Durante as pesquisas que
realizei com o fito de escrever um artigo sobre a cidade de Salvador, aqui e
ali eu fui encontrando informações a respeito de uma feira livre que acontecia
em Água de Meninos. Tudo o que eu encontrava me enchia de entusiasmo para ir
conhecê-la; e, por vezes, eu repreendia a mim mesmo por ter perdido a
oportunidade de vivenciá-la e percorrê-la em outubro de 2013, quando, pela
primeira vez, eu estive na capital baiana. Mas qual não foi a minha frustração
quando, ao planejar um retorno àquela cidade para ir conhecê-la, fiz outras
leituras e tomei conhecimento de que a feira livre de Água de Meninos deixara
de existir havia muito tempo, figurando tão somente em imagens e narrativas
evocadoras do seu passado de glória, um tempo em que ela era considerada um
grande acontecimento econômico e social de toda a Bahia.
O que o leitor encontrará a
partir daqui, nesta pequena memória, será um punhado de referências que reuni
ao longo dos anos enfocando essa desaparecida e famosa feira livre.
A
feira
Encontra-se no Roteiro turístico da cidade do Salvador,
publicado pela Prefeitura Municipal, tudo leva a crer que em 1952, porque é esse
o ano que aparece – precisamente fevereiro de 1952 – logo abaixo do texto de
abertura assinado pelo então prefeito Osvaldo Veloso Gordilho, esta descrição:
Prosseguindo
pela Avenida Jequitaia, encontra-se, próximo ao Forte da Lagartixa, a maior
feira livre da Bahia, a Feira de Água de Meninos, onde se acha de tudo.
Verdadeiro torvelinho. Em meio de suas centenas de barracas de paus, milhares
de pessoas se acotovelam durante o dia inteiro, de domingo a domingo adquirindo
gêneros, inclusive roupas feitas. A maioria deles, tal como a cerâmica procede
do recôncavo transportada em barcos, que ancoram na calma e pequena enseada
próxima. Nos sábados e domingos, ela funciona ininterruptamente dia e noite. É
dos passeios prediletos da população notívaga, que ali come pratos da culinária
bahiana – acarajé, caruru, moqueca de galinha, vatapá, etc. Junto, depara-se a
Fonte da Munganga, do outro lado da Avenida Jequitaia. (1)
Vê-se pelo relato contido no
mencionado roteiro turístico que a feira livre de Água de Meninos em pelo menos
um aspecto se diferenciava do tipo comum das primitivas feiras livres
nordestinas: ela não acontecia em determinado dia da semana e sim todos os
dias, “de domingo a domingo”, como diz a narrativa, o que por si só revela a
importância que ela tinha não só para o público consumidor de Salvador e
cidades vizinhas como também era, sem dúvida, o principal ponto de escoamento
da larga produção de frutas, legumes e verduras, cerâmica e outros produtos
oriundos das férteis terras do Recôncavo Baiano e também de ilhas da Baía de
Todos os Santos. Outra peculiaridade dessa feira era que ela era armada à
beira-mar, numa pequena enseada; e, com a dimensão que possuía, creio que se
tratava de caso único em todo o litoral brasileiro.
Um cartão-postal que aparece
no livro Lembranças do Brasil, de
João Emilio Gerodetti e Carlos Cornejo, que traz como identificação do registro
da imagem “Água de Meninos – Obras do Porto”, (2) exibe a enseada sem que se veja nela a feira, provavelmente
porque nessa época ela ainda não existia. É uma pena que o cartão-postal não
esteja datado. Nele vemos sobrados defronte à praia, bem como a Igreja da Ordem Terceira da Santíssima Trindade. Sabe-se que as tais “obras do porto” tiveram início – isto é, a sua
primeira fase – em novembro de 1906 e que se estenderam até fevereiro de 1913,
praticamente reconfigurando a chamada Cidade Baixa, onde ficaram estabelecidos
o alto comércio e a principal zona bancária. Sucessivos aterros resultaram na
inauguração de 360 metros de cais de 8 m de água, com três armazéns e o
calçamento do cais na extensão referida.
Reprodução do cartão-postal contido no livro Lembranças do Brasil |
O texto do mencionado
roteiro turístico nos diz ainda que as mercadorias chegavam em barcos à feira.
