Por Clênio Sierra de Alcântara
Foto: internet Histrião? Falastrão? Mr. Donald Trump parece não estar nem aí para as consequências que suas determinações possam provocar nas relações dos Estados Unidos com o resto do mundo |
Pelo menos como presidente,
Mr. Donald Trump não está se comportando como homem de duas palavras – ao menos não até agora. Já nos seus primeiros dias como mandatário da maior potência
econômica e bélica do planeta, ele deixou evidente que não está disposto a
conversas fiadas que tirem de sua cabeça a execução das promessas de campanha.
Ao que parece nada será
capaz de dissuadi-lo dos seus propósitos de, segundo ele, fazer os Estados
Unidos great again. Ainda há pouco
ele determinou o estabelecimento de restrições à entrada de estrangeiros em seu
país, provocando uma onda de protestos pelo mundo afora. Mr Trump acredita
piamente que impedir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos livrará seu
país de ataques terroristas. E, deixando claro que não tolerará de forma alguma
atos de desobediência dentro do seu governo, de pronto ele demitiu Sally Yates,
secretária de Justiça interina, que se recusou a cumprir a ordem de barrar a
entrada de imigrantes. Mr.Trump, talvez, esteja querendo transformar a Casa
Branca num cenário daquele programa televisivo – O aprendiz – que ele protagonizava anos atrás, cujo bordão era: “Você
está demitido!”.
Ainda é muito cedo para que
se projete um horizonte sombrio para os Estados Unidos a partir desse início de
governo de Mr. Trump. Contudo, não se pode negar que, caso ele ponha mesmo em
prática uma política unilateralista e isolacionista, pensando que isso fará com
que a nação norte-americana se torne “grande de novo”, como prega o evangelho
marqueteiro dele, é de se esperar que ocorra uma reação em cadeia contrariando
os seus propósitos. Não se espera que a China e os países da zona do euro, por
exemplo, engulam a seco as propostas dele no campo da economia que, como tudo
indica, redundará em diretrizes duramente protecionistas que, decerto, causarão
impactos consideráveis em economias, como a chinesa, muito atreladas que estão
à dos Estados Unidos.
Para além do campo econômico,
que é o principal, sem dúvida, o novo presidente norte-americano também tem se
mostrado disposto a querer comprar briga com outros países no que diz respeito
às relações institucionais. O presidente mexicano Enrique Peña Nieto vem
expressando o seu desconforto para com o tal anúncio de Mr. Trump de querer que
o México pague o custo da construção de um muro na fronteira entre os dois
países, intencionando com essa obra impedir e/ou dificultar a entrada de imigrantes ilegais em
solo norte-americano; logo o México, que tem um histórico de perdas
territoriais para os Estados Unidos.
Rediscutir a assinatura de
tratados econômicos; redesenhar, por assim dizer, as esferas das relações
externas; rever o papel dos imigrantes no quadro social do seu país; redimensionar
o peso e a atuação do Estado para alavancar a economia, etc. São várias as
esferas de atuação às quais Mr. Donald Trump, o Twitter Man, deve se lançar com
eficiência para fazer valer a autoridade que os membros do Colégio Eleitoral
lhe outorgaram, já que, com o grosso da população norte-americana, ele continua
sem nenhum crédito e apenas sendo visto como um falastrão cuja voz soa
dissonante em meio ao imenso coro dos inconformados e descontentes com a sua
eleição.
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