17 de dezembro de 2015

A retórica da destruição está silenciando o acalanto: um retrato da Rua da Areia

Por Clênio Sierra de Alcântara


Fotos: Arquivo do autor 
      Tudo o que se observa de deterioração do patrimônio edificado da Rua da Areia reflete o descaso do poder público para com um acervo arquitetônico que representa uma das maiores riquezas da cidade

A imagem ou as imagens de uma cidade que se condensam em nossa memória podem não ser necessariamente as que foram e ainda são registradas em cartões-postais. Os flagrantes imagéticos que guardamos de um espaço urbano pode ser o de um beco escuro, o de um jardim mal cuidado, o de uma ponte sobre um rio poluído, o de um prédio antigo em estado de ruína. Cada fragmento do tecido citadino contribui para formar um imenso panorama que nos revela a complexidade de uma urbe.

Ao percorrer, atento, as ruas de uma cidade antiga – pelo menos é e essa a motivação que me chega – eu tendo a procurar ler no casario que a preenche, a história daquele lugar, buscando enxergar nas velhas construções não apenas as sobrevivências do passado, coo também a própria alma da cidade, em geral, e das ruas, em particular. Mas será que as ruas têm alma? João do Rio, o famoso cronista do Rio de Janeiro dos tempos da belle époque acreditava que sim – e eu também acredito -; numa de suas narrativas mais conhecidas, o dândi pontificou:

Oh! Sim, as tuas têm alma! Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas sinistras, ruas nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem história, ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira, ruas guerreiras, revoltosas, medrosas, spleenéticas, snobs, ruas aristocráticas, ruas amorosas, ruas covardes, que ficam sem pinga de sangue [...]. (1)

Quando, em agosto passado, eu fui à capital da Paraíba – a terceira cidade mais antiga do Brasil – a fim de mais uma vez percorrer a Rua da Areia, agora com o propósito de retratá-la para este artigo, foi com a prosa de João do rio na cabeça que eu busquei me apropriar da atmosfera e da dimensão física e simbólica daquele logradouro. Infelizmente eu ainda não possuo uma – como é que eu diria? – carga de pertencimento àquele espaço igual à de alguém que mora nele ou que por ele transita frequentemente. Mas, assim como de Pernambuco, eu carrego comigo um quinhão da Paraíba aonde quer que eu vá; eu tenho procurado perscrutar a história urbana da capital paraibana como quem se interessa pelo histórico do seu próprio chão.

Localizada no sítio onde a cidade começou a tomar forma no último quartel do século XVI – o bairro do Varadouro, também conhecido historicamente como Cidade Baixa – no outeiro contíguo às margens do Rio Sanhauá, a Rua da Areia é uma das mais antiga e representativas do quadro da evolução urbana da capital paraibana que, cronologicamente, antes de atender por João Pessoa, se chamou Cidade de Nossa Senhora das Neves, Filipeia de Nossa Senhora das Neves Frederica e Paraíba. A dimensão histórica dessa rua não se dá apenas pelo expressivo casario que data do período Imperial e dos primeiros anos da República; deve-se ter em conta, além disso, o tanto de memória urbana que ela carrega enquanto cenário de acontecimentos significativos para a própria dimensão de identidade da cidade.

Em 1850, de acordo com um levantamento realizado pela Câmara Municipal, a capital paraibana contava 1.084 casas, inclusive 39 sobrados – dois deles na Rua da Areia. Leiamos a descrição enunciada por Wellington Aguiar no livro Cidade de João Pessoa: a memória do tempo:

A rua que mais imóveis possuía era a das convertidas (Maciel Pinheiro): 129; logo em seguida vinham a Rua Direita (Duque de Caxias), com 123, a da Areia, com 84, a da Lagoa, com 72 e a Rua Nova (General Osório) com 65 residências. A Rua das Trincheiras, mesmo já sendo comprida como é nos dias que correm, só tinha 44 casas; menos que a do Tambiá, possuidora de 45. (2)

O levantamento referenciado ganha ainda mais relevo quando se tem em conta que, antes que a década seguinte findasse, a Cidade Baixa compunha-se apenas de dezesseis artérias, entre ruas, becos e travessas.

