Quiero mi Cuba libre pa' que la gente pueda/ Pa' que mi gente pueda bailar... (Cuba libre - Emilio Estefan/Gloria Estefan) |
Durante décadas uma tirania
de cunho socialista se estabeleceu numa pequena ilha do Caribe chamada Cuba e
dali soprou seu pólen pernicioso com o fito de conseguir fecundar outras
paragens. Instituída com uma ação à primeira vista nobre de derrubar o governo
ditatorial de Fulgêncio Batista, não demorou para que a estupidez, metida em
uniformes militares, começasse a dizer ao povo cubano a que realmente viera. Caso
seja verdade, como sustentam alguns, que Fidel Castro, o comandante-em-chefe
dos rebeldes, não rezava, em princípio, pela cartilha do socialismo e só depois
de promovida a deposição de Batista foi que ele enveredou por esse caminho, é,
no mínimo, espantoso que o ideário que tanto estrago já causara na então
existente União Soviética com muita pressa tenha se tornado o farol dos seus
desígnios.
Ao lado de Che Guevara e
Camilo Cienfuegos, Fidel Castro figurou como um ícone de resistência ao
demonizado capitalismo que para eles parecia ser resumido na existência dos
Estados Unidos. E é inegável o modo como o governo tirano por ele implantado na
ilha caribenha influenciou a esquerda latino-americana, em geral, e a
brasileira, em particular. Não foi para outra coisa que homens e mulheres, como
a senhora Dilma Rousseff, que adora posar chorona ao relembrar seu tempo de
guerrilheira, como se estivesse naquela época pensando na defesa dos valores
democráticos e libertários para a sociedade, pegaram em armas e saíram por aí
querendo derrubar a sanguinária ditadura militar brasileira; a intenção era
fazer do Brasil uma outra Cuba; era implantar aqui o mesmo regime cerceador da
liberdade e confiscador da democracia que Fidel e os seus cupinchas impuseram
aos cubanos.
Enquanto vivia recebendo
gordos auxílios financeiros do regime soviético, o chefe absoluto conseguia
mascarar a realidade dura de uma existência absolutamente controlada, exibindo
Cuba como uma potência esportiva e um lugar onde os sistemas de saúde e de
educação eram mesmo de boa qualidade. Mas aí veio o colapso da União Soviética;
e o dito demônio capitalista continuou mantendo o embargo econômico que pouco a
pouco foi definhando o Davi que tinha a pretensão de, como na narrativa
bíblica, derrotar o Golias. Ainda assim, Fidel e os seus asseclas continuaram
resistindo e levando adiante a defesa dos seus ideais tresloucadamente, talvez,
pensando que eles eram compartilhados por toda a população cubana. E o que se
viu foi uma onda sempre crescente de prisões de dissidentes políticos; fugas
arriscadas de cubanos que buscavam viver como gente nas terras do “Inimigo do
Norte”; escassez de alimentos; arruinamento das cidades – Havana parece que
está parada no tempo, como se fosse uma relíquia do período colonial -; e o
inevitável enfraquecimento de tudo aquilo que a propaganda socialista vendia ao
mundo como legitimação para a permanência do regime castrista.
Talvez seja um exagero
daqueles bem estapafúrdios dizer que Cuba serviu também com um laboratório de
experiências crudelíssimas como o foram os gulags
nas extintas Repúblicas Socialistas Soviéticas e os campos de fome da República
Popular da China. Mas não podemos deixar de enquadrar a proibição do direito de
ir e vir e do livre pensar como duas das maiores atrocidades que se podem
cometer contra a existência de qualquer cidadão; e, quanto a isso, Cuba foi e
continua sendo um cenário de prática desses horrores, porque, recordando George
Orwell, a “revolução dos bichos” institui a tirania como medida suprema para
que os tiranos usufruam do bem bom da vida enquanto o povo amarga o sofrimento
da aniquilação da individualidade e se resigna na esperança de que dias
melhores virão.
Certamente levará bastante
tempo para que o povo cubano consiga dormir tranquilamente porque como um
fantasma, como um monstro das fábulas infantis e não mais como um defensor daquele
“espectro” de que falavam Karl Marx e Friedrich Engels em O manifesto comunista, a figura caduca e senil de Fidel Castro,
metida num uniforme verde endurecido com muita goma, haverá de lhes aparecer em
sonho, como se fosse uma maldição que precisará de alguma maneira ser
exorcizada para que, enfim, o viver com dignidade e sem imposições de quem quer
que seja volte a ser possível na ilha. Para tanto, infelizmente, além desse
exorcismo os cubanos ainda terão de ver desaparecer - e/ou mudar o rumo da
governança - o senhor Raúl Castro e os que permanecessem aliados com ele.
A um mundo que aspira ao
predomínio da paz, da tolerância e do respeito à dignidade humana, tiranos não
fazem falta nenhuma.
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