9 de abril de 2012

Nas águas de Maragogi

Por Clênio Sierra de Alcântara


Quando os meus olhos de manhã se abriram,
 Fecharam-se de novo, deslumbrados:
 Uns peixes, em reflexos doirados,
 Voavam na luz: dentro da luz sumiram...

                                                       Soneto III. A rua dos cataventos. Mario Quintana



Fotos: Ernani Neves e Brother



Não exagera quem diz que viajar é um dos melhores presentes que podemos nos dar. Quando viajamos – e aqui eu falo por mim – carregamos a vontade de angariar alguma descoberta: a descoberta de uma paisagem natural; a descoberta de monumentos históricos; a descoberta de pessoas; a descoberta de manifestações culturais; a descoberta de sabores; e, por que não dizer, a descoberta de sensações. Não sei o que se passa na cabeça de outros viajantes; na minha, quando retorno para casa, aquilo que foi vivenciado no lugar visitado fica ecoando durante vários dias, como se eu quisesse prolongar o prazer das descobertas.


 


Quando parti, numa sexta-feira, para ir passar o fim de semana em Maragogi, eu estava tomado por uma euforia danada, porque, além do desejo de conhecer esse balneário alagoano, eu queria experimentar, pela primeira vez, a sensação de mergulhar em suas muito incensadas piscinas naturais.







O grande atrativo de Maragogi é mesmo o seu mar. É lindo. A cor daquela água já é por si mesma relaxante. Caminhei ao longo das praias por um bom trecho. Poucas coisas na vida me dão tanto sossego e relaxamento como as caminhadas na beira da praia: os pés na areia, a visão de um mar que parece infinito, o vento soprando no rosto... Tudo isso é revigorante para mim.


                         




É claro que não dá para ficar cúmplice do cotidiano de um lugar passando nele apenas um final de semana. A intimidade de um lugar vai se conquistando aos poucos; é preciso percorrê-lo mais vezes; é necessário, sobretudo, ter disposição para tanto, porque a intimidade dos lugares, das cidades, não está necessariamente nos seus “principais pontos turísticos”, nos seus propalados “cartões-postais”, ela está, também – e, talvez, mais – nos roteiros que vamos descobrindo como quem não quer nada e, de repente, se vê envolvido em uma atmosfera muito reveladora.

Percorri o espaço central de Maragogi com meus olhos que tudo querem ver. Atravessei ruas andando, parando aqui e ali para me aperceber do entorno, para procurar o traço das fachadas de algumas casas.

A avenida principal – falo da beira-mar – não apresenta uma configuração digna da beleza do lugar. A infraestrutura, os equipamentos urbanos, a disposição e estrutura dos bares e restaurantes, a iluminação pública... Tudo isso precisa ser melhorado. É um fato o que vou escrever agora: Maragogi é para o dia, não é para a noite.




O núcleo principal da cidade é, em parte, envolvido por um morro. Não me fiz de rogado: peguei a estrada para chegar ao seu topo. E qual não foi minha decepção ao constatar que, ali, de onde se tem uma visão panorâmica da área urbana e da orla, um local muitíssimo apropriado para a instalação de um aconchegante mirante, é ocupado quase que em toda a sua inteireza – o terreno murado é enorme – por uma empresa de telefonia.




Finalmente chegou o dia de eu ir conhecer as piscinas naturais. O passeio pode ser feito em lanchas e catamarãs. Acordei cedinho no domingo; e logo estava junto das outras pessoas que haviam contratado o deslocamento. Fomos de lancha.








É indescritível a sensação de mergulhar em meio a tanto peixes, que ficam em torno de nós querendo abocanhar alguma comidinha.



Eu junto com os peixinhos


















 
A cidade vista de longe, do mar, ganha outro contorno.


Maragogi. Eu quero voltar para lá.



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