Nomeado em 3 de setembro de 1857, no dia 6 de dezembro tomou posse como presidente da província o Tenente-coronel Henrique de Beaurepaire Rohan. Demonstrando possuir grande capacidade administrativa, já no ano seguinte Beaurepaire Rohan elaborou um extenso relatório certamente com vista a nortear as ações do seu governo. Entre as várias abordagens – abastecimento d’água, a necessidade de se dar um basta nos sepultamentos que se faziam nas igrejas, etc. – que o documento examinado pelo arquiteto-historiador José Luiz Mota Menezes trazia, uma delas se referia justamente a abertura de novas ruas. Leiamos um trecho breve do relatório:

Os arruamentos nesta cidade nunca foram nem ainda estão sujeitos a plano algum quer em relação aos alinhamentos, quer em relação ao nivelamento; cada um edifica a vontade e dahi resulta esse labyrinto em que se vai sensivelmente convertendo a cidade [...] Ja dei principio a abertura de uma nova rua no alinhamento do quartel e hospital militar, a qual partindo da rua d’areia deve prolongar-se até a rua da Imperatriz [...]. (3)

Ser tomada como uma das referências dentro de um projeto de reestruturação urbana denota como a Rua da Areia adquirira impressão numa cidade que por essa época contava com cerca de 25 mil habitantes. E, quando da visita do imperador Dom Pedro II, ocorrida em dezembro de 1859, na ocasião em que diversos logradouros da capital foram atapetados com junco e folhas de canela e pitanga, foi a Rua da Areia um dos itinerários do préstito imperial, e, para tanto se engalanou toda para receber o ilustríssimo visitante. Do livro Presença de D. Pedro II na Paraíba, de Maurílio de Almeida, Wellington Aguiar reproduziu o fragmento seguinte:

Seguiu [o préstito imperial] pela Rua da Areia, em cujo termo se achava colocado outro arco de triunfo estilo gótico com 3 arcadas sobre pilastras, tendo a do centro 18 palmos de largura e as laterais dez, sendo uma elevação pouco superior a sua largura.
Aí saíram ao encontro vinte meninas todas vestidas de branco com as suas charpas representando cada uma delas uma das províncias do Império e ofereceram a SS.MM. dois buquês de flores. (4)

Ao que parece foi em virtude de uma determinação datada de 9 de junho de 1870 que a Rua da Areia teve o seu nome mudado para Barão da Passagem que, evidentemente, não caiu no gosto popular, que continuou a chamá-la pelo nome antigo. Walfredo Rodríguez que, além de ter escrito algumas das linhas mais memoráveis e encantadoras sobre a história da capital da Paraíba, reuniu um acervo fotográfico sobre a sua amada cidade que é admirável para dizer o mínimo, nos diz que a mudança do nome foi uma homenagem a Delfim de Carvalho, Capitão-de-mar-e-guerra, herói da Passagem do Humaitá, na Guerra do Paraguai. (5)

Se houve um período em que, para o lado sul, a Rua da Areia apresentava acanhadamente os seus “cinco sentidos” – segundo Juarez Batista, tratava-se de “cinco casinhas iguais e modestas que iniciaram o arruamento na parte sul” (6) -, posteriormente ela foi num crescendo espantoso, vendo serem erguidos prédios portentosos, alguns revestidos de azulejos, outros com muxarabis e folhas de rótulas.

Antes que chegasse o século XX, a Rua da Areia se convertera em cenário para um dos mais concorridos carnavais da cidade. Os bondes puxados a burro era um dos acontecimentos que marcavam o dia a dia dos seus moradores... Mas as mudanças eram prementes. Alguns estabelecimentos comerciais ocupavam um e outro prédio da rua. As transformações operavam também o surgimento de novos usos e costumes. Na colaboração que fez para o Livro do Nordeste, organizado por Gilberto Freyre em comemoração aos cem anos de existência do Diario de Pernambuco, e que foi lançado no recife em 1925, Adhemar Vidal revelou, no entanto, que, embora as ruas tivessem perdido muito do seu pitoresco, continuavam a oferecer “aspectos interessantes da vida provinciana”: vacas eram tangidas suavemente para abastecer de leite muitas casas burguesas; e durante todo o dia vendedores ambulantes circulavam por elas oferecendo seus produtos. (7) Contudo, era só uma questão de tempo para que até essas resistências fossem sumindo da paisagem urbana. A cidade principiou a ser remodelada com vistas a se “adequar” às demandas do novo século. Monumentos foram postos abaixo. E as buzinas dos automóveis ditaram um ritmo mais apressado para as lidas cotidianas.

