Por Clênio Sierra de Alcântara
Foto: internet Brasília é o lugar onde tudo se trama contra a ordem e o progresso do Brasil |
Certamente a cega
militância do Partido dos Trabalhadores (PT) esperava que fosse ver o seu
idolatrado Luiz Inácio Lula da Silva – e para ela, ele é impoluto, honesto,
correto, íntegro, bom caráter, benfeitor e por aí vai, ou seja, é praticamente
uma dessas criaturas que a Igreja Católica canoniza e transforma em santo –
tripudiando sorridente sobre as ações investigativas do Ministério Público na
cerimônia que ocorreu ontem pela manhã, em Brasília, a capital onde tudo se
trama contra a ordem e o progresso do Brasil, na qual ele tomou posse como
ministro chefe da Casa Civil. Mas o que se viu foi um Luiz Inácio Lula da Silva
abatido e inegavelmente triste, porque sabia, é de se imaginar, que a manobra
marota da presidente Dilma Rousseff visando à blindagem dele, com o foro
privilegiado, no final das contas não iria alterar fundamentalmente a realidade
que diz que ele está enrolado até o pescoço com a Justiça.
A cegueira da militância
petista, o seu empenho em se agarrar a dogmas partidários, a sua fúria lupina
contra tudo e contra todos que apontam os malfeitos do “grande homem” e o
esforço que empreende para qualificar de honesta a desonestidade não irão
modificar o que dizem os autos do processo em curso, nem fazer com que os fatos
passem a ser narrados em favor do “grande líder”. Não adianta tentar
desqualificar o árduo e eficiente trabalho do juiz Sergio Moro, dos promotores
e de todo o staff do Ministério
Público e da Polícia Federal; não adianta queimar em praça pública edições das
revistas Veja e IstoÉ; não adianta chamar Reinaldo Azevedo de fariseu; não adianta
nada disso, porque não foram essas pessoas e nem essas instituições que criaram
as malfeitorias que levaram petistas de alta patente para detrás das grades, não
foram elas que se mancomunaram para se locupletar em transações que resultaram
nos escândalos do mensalão e do petrolão e nem foram elas que se puseram a
promover traficâncias junto a empreiteiras com o fito de encher as suas burras.
Quando era oposição tudo era
legítimo para as hordas petistas, que se tinham como paladinos da justiça, da
moralidade e dos bons costumes. Era legítimo, por exemplo, protocolar, amiúde,
pedidos de impeachment contra
Fernando Henrique Cardoso, mas hoje, sendo vidraça e não pedra, impeachment para elas é golpismo. Era
legítimo, também, apontar no Congresso Nacional os picaretas que compunham a
situação, enquanto que agora às picaretagens em que se meteram elas deram o
nome de desvio de conduta.
Depois de várias tentativas
frustradas de chegar à Presidência da República, os petistas se deram conta de
que o tom virulento e retrógrado dos seus discursos não iria levá-los a lugar
nenhum; e se puseram a aparar arestas e a limar os excessos retóricos. E não só
isso. Com um projeto de poder bem delineado, eles foram formando alianças com
todos aqueles que eles execravam ou faziam de conta que execravam. Assim foi
que eles estenderam as mãos e trouxeram para junto de si algumas das figuras da
vida política brasileira que seguramente entram em qualquer lista que se fizer
relacionando o que de pior passou pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, como
Paulo Maluf, Fernando Collor de Melo e Renan Calheiros.
Alguém pode dizer que foi a
partir dessas alianças que o senhor Luiz Inácio Lula da Silva e os seus
asseclas começaram a se perder. Que nada, tudo foi feito de caso pensado porque
o PT, ao que parece, sempre foi, desde a sua formação, uma farsa que tomou
corpo, que cresceu e conseguiu ludibriar milhões de brasileiros –
principalmente os mais despossuídos – que, não é de hoje, não podem ver um
sujeito barbudo, como Antônio Conselheiro, que saem atrás pensando que
encontraram o Messias. O discurso socialista de igualdade social e desapego
material era a maior das mentiras, vide a dinheirama que inundou as contas
bancárias de petistas graduados, o gosto refinado que passaram a ostentar
quando chegaram ao poder e a vida nababesca que eles vêm mantendo. A retórica
da honestidade era só para tirar os incautos de tempo enquanto eles agiam nos
bastidores tomando parte em negociações que lhes rendessem uma boa grana. Já
dizia a minha avó Conceição: “- Quem se junta com os porcos, farelo come”. E
como engordaram os tais porquinhos fuçando e se apropriando do dinheiro do
povo, esse mesmo povo que eles vivem a alardear que tiraram da miséria
oferecendo um cartão do Bolsa Família, enquanto eles acumularam cifras
milionárias em bancos. Socialismo de Estado é isso aí.
