A verdade incômoda que vem amiúde sendo mostrada por
especialistas e vivenciada por muitos de nós – eu, por exemplo, concluí o
Segundo Grau, que hoje é denominado de Ensino Médio, numa escola na qual
cheguei a ficar semestres sem ter professor de uma e outra disciplina -, diz
que a educação formal que é oferecida pela maioria dos estabelecimentos de
ensino da rede pública e por um número considerável dos da rede particular
deste país, não é de boa qualidade, não
pode justificar a ausência da implantação da educação patrimonial nos
currículos desses lugares de compartilhamento e difusão de conhecimentos.
Difundir a educação patrimonial desde cedo nas escolas,
amplia consideravelmente a chance de convivermos com cidadãos comprometidos com
a proteção e salvaguarda do patrimônio histórico, artístico e cultural.
Conscientizar crianças e jovens em idade escolar, desde os primeiros anos,
possibilita que eles desenvolvam um sentimento de responsabilidade para com o
patrimônio a partir do entendimento de que tais bens são frutos de nossas
vivências e das dos nossos antepassados; e que o patrimônio representa fases
e/ou etapas da evolução humana.
Penso que uma maneira bastante adequada de começar a
propagar a ideia de preservação nas aulas de educação patrimonial é fazer um
paralelo, uma comparação entre a “memória familiar" ou "particular” e a “memória
coletiva”. Podemos mostrar aos estudantes que, do mesmo modo como guardamos em
nossas casas objetos, fotografias e documentos a respeito de nós e dos nossos
parentes, porque julgamos que eles são importantes a partir do momento que
ajudam a contar a história da família à qual pertencemos, existem lugares –
como museus, centros culturais, arquivos públicos, bibliotecas – que guardam
objetos, fotografias e documentos que dizem respeito a toda sociedade; e que,
ao preservá-los, garantimos que elementos de um passado coletivo, de um passado
que é de todos, não sejam perdidos.
A noção de patrimônio compreende uma porção de coisas –
materiais e imateriais -; e cabe ao exercício permanente de uma educação
patrimonial difundir o valor desses elementos desmistificando a visão – infelizmente ainda hoje disseminada
por certas correntes preservacionistas – de que todo e qualquer bem patrimonial
material é intocável; e que só cabe a uns poucos a tarefa de preservá-los.
Rua da Aurora, Recife – PE, 24 de novembro de 2013. Os sobrados aqui retratados estão há muitos anos abandonados, tendo o Rio Capibaribe como testemunha dessa degradação.
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