12 de abril de 2017

Sobre cães e o incondicional amor de salvação que eles nos ofertam: entrevista com Antônio Barbalho Tavares Júnior

Por Clênio Sierra de Alcântara



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Fotos: do autor         À frente da Divisão de Busca e Resgate com Cães, o Capitão Barbalho vem desenvolvendo, junto com o seu efetivo, um trabalho realmente valoroso e muito importante para toda a sociedade pernambucana 


Um estudo publicado em 2013 pela renomada revista Science estimou que a transição entre o lobo selvagem (Canis lupus) e o cão domesticado (Canis lupus familiaris) ocorreu na Europa há, no mínimo, 18.800 anos. De acordo com os cientistas, não há raças mais espertas que outras: cães têm perfis individuais de inteligência.

Divulgada em setembro do ano passado, uma pesquisa realizada pelo Centro de Cognição Canina da Universidade de Yale, dos Estados Unidos, mostrou que os cães podem ser até melhores em solucionar desafios do que crianças de três e quatro anos de idade. Memória, atenção, capacidade de tomar decisões ou solucionar problemas são apenas algumas das características desses animais que cativam os seres humanos há milhares de anos fazendo com que, ao lado dos gatos, eles sejam os bichos de estimação preferidos nos lares ao redor do planeta.

De toda instituição que se destina a prestar socorro à população espera-se não só que ela atinja um alto nível em suas atividades – algo que se alcança com constantes treinamentos – bem como que as diversifique de modo que consiga abranger uma grande gama de situações e atender com celeridade e eficácia o maior número de vítimas que for possível. Acredito que foi pensando exatamente assim que, em 2012, o Comando do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE) encampou o projeto de estabelecer na instituição um serviço que incorporasse a utilização de cães em ações de busca e salvamento de pessoas.

Muito curioso para saber como se dá o treinamento e a seleção dos animais que são integrados nessas atividades, na manhã do último dia 31 de janeiro eu fui visitar a Divisão de Busca e Resgate com Cães, instalada no Grupamento de Bombeiros de Salvamento (GBS), localizado no Distrito Industrial da cidade de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife. Quem me recebeu naquela unidade foi o Capitão Barbalho, que comanda o efetivo responsável pelos cães, e que eu conheço há vários anos. Na entrevista que me concedeu o jovem oficial do Corpo de Bombeiros em momento algum conseguiu esconder de mim o entusiasmo e a satisfação que ele sente por estar lidando com animais tão prestimosos e adoráveis.



Há quanto tempo existe o Grupamento de Bombeiros de Salvamento e que tipos de atendimentos ele presta à população?


O GBSAT foi criado no Corpo de Bombeiros no ano de 2008 [o Grupamento de Busca, Salvamento e Ações Táticas, GBSAT, posteriormente, em 2013, passou a ser denominado de Grupamento de Bombeiros de Salvamento, GBS]. E desde esse ano ele vem desempenhando atendimento a ocorrências de deslizamento de barreira, desabamento de edificação, que é estrutura colapsada, de salvamentos gerais, produtos perigosos, atendimento a ocorrências de colisão automobilística, salvamento em altura, resgate de suicida. E diversos tipos de atendimento na área de salvamento do Corpo de Bombeiros.


Em que momento se percebeu a necessidade de implantação no Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco de uma unidade que contasse com o auxílio de cães em ações de busca e salvamento? O senhor sabe informar se em todos os estados do país as unidades de Corpos de Bombeiros mantêm esse tipo de serviço?


Em Pernambuco, nesse caso em especial, o GBSAT, quando foi criado, em 2008, já previa o emprego de uma unidade com cães pelo potencial que eles demonstram. Internacionalmente eles são muito utilizados na área policial, de drogas, narcóticos, de armamentos. Eles chegam até a serem utilizados para identificar o local onde se iniciou um incêndio, no caso, o ponto preciso onde principiou a propagação. Por exemplo, no incêndio em uma edificação, eles conseguem detectar a mudança de cheiro, de odor específico onde ocorreu, digamos, um curto-circuito; e ali o cão faz a indicação nos mostrando que foi naquele ponto que tudo começou. Os cães também são utilizados na área médica, porque eles conseguem até expressar quando alguém está com algum tumor cancerígeno.

Dentro da gama de atendimento e resposta, praticamente todos os estados do país estão com esse tipo de serviço ativo. Aqui em Pernambuco nós começamos em 2012. Nesse ano iniciamos a fase de treinamento. A partir de 2013 começamos a dar uma resposta operativa satisfatória. E agora estamos buscando ampliar esse espaço, aprimorando a qualidade do serviço.

No ano passado nós conseguimos certificar o primeiro cão para busca rural, passando por uma prova que é proposta pela Liga Nacional dos Bombeiros, a LIGABOM. Essa prova aconteceu junto com o SENABOM, que é o Seminário Nacional de Bombeiros, que em 2016 aconteceu em Santa Catarina e neste ano ocorrerá na Paraíba, possivelmente no mês de novembro, onde teremos a oportunidade de tentar obter a segunda certificação nacional, aliando o nosso binômio bombeiro militar e cão, porque é a dupla que entra na prova. A prova nada mais é do que uma preparação, uma qualificação para que possamos dizer que aquele cão e aquele condutor estão preparados para atender uma ocorrência. Não podemos deixar ou pensar que a vítima seja o nosso juiz. O cão e o condutor têm que ser colocados à prova antes para termos a confiança plena de que, caso o cão seja utilizado numa busca, por exemplo, em área rural, o espaço que foi percorrido pelo animal, se houver vítima, ele vai nos indicar. E assim nós conseguimos ir descartando áreas de averiguação, otimizando o tempo-resposta do bombeiro.




Sede da Divisão de Busca e Resgate com Cães: aqui começam os treinamentos para formar os destemidos e adoráveis bombeiros de quatro patas



Como se dá a escolha dos animais para atuarem nessas ações de busca? Qual raça é mais adequada para isso?


A raça, vamos dizer assim, não é o fator mais importante. O que nós temos que ter em mente são os fatores físicos, porque cães muito pequenos não vão ter mobilidade nem força para se deslocar em terrenos nos quais geralmente atuamos. Se pegarmos um deslizamento de barreira  utilizarmos um cão de pequeno porte, quando ele tentar dar as primeiras passadas vai praticamente cravar as patas na terra e não conseguir se deslocar. Já num cenário de escombros, em desabamento estrutural, ele pode acessar orifícios dos quais não conseguiremos tirá-lo e nem ele conseguirá sair sozinho. Por outro lado, os cães muito grandes, por serem muito avantajados e pesarem mais, eles têm um gasto energético enorme e isso diminui o rendimento deles. Então, o ideal para os bombeiros são cães de médio porte.

São utilizadas várias raças, podendo ser até mestiços. Utiliza-se labrador, pastor alemão, pastor belga Malinois, border collie. Uma infinidade de raças é utilizada. O que importa para nós é o temperamento. Nós temos de perceber no cão o desejo de brincar. A todo tempo do treinamento, a todo tempo da ocorrência, para o cão, ele está buscando uma recompensa; ele está querendo brincar, achar o odor para o qual foi treinado. Então, pelo comportamento clássico do animal, nós associamos que só depois que ele encontrar o odor é que ele vai querer ganhar uma recompensa.


A partir de quantos meses de vida o cão começa a ser treinado para esse tipo de atuação e quanto tempo mais ou menos leva para que o animal esteja suficientemente treinado para agir?


O ideal é começarmos o treinamento com o filhotinho mesmo, com poucos dias de vida. Quando ainda são lactentes, no terceiro ou quarto dia, eles permanecem com os olhos e os ouvidos totalmente fechados e procuram a mãe por sensação térmica e pelo olfato. Esse período possibilita que recorramos a alguns distratores para que eles sejam estimulados a querer independência. Um dos recursos consiste em afastar um pouco a mãe dos filhotes; quando eles sentem frio e fome saem a procurá-la; então, nesse caminho – coisa de cinquenta centímetros –, entre a mãe e os filhotes, nós colocamos algumas barreiras como metal e tecido para que eles tenham de transpô-las a fim de chegar à mãe, de modo que os obstáculos passem a ser uma coisa natural. Dessa forma, se conseguirmos propiciar isso desde essa fase, avançando mais um pouco, com algumas semanas de vida, passamos a estimulá-los com alguns odores específicos, para aguçar o cérebro deles, o nervo trigêmeo, de maneira que, ao longo do seu desenvolvimento, eles possam identificar e se habituar a odores diferentes para que, mais adiante, quando tiverem de cheirar um cadáver, o cheiro, que é horrível, figure como algo que já é, digamos, natural para eles. Fazemos uso de cânfora, erva-doce, clorofórmio e de vários outros produtos, até químicos mesmo, que são interessantes para aumentar a experiência olfativa.

É na fase de filhote que ocorre o imprinting [diz-se que o primeiro objeto móvel que os neonatos visualizam ou sentem a presença gera o que os especialistas chamam de apego ou imprinting. E eles passam a segui-lo em busca de proteção e alimento, além de aprender com ele por meio da observação e da tentativa e erro. No caso dos cães, esse primeiro contato que eles têm com um objeto animado é com a própria mãe deles], que é uma fase que temos de explorar bem, porque é nela em que praticamente podemos colar coisas no cérebro dele. Nesse período nós pegamos o filhotinho e o expomos, por exemplo, em um terreno molhado ou coberto com brita, para que, quando chegar a um deslizamento ou a desabamento isso seja algo natural para ele, não vamos precisar socializá-lo, ela já vai estar familiarizado. Em vez de ele ficar preocupado com o ambiente, se manterá concentrado e focado na busca e localização de uma vítima.


Mesmo considerando que várias raças estão inclinadas a receber esse tipo de adestramento, pode ocorrer de um e outro animal não se adaptar à rotina de treinamentos?


Sim, sim.  A rotina de treinamento para o animal e para o condutor é bastante extenuante. Nós temos que ter uma vida muito ativa. Em áreas urbanas é um pouco restrito, nós conseguimos visualizar o animal o tempo todo. Normalmente é uma área relativamente pequena; os deslizamentos não são tão macros para a nossa realidade aqui em Pernambuco. Os desabamentos são mais pontuais, não tem aquela coisa de terremotos que provocam a queda de várias edificações. Então na área urbana, em deslizamentos de barreiras e escombros e desabamentos não temos, vamos dizer assim, um desgaste físico muito grande. Mas quando chegamos ao ambiente rural isso muda, porque normalmente temos matas muito extensas. Na última ocorrência que tivemos, eu, condutor, percorri 7 km, imagine o cão, que vasculha a mata toda. Então ele precisa estar o tempo todo com condicionamento físico em dia. Existem cães que não se adaptam a esse tipo de realidade. Há cães que realmente nasceram, como alguns, para serem pets, para ficar dentro de casa, para ter um acompanhamento. Há cães que podem ser utilizados em ações de terapia assistida, que é a Cinoterapia, em apresentação em escola e em demonstração de obediência. Essas atividades dão um retorno para o Corpo de Bombeiros, mas como o nosso foco é outro e nós podemos pegar um cão que atue em ocorrências, que é bem disposto e faz esse outro lado também, para otimizar recursos buscamos esse cão multiemprego. E aí essa formação leva de um ano e meio a dois anos, para que consigamos possibilitar que o cão passe por uma certificação operativa; para que ele, por exemplo, percorra uma área de 30 mil ou 50 mil metros quadrados e nos indique se ali há uma, duas, três ou nenhuma vítima. O condutor entra com o cão na prova de certificação sem saber se existe ou não vítimas no espaço que vai percorrer e terá de informar à arbitragem se há ou não vítimas ali.


Antes de começar a implantar esse serviço no GBS, o senhor já tinha familiaridade com cães ou ela principiou ao longo da jornada de estabelecimento da unidade?


Eu realmente não tinha vínculo com esses animais. Na minha residência só o meu irmão mais velho teve um cachorro; eu não tive tanta proximidade. Eu tive mais contato com cavalos, por causa do meu avô materno, do que com cachorros. Mas aí, quando eu pude escolher vir servir no então GBSAT, em 2011, o comandante da época, o Tenente-coronel Rocha [Almir da Rocha Silva, atualmente Coronel, comandou o grupamento de março de 2008 a agosto de 2013], me incumbiu da missão de fazer o meu primeiro curso na área, que foi o Curso Básico de Cinotecnia, na Polícia Militar de Pernambuco. Um curso longo, de mais de sessenta dias. E verificando o emprego de cães no campo de explosivos e dos narcóticos, eu vi que realmente isso poderia dar um plus, isso poderia otimizar o tempo-resposta dos nossos bombeiros em ocorrências. Tivemos uma atuação num deslizamento de barreira em 2013, no Jordão [bairro localizado na Zona Sul do Recife. O deslizamento ocorreu por causa das chuvas; e aconteceu precisamente no dia 18 de agosto. Foram ao todo cinco vítimas, sendo duas delas fatais], já se estava com mais de cinco horas de operação e, quando chegamos com os cães, em meia hora nós conseguimos localizar a última vítima que faltava. Mais de oito viaturas e quarenta e cinco bombeiros voltaram à ativa para atender a população com essa redução desse tempo-resposta.

Como eu estava dizendo, quando eu fiz aquele curso já havia em nosso grupamento alguns militares que tinham também passado pelas aulas ministradas na Polícia Militar. Então formamos um grupo que estava motivado a montar essa unidade, essa seção de salvamento com cães. Na ocasião o nosso comandante apoiou bastante, como ocorre atualmente; e, desde então, pudemos deslanchar a atividade buscando o conhecimento na Bahia, porque, na Polícia Militar de Pernambuco, nós tivemos a experiência vinculada à esfera policial, vendo o emprego dos cães na guarda e proteção, no ataque do animal e seu uso no farejar, que era o aspecto que principalmente nos interessava. Sendo assim, buscamos instrução e conhecimento na área de atuação dos bombeiros. Primeiro nós fomos buscar isso na Bahia e, posteriormente, em Santa Catarina. E permanecemos buscando aprimoramento participando de congresso, seminários e workshops para manter um padrão de qualidade do serviço.


Atualmente de quantos cães a unidade dispõe e como eles se chamam?


Temos sete cães adultos. O Smart e Ather são os mais antigos, estão conosco desde o início. E ainda Trovão, Mundo, Gold e Thor. Também temos sete filhotinhos agora, com os quais estamos iniciando o treinamento, estamos na fase de avaliação para ver os que vão ter vida de bombeiro e os que infelizmente não terão. [do dia em que fiz esta entrevista até hoje, em que estou publicando-a, dois dos filhotes morreram].


São filhos de quem?


São filhotes de Trovão e Mel. Eu esqueci de Mel. Mel é uma cadela da raça labrador que foi doada à nossa corporação pelo Corpo de Bombeiros de Santa Catarina. Ela vem da quarta geração de trabalho deles. O pai dela tem sete certificações internacionais; e a mãe tem cinco. Então, é uma boa linha de trabalho que vem se fortalecendo. E o que cruzou com ela foi Trovão, que é o que eu conduzo e que foi certificado no ano passado. Nós conseguimos passar na prova. E estamos procurando fomentar uma linha de trabalho que já venha na genética do animal aquele temperamento ideal para a realização de buscas e atividades de bombeiros.



O condutor e o seu fiel Trovão: o binômio bombeiro militar e cão preparado para entrar em ação sempre que as circunstâncias adversas exigirem 








Das ações das quais eles já participaram qual é a que o senhor considera a mais significativa e por quê?


De todas as ações nas quais atuamos a de 2013, no deslizamento de barreira, no Jordão, foi a mais significativa, porque tivemos uma resposta satisfatória, considerando que estávamos com pouco tempo de treinamento. Pegamos cães adultos para dar uma resposta mais rápida e graças a Deus isso aconteceu. Foi muito satisfatório. Normalmente treinamos o cão para ele sempre indicar a vítima ativamente latindo, porque, quando nos deparamos no meio de uma mata, por exemplo, onde muitas vezes o animal sai do nosso campo de visão, se ele não fizer essa indicação, se ele localizar a vítima e voltar para perto de nós, não vamos saber se ele chegou até a vítima. Por isso, o treinamento é para que ele localize a vítima e permaneça onde ela se encontra e sinalize isso latindo para que possamos chegar até eles. Já num ambiente urbano nós conseguimos visualizar o animal. E esse acompanhamento consiste em fazer uma leitura do corpo dele: uma mudança de direção, um abanar de cauda diferente. E com isso conseguimos explorar a área. E foi o que aconteceu na ocorrência do deslizamento de barreira. O deslizamento atingiu uma edificação onde havia quatro vítimas: duas crianças, o pai e a mãe. Algumas já haviam sido retiradas por populares; nosso efetivo havia resgatado uma e faltava a mãe. E aí tanto Smart quanto Ather mudaram de comportamento no local do sinistro. Smart chegou a morder um sofá. Quando retiramos os dois cães daquele ponto e fomos analisar, fizemos um deslocamento da laje da caixa-d’água, que estava intacta, e, ao retirá-la, encontramos um corpo embaixo do sofá com a cabeça esmagada pela laje. Infelizmente não foi uma ocorrência em que tivemos o sucesso de encontrar a vítima com vida, mas conseguimos, como eu disse, retornar ao serviço à sociedade muitos bombeiros.

Temos uma demanda muito grande para buscas em áreas rurais, para efetuarmos buscas de pessoas que se perderam em matas. Mas ainda não tivemos a sorte de encontrar pessoas nessas condições porque normalmente em todas as ocorrências desse tipo que atendemos até agora, a população e os familiares das vítimas não sabiam do real paradeiro do desaparecido. Fazemos uma busca no local e dizemos: “Aqui realmente a pessoa não está. Ela pode ter ido para outro lugar”. Atendemos a um chamado que dizia que uma criança havia desaparecido próximo ao Jardim Botânico [situado no bairro do Curado, Zona Oeste do Recife]. Efetuávamos a busca e a criança, na verdade, se encontrava na casa de uma tia, perto dali, no mesmo condomínio. Outra situação: fomos procurar numa mata de Igaraçu um dependente químico que fugira de uma casa de recuperação. Acontece que ele estava na Praia de Maria Farinha [na cidade de Paulista; os bombeiros estavam no bairro de Nova Cruz, que é relativamente próximo àquela praia e que é dele separado por um largo canal]. E várias outras ocorrências que, infelizmente, não deram uma boa resposta para o nosso trabalho. Por outro lado, uma vez que, nos casos mencionados, fomos aos locais e fizemos uma varredura na área e não houve indicação da parte dos cães, ou seja, eles estavam corretos porque as pessoas procuradas não estavam ali, isso vai passando uma garantia de que estamos no caminho mais do que certo em nossos treinamentos.


O senhor e os seus auxiliares conseguem manter uma relação, digamos, apenas profissional com os cães ou não tem jeito, o convívio torna o apego com os animais algo realmente inevitável?


Como eu disse praticamente eu não tive proximidade com cães e depois que passei a perceber tanto o potencial deles quanto a relação que eles formam conosco, isso mudou. Quando estamos mal, quando estamos com algum problema, eles percebem isso. Muitas vezes, quando não estamos bem para trabalhar, vamos dizer assim, nem fazer a busca no padrão que habitualmente fazem, eles não rendem tanto. Então nós sentimos quando vai avançando o andar, quando vai chegando perto da hora de o cão se aposentar, algo que em média ocorre quando ele está com oito ou nove anos de vida, depende do animal. Cão é igual à gente: tem gente que envelhece mais rápido, tem gente que envelhece mais tarde. E aí nós vamos criando esse link, essa relação. E, com certeza, ele vai ficar sendo acompanhado pelo militar.


Capitão Barbalho, o cão é, de fato, o melhor amigo do homem?


Com certeza. Sem dúvida alguma, ele nos mostra uma relação de confiança absurda. Nós podemos ter xingado ele, ter dado um tapa nele, ter feito o que for com ele, se passarmos dez minutos afastados dele, quando chegamos é aquela festa, é aquela alegria, quer pular, quer brincar, quer fazer tudo. Então realmente é o melhor amigo do homem. Podemos confiar neles de olhos fechados. E muitas coisas nós ainda temos que aprender com eles. Eles aprendem a amar de uma maneira sensacional. Em pouco tempo de atenção que damos a eles, eles já passam a nos ver como sendo tudo na vida deles. Enquanto ele é somente um cão para nós, nós somos tudo o que para ele pode ofertar de alegria, de felicidade e de todas as sensações. Tudo o que ele vai poder sentir mundo afora, vai depender de nós.

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