Quem, excetuando-se a turba
petista e os sanguessugas postos por eles em alguma sinecura, acredita que um
sujeito centralizador, controlador, dominador, impositivo, cheio de si e metido
inteiramente nas entranhas do Governo, como o senhor Luiz Inácio Lula da Silva,
acredita que este cidadão não sabia o que os seus “companheiros” estavam a
tramar para enriquecerem pessoalmente e ao mesmo tempo quebrarem o Brasil? Quem
é que pode acreditar que o senhor Luiz Inácio Lula da Silva esteve o tempo todo
alheio aos trambiques, às negociatas, aos ilícitos e às roubalheiras que se
processavam bem embaixo do seu nariz?
O prefeito de Santo André
Celso Daniel, petista, foi assassinado e a vida seguiu. José Dirceu foi
condenado e preso e a vida seguiu. Rosemary Noronha e Erenice Guerra foram
pegas vendendo conveniências usando o nome do Governo e a vida seguiu. Fábio
Luís e Luís Cláudio, filhos do senhor Luiz Inácio Lula da Silva, receberam
dinheiro de empresas sabe-se lá por que e a vida seguiu. A Petrobras comprou
uma refinaria sucateada nos Estados Unidos amargando um prejuízo absurdo e a
vida seguiu. Altos funcionários de grandes empreiteiras – empreiteiras essas
que pagaram milhões de reais ao senhor Luiz Inácio Lula da Silva para que ele
proferisse palestras – foram investigados, condenados e presos por terem
promovido desvio de dinheiro da Petrobras e a vida seguiu. A normalidade dos
governos petistas tem sido marcada por sucessivos casos de corrupção e eles se lançam
a pôr a culpa nos outros e nas elites – de quais elites eles falam, eu não sei
– “que não se conformam em ver pobre andando de avião e comprando casa”, como
eles ficam a repetir. O país está mergulhado numa crise econômica que a cada
dia se agrava e a militância petista vive a procurar um inimigo para chamar de
seu algoz.
Como se não tivesse tanto o
que fazer para tentar recolocar o país nos eixos do progresso e do
desenvolvimento econômico e social – ou será que ela acredita que distribuir
mais cartões do Bolsa Família fará com que a economia brasileira se recupere do
marasmo em que se encontra? -, a presidente Dilma Rousseff perde seu tempo
gastando o quase nada de prestígio que lhe resta, defendendo o “companheiro”
Luiz Inácio Lula da Silva que continua negando, jurando de pés juntos que não é
o proprietário de um tríplex no Guarujá e nem de uma chácara em Atibaia, apesar
das evidências dizerem o contrário, segundo as investigações do Ministério
Público. A megalomania do senhor Luiz Inácio Lula da Silva deve fazê-lo pensar
que está acima das instituições e da lei.
O PT e a sua militância
radical em vez de responder aos questionamentos partem para o ataque físico e
verbal. Atribuem à oposição, à imprensa e ao escambal os males todos em que
estão metidos, acusando-os de serem os responsáveis pela convulsão social em
que o país se encontra. Os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado,
Renan Calheiros, estão sendo investigados pela prática de crimes. Diligências caminham
na direção de nomes graúdos da oposição, revelando que não é só o PT que está arruinando
este país. Mas as instituições são maiores do que todos eles e haverão de ser
preservadas.
Não perco mais o meu tempo
batendo boca com os sanguessugas e com os idólatras petistas e menos ainda com
os pobres coitados dependentes do Bolsa Família e quetais, desde que eu fui
hostilizado por um deles dias atrás, ocasião em que um sujeito se dirigiu a mim
nestes termos:
- Você é um grande canalha!
Partindo de quem partiu isso
me soou até como um elogio. Mesmo assim eu não deixei por menos e rebati:
- Mas eu não pedi penico e
nem reivindiquei foro privilegiado.
(Artigo publicado também in O Monitor [Garanhuns], nº 184, março de 2016, Opinião, p. 2).
(Artigo publicado também in O Monitor [Garanhuns], nº 184, março de 2016, Opinião, p. 2).
Nenhum comentário:
Postar um comentário