Por Clênio Sierra de Alcântara
Imagem da internet |
Hoje pela manhã recebi a notícia
do falecimento de Reginaldo Rodrigues dos Santos, o Reginaldo Rossi,
pernambucano da cidade do Recife, nascido em fevereiro de 1944. E fiquei muito
triste porque algumas músicas do repertório dele servem como trilha sonora para
algumas lembranças de minha vida, como as que evoquei no começo deste texto.
Além do que, para alguém tão dependente da musicalidade como eu sou – e
confesso que em plena época de downloads eu continuo a comprar cd’s e lp’s -,
perder uma referência tão próxima da minha realidade, como era Reginaldo Rossi,
é um golpe duro de suportar.
Longe de encarnar a figura do
galã, Reginaldo, por outro lado cativava seus fãs com suas letras românticas e
irreverentes e com sua personalidade que parecia sempre estar de alto astral.
Reginaldo era aquele tipo de cantor que desejamos não apenas ouvir, mas também
ver, porque era alguém com uma forte presença de palco: sua figura em si já era
um espetáculo.
Apoiado num repertório que a
crítica musical classifica como brega, Reginaldo Rossi nunca deixou de se
mostrar insatisfeito com tal denominação; não porque repudiasse o termo
“brega”, mas por considerá-la injusta, uma vez que no seu entender músicas
românticas, comumente taxadas de brega, estão no set list dos mais variados
cantores. Sendo assim, por que, por exemplo, ele era um representante do brega
e Roberto Carlos não? É claro que as coisas não podem ser reduzidas a esses
termos; a pecha de brega se aplica geralmente a um tipo de composição que, ao
eleger o sentimentalismo entremeado por relações amorosas, deixa de lado
questões outras da vida social; é algo fundamentalmente pautado pela alienação,
aventam os entendidos no assunto. Mas deixemos isso de fora, porque a intenção
deste artigo é outra.
Como todo fã eu também tenho a
minha música preferida do rei Reginaldo Rossi. Trata-se de “A raposa e as
uvas”, que, sempre que eu ouço, fico a imaginar as cenas do casal apaixonado
dançando ao som de “Besame mucho” e, depois, partindo na lambreta na qual a
mocinha agarra o namoradinho certamente sentindo um misto de medo e ternura.
Reginaldo Rossi adorava a sua
terra; por isso cantava o Recife e a Ilha de Itamaracá com um entusiasmo
contagiante; muito mais do que libelos bairristas, canções como “Recife minha
cidade” e “Itamaracá”, são verdadeiras declarações de amor a esses lugares.
Reginaldo, apesar de se declarar uma pessoa tímida, era alguém que não se
envergonhava de mostrar aos outros os sentimentos que o moviam. Daí por que
versos tão intensos como estes da canção “Mon amour meu bem ma femme”: “E nada
existe em você que eu não ame/ Sou metade sem você”, que ele entoava como se fossem uma impressão de si mesmo.
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