9 de abril de 2014

Música é vital

Por Clênio Sierra de Alcântara




Fotos: Beto Hees e o autor do texto                Beto Hees, Lia de Itamaracá  e  Marde Ricarde, tio de Beto                                                                                                   


Creio que já escrevi isso em algum lugar, não recordo com certeza. Bom, se escrevi e me repito agora não tem problema, porque há tempos aprendi que quando repetimos uma ideia – um pensamento, um ponto de vista, uma postura, etc. - na qual acreditamos, isso revela quão apegados a ela nós somos. O fato é que costumo dizer que três forças impulsionam fundamentalmente a minha vida: a música, a leitura e a escrita.





Toinho, eu e Lia




Na noite de segunda-feira da semana passada fui, juntamente com Lia de Itamaracá, Toinho, Beto Hees e Pitanga, acompanhar a festa do 5º Prêmio da Música de Pernambuco, organizado por George Luis e promovido pela Associação dos Cantores e Intérpretes de Pernambuco (ACINPE), que teve lugar no charmoso Cinema São Luiz do Recife.





Lia dando entrevista



A Banda Capitão Zuzinha animando a noite de festa




Em pleno 31 de março, dia em que o Brasil inteiro relembrava o acontecimento da Ditadura militar decretado há cinquenta anos, ouvir um fragmento da Banda Capitão Zuzinha, que é formada pelo efetivo da Polícia Militar, tocar “Garota de Ipanema” e “How deep is your love” foi algo que, como diria o locutor da propaganda de um conhecido cartão de crédito, não teve preço.

A Banda Capitão Zuzinha foi uma das atrações do concorrido evento que contou ainda com apresentações bastante aplaudidas de Luciano Magno, Edilza, Vaginaldo Rosi, que cantou “A raposa e as uvas”, do incrível Jeová da Gaita, um veteraníssimo de oitenta anos de idade que tocou brilhantemente a “Bachiana nº 5” de Heitor Villa-Lobos, entre outros. Uma das homenageadas da noite, minha sereia negra Lia de Itamaracá, não perdeu a oportunidade de empunhar o microfone para animar a assistência cantando “Quem me deu foi Lia”.


 







 

A plateia, que acompanhava entusiasmada a alegria estampada nos rostos dos premiados em várias categorias – cd coletânea, programa de televisão, cd de reggae, programa de rádio, cd de frevo (e eu não posso deixar de registrar aqui a presença na festa do também homenageado, o grande intérprete e divulgador do frevo que é Claudionor Germano), cd gospel, etc -, também aplaudiu de modo efusivo os pertinentes protestos que alguns dos personagens da cena musical ousaram fazer na ocasião. Ademir Araújo, o Maestro Formiga, levantou a voz contra a falta de políticas públicas para o artista popular que comumente é deixado em segundo plano nos grandes eventos promovidos pelo estado e pelas prefeituras, recebendo cachês medíocres; e a certa altura declarou: “O artista popular não deve ir aos gabinetes e, sim, ser buscado”. Por seu turno, esse cearense pernambucanizado que é Alcimar Monteiro, bradou contra o fato de a Secretaria de Cultura da Cidade do Recife haver lhe prometido apoio para a produção de um dvd e depois tê-lo deixado na mão.


 


Toinho, Lia, Beto e Alcimar Monteiro



O cenário do Cinema São Luiz é uma atração à parte

 

Lia e Alcimar



As falas do Maestro Formiga, de Alcimar Monteiro e de Israel Filho – Israel convidou a todos para a audiência pública que ocorreria na Assembleia Legislativa, ainda neste mês [a audiência ocorreu ontem], na qual seria cobrado dos ilustres deputados apoio para que se determine que os artistas locais tenham prioridade no recebimento de cachês quando contratados para eventos públicos – deixaram evidentes algumas contradições na condução das políticas culturais de um Pernambuco que é vendido para o restante do país como uma “nação multicultural”.





Pitanga e eu

 
A estrela da noite, Lia, e eu de novo


 
Todo mundo atento acompanhando a relação dos premiados








Alegria, descontração – a performance de Vaginaldo Rossi foi bem divertida – e até a lembrança triste da perda irreparável de Dominguinhos e Reginaldo Rossi, marcaram a noite melodiosa daquela segunda-feira, na qual a música foi a protagonista absoluta.


 



Lia recebe o seu troféu e, claro, canta

 






Música é essência sem contra-indicações; e algo tão necessário para a vida que nos pode ser ministrada mesmo quando estamos felizes.







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