Pelo menos até os anos finais da década de 1950 o principal tipo de embarcação
empregado não só para o transporte de mercadorias bem como de pessoas
interligando Salvador às cidades do Recôncavo era o saveiro. Enquanto a
capacidade média de um saveiro era de 20 passageiros por viagem, os que se
destinavam ao transporte de carga possuíam capacidade que variava entre 12 e 30
toneladas, de acordo com a natureza da mercadoria. Estimava-se que naquela
época existissem 5.500 saveiros em toda a Bahia.
Continuemos examinando
informações a respeito da feira livre de Água de Meninos que foram produzidas
ainda na década de 1950.
Contendo 27 desenhos saídos
das mãos mágicas do argentino baianizado Carybé e com texto de Vasconcelos
Maia, o volume nº 4 da Coleção Recôncavo, publicado em 1955 pela Livraria
Progresso Editora, foi intitulado Feira
de Água de Meninos. Maia inicia sua narrativa dizendo que “Quem vier à
Bahia não pode deixar de visitar suas feiras, as feiras do povo”, como o
Mercado Modelo, Largo 2 de Julho, Cortume, Sete Portas, Porto da Lenha e,
claro, Água de Meninos que, entre todas, “é a mais típica” e “esparrama-se à
beira mar, ao pé da Igreja do Pilar, debaixo de várias ladeiras baianas”.
Leiamos com atenção o que o nobre Vasconcelos Maia nos legou a respeito daquela
feira:
De
longe, é um só ajuntamento de barco, barraca, mercadoria e gente, é um cheiro
agudo de mangue e maresia. Então, nem precisa perguntar: é só descer, a feira é
de quem chega, uma vila pitoresca e também, triste é confessar, uma vila suja
de chão batido, lamacenta se chove, poeirenta se faz verão, detritos
apodrecendo pelos cantos. Uma variedade sem conta de tipos humanos, comprando
ou vendendo, navega diariamente nas ruelas estreitas, entre as barraquinhas
feitas de taboa, cobertas de lona desbotada. Brancos, pretos, amarelos mulatos,
sararás, caboclos, gazos e cabos-verdes, de todos os sexos e idades, de classe
média e proletária, encontram-se, falam, pechincham, discutem, numa algazarra
de várias línguas onde impera um português bem brasileiro, vibrante de gíria
local. (3)
E prossegue o danado do Maia
nos dizendo dos “saveiristas de músculos tatuados”, dos “estivadores taludos” e
de toda uma fauna que ali se misturava com outras tantas criaturas que desciam
do morro para fazer a feira, como as “gordas e lustrosas pretas nativas”. E tudo
isso nos revelando o espírito da feira. E tudo isso compondo um quadro de
efervescentes trocas comerciais e interação social.
E tão numerosos quanto as
gentes eram os saveiros que aportavam ali que, mesmo sem ser gente como aquelas
gentes que zanzavam naquela enseada, eram igualmente batizados e tinham nomes
como “Deus te guie”, “O maior é Deus”, “Filho do Sol”, “Filho das Aves”, “Flor
do Porto”, “Sombra da Lua”, “Moeda Nova” e “Novo Oriente”. Tudo era
descarregado para alimentar a freguesia. Toda a sorte de mercadoria cruzava,
singrava a Baía de Todos os Santos para ser desembarcada naquela feira, como a
cerâmica oriunda de lugares tão diversos quanto Cachoeira, Santo Amaro,
Maragogipe, Nazaré, Feira de Santana, Juazeiro e até do vizinho estado de
Sergipe, ocupando “metros e metros do chão, numa exposição interessantíssima de
formas, desenhos e cores”. (4)
Cerâmica utilitária e também decorativa: moringas, quartinhas, potes, panelas e
esculturas de personagens populares e de bichos.
Sendo uma feira na qual de
quase tudo se encontrava, na de Água de Meninos, segundo ainda Vasconcelos
Maia, havia barracas de fazendas e de artigos de armarinho e couro, de ervas
medicinais e ferragens, de gaiolas para passarinhos e papagaios, de cachaça de
vários tipos. E não só em barracas os produtos eram expostos. Diz-nos ele:
E
espalham pelo chão, sobre folhas de papel ou em vitrines volantes, frascos de
cheiro barato, caixas de misse, espelho para bolsa, cartões postais, naftalina,
sabonetes e pastas-dentais, carriteis de linha, agulha e fitas, lenços, cintos,
meias, cadernos colegiais e brilhantina Buquê de Amor. (5)
Adoro este pormenor:
brilhantina Buquê de Amor.
