem
política: Nossa Senhora do Socorro não possuía mais de vinte cidadãos que
estivessem enquadrados nos requisitos legais exigidos para ocuparem cargos de
governança, o que daria margem a reeleições sucessivas e o consequente
exercício dos cargos públicos em caráter quase vitalício.
Porém, de nada valeram tais
argumentações; e em 19 de fevereiro de 1835, o povoado de Nossa Senhora do
Socorro foi elevado à categoria de vila, tendo sido o seu território
desmembrado do de Laranjeiras, que, por força da Lei provincial de 6 de
fevereiro daquele mesmo ano, foi, por seu turno, desligado, eclesiasticamente
de Socorro, passando a constituir a freguesia do Sagrado Coração de Jesus.
Deve ser destacado, como nos
diz o narrador da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, que tais decisões e
acontecimentos não influíram no progresso e no desenvolvimento de Laranjeiras que,
àquela altura, já figurava como uma das mais importantes e prósperas comunas
sergipanas.
A Lei provincial de 6 de
fevereiro criou o distrito de paz de Laranjeiras que, um mês depois, exatamente
no dia 6 de março, foi elevado à categoria de termo da comarca de Santo Amaro.
No entanto, dado o relevo socioeconômico do município, dizia-se que a vila
reclamava a instalação de uma comarca em sua sede; e isso acabou ocorrendo
ainda naquele ano por força do Decreto provincial de 11 de agosto, quando, por
essa época, declinava a importância da vila de Santo Amaro, que, com as de
Maruim e Capela, passaram a constituir termos da nova comarca. Pelo Decreto
provincial de 21 de março de 1836, a comarca de Laranjeiras ganhou mais dois
termos, que compreendiam os das vilas de Rosário e Divina Pastora.
Enquanto alguns prédios que eu vi estavam em ruínas, outros, como este, estavam carecendo de manutenção, como pintura |
Um dos marcos históricos de
Laranjeiras que também diz muito da importância socioeconômica que o município
alcançou ainda na primeira metade do século XIX é o fato de que, quando da
criação da Alfândega de Sergipe, em 1836, teve a sua sede atraída para a vila
de Laranjeiras, que era então um grande centro comercial e exportador – antes
de ser localizada definitivamente em Aracaju, a sede foi instalada em Barra dos
Coqueiros.
Coroando uma década, a de
1840, durante a qual o território laranjeirense era considerado não apenas como
uma potência socioeconômica mas também um dos grandes centros culturais e
artísticos da Província – o desenvolvimento da imprensa diz muito disso; vários
jornais surgiram no período: Monarchista Constitucional (1841), Triunfo (1844)
e Guarany (1847); o Observador aparecerá em 1851 -, em 1848, por força da Lei
provincial nº 209, de 4 de maio, a vila de Laranjeiras foi elevada à categoria
de cidade.
Todas essas considerações a respeito de Laranjeiras nos primeiros dois quartéis do Oitocentos contrastam com um, por assim dizer, desconhecimento que alguns narradores-viajantes tiveram desse lugar. Em uma de suas “cartas” escritas nos últimos anos do século XVIII, Luiz dos Santos Vilhena diz que as “povoaçoens mais consideraveis” da “capitania de Sergipe Del Rey” são a cidade de São Cristóvão e as vilas Santo Amaro das Brotas e Itabaiana. E acrescenta: “Hé a terceira villa a do Lagarto. Há mais a villa de Santa Luzia, e Villa Nova Real Del Rey. Além destas há muitas outras povoaçoens mais pequenas e muitas Igrejas e capellas por toda a parte” (Luiz dos Santos Vilhena. Recopilação de noticias soteropolitanas e brasílicas. Livro II. Carta décima sexta. Bahia: Imprensa Official do Estado, 1921, p. 605, 602 e 606).
Indiscutivelmente, Laranjeiras tem vários encantos, porque é um lugar culturalmente rico. Falta à cidade passar a valorizar para valer o seu patrimônio histórico edificado |
"SOS Patrimônio" alguém escreveu na fachada deste grande sobrado abandonado |
Abandono e mais abandono |
Passando pelo território sergipano em 1839, o missionário norte-americano Daniel Kidder limitou-se a escrever algumas poucas linhas sobre o que ele viu por ali, das quais destaquei este trecho: “A província é parcamente habitada e não possue cidade alguma de vulto. A capital denomina-se S. Cristóvão” (Daniel Kidder. Reminiscências de viagens e permanências nas províncias do Norte do Brasil. Trad. Moacir N. Vasconcelos. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980, p. 71).
