Por Clênio Sierra de Alcântara
A imagem ou as imagens de uma cidade que se condensam em nossa memória podem não ser necessariamente as que foram e ainda são registradas em cartões-postais. Os flagrantes imagéticos que guardamos de um espaço urbano pode ser o de um beco escuro, o de um jardim mal cuidado, o de uma ponte sobre um rio poluído, o de um prédio antigo em estado de ruína. Cada fragmento do tecido citadino contribui para formar um imenso panorama que nos revela a complexidade de uma urbe.
Ao percorrer, atento, as
ruas de uma cidade antiga – pelo menos é e essa a motivação que me chega – eu
tendo a procurar ler no casario que a preenche, a história daquele lugar, buscando
enxergar nas velhas construções não apenas as sobrevivências do passado, coo
também a própria alma da cidade, em geral, e das ruas, em particular. Mas será
que as ruas têm alma? João do Rio, o famoso cronista do Rio de Janeiro dos
tempos da belle époque acreditava que sim – e eu também acredito -; numa de
suas narrativas mais conhecidas, o dândi pontificou:
Oh!
Sim, as tuas têm alma! Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas sinistras, ruas
nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem história,
ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira, ruas
guerreiras, revoltosas, medrosas, spleenéticas, snobs, ruas aristocráticas, ruas
amorosas, ruas covardes, que ficam sem pinga de sangue [...]. (1)
Quando, em agosto passado,
eu fui à capital da Paraíba – a terceira cidade mais antiga do Brasil – a fim
de mais uma vez percorrer a Rua da Areia, agora com o propósito de retratá-la
para este artigo, foi com a prosa de João do rio na cabeça que eu busquei me
apropriar da atmosfera e da dimensão física e simbólica daquele logradouro.
Infelizmente eu ainda não possuo uma – como é que eu diria? – carga de
pertencimento àquele espaço igual à de alguém que mora nele ou que por ele
transita frequentemente. Mas, assim como de Pernambuco, eu carrego comigo um
quinhão da Paraíba aonde quer que eu vá; eu tenho procurado perscrutar a
história urbana da capital paraibana como quem se interessa pelo histórico do
seu próprio chão.
Localizada no sítio onde a
cidade começou a tomar forma no último quartel do século XVI – o bairro do
Varadouro, também conhecido historicamente como Cidade Baixa – no outeiro
contíguo às margens do Rio Sanhauá, a Rua da Areia é uma das mais antiga e
representativas do quadro da evolução urbana da capital paraibana que,
cronologicamente, antes de atender por João Pessoa, se chamou Cidade de Nossa
Senhora das Neves, Filipeia de Nossa Senhora das Neves Frederica e Paraíba. A
dimensão histórica dessa rua não se dá apenas pelo expressivo casario que data
do período Imperial e dos primeiros anos da República; deve-se ter em conta,
além disso, o tanto de memória urbana que ela carrega enquanto cenário de
acontecimentos significativos para a própria dimensão de identidade da cidade.
Em 1850, de acordo com um
levantamento realizado pela Câmara Municipal, a capital paraibana contava 1.084
casas, inclusive 39 sobrados – dois deles na Rua da Areia. Leiamos a descrição
enunciada por Wellington Aguiar no livro Cidade
de João Pessoa: a memória do tempo:
A
rua que mais imóveis possuía era a das convertidas (Maciel Pinheiro): 129; logo
em seguida vinham a Rua Direita (Duque de Caxias), com 123, a da Areia, com 84,
a da Lagoa, com 72 e a Rua Nova (General Osório) com 65 residências. A Rua das
Trincheiras, mesmo já sendo comprida como é nos dias que correm, só tinha 44
casas; menos que a do Tambiá, possuidora de 45. (2)
O levantamento referenciado
ganha ainda mais relevo quando se tem em conta que, antes que a década seguinte
findasse, a Cidade Baixa compunha-se apenas de dezesseis artérias, entre ruas,
becos e travessas.