E as comidas prontinhas só
esperando o freguês chegar tinha? Tinha sim. E oferecidas por baianas vestidas
em roupas comuns, “às vezes em trajes de festa, nunca à la Hollywod”. (6) Entendi. E o que é que as baianas
levavam para vender na feira? Ora, só gostosura: mingau de tapioca, acarajé e
abará, pamonha de puba, acaçá, cocada-puxa, doce de tamarindo, milho assado.
Agora me diga: nessa feira
aparecia gente se apresentando como artista? E então. Apareciam homens que
mastigavam gilete e comiam cacos de garrafa; e domadores de cobras e macacos. E
ainda se viam por lá propagandistas de remédios milagrosos, vendedores de
poemas populares e folhetos de cordel e ceguinhos com seus violões e banjos
acompanhados por guias, geralmente negrinhos e magros.
Tudo pulsava na fervilhante
feira livre de Água de Meninos, nome esse tão bonito como a própria Bahia.
Como
e quando surgiu a feira?
Já vimos, até agora, que,
além de acontecer à beira-mar, abrigada numa enseada, a feira livre de Água de
Meninos não apresentava o característico primitivo das feiras livres
nordestinas – hoje em dia, poucas ainda são assim – de montagem e desmontagem
dos bancos de madeira a fim de que, ao término da feira, o espaço que ela
ocupara fosse liberado para outros eventos; ela era fixa e permanente. Mas,
quando foi que essa feira livre teve início? Como foi que ela surgiu? E por que
o nome Água de Meninos?
Vasculhando sítios da
internet encontrei no blog História de Salvador – Cidades Baixa e Alta,
mantido por Eduardo Gantois, artigos que têm como assunto a tal feira livre
sobre a qual estou aqui a construir uma pequena memória. Num deles, intitulado
“Feira de Água de Meninos”, que foi postado no dia 16 de novembro de 2009, seu
mantenedor nos informa que essa feira livre se originou de uma que era móvel e
que se montava na altura do sétimo armazém das Docas da Bahia e que, certamente
por isso, se chamava Feira do Sete; e que acabou sendo proibida de acontecer,
tempos depois, porque tanto a Prefeitura Municipal quanto as Docas da Bahia não
viam com bons olhos essa pequena feira, uma vez que “Todos os dias a rua tinha
que ser lavada” (esta informação aparece no artigo “História da feira de Água
de Meninos”, postado no dia 19 de maio de 2014). (7) Segundo Eduardo Gantois, os comerciantes reclamavam da
mobilidade dessa feira porque queriam trabalhar num local fixo. O resultado foi
que – e isso deve ter ocorrido na década de 1930, não se sabe exatamente – eles
começaram a se estabelecer de modo permanente num outro terreno sem que a
Municipalidade ou quem quer que fosse interferisse nesse movimento que originou
a feira livre de Água de Meninos. Destacou Eduardo Gantois:
O
local era o melhor possível. De um lado a avenida que ali passava e do outro um
magnífico cais que dava ao local uma profundidade de 10 metros. Os saveiros do
Recôncavo e das Ilhas que abasteciam Salvador pelos lados de Itapagipe – Porto
da Lenha – agora podiam chegar tranquilamente mais próximos da “cidade”. Aquela
área tinha sido aterrada para a construção do Porto de Salvador. As praias e os
recifes existentes na área tinham ficado embaixo da terra. Estava livre o
caminho do mar! (8)
Ainda segundo esse nosso
informante as pessoas que foram se estabelecendo no lugar montavam não somente
barracas para o comércio, mas também barracos para neles morar, ainda que sem
contar com qualquer mínima infraestrutura, o que, claro, provocou
paulatinamente a degradação do terreno, imperando a imundície e o mau cheiro. A
única – talvez a única e/ou principal – divergência que havia entre os feirantes
era que uns queriam se instalar mais próximos ao mar, por causa dos saveiros,
enquanto outros entendiam que a proximidade com a avenida lhes seria mais
proveitosa. Bom, em que pese as divergências, o fato foi que a feira livre de
Água de Meninos ganhou corpo, cresceu e se consolidou como a principal que até
então existia em Salvador, atraindo toda semana centenas de pessoas – fossem
moradores, fossem gentes de fora – que
para ela afluíam para comprar algo em meio a um sem-número de coisas.
Água
de Meninos... Por quê?!
E o nome Água de Meninos?
Bem, eis aí mais uma indagação cujas respostas não primam pela inteira clareza.
Ou melhor, por um amplo consenso.