Na minha busca por testemunhos sobre a Rua da Areai, encontrei, em conjunto, o que se pode chamar de “narrativa das perdas”. Mira-se o passado como um exercício de lamento pelo que deixou de existir. Evoca-se também uma determinada época como “matéria de saudade”. Leiamos alguns relatos:

O proprietário de armazém em grosso vinha trazendo a família rua acima, subindo pela Viração, em busca da planície. E a rua da Areia foi se tornando zona qualificada, lugar de gente boa, onde moravam os irmãos Castro, Adolfo Eugênio Soares, Haron e Camilo Chan, João Rodolfo Gomes e outras pessoas de maior destaque na sociedade parahybana [...]. (8)

Na narrativa que acabo de transcrever, Juarez Batista recorda não somente um cenário, bem como alguns dos atores que nele atuavam; é nessa mesma linha que se enquadra o depoimento que Raul Ferreira Aguiar fez para o livro Uma cidade de quatro séculos, organizado por José Octávio e Wellington Aguiar. Vejamos:

A rua da Areia inteiramente residência, era habitada pela melhor gente, tanto quanto a rua Nova (General Osório) e a rua Direita (Duque de Caxias) [...] Residiam na rua da Areia da minha infância, estas pessoas que me lembro bem: Nielsen Soares (pai do desembargador Hélio Soares); Walfredo Rodríguez (posteriormente diretor do Teatro Santa Rosa); Arthur Paiva (cônsul português); a família Bugart, a do pintor Santa Rosa Júnior e a de Oscar Soares. (9)

Walfredo Rodríguez que, para citar um rol enorme de pessoas que provavelmente residiam na Rua da Areia – digo provavelmente porque até mesmo nos dias de hoje não é incomum que, por razões as mais diversas, indivíduos informem como sendo pessoal, endereços de parentes e/ou conhecidos – recorreu a dados de um alistamento eleitoral de 1898, recordou ainda no seu imprescindível Roteiro sentimental de uma cidade, a passagem de cegos cantores portugueses pela rua de famílias de prestígio nos derradeiros anos do século XIX:

Revejo-os, na Rua da Areia, comandados por José Saraiva, o mais velho do grupo, que conduzia, por uma das mãos, a fila de 10 homens com os instrumentos a tiracolo, enquanto, com a outra, segurava o braço do companheiro que seguia em frente [...]

Paravam na esquina do sobrado de Ioiô Carvalho e, formados em círculo, depois de afinarem os instrumentos, soltavam os primeiros acordes da música típica da velha Lisboa da Mouraria e dos beirais:

        “Chorai, fadistas, chorai...
          Que a S’vera morreu... [...]. (10)


Além disso, afora a sede da Loja Maçônica Grande Oriente da Paraíba, fundada em 1980 e instalada no imóvel nº 265, a Rua da Areia abrigava o Teatro Coliseu, o primeiro teatro particular da capital, cujo edifício se encontra atualmente abandonado.

Mas não eram tão somente as unidades residenciais que movimentavam a Rua da Areia. Havia um comércio pulsante que a ligava à vocação comercial de praticamente toda a Cidade Baixa. Durante algum tempo no prédio nº 135 funcionaram os escritórios da fábrica de tecidos do Tibiri. Na casa de nº 20, um certo Francisco Sabella mantinha uma pequena “venda”; e na de nº 2 se encontrava o sapateiro Bento de Lucena. (11)

O advogado e escritor Álfio Ponzi, que nasceu numa casa da Rua Maciel Pinheiro, uma das mais agitadas artérias do Varadouro, nos legou algumas das páginas mais intensas e pungentes que eu já li a respeito da capital paraibana. A brevidade de sua narrativa não tirou dela a amplitude e riqueza de pormenores que exibe. Álfio Ponzi que, pouco antes de falecer aos setenta e um anos, sentenciou que “A angústia contemporânea não conseguirá jamais sufocar a vocação romântica da Paraíba”, foi um dos poucos homens do seu tempo que mais profundamente compreenderam que, sim, as ruas realmente têm alma. Foi da pena de Álfio que saiu o registro que vou transcrever agora:

No final da rua Maciel Pinheiro, em cruzamento com a Rua da Arei, o Borromeu exibia a prosperidade do seu negócio de bebidas e lanches, os comerciantes decidindo quem pagava a cerveja no “bozó”, um copo de couro com alguns dados e figuras equivalentes às cartas do baralho, formando jogadas de “pôquer” [creio que esse Borromeu talvez seja o mesmo Carlos Borromeu que possuíra uma fábrica de gelo que faliu e de quem Álfio fala em outro trecho da narrativa].