Nomeado em 3 de setembro de 1857, no dia 6 de dezembro tomou posse como presidente da província o Tenente-coronel Henrique de Beaurepaire Rohan. Demonstrando possuir grande capacidade administrativa, já no ano seguinte Beaurepaire Rohan elaborou um extenso relatório certamente com vista a nortear as ações do seu governo. Entre as várias abordagens – abastecimento d’água, a necessidade de se dar um basta nos sepultamentos que se faziam nas igrejas, etc. – que o documento examinado pelo arquiteto-historiador José Luiz Mota Menezes trazia, uma delas se referia justamente a abertura de novas ruas. Leiamos um trecho breve do relatório:
Os
arruamentos nesta cidade nunca foram nem ainda estão sujeitos a plano algum
quer em relação aos alinhamentos, quer em relação ao nivelamento; cada um
edifica a vontade e dahi resulta esse labyrinto em que se vai sensivelmente
convertendo a cidade [...] Ja dei principio a abertura de uma nova rua no
alinhamento do quartel e hospital militar, a qual partindo da rua d’areia deve
prolongar-se até a rua da Imperatriz [...]. (3)
Ser tomada como uma das
referências dentro de um projeto de reestruturação urbana denota como a Rua da
Areia adquirira impressão numa cidade que por essa época contava com cerca de
25 mil habitantes. E, quando da visita do imperador Dom Pedro II, ocorrida em
dezembro de 1859, na ocasião em que diversos logradouros da capital foram
atapetados com junco e folhas de canela e pitanga, foi a Rua da Areia um dos
itinerários do préstito imperial, e, para tanto se engalanou toda para receber
o ilustríssimo visitante. Do livro Presença
de D. Pedro II na Paraíba, de Maurílio de Almeida, Wellington Aguiar
reproduziu o fragmento seguinte:
Seguiu
[o préstito imperial] pela Rua da Areia, em cujo termo se achava colocado outro
arco de triunfo estilo gótico com 3 arcadas sobre pilastras, tendo a do centro
18 palmos de largura e as laterais dez, sendo uma elevação pouco superior a sua
largura.
Aí
saíram ao encontro vinte meninas todas vestidas de branco com as suas charpas
representando cada uma delas uma das províncias do Império e ofereceram a
SS.MM. dois buquês de flores. (4)
Ao que parece foi em virtude
de uma determinação datada de 9 de junho de 1870 que a Rua da Areia teve o seu
nome mudado para Barão da Passagem que, evidentemente, não caiu no gosto
popular, que continuou a chamá-la pelo nome antigo. Walfredo Rodríguez que,
além de ter escrito algumas das linhas mais memoráveis e encantadoras sobre a
história da capital da Paraíba, reuniu um acervo fotográfico sobre a sua amada
cidade que é admirável para dizer o mínimo, nos diz que a mudança do nome foi uma
homenagem a Delfim de Carvalho, Capitão-de-mar-e-guerra, herói da Passagem do
Humaitá, na Guerra do Paraguai. (5)
Se houve um período em que,
para o lado sul, a Rua da Areia apresentava acanhadamente os seus “cinco
sentidos” – segundo Juarez Batista, tratava-se de “cinco casinhas iguais e
modestas que iniciaram o arruamento na parte sul” (6) -, posteriormente ela foi num crescendo espantoso, vendo serem
erguidos prédios portentosos, alguns revestidos de azulejos, outros com
muxarabis e folhas de rótulas.
Antes que chegasse o século
XX, a Rua da Areia se convertera em cenário para um dos mais concorridos
carnavais da cidade. Os bondes puxados a burro era um dos acontecimentos que
marcavam o dia a dia dos seus moradores... Mas as mudanças eram prementes.
Alguns estabelecimentos comerciais ocupavam um e outro prédio da rua. As
transformações operavam também o surgimento de novos usos e costumes. Na
colaboração que fez para o Livro do
Nordeste, organizado por Gilberto Freyre em comemoração aos cem anos de
existência do Diario de Pernambuco, e
que foi lançado no recife em 1925, Adhemar Vidal revelou, no entanto, que,
embora as ruas tivessem perdido muito do seu pitoresco, continuavam a oferecer
“aspectos interessantes da vida provinciana”: vacas eram tangidas suavemente
para abastecer de leite muitas casas burguesas; e durante todo o dia vendedores
ambulantes circulavam por elas oferecendo seus produtos. (7) Contudo, era só uma questão de tempo para que até essas
resistências fossem sumindo da paisagem urbana. A cidade principiou a ser
remodelada com vistas a se “adequar” às demandas do novo século. Monumentos
foram postos abaixo. E as buzinas dos automóveis ditaram um ritmo mais
apressado para as lidas cotidianas.