Continuemos em companhia de
Eduardo Gantois. Ele nos diz nos seu artigo “Feira de Água de Meninos” – e
repete a informação no texto intitulado “Igreja de Santo Antônio e a feira de
São Joaquim”, que ele postou no blog
no dia 27 de fevereiro de 2011 (9) –
que envidou esforços em suas pesquisas e “nada foi encontrado” a respeito
da origem do nome dessa feira, mas levantou uma hipótese:
Há
uma hipótese que agora levantamos de que a referida expressão teria tido origem
no fato de que, antes da aterragem da área existia uma praia denominada Praia
da Jequitaia. A referida praia, como todas as outras existentes nas
proximidades até Monte Serrat, possuía uma barreira de recifes. Muito
provavelmente, essas barreiras formavam bacias tranquilas nas marés vazias. Uma
delas seria a “Água de Meninos”. Segurança de todos. Pura garantia! Também uma
expressão bem baianês.
O
conhecido costume dos meninos do Barbalho e Santo Antônio descerem para tomarem
banho no cais de 10 metros, como acontecia na década de 1940, poderia ter
advindo do uso da Praia da Jequitaia para os banhos em suas bacias.
A
hipótese de que a expressão “Água de Meninos” teria surgido porque os padres
costumavam batizar os meninos na Praia da Jequitaia, não se sustenta. O batismo
católico é feito no interior de igrejas. Sempre foi assim.
Note-se que, apesar de ter,
em princípio, dito ao seu leitor que fizera pesquisas e “nada foi encontrado” a
propósito do nome Água de Meninos, ele se contradiz ao mencionar, além de sua
própria hipótese, a outra que se refere ao batismo de crianças na praia e sobre
a qual não diz onde colheu a informação.
No já mencionado artigo
“Igreja de Santo Antônio e a feira de São Joaquim”, apesar de discordar da
narrativa explicativa alegando que “Todas as pessoas têm o direito de se
expressar da forma que quiserem”, Eduardo Gantois nos diz que:
Já
a igreja teria sido erguida por volta de 1642. Curiosamente, entretanto, há
citações que já em 1594 existia no local uma capelinha que se diz construída
por um senhor de engenho de Água de Meninos chamado Cristóvão de Aguiar Daltro
e que o mesmo teria recebido de Tomé de Souza em 1549 uma doação de terras na
parte norte da cidade onde existia uma nascente de água e que esta água formava
lá embaixo um verdadeiro lago onde os meninos da região costumavam se divertir,
originando-se daí o nome “Água de Meninos”!
Em minhas diligências, catando
informações no acervo de minha biblioteca, encontrei no Breviário da Bahia, do Afranio Peixoto, uma narrativa denominada
“Água de Meninos”, na qual esse escritor baiano faz alguns esclarecimentos a
respeito do sítio que adquiriu esse nome Água de Meninos. Afranio inicia seu
texto nos dizendo que “Os meninos eram, na catequese dos jesuítas, elemento de
ensino, e de autoensino, da infância”; (10)
e que, logo chegados ao Brasil, os jesuítas trataram de mandar vir órfãos do reino
que seriam “chama”, para as desta terra, abandonadas ou não, filhos de reinóis
ou de índios: estes aprenderiam com os outros, e os padres, e ensinariam aos
pais. Tal iniciativa, conforme o planejamento, traria, os missionários
supunham, duas consequências: o asseio físico e moral dessas crianças, vestidas
todas de branco, afastaria os curumins da barbaria; e desse “viveiro”, que
seria o colégio, recrutariam os padres “a vocação sacerdotal da terra, os
primeiros jesuítas brasileiros”. (11)
Recorrendo à História da Companhia de Jesus, de
Serafim Leite, Afranio segue nos dizendo que o provincial português Simão
Rodrigues, que mandara Manuel da Nóbrega em seu lugar, recomendou-lhe
expressamente a criação de meninos. Em 1550 chegaram a Salvador sete órfãos vindos
de Lisboa. Apelando a Tomé de Souza, então Governador-geral do Brasil, Nóbrega
conseguiu dele, em 21 de outubro do mesmo ano, a primeira sesmaria que a
Companhia de Jesus possuiu neste país; ela era denominada Água de Meninos “por
ser para o sustento deles”. E como era o lugar?
“Era um local, na baixa da praia, ao norte da enseada, provido de boa e
abundante água, preciosa na Bahia”. (12)
Água essa que, muito depois, captada e canalizada, apareceria em fonte pública
de bica no ano de 1752. Vale dizer ainda que em algum momento os padres
arrendaram as terras da sesmaria e nelas se estabeleceu um engenho de
cana-de-açúcar. Afrânio Peixoto nos ensina, ainda recorrendo a Serafim Leite, que
primeiro o colégio dos padres se chamou Colégio dos Meninos de Jesus; só depois
foi Colégio de Jesus.
