26 de novembro de 2010

O Recife convulsionado

Por Clênio Sierra de Alcântara



Demorou, mas a Municipalidade resolveu agir em defesa do bem comum coibindo a ocupação desordenada de ruas e calçadas promovida por vendedores ambulantes.

Ontem, algumas ruas da parte central do Recife estavam em polvorosa, devido aos confrontos havidos entre os funcionários da Prefeitura e os ambulantes. Ouvi o noticiário pelo rádio. E, no calor dos acontecimentos, um amigo me telefonou para dizer que começavam  a chegar as notícias dos embates à TV na qual ele trabalha. Segundo pude apurar vários comerciantes resolveram baixar as portas de seus estabelecimentos temendo invasões por parte da turba enfurecida. Hoje, quando desembarquei na capital, às 15: 28h, vi que era grande o aparato  de PM's em alguns pontos estratégicos, porque havia a expectativa de que os vendedores ambulantes iriam promover um protesto a qualquer momento.

Quando me vi circulando numa Sete de Setembro completamente livre de todos aqueles apetrechos dos vendedores ambulantes cheguei a sentir um regozijo indescritível. Como é bom poder flanar assim!

O Recife não pode continuar a ver suas artérias serem tomadas pelo comércio informal que, além de degradar o ambiente urbano, penaliza a circulação de veículos e pedestres. Algumas dessas vias, como a Rua Sete de Setembro e a do Hospício, e a Travessa de São Pedro (Beco do Veado Branco) estavam - estão - quase que intransitáveis. Esses vendedores não respeitam norma nenhuma. Não se pode sustentar o discurso do "coitadinho" que precisa trabalhar, mesmo porque a falta de emprego não pode justificar o esbordoamento do corpo legal. Mesmo porque nem todas as pessoas qie atuam como vendedores ambulantes o fazem por falta de vagas no mercado formal; muitas estão ali porque não querem "ter patrão", não querem "trabalhar para os outros". Mesmo porque não são apenas as leis de uso e ocupação do solo que eles transgridem, porque, como é do conhecimento de todos, muitos desses vendedores estão a serviço de grandes comerciantes sonegadores de impostos, vendendo produtos piratas e até alimentos e outras coisas mais com prazo de validade vencido.

Disse mais de uma vez e torno a repetir aqui: o espaço central do Recife vem sofrendo um acelerado processo de degradação já faz alguns anos. Degradação esboçada sobretudo pelos prédios abandonados que se veem aqui e ali - gente, a Av. Guararapes e outras tantas precisam ser revitalizadas -; pelas calçadas esburacadas; pela quantidade absurda de lixo que se observa nas ruas; e pela ocupação dos espaços públicos por comerciantes que não estão nem aí para o que as leis estabelecem.

Também torno a dizer que não será com ações sazonais como essas que a Municipalidade vai conseguir livrar o Recife desses incovenientes que tanto maltratam a cidade, conferindo-lhe um aspecto de todo maltrapilho. É preciso que os fiscais municipais mantenham uma averiguação permanente. Por que não instalam câmeras também para fiscalizar as ocupações indevidas, uma vez que, em vários pontos, elas fiscalizam o movimento dos veículos e as ações de bandidos?

Não pode a Prefeitura jamais ser conivente com os transgressores em detrimento do bem coletivo. A cidade deve ser o espaço onde o convívio social transcorra em harmonia com seus instrumentos legais. O Recife precisa - precisa porque é uma cidade encantadora sob muitos aspectos - ser revitalizada o quanto antes.

Um comentário:

  1. Cidade limpa e organizada é o que todos cidadão que paga seus impostos merecem, comércio desordenado é coisa medieval. Lamento pelos ambulantes mas do jeito que estava não dá mesmo.
    ERGONES

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