21 de janeiro de 2014

Curtindo a vida em Tamandaré

Por Clênio Sierra de Alcântara



cidade de Tamandaré, localizada no litoral sul de Pernambuco
                                            Fotos: Ernani Neves                              
          Igreja de São José de Botas


Com o privilégio de abrigar um porto natural que recebia navios de até dezoito pés de calado, a área que hoje está inserida na cidade de Tamandaré, localizada no litoral sul de Pernambuco, distando a cerca de 104 km do Recife, aparece nas narrativas históricas desde pelo menos a primeira metade do século XVII.



cidade de Tamandaré, localizada no litoral sul de Pernambuco
Píer do Ibama na Praia do Forte



Praia de Tamandaré


 Praia de Tamandaré


Sebastião de Vasconcellos Galvão, que tem sido o meu guia-mor, assim descreve o lugar em seu Dicionário corográfico, histórico e estatístico de Pernambuco: “Pequena, sem commercio, com proporções para uma grande cidade [é curioso que noutra página esse autor registre que o lugar “possue grande povoação de más habitações”] pela situação geographica e o magnífico porto que possue. Tudo mesmo parecia melhor indicar que a séde do municcipio deveria ter sido ahi installada”. Bastião refere-se ao município de Rio Formoso ao qual Tamandaré, que está situada a 20 km ao sul dele, pertenceu, figurando como um dos seus distritos durante muitos anos. Sua condição de cidade só foi alcançada em 28 de setembro de 1997, quando foi estabelecida sua emancipação; ou seja, como cidade, Tamandaré é bastante jovem.





Praia de Tamandaré
Aspecto da Fortaleza da Barra


Fiz dois passeios – em maio e em agosto do ano passado; na primeira viagem me hospedei no Hotel Marinas de Tamandaré, que é confortável e tem todos os quartos voltados para o mar; na segunda, na pequena e acolhedora Pousada Cambará, do Zamir Silva, o Zazá – nesta porção do litoral pernambucano tão venerado pelo fotógrafo Alcir Lacerda, que fez daquela terra mais do que um lugar de repouso: encontrou ali um pedaço do paraíso.




Praia Tamandaré



Tamandaré
Praia dos Carneiros


 Nova Matriz de São Pedro



Ginásio poliesportivo










Ao visitante que for a Tamandaré peço que não espere encontrar uma cidade bem estruturada. Não, Tamandaré, a exemplo de outros municípios praieiros, cuja vocação é preponderantemente o turismo e que não recebem investimentos suficientes para promover seu desenvolvimento urbano, é um lugar carente de infraestrutura.






Não se pode negar, por outro lado, que a pequena cidade está bem servida no quesito gastronômico. Por favor, não me tomem como alguém que tem o paladar apurado e/ou que é apreciador da mais fina gastronomia. Não sou assim. Pelo contrário. Sou alguém que se impôs uma série de restrições alimentares – exemplo: não como carne vermelha há dezesseis anos. Mas enfim, vamos às dicas: comida simples, boa e barata é no Noronha Restaurante, que é self-service; um restaurante temático que merece ser conhecido – relevem a fumaça – é o Lampião e Maria Bonita; um cantinho supercharmoso que oferece panquecas e tapiocas deliciosas é o Tapitanga. Perdoe-me, caro leitor, o fato de eu ter esquecido o nome do restaurante onde, mais de uma vez, comi uma macaxeira com galinha guisada que era supimpa – eis um ponto de referência: o restaurante fica ao lado da Casa do Artesão. Ah, lembrei: Restaurante São João.



Casa do Artesão



Entrada ( esplanada ) da Fortaleza da Barra


Quando busquei a Fortaleza da Barra Grande fui adentrando nela carregando um sentimento de tristeza e desapontamento que só fez aumentar à medida que eu caminhava por suas dependências. Apesar de ser um monumento histórico tombado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), a construção apresenta um aspecto de quase total abandono. Digo quase porque na capelinha – que horror aquela cerâmica que assentaram no piso dela! – ainda são ministradas missas; e o farol instalado ali recebe manutenção periódica. De resto, tudo lá compõe um quadro de enorme desprezo para com a história. Observar estruturas desmoronando me fez  pensar qual era a razão de ser do tombamento promovido pela Fundarpe.