Na minha busca por
testemunhos sobre a Rua da Areai, encontrei, em conjunto, o que se pode chamar
de “narrativa das perdas”. Mira-se o passado como um exercício de lamento pelo
que deixou de existir. Evoca-se também uma determinada época como “matéria de
saudade”. Leiamos alguns relatos:
O
proprietário de armazém em grosso vinha trazendo a família rua acima, subindo
pela Viração, em busca da planície. E a rua da Areia foi se tornando zona
qualificada, lugar de gente boa, onde moravam os irmãos Castro, Adolfo Eugênio
Soares, Haron e Camilo Chan, João Rodolfo Gomes e outras pessoas de maior
destaque na sociedade parahybana [...]. (8)
Na narrativa que acabo de
transcrever, Juarez Batista recorda não somente um cenário, bem como alguns dos
atores que nele atuavam; é nessa mesma linha que se enquadra o depoimento que
Raul Ferreira Aguiar fez para o livro Uma
cidade de quatro séculos, organizado por José Octávio e Wellington Aguiar.
Vejamos:
A
rua da Areia inteiramente residência, era habitada pela melhor gente, tanto
quanto a rua Nova (General Osório) e a rua Direita (Duque de Caxias) [...]
Residiam na rua da Areia da minha infância, estas pessoas que me lembro bem:
Nielsen Soares (pai do desembargador Hélio Soares); Walfredo Rodríguez
(posteriormente diretor do Teatro Santa Rosa); Arthur Paiva (cônsul português);
a família Bugart, a do pintor Santa Rosa Júnior e a de Oscar Soares. (9)
Walfredo Rodríguez que, para
citar um rol enorme de pessoas que provavelmente residiam na Rua da Areia –
digo provavelmente porque até mesmo nos dias de hoje não é incomum que, por
razões as mais diversas, indivíduos informem como sendo pessoal, endereços de
parentes e/ou conhecidos – recorreu a dados de um alistamento eleitoral de
1898, recordou ainda no seu imprescindível Roteiro sentimental de uma cidade, a
passagem de cegos cantores portugueses pela rua de famílias de prestígio nos
derradeiros anos do século XIX:
Revejo-os,
na Rua da Areia, comandados por José Saraiva, o mais velho do grupo, que
conduzia, por uma das mãos, a fila de 10 homens com os instrumentos a tiracolo,
enquanto, com a outra, segurava o braço do companheiro que seguia em frente
[...]
Paravam
na esquina do sobrado de Ioiô Carvalho e, formados em círculo, depois de
afinarem os instrumentos, soltavam os primeiros acordes da música típica da
velha Lisboa da Mouraria e dos beirais:
“Chorai, fadistas, chorai...
Que a S’vera morreu... [...]. (10)
Além disso, afora a sede da Loja Maçônica Grande Oriente da Paraíba, fundada em 1980 e instalada no imóvel nº 265, a Rua da Areia abrigava o Teatro Coliseu, o primeiro teatro particular da capital, cujo edifício se encontra atualmente abandonado.
Além disso, afora a sede da Loja Maçônica Grande Oriente da Paraíba, fundada em 1980 e instalada no imóvel nº 265, a Rua da Areia abrigava o Teatro Coliseu, o primeiro teatro particular da capital, cujo edifício se encontra atualmente abandonado.
Mas não eram tão somente as
unidades residenciais que movimentavam a Rua da Areia. Havia um comércio
pulsante que a ligava à vocação comercial de praticamente toda a Cidade Baixa.