Encontro fechada a antiga fábrica de Tito Silva, na rua da Areia, com o seu pioneirismo de finos vinhos de caju [...] O célebre vinho “Celeste” que exibia uma quadrinha no rótulo: “o beijo que tu me destes tem o sabor inocente, que uma taça do ‘Celeste’ deixa nos lábios da gente”. (12)

Em nota de rodapé do eu livro Excursão pelo reino das trovas, o poeta Guimarães Barreto recordou um dos personagens marcantes que povoavam o famoso logradouro:

O barbeiro Manoca tinha seu salão na Rua da Areia, em frente à Rua Maciel Pinheiro. Era um pardavasco baixo, de bigodes ralos e caídos, circunspecto. Nesse salão cortava cabelos, fazia barbas e extraía dentes. Em 1905 fui levado à sua presença para que ele me arrancasse um dos grandes molares permanentes, que os meus julgavam dente de leite e se estragara, não permitindo ser tirado pelo meio então usado: um cordel feito de linha de carretel, que amarrava o dente, puxado depois com com um sacalão. Ele extraiu-o e admirou-se. Cousa esquesita ! (sic) Um dente de muda com raízes! Assim eram os conhecimentos dentários daquele Fígaro remanescente da época do Brasil-Império. (13)

Faça hoje o leitor um passeio pela Rua da Areia como o que eu fiz no último dia 7 de agosto, dois dias depois de a capital paraibana – que é, repito, a terceira cidade mais antiga do país – ter completado 430 anos de existência. Você verá como também naquele logradouro que diz tanto da evolução urbana do importante e expressivo sítio histórico, vem acumulando ruínas a exemplo do que se verifica na Rua Duque de Caxias, na Rua das Trincheiras, na Av. João Machado e na Av. João Suassuna, evidenciando um completo e total descaso para com a preservação do patrimônio histórico da cidade.

Comecei a percorrer a Rua da Areia a partir da Praça Antenor Navarro. O abandono de alguns edifícios é tal que, no mês de julho, parte de um imponente sobrado localizado na esquina da Rua da Areia com a Rua Henrique Siqueira desabou. Outros prédios tiveram suas fachadas descaracterizadas fazendo feia figura no conjunto do casario.

Observa-se que a ocupação da Rua da Areia, além de residências, conta ainda com vários estabelecimentos comerciais como capotarias, bares e, principalmente, gráficas. Os cabarés, as “casas de recursos” que fizeram a fama da Rua Maciel Pinheiro e de outros logradouros – a prostituição ainda persiste em parte do Varadouro – da Cidade Baixa também se instalaram na Rua da Areia: bem próximo à Casa do Estudante, funciona um estabelecimento onde ocorrem “shows” de strip-tease, o Cida Bar Strip Dance - de sua janela uma mocinha sorriu para mim provocativa e insinuante.

Tanto quanto o descuido para com a conservação do patrimônio edificado que se observa na Rua da Areia, a presença de um monstruoso viaduto para automóveis, que foi erguida sobre ela já nas proximidades da Praça Aristides Lobo, é por si só a prova inconteste de como o poder público com discursos prenhes de uma “retórica da destruição” e empunhando as bandeiras da modernidade e do progresso, lança seus tentáculos deformadores sobre as áreas de ocupação mais antiga das cidades; sem se importar com os testemunhos do passado que elas encerram, impõe-se como justificativa para a supressão dos vestígios da história as imperiosas e nunca satisfeitas necessidades do presente, sobretudo as vinculadas ao tráfego de veículos e à especulação imobiliária. Contudo, a pressão por renovação que se diz ser inerente à natureza do fenômeno urbano, pode até vigorar e valer para as outras áreas da cidade, não para o seu sítio histórico.