Praça das armas da Fortaleza da Barra com o farol ao fundo


Nesta foto e nas que seguem abaixo outros aspectos da fortaleza














O farol


Capela da Fortaleza da Barra











Por que a Fundarpe deixou que a Fortaleza da Barra ficasse neste estado?













É na orla que Tamandaré revela a beleza e as atrações que fazem com que tantos turistas busquem suas águas. Caminhando na beira-mar eu percorri todas as suas praias: Mamucabinha, da Boca da Barra do Forte, de Tamandaré, das Campas e a mais famosa delas, a dos Carneiros.










Navegar é preciso. Pescar também














Foi na Praia dos Carneiros que eu e o fotógrafo Ernani Neves embarcamos numa lancha de um rapaz muito atencioso chamado Carlos Alberto, o Betinho, a fim de passearmos por aquelas águas na área de confluência dos rios de três municípios: Tamandaré, Rio Formoso e Serinhaém. Na Praia de Guadalupe, em Serinhaém, nos cobrimos com uma argila que dizem que faz bem a pele.











Nosso piloto Carlos Alberto, o Betinho



Os catamarãs estavam cheios nesse dia


Uma das piscinas naturais






A multidão chegando para se lambuzar com argila na Praia de Guadalupe


Caranguejos com cérebro





Aqui estou eu numa das piscinas naturais
























É encantador ver peixinhos nas piscinas naturais que se formam na maré vazante; e revigorante mergulhar na calmaria daquelas águas.





Igreja de São Pedro





Capela de São José de Botas








Capela de São Benedito


Eis a correntinha que eu achei enterrada na areia defronte à capela






Estas fotos foram feitas num dia chuvoso








A paisagem praieira de Tamandaré é pontuada por três graciosas construções eclesiásticas: a Capela de São José de Botas – que está carecendo de uma ação de restauro -, a Igreja de São Pedro e a Capela de São Benedito, na frente da qual achei uma correntinha com imagens de santos que Ernani tratou logo de pedir para pendurar no retrovisor do carro.



O vendedor de coco Natalício José: "Ôssi"



Eu e Natalício






Durante a caminhada paramos para tomar água de coco. O vendedor, Natalício José – salve tamanha simpatia! -, se demorou numa animada conversa conosco. O seu modo de dizer “Ôxe” – ele diz algo como “Ôssi” – arrancou risos de nós e ficou ecoando em nossos ouvidos quando deles nos despedimos.






A paisagem de coqueiros me lembra os registros fotográficos de Alcir Lacerda









Praia dos Carneiros


Em que pese a ação do poder público em coibir a construção de paredões com vistas a supostamente proteger das ondas casas e demais edificações, alguns cidadãos que se acham mais cidadãos que os outros, insistem em querer fazer do espaço público um usufruto privado, cercando áreas, impedindo o livre trânsito dos caminhantes. Completamente reprovável isso. Cabe às autoridades reprimir essa situação, bem como promover a ordenação de barracas na orla, porque, cá para nós, aqueles mucambos feiosos que se fizeram na Praia do Forte não poderiam ser mantidos em lugar nenhum, que dirá numa paisagem como aquela.




























Ter desfrutado alguns dias em Tamandaré pode não ter me dado a exata dimensão do prazer que dizem que o Alcir Lacerda sentia ao buscar refúgio naquele lugar tão aprazível; mas incutiu em mim um desejo de, sempre que for possível, voltar para lá.



Ernani, Betinho e eu: Au revoir!

3 comentários:

  1. Boa noite! Gostaria de um feed back seu da praia de camucabinha,vou de férias e encontrei casas interessantes por aquela zona, Seria uma boa praia para crianças e quanto a tubarões, já ouvi falar a en recife aparece muito, aquela praia e mar aberto?

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    1. Cara Grazy, até onde eu sei não há registros de ataques de tubarões em Tamandaré. Esses ataques têm ocorrido nas praias do Recife

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    2. E nas praias da cidade vizinha, Jaboatão dos Guararapes

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