Já o alemão Robert Avé-Lallemant, que aportou na nova capital Aracaju, em maio de 1859, fez várias observações sobre essa cidade ainda em construção – chegou mesmo a dizer que ela “Tem aspecto sumamente agradável. Tudo é bonito e novo na margem [do Rio Cotinguiba], embora muito provisório” – e mencionou outras localidades, como São Cristóvão e Maruim; e de Laranjeiras apenas citou o nome numa passagem sem fazer qualquer apreciação e nem dizer o que o lugar era. Eis a passagem: “Depois dalgumas léguas de viagem, o rio dividiu-se; um braço ao sul sobe em direção a Laranjeiras; um, no meio, vem da paróquia de S. Ana; outro, ao norte, leva, através de mangues e pântanos, a Maruim” (Robert Avé-Lallemant. Viagens pelas províncias da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe: 1859. Trad. Eduardo de Lima Castro. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980, p. 331 e 332).
Numa obra
cuja edição príncipe veio a lume em 1817, o padre Manuel Aires de Casal destoou
e muito dos relatos dos narradores citados nos três parágrafos anteriores. Depois
de mencionar várias vilas sergipanas como Itabaiana, Propriá e Lagarto, ele
disse assim: “Não devemos omitir o considerável, e famoso Arraial das
Laranjeiras, vantajosamente situado sobre a margem esquerda do Rio Cotinguiba,
duas léguas acima da sua confluência com o Seregipe. Não é ainda freguesia: mas
com o tempo será uma das principais vilas da província. Grandes sumacas
[embarcação de dois mastros] vão lá carregar açúcar, algodão, couros e legumes”
(Manuel Aires de Casal. Corografia Brasílica ou Relação histórico-geográfica do
Reino do Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade
de São Paulo, 1976, p. 251).
Gozando de imenso prestígio entre as cidades sergipanas, em 14 de janeiro de 1860 Laranjeiras recebeu a visita de SS. MM. o Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Dona Tereza Cristina. Em seu diário o monarca anotou que visitou aulas de meninos e meninas; que lhe foi dito que havia 9 mil habitantes na cidade, mas, "Segundo o vigário a cidade tem de 7 a 8 mil almas". Pena que ele não tenha feito descrições da cidade em si. Foi uma passagem sem muita demora. Ele registrou que eram as ruas "calçadas com pedras grandes" como em Maruim; e que da Igreja do Bom Jesus tinha-se uma "bela vista". Curioso foi que, talvez inculcado com o nome da cidade, nos apontamentos do dia 16 ele tenha registrado: "Uvas de Maroim; em Laranjeiras não há uma laranja; guabirobas de Aracaju, fruta diferente de guabiroba amarela e com bom gosto" (Dom Pedro II. Viagem à costa leste [de Aracaju ao Espírito Santo] - 11/1 a 28/1/1860. Volume 5. In www.museuimperial.museus.gov.br).
Em 31 de março de 1874 o município laranjeirense perdeu parte do seu território em virtude da elevação do povoado de Nossa Senhora da Conceição dos Pintos à vila, com a denominação de Vila de Riachuelo, figurando, a partir de então, como um novo termo da comarca de Laranjeiras.
O advento do século XX não
foi tão benfazejo para Laranjeiras. Em 1880 a cidade já possuía uma estação do
Telégrafo Nacional; em 1919, iluminação elétrica pública e domiciliar, tendo
ainda nesse mesmo ano sido instalada no município uma estação telefônica para
comunicações urbanas e interurbanas. Foram, digamos, como que os derradeiros
sinais de progresso verdadeiramente pulsante para a cidade que começaria a
amargar certa estagnação em seu desenvolvimento, como destacou o narrador da
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Acompanhemos as observações por ele
registradas:
Do início deste século para
cá, estagnou-se o ritmo acelerado do progresso que vinha impulsionando a velha
comuna sergipana, restando da grandeza vivida, a partir dos meados do século
passado, amostras saudosas nos imponentes sobrados de ruas e na tradicional
vivacidade do seu povo.
Os fatores sócio-econômicos,
que vêm caracterizando, o século atual, sem dúvida nenhuma influíram
negativamente e de maneira decisiva no desenvolvimento da então próspera cidade
de Laranjeiras. Com as facilidades de transporte ferroviário e rodoviário para
Aracaju, que dispõe de porto com a capacidade para ancoragem de embarcações de
maior envergadura, perdeu o velho município o controle econômico da zona de
Cotinguiba onde se produz, em maior quantidade, o açúcar, que é o produto
básico da economia de Sergipe, cujo controle passou a ser exercido pela Capital
do Estado (Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Op. cit., p. 350)
No tempo em que o verbete da
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros sobre Laranjeiras foi escrito, a
cidade, com uma população em sua maior parte rural – de acordo com o
Recenseamento Geral de 1950, do total de 12118 habitantes, 7969 viviam na área
rural; no levantamento feito pelo Departamento Estadual de Estatística, de 1º
de julho de 1956, a população chegara a 13000, sendo 4000 habitantes da zona
urbana –, mantinha como principal fonte de renda a produção de açúcar, sendo a maior produtora de açúcar cristal de Sergipe. Era um tempo em que o trem
corria por ali e os laranjeirenses que podiam, frequentavam um cinema que então
existia na cidade. Muita coisa e muitas vivências se perderam em Laranjeiras
desde aquela década. E foi querendo
conhecer o que resistiu ao transcurso do tempo, às transformações
socioeconômicas e à indiferença para com os testemunhos edificados de sua
história que, na manhã do dia 13 de dezembro de 2017, eu tomei um ônibus em
Aracaju e segui ansioso para ir conhecê-la.