Durante algum tempo no prédio nº 135 funcionaram os escritórios da fábrica de
tecidos do Tibiri. Na casa de nº 20, um certo Francisco Sabella mantinha uma
pequena “venda”; e na de nº 2 se encontrava o sapateiro Bento de Lucena. (11)
O advogado e escritor Álfio
Ponzi, que nasceu numa casa da Rua Maciel Pinheiro, uma das mais agitadas
artérias do Varadouro, nos legou algumas das páginas mais intensas e pungentes
que eu já li a respeito da capital paraibana. A brevidade de sua narrativa não
tirou dela a amplitude e riqueza de pormenores que exibe. Álfio Ponzi que,
pouco antes de falecer aos setenta e um anos, sentenciou que “A angústia
contemporânea não conseguirá jamais sufocar a vocação romântica da Paraíba”,
foi um dos poucos homens do seu tempo que mais profundamente compreenderam que,
sim, as ruas realmente têm alma. Foi da pena de Álfio que saiu o registro que
vou transcrever agora:
No
final da rua Maciel Pinheiro, em cruzamento com a Rua da Arei, o Borromeu
exibia a prosperidade do seu negócio de bebidas e lanches, os comerciantes
decidindo quem pagava a cerveja no “bozó”, um copo de couro com alguns dados e
figuras equivalentes às cartas do baralho, formando jogadas de “pôquer”
[creio que esse Borromeu talvez seja o mesmo Carlos Borromeu que possuíra uma
fábrica de gelo que faliu e de quem Álfio fala em outro trecho da narrativa].
Encontro
fechada a antiga fábrica de Tito Silva, na rua da Areia, com o seu pioneirismo
de finos vinhos de caju [...] O célebre vinho “Celeste” que exibia uma
quadrinha no rótulo: “o beijo que tu me destes tem o sabor inocente, que uma
taça do ‘Celeste’ deixa nos lábios da gente”. (12)
Em nota de rodapé do eu livro Excursão pelo reino das trovas, o poeta Guimarães Barreto recordou um dos personagens marcantes que povoavam o famoso logradouro:
O barbeiro Manoca tinha seu salão na Rua da Areia, em frente à Rua Maciel Pinheiro. Era um pardavasco baixo, de bigodes ralos e caídos, circunspecto. Nesse salão cortava cabelos, fazia barbas e extraía dentes. Em 1905 fui levado à sua presença para que ele me arrancasse um dos grandes molares permanentes, que os meus julgavam dente de leite e se estragara, não permitindo ser tirado pelo meio então usado: um cordel feito de linha de carretel, que amarrava o dente, puxado depois com com um sacalão. Ele extraiu-o e admirou-se. Cousa esquesita ! (sic) Um dente de muda com raízes! Assim eram os conhecimentos dentários daquele Fígaro remanescente da época do Brasil-Império. (13)
Faça hoje o leitor um
passeio pela Rua da Areia como o que eu fiz no último dia 7 de agosto, dois
dias depois de a capital paraibana – que é, repito, a terceira cidade mais
antiga do país – ter completado 430 anos de existência. Você verá como também
naquele logradouro que diz tanto da evolução urbana do importante e expressivo
sítio histórico, vem acumulando ruínas a exemplo do que se verifica na Rua
Duque de Caxias, na Rua das Trincheiras, na Av. João Machado e na Av. João
Suassuna, evidenciando um completo e total descaso para com a preservação do
patrimônio histórico da cidade.
Comecei a percorrer a Rua da
Areia a partir da Praça Antenor Navarro. O abandono de alguns edifícios é tal
que, no mês de julho, parte de um imponente sobrado localizado na esquina da
Rua da Areia com a Rua Henrique Siqueira desabou. Outros prédios tiveram suas
fachadas descaracterizadas fazendo feia figura no conjunto do casario.
Observa-se que a ocupação da
Rua da Areia, além de residências, conta ainda com vários estabelecimentos
comerciais como capotarias, bares e, principalmente, gráficas. Os cabarés, as
“casas de recursos” que fizeram a fama da Rua Maciel Pinheiro e de outros logradouros
– a prostituição ainda persiste em parte do Varadouro – da Cidade Baixa também
se instalaram na Rua da Areia: bem próximo à Casa do Estudante, funciona um
estabelecimento onde ocorrem “shows”
de strip-tease, o Cida Bar Strip Dance - de sua janela uma
mocinha sorriu para mim provocativa e insinuante.