Ainda segundo o diligente Afranio, a
interpretação dada por Álvares do Amaral que diz que, de uma nascente de
copiosa água, que corria até a baixa, quase à beira-mar, formando ali um grande
lago para o qual diariamente acorriam meninos vindos muito até de longe para
nele banhar-se, tomando por isso o lago o nome de Água de Meninos, não passa de
pura interpretação, adaptativa, desconhecida a razão mesma, que está nas Cartas
do Padre Nóbrega, datadas de 1550, porque “Nem havia crianças, ao tempo, para
isso, nesses matos”. (13)
Avaliando
imagens
Recorrer a acervos de
imagens sobre determinados objetos de estudo é um modo bastante apropriado e
pertinente para que ampliemos nosso entendimento a respeito daquilo que estamos
a investigar. Não sou partidário da expressão tão batida que diz que “uma
imagem vale mais do que mil palavras” porque, tanto quanto narrativas, imagens
também são construções conscientes de seus fazedores. Ou seja, imagens também
podem ser feitas, por exemplo, para alinhar-se com determinadas ideologias que
são pregadas e revelar vieses que interessam àqueles que as produzem ou para as
pessoas, órgãos, instituições, publicações e Governos para os quais elas foram
produzidas.
Em seu livro Fotografia & História, Boris Kossoy
a certa altura nos diz que “É a fotografia um intrigante documento visual cujo
conteúdo é a um só tempo revelador de informações e detonador de emoções”. (14) Na mesma página comenta ele que “as múltiplas informações de seus conteúdos
enquanto meios de conhecimento têm sido timidamente empregadas no trabalho
histórico”. Então, para não desapontar esse meu mestre e deixar claro que, não
é de hoje, eu aprendi bem a lição, farei aqui uso da fotografia como suporte de
enriquecimento e complemento deste artigo, para que a feira livre de Água de
Meninos chegue, logo depois do próximo parágrafo, também aos nossos olhos.
Muito embora não teça
detidamente sobre ela nem sequer um comentário – ela simplesmente é incluída no
item “Atrações turísticas” de forma generalizada -, o longo verbete sobre
Salvador presente no volume XXI da Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros lançada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em 1958, (15)
exibe, entretanto, nada menos do que oito fotografias em preto e branco, cujo
fotógrafo (ou fotógrafos) não é mencionado, que retratam a feira livre de Água
de Meninos. E essas imagens nos dão uma visão ampla de vários aspectos do que
foi essa feira tão famosa e peculiar, montada que era à beira-mar, ocupando uma
vasta área, recebendo mercadorias diversas oriundas principalmente da região do
Recôncavo Baiano. E alguns desses registros fotográficos revelam quão volumosas
eram as cargas de certos produtos como frutas e objetos de cerâmica, sugerindo,
entre outras coisas, que esses eram produtos bastante procurados e
comercializados tanto no atacado como no varejo.
Por ordem de aparição dessas
fotografias na referida enciclopédia, na página 213 vê-se, em primeiro plano, mais de uma dezena de saveiros ancorados na beira da praia, na frente dos quais
aparecem algumas pessoas na areia; ao fundo, várias barracas; e, se
destacando em meio a um terreno ainda coberto de vegetação, a Igreja da Ordem
Terceira da Santíssima Trindade.
Ainda que apareça sem muita
nitidez em seu primeiro plano, a imagem da página 216 nos revela uma visão mais
ampla do cenário ocupado por comerciantes e frequentadores da feira; são
muitas, muitas barracas, saveiros e pessoas que vemos no registro, além do
marzão atrás, engrandecendo a composição do olhar certeiro do fotógrafo.
O terceiro registro, que
aparece na página 238, é um plano que enfoca detidamente a presença de pessoas
na feira: um homem de camiseta regata é visto, à direita, carregando um cesto
na cabeça; no primeiro plano vemos garrafas sobre um tabuleiro, e é bem possível
que elas contivessem mel, cachaça ou as chamadas garrafadas; mulheres são
vistas trajando vestidos e saias e blusas, enquanto, entre elas, alguns homens
surgem metidos até em paletó; lá no alto, de perfil, avista-se um homem que
aparenta ser um guarda ou policial pelo traje e o chapéu que enverga; há muitos
montes de bananas nessa fotografia e também o que eu presumo que seja coco
seco; e um rapazote – talvez um menino ainda – aparece de costas para o
observador vestindo calça e camisa bem no centro dessa que é uma bela
fotografia.