II
À medida que o ônibus foi
avançando pelos caminhos eu já de longe fui me encantando com a paisagem de
Laranjeiras, na manhã do dia 13 de dezembro de 2017. Eu marquei na minha
caderneta de anotações de viagem: eram exatamente 8h13, quando eu desembarquei
naquele pequeno mundo de história socioeconômica de tão grande importância no
panorama sergipano.
De verdade, enquanto eu ia atravessando o pórtico da entrada da cidade e via o espaço urbano envolto pelo espaço rural, num primeiro momento, o verde que enchia os meus olhos, que ali estava como se fosse uma manta a agasalhar as edificações, eu senti como se aquele lugar detivesse algo de muito cativante e de pitoresco, como naqueles vilarejos de filmes de época.
Enquanto eu, sem pressa, fui
percorrendo ruas, praças e ladeiras o encantamento foi dando as mãos ao desapontamento
e não mais se soltaram dele durante o tempo em que eu por ali estive.
Quem acompanha as descrições de viagens a cidades históricas que eu tenho feito, sabe o quanto é relevante para mim o estado geral do casario que eu encontro e o universo do seu entorno, uma vez que um prédio antigo ou um monumento ou uma paisagem historicamente importante, muitas vezes, de alguma maneira, dialoga com o que está ao seu redor, porque, normalmente, algo na circunvizinhança diz um mínimo que seja a respeito dele. Quem lê o que eu escrevo nessas descrições observa também que não é somente o chamado “centro histórico” que me interessa, porque a cidade não se resume a esse espaço; e a sua história segue para além dele.
Atravessei muitos
logradouros de Laranjeiras a fim de conhecê-la em múltiplos aspectos e sob
muitos olhares. Detive-me por um tempo à margem do Rio Cotinguiba, imaginando o
passado bastante movimentado que aquele curso d’água foi cenário.
Certamente o que leva alguém na condição de turista a Laranjeiras é saber que a cidade detém um significativo conjunto de monumentos, principalmente religiosos. Não me defino como turista e sim como viajante; e um viajante é de uma natureza diferente da de um turista. Dito isso, não posso dizer que eu fiquei desapontado somente porque eu me deparei com sobrados em ruínas na Rua Getúlio Vargas e na Rua José do Prado Franco, bem próximo ao Museu Afro-brasileiro, e com uma abandonada Igreja de Nossa Senhora da Conceição, por exemplo, mas igualmente por eu ter me deparado com lixo jogado aqui e ali, com um esgoto estourado e com casas ocupando morros onde se encontravam placas proibindo isso.
Depois de visitar a Igreja
de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito, que passara por uma ação de
restauro havia poucos meses, eu subi um dos montes da cidade para ir conhecer a
Igreja do Senhor do Bonfim que, infelizmente, estava fechada.
Retornando ao centro da
cidade, eu tratei com o motoboy Emanuel Nunes, então com 54 anos de idade, um
simpático e gentil Emanuel Nunes que disse que me viu chegando a Laranjeiras e
que foi, para mim, uma das boas lembranças que eu trouxe de lá. Montado em sua
moto primeiro eu fui levado para visitar a Igreja do Bom Jesus dos Navegantes,
situada noutro ponto elevado. Ela também se encontrava fechada. Comentei com o
motoboy, que fazia as vezes de um guia turístico, que ouvira, quando de minha
visita a São Cristóvão, que Laranjeiras estava atravessando uma onda de
assaltos. O que ele me confirmou. Dali ele me levou até a Igreja de Nossa
Senhora da Conceição de Comandaroba, na qual eu entrei. Gozava o lugar, numa
área onde se via a linha férrea testemunha de um passado pujante, de uma tranquilidade
sem par.
Retornei ao marco zero da cidade. E, enquanto esperava pele ônibus que em levaria de volta pra Aracaju, fiquei a trocar figurinhas com um carroceiro, que me relatou ocorrências de assaltos, arrombamentos e mortes havidas por ali.
O motoboy Emanuel Nunes: obrigado pela sua gentileza |
Antes de embarcar no coletivo eu lancei pela derradeira vez os olhos sobre o que a minha vista ainda queria rever daquele lugar que, em parte, parecia desdenhar das coisas do seu passado, porque as deixava abandonadas e entregues às ruínas. Fui deixando Laranjeiras carregando comigo uma infeliz quase certeza de que, se algum dia eu até ali voltasse, as ruínas já não estariam de pé, restando somente o espanto e a lembrança, não o testemunho material, da grandeza histórica dessa cidade.
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