Tanto quanto o descuido para
com a conservação do patrimônio edificado que se observa na Rua da Areia, a
presença de um monstruoso viaduto para automóveis, que foi erguida
sobre ela já nas proximidades da Praça Aristides Lobo, é por si só a prova
inconteste de como o poder público com discursos prenhes de uma “retórica da
destruição” e empunhando as bandeiras da modernidade e do progresso, lança seus
tentáculos deformadores sobre as áreas de ocupação mais antiga das cidades; sem
se importar com os testemunhos do passado que elas encerram, impõe-se como
justificativa para a supressão dos vestígios da história as imperiosas e nunca
satisfeitas necessidades do presente, sobretudo as vinculadas ao tráfego de
veículos e à especulação imobiliária. Contudo, a pressão por renovação que se
diz ser inerente à natureza do fenômeno urbano, pode até vigorar e valer para
as outras áreas da cidade, não para o seu sítio histórico.
Dado o desprezo com o qual
vêm sendo tratados os edifícios antigos da Rua da Areia, em particular, e de
todo o centro histórico da capital paraibana, em geral, logo, logo à “retórica
da destruição” se juntarão o lamento, a tristeza e o choro de todos aqueles que
poderiam ter se mobilizado para salvar a cidade e se mantiveram indiferentes
assistindo ao acúmulo das ruínas e das perdas.
A voz do poeta Jomar Morais
de Souto no Itinerário lírico da cidade
de João Pessoa anuncia:
E
a haste crescendo,
subindo
no tempo,
na
Rua da Areia,
na
igreja de São Bento,
na
Praça da Pedra,
nas
telhas escuras,
no
suor dos homens
a
raspar os muros
para
caiar o acalanto. (14)
Acalanto nenhum fará a
cidade dormir tranquila depois que a enorme vaga de destruição se lançar sobre
ela. O conhecimento da realidade nos leva a crer que, no ritmo de arrasamento
que a toma, tudo o que existe na Rua da Areia como testemunho do passado se
encaminha não para virar areia propriamente dita, e, sim, pó.
Notas
1-
João do Rio. A alma encantadora das ruas, p. 54-55. A propósito leiamos o que escreveu Antônio Freire sobre isso: "As ruas, como as pessoas, possuem a sua alma, representada nos costumes, no comportamento da população, que durante o dia enche as artérias da cidade. É a sociologia popular praticada expontaneamente (sic) pelos aglomerados humanos". Antônio Freire. "A alma das ruas". In Visões de uma época, p. 161.
2-
Wellington Aguiar. Cidade de João Pessoa, p. 80. Na página 39 do seu estudo A Cidade da Parahyba na época da Independência, Archimedes Cavalcanti destacou: "Não deixemos escapar um detalhe curioso: uma mata fechada separava a Rua da Areia da Rua Nova..." [que é a atual Av. General Osório]. Recorrendo a mestre Coriolano de Medeiros, ainda no seu estudo Cidade de João Pessoa, Wellington Aguiar nos diz que a denominação Rua da Areia foi devido o fato de que, sendo em declive, as enxurradas dos tempos chuvosos faziam acumular um vasto lençol de areia no sopé (p. 182). Vale dizer que ela também já se chamou Barão da Passagem.
3-
Apud. José Luiz Mota Menezes. Algumas notas a respeito da evolução urbana
de João Pessoa, p. 21 e 23.
4-
Apud. Wellington Aguiar. Op. cit. p. 103.
5- Walfredo Rodríguez. Roteiro sentimental de uma cidade, p. 35. Em que pese a resistência
popular para conservar o nome primitivo da rua, tudo leva a crer que ele foi
retomado por uma determinação de 28 de janeiro de 1892.
6-
Juarez Batista. Caminhos, sombras e ladeiras, p. 20.
7-
Adhemar Vidal. “Um seculo de vida parahybana
(1825-1925). In Gilberto Freyre (org.). Livro
do Nordeste, p. 141.
8-
Juarez Batista. Op. cit., p. 20.
9-
Raul Ferreira. “Cidade pequena e quiete”. In
Wellington Aguiar & José Octávio. Uma
cidade de quatro séculos, p. 210.