A imagem publicada na página
251 nos mostra bem de perto um saveiro repleto de mercadorias – o que mais ele
traz é banana – sendo descarregadas por dois homens: o que está na embarcação,
ao que parece mirando a lente do fotógrafo, traja um calção curto, exibe o
torso desnudo e um chapéu – creio que de palha – na cabeça; já o homem que se
encontra em terra firme, veste camiseta regata e uma bermuda, e carrega na
cabeça uma saca que provavelmente estava cheia de farinha de mandioca. No canto
esquerdo dessa foto vemos ainda um homem trajando calça e camisa de manga
comprida se dirigindo, é bem certo, a outro saveiro.
A grande fotografia que se vê na página 252 é, de todas as que eu vi até hoje da feira livre de Água de Meninos, a que mais me impressionou, porque, ainda mais do que aquela da página 216, ela nos mostra, do alto de um morro, um panorama do mundo que era a feira que existia naquele lugar. São impressionantes não só a quantidade de barracas que ocupava o terreno, mas também todo o conjunto; a bem da verdade, aos meus olhos aquilo mais se assemelhava a um ajuntamento de moradias e não de barracas de feira. Um edifício de vários pavimentos e os navios no porto, ao fundo, contrastam com o aspecto um tanto quanto primitivo das barracas dos feirantes.
Tirada de outro ângulo e também do alto de um morro, como a fotografia anterior, a que se encontra na página 265 flagrou um trecho do terreno ocupado pela feira, exibindo, no primeiro plano, casas e ao fundo um panorama ampliado da chamada Cidade Baixa de Salvador, com seus prédios modernos e seu porto em pleno funcionamento.
Por fim, tanto a imagem vista na página 270 como a da página 271, mostram, em grande quantidade, diversos tipos de objetos feitos com cerâmica. Algumas das peças apresentam pinturas; são cerâmicas utilitárias e decorativas; e, pelo volume da carga, é de se imaginar que elas eram bastante procuradas na feira.
Outras imagens da feira livre de Água de Meninos eu encontrei no álbum Isto é a Bahia, organizado pelo alemão baianizado Karl Heinz Hansen e lançado pela Edições Melhoramentos, de São Paulo – o exemplar que eu possuo, cujas páginas não são numeradas, se trata da segunda edição e não informa o ano de publicação. São duas fotografias em preto e branco oriundas de acervos distintos. (16) A primeira delas nos mostra um emaranhado de mastros de saveiros dominando a composição; e, mais perto do nosso olhar, aparece um cavalo – ou será um jumento? – sobre o qual foi posta uma carga que eu não consegui identificar, e, próximo ao animal, vemos quatro homens. Na segunda fotografia, que é dominada por pessoas, aparecem muitos homens – só há três mulheres entre eles, uma das quais olhando para o fotógrafo, presumo – de chapéu na cabeça, balaios de cipó e objetos de palha que parecem ser esteiras; também são vistas várias sacas e homens pesando que acredito ser feijão.
Ôxe,
por que a feira acabou?!
Vimos até aqui que não se
sabe – eu pelo menos não encontrei uma fonte que me desse essa informação –
quando foi que a feira livre de Água de Meninos teve início mas que, enquanto
ela existia, figurava como a maior e mais conhecida de toda a Bahia. No
entanto, já em meados da década de 1950 as mudanças que se processavam na área
da feira eram bastante visíveis. Acompanhemos com que tom Vasconcelos Maia
encerrou aquele seu texto para a publicação do referido volume da Coleção Recôncavo:
Antigamente,
todavia, a feira de Água de Meninos era mais bonita. Era suja da mesma maneira,
o mangue fedia quando a maré baixava, os capitães-de-areia rondavam as
barracas, as barracas eram as mesmas, os tipos também. A mudança está na paisagem.
O diacho do progresso não metera seus pés no fundo da feira, não erguera no
areial (sic) que era o leito dos amantes sem teto e o velhacouto (sic) dos
meninos fugidos, esses hediondos depósitos de petróleo da Standard Oil? Antigamente
a feira de Água de Meninos era mais bonita. Que será no futuro? (17)
Bem, embora não se saiba
precisamente quando a feira de Água de Meninos começou; por outro lado, é
sabido como e quando ela teve fim e qual foi o seu futuro.
No mais de uma vez por mim
mencionado Roteiro turístico da cidade do
Salvador nos é dito que a atual Praