16 de setembro de 2015

Crônicas de ônibus (IV)

Por Clênio Sierra de Alcântara



Fotos: do autor      Av. Nossa Senhora de Copacabana - Copacabana - Rio de Janeiro, outubro de 2014


Algo que aprendi desde cedo foi que devemos olhar com atenção os avisos que são postos em diferentes lugares, como margens de rodovias, edificações, halls e salas de recepção, etc., as placas, os cartazes e toda ordem de linguagem comunicativa de antemão nos põem de imediato com esclarecimentos para que possamos saber como agir nas mais diversas situações.

Em todos os veículos que integram o sistema de transporte púbico de passageiros no Brasil são postos mais de um indicativo para marcar os chamados “assentos preferenciais”, que são aqueles reservados para idosos, gestantes e mulheres com criança de colo, deficientes físicos e mentais e obesos. Às vezes além da informação textual e dos adesivos com desenhos afixados nos vidros das janelas ou noutros pontos, esses assentos recebem uma cor diferenciada com relação aos demais. Ainda assim não é raro encontrar indivíduos que se sentam nessas poltronas e dela só saem na hora do desembarque ainda que se encontrem de pé nos coletivos pessoas para as quais elas foram destinadas.
















No vai e vem por esse país afora já presenciei inúmeros bate-bocas e xingamentos por causa da ocupação dos ditos “assentos preferenciais”. Alguns infratores têm a cara-de-pau de solenemente ignorar a presença do público preferencial sem dar nenhuma bola para eventuais protestos contra a conduta deles. Há mesmo uns mais descarados que chegam a fingir que estão dormindo para não saírem dos lugares que ocuparam indevidamente.














Dia desses eu acompanhei uma discussão exaltada entre um senhor idoso, que estava de pé, e um jovem rapaz que se encontrava ocupando uma das cadeiras solitárias do lado oposto ao do motorista, junto à porta:

- Você tem o que para ficar sentado aí?, o idoso falou.
- Eu tô doente, senhor.
- E cadê tua carteira?
- Tá aqui...
- Cadê? Me mostre!
- Eu não tenho que mostrar nada ao senhor, não. Na hora certa eu mostro ao motorista.
- Estás de conversa, rapaz. Tu não tem carteira e nem doença nenhuma e fica ocupando o lugar dos outros...
- Senhor, eu não vou discutir com o senhor, não. Eu tô doente e pronto.

















Vendo que estava perdendo seu tempo com o bate-boca, o idoso, ainda assim, não se conformou com o fato e ficou a resmungar no seu canto talvez pensando que o jovem fosse reconsiderar sua atitude e desocupar o assento, algo que não aconteceu.























































Deve-se ficar claro – e alguns ônibus também trazem este esclarecimento – que o público em geral não está proibido de ocupar os “assentos preferenciais”. Como estabelece o regulamento e o bom senso de cada um, essa ocupação pode ser feita desde que não haja no coletivo nenhuma pessoa para a qual eles foram concebidos. Simples assim.


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