10- Walfredo Rodríguez. Op. cit., p. 169. A
respeito dos nomes das pessoas ver as páginas 77 e 78.
11- Id. ibid., p. 54 e 55.
12- Álfio Ponzi. “Paisagem e costumes, tempo e
espaço”. In Wellington Aguiar & José Octávio. Op. cit., p. 220 2 227. A Fábrica de Vinhos de Caju, primeira do ramo do Nordeste, foi fundada em 1892, por Tito Henrique da Silva, permaneceu como manufatura até 1917; três anos depois, com o aumento da comercialização, foram importados maquinários e erguido o prédio vistoso na Rua da Areia para abrigar sua sede. Enfrentando crises, a empresa encerrou suas atividades em 1984; e a sua sede foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Na crônica "Bodas de diamante" incluída em sua obra Visões de uma época (Op. cit., p. 101-102), Antônio Freire nos conta que Tito Silva foi um dos fundadores do jornal A União; e que os tais versos impressos nos rótulos das garrafas do vinho são de autoria do poeta Luiz Tavares - e ele os cita com esta configuração:
O beijo que tu me deste
Teve o sabor inocente
Que uma taça de "celeste"
Deixa nos lábios da gente.
13- Apud. Archimedes Cavalcanti. Op. cit., p. 40.
14- Jomar Morais de Souto. Itinerário lírico da cidade de João Pessoa, p. 43.
Referências bibliográficas
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AGUIAR, Wellington. Cidade de João Pessoa: a memória do tempo.
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CAVALCANTI, Archimedes. A Cidade da Parahyba na época da Independência (Aspectos sócio-econômicos, culturais e urbanísticos em volta de 1822). João Pessoa: Imprensa Universitária, 1972.
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2
séculos da cidade – Passeio retrospectivo (1870-1930).
Acervo Walfredo Rodríguez. João Pessoa, s. ed., s. d.
FREIRE, Antônio. Visões de uma época. João Pessoa: Gráfica Comercial Ltda., 1969.
FREIRE, Antônio. Visões de uma época. João Pessoa: Gráfica Comercial Ltda., 1969.
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MAIA, Doralice Sátyro. Ruas, casa e sobrados da cidade histórica:
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Barcelona, 26-30 de mayo de 2008. http://www.ub.es/geocrit/-xcol/150.htm.
MENEZES, José Luiz Mota. Algumas notas a respeito da evolução urbana
de João Pessoa. Recife: Pool, 1985.
RIO, João do. A alma encantadora das ruas. Raúl Antelo
(org.). São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
RODRÍGUEZ, Walfredo. Roteiro sentimental de uma cidade. São Paulo:
Editora Brasiliense, 1962.
SOUTO, Jomar Morais de. Itinerário lírico da cidade de João Pessoa.
João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1977.
Este sobrado, um dos poucos que ainda restaram na Rua da Areia, daqui a alguns meses certamente irá desaparecer da paisagem, dado o seu avançado grau de deterioração |
O charmoso edifício que abrigava a Fábrica de Vinhos Tito Silva |
Prédios antigos abandonados e entregues à própria sorte nos dão conta de que o poder público tem negligenciado o cuidado para com o patrimônio histórico da cidade |
Aqui e ali a Rua da Areia revela o quanto o seu casario está degradado |
Nesta foto e na seguinte, dois aspectos do estado de abandono em que se encontra o prédio do Teatro Coliseu, o primeiro teatro particular da capital paraibana |
A Loja Maçônica Grande Oriente da Paraíba está instalada neste imponente prédio, que é um dos mais bonitos da rua |
A perda do patrimônio histórico também se verifica nas constantes modificações que são feitas nos prédios |
A modernidade tão celebrada é a grande responsável por ir paulatinamente destruindo as edificações da parte antiga da capital paraibana |
Nesta casa ocorrem os shows de striptease |
A Casa do Estudante |
A Rua da Areia vista a partir do lado sul |
O viaduto monstruoso que corta a Rua da Areia e carros e mais carros: desse jeito não há sítio histórico que aguente |
Mais um prédio em estado de abandono |
lamentável
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