Dado o desprezo com o qual vêm sendo tratados os edifícios antigos da Rua da Areia, em particular, e de todo o centro histórico da capital paraibana, em geral, logo, logo à “retórica da destruição” se juntarão o lamento, a tristeza e o choro de todos aqueles que poderiam ter se mobilizado para salvar a cidade e se mantiveram indiferentes assistindo ao acúmulo das ruínas e das perdas.

A voz do poeta Jomar Morais de Souto no Itinerário lírico da cidade de João Pessoa anuncia:

E a haste crescendo,
subindo no tempo,
na Rua da Areia,
na igreja de São Bento,
na Praça da Pedra,
nas telhas escuras,
no suor dos homens
a raspar os muros
para caiar o acalanto. (14)

Acalanto nenhum fará a cidade dormir tranquila depois que a enorme vaga de destruição se lançar sobre ela. O conhecimento da realidade nos leva a crer que, no ritmo de arrasamento que a toma, tudo o que existe na Rua da Areia como testemunho do passado se encaminha não para virar areia propriamente dita, e, sim, pó.




Notas

1-    João do Rio. A alma encantadora das ruas, p. 54-55. A propósito leiamos o que escreveu Antônio Freire sobre isso: "As ruas, como as pessoas, possuem a sua alma, representada nos costumes, no comportamento da população, que durante o dia enche as artérias da cidade. É a sociologia popular praticada expontaneamente (sic) pelos aglomerados humanos". Antônio Freire. "A alma das ruas". In Visões de uma época, p. 161.

2-    Wellington Aguiar. Cidade de João Pessoa, p. 80. Na página 39 do seu estudo A Cidade da Parahyba na época da Independência, Archimedes Cavalcanti destacou: "Não deixemos escapar um detalhe curioso: uma mata fechada separava a Rua da Areia da Rua Nova..." [que é a atual Av. General Osório]. Recorrendo a mestre Coriolano de Medeiros, ainda no seu estudo Cidade de João Pessoa, Wellington Aguiar nos diz que a denominação Rua da Areia foi devido o fato de que, sendo em declive, as enxurradas dos tempos chuvosos faziam acumular um vasto lençol de areia no sopé (p. 182). Vale dizer que ela também já se chamou Barão da Passagem.

3-    Apud. José Luiz Mota Menezes. Algumas notas a respeito da evolução urbana de João Pessoa, p. 21 e 23.

4-    Apud. Wellington Aguiar. Op. cit. p. 103.

5-   Walfredo Rodríguez. Roteiro sentimental de uma cidade, p. 35. Em que pese a resistência popular para conservar o nome primitivo da rua, tudo leva a crer que ele foi retomado por uma determinação de 28 de janeiro de 1892.

6-    Juarez Batista. Caminhos, sombras e ladeiras, p. 20.

7-    Adhemar Vidal. “Um seculo de vida parahybana (1825-1925). In Gilberto Freyre (org.). Livro do Nordeste, p. 141.

8-    Juarez Batista. Op. cit., p. 20.

9-    Raul Ferreira. “Cidade pequena e quiete”. In Wellington Aguiar & José Octávio. Uma cidade de quatro séculos, p. 210.

10-  Walfredo Rodríguez. Op. cit., p. 169. A respeito dos nomes das pessoas ver as páginas 77 e 78.

11-  Id. ibid., p. 54 e 55.

12-  Álfio Ponzi. “Paisagem e costumes, tempo e espaço”. In Wellington Aguiar & José Octávio. Op. cit., p. 220 2 227. A Fábrica de Vinhos de Caju, primeira do ramo do Nordeste, foi fundada em 1892, por Tito Henrique da Silva, permaneceu como manufatura até 1917; três anos depois, com o aumento da comercialização, foram importados maquinários e erguido o prédio vistoso na Rua da Areia para abrigar sua sede. Enfrentando crises, a empresa encerrou suas atividades em 1984; e a sua sede foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Na crônica "Bodas de diamante" incluída em sua obra Visões de uma época (Op. cit., p. 101-102), Antônio Freire nos conta que Tito Silva foi um dos fundadores do jornal A União; e que os tais versos impressos nos rótulos das garrafas do vinho são de autoria do poeta Luiz Tavares - e ele os cita com esta configuração: 
O beijo que tu me deste
Teve o sabor inocente
       Que uma taça de "celeste"
        Deixa nos lábios da gente.


