Por Clênio Sierra de Alcântara
Oh!
Malditos os que semeiam
Crimes...
crimes à mão cheia...
E
mandam o povo se lascar!
Caso não ocorra nenhuma
mudança de rumo os brasileiros continuaremos assistindo ao aprofundamento da
crise política que há anos se instalou neste país a partir do momento em que
vieram à tona os crimes praticados por um bando de pilantrões no que ficou
conhecido como Mensalão; e que ganhou contornos ainda maiores com as
investigações resultantes da Operação Lava-jato que, na semana passada, em mais
um dos seus desdobramentos, tornou públicas gravações que puseram o senhor
Michel Temer, presidente da malfadada República das Negociatas, que é o Brasil,
no olho do furacão de atividades criminosas que há tempos vêm ligando ricos e
poderosos empresários a políticos que não penam em outra coisa na vida que não
seja locupletarem-se no exercício de seus mandatos.
Até agora os escolhidos
pelos petistas para serem os “campeões nacionais” do mercado, como as empresas
de Eike Batista, a Odebrecht e a JBS, que tiveram acesso a vultosos e camaradas
empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), vêm revelando quão empenhados em lesar os cofres públicos eles
se encontravam. Planilhas e mais planilhas que registravam pagamentos de
propinas a políticos e seus apaniguados foram encontradas pelos investigadores
em algumas dessas empresas que lucravam em conluio com uma gente que fazia de
tudo para encher suas burras enquanto o país e a maioria de sua população
ficavam cada dia mais empobrecidos.
O sorriso debochado de uma
Mônica Moura diante das câmeras, registrado na ocasião em que ela seguia presa
junto com o marido é, até agora, para mim, a imagem-símbolo dessa desgraceira
toda. E não é só isso, não. E o que dizer do tom por vezes de insolência e de
escárnio com que alguns dos delatores impõem em seus depoimentos? Francamente. E
pensar que o instrumento da delação premiada, tão defendido pelo Judiciário, ao
fim e ao cabo só trará benefícios para esses delinquentes e criminosos de toda
espécie. Tanta roubalheira tanta. Tantos crimes tantos. E a corja, se muito,
acabará cumprindo penas com as regalias de uma prisão domiciliar, em casas e
apartamentos luxuosos, expondo para o zé-povinho que, para uns e outros, o
crime compensa e como compensa.
Michel Temer, o Nosferatu de
Brasília, sabe muitíssimo bem que não tem como escapar da veracidade dos fatos.
As gravações feitas por Joesley Batista - um dos donos da JBS -, em que pese as
declarações de peritos de que elas foram, em parte, editadas, são reveladoras
demais de, no mínimo, conivência do senhor presidente da República, a maior
autoridade do país, para com as investidas criminosas de um empresário em
defesa de seus próprios interesses. Ele também deve ter consciência de que se
já era diminuta a sua legitimidade frente à opinião pública para ocupar a
presidência, agora ela se tornou praticamente insustentável. E, junto com a
incerteza de sua permanência na chefia do executivo nacional, devem, infelizmente,
ser deixadas de lado as reformas trabalhista e da Previdência, duas entre as
várias que o país precisa fazer para tentar se posicionar bem na trilha do
progresso socioeconômico sustentável.
A esta altura dos
acontecimentos o dissimulado senhor Luiz Inácio Lula da Silva deve estar mais
feliz do que pinto no lixo, vendo o Nosferatu de Brasília se desintegrar como
uma pedra de gelo posta sobre o asfalto. Mas do que tem de rir o senhor Luiz
Inácio, um retirante que mal sabe falar e que ficou milionário, vejam só,
fazendo palestras pagas a preço de ouro por empresários que ajudou a enriquecer,
se ele é réu em inúmeras ações? O senhor Luiz Inácio sabe também que, apesar de
continuar bem posicionado nas pesquisas de intenção de voto entre os potenciais
candidatos à presidência da República, perdeu muito do seu prestígio e do seu
capital político por ter demonstrado que é da mesma laia daqueles que ele
sempre qualificou de picaretas. Lula continua a encantar e ser defendido por
seus asseclas que, como ele, muito se aproveitaram das benesses auferidas no tempo
em que o ex-metalúrgico ocupou o Palácio do Planalto, e pela massa ignara de
pobres e necessitados de tudo que ele cooptou ao custo de uns trocados que
podem ser sacados com um cartão todos os meses. A miséria econômica,
intelectual e moral do povo – quem há de negar? – é mesmo a maior fonte de
riqueza da classe política deste país. Petistas, peemedebistas,
peessedebistas... são, todos eles, partes constituintes da mesma gangrena:
arrivismo e corrupção.
Na muito aclamada série
televisiva norte-americana Família
Soprano, os chefes mafiosos não toleram quem lhes impõem obstáculos para o
prosseguimento de seus negócios escusos e, menos ainda, têm complacência e piedade
para com os delatores. O Brasil da Operação Lava-jato ainda não assistiu a
cenas tão chocantes quanto as protagonizadas pelos bad boys e pelos gentili
uomini de New Jersey, mas o senhor Aécio Neves, o Tony Soprano, ops, o bom
moço das Minas Gerais, deu a sugestão num dos áudios captados por Joesley
Batista: “Tem que ser um que a gente mata antes de fazer a delação”.
Mil perdões, poeta Castro
Alves.
Nenhum comentário:
Postar um comentário