13- Apud. Archimedes Cavalcanti. Op. cit., p. 40. 


14-  Jomar Morais de Souto. Itinerário lírico da cidade de João Pessoa, p. 43.


Referências bibliográficas

ALMEIDA, José Américo de. Cidade de João Pessoa – Roteiro de ontem e de hoje. João Pessoa: Prefeitura Municipal, 2005.

AGUIAR, Wellington. Cidade de João Pessoa: a memória do tempo. 3ª ed. João Pessoa: Ideia, 2002.

AGUIAR, Wellington & OCTÁVIO, José. Uma cidade de quatro séculos – Evolução e roteiro. João Pessoa: Governo do estado da Paraíba, 1985.

BATISTA, Juarez. Caminhos, sombras e ladeiras – Esboço de perfil de cidade do Nordeste brasileiro. João Pessoa: A União Editora, 1951.

CAVALCANTI, Archimedes. A Cidade da Parahyba na época da Independência (Aspectos sócio-econômicos, culturais e urbanísticos em volta de 1822). João Pessoa: Imprensa Universitária, 1972.

2 séculos da cidade – Passeio retrospectivo (1870-1930). Acervo Walfredo Rodríguez. João Pessoa, s. ed., s. d.

FREIRE, Antônio. Visões de uma época. João Pessoa: Gráfica Comercial Ltda., 1969.

FREYRE, Gilberto (org.). Livro do Nordeste (comemorativo do 1º centenário do Diario de Pernambuco). 2ª ed. Recife: Arquivo Público Estadual, 1979.

LEAL, José (org.). Guia informativo da cidade de João Pessoa. João Pessoa: Prefeitura Municipal, 1967.

MAIA, Doralice Sátyro. Ruas, casa e sobrados da cidade histórica: entre ruínas e embelezamentos, os antigos e os novos usos. Diez años de câmbios en el mundo, en las Ciencias Sociales, 1999-2008. Actas del X Colóquio Internacional de Geocrítica. Universidad de Barcelona, 26-30 de mayo de 2008. http://www.ub.es/geocrit/-xcol/150.htm.

MENEZES, José Luiz Mota. Algumas notas a respeito da evolução urbana de João Pessoa. Recife: Pool, 1985.

RIO, João do. A alma encantadora das ruas. Raúl Antelo (org.). São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

RODRÍGUEZ, Walfredo. Roteiro sentimental de uma cidade. São Paulo: Editora Brasiliense, 1962.

SOUTO, Jomar Morais de. Itinerário lírico da cidade de João Pessoa. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1977.



É bastante nítida a falsa percepção de que a cidade, de um modo geral, tem de se curvar ao império dos automóveis. As autoridades parecem não se dar conta de que a circulação de veículos automotivos é o fator de maior desgaste para todo o tecido urbano. Carros quererão sempre mais espaço





Este sobrado, um dos poucos que ainda restaram na Rua da Areia, daqui a alguns meses certamente irá desaparecer da paisagem, dado o seu avançado grau de deterioração





O charmoso edifício que abrigava a Fábrica de Vinhos Tito Silva





Prédios antigos abandonados e entregues à própria sorte nos dão conta de que o poder público tem negligenciado o cuidado para com o patrimônio histórico da cidade









Aqui e ali a Rua da Areia revela o quanto o seu casario está degradado


Nesta e nas duas fotos seguintes, flagrantes do imponente sobrado que fica na esquina da Rua da Areia com a Rua Henrique Siqueira. No mês de julho parte de sua estrutura desabou. A Rua da Areia está agonizando






















Nesta foto e na seguinte, dois aspectos do estado de abandono em que se encontra o prédio do Teatro Coliseu, o primeiro teatro particular da capital paraibana











A Loja Maçônica Grande Oriente da Paraíba está instalada neste imponente prédio, que é um dos mais bonitos da rua





A perda do patrimônio histórico também se verifica nas constantes modificações que são feitas nos prédios


A modernidade tão celebrada é a grande responsável por ir paulatinamente destruindo as edificações da parte antiga da capital paraibana

















Nesta casa ocorrem os shows de striptease







A Casa do Estudante



A Rua da Areia vista a partir do lado sul






O  viaduto monstruoso que corta a Rua da Areia e carros e mais carros: desse jeito não há sítio histórico que aguente



Mais um prédio em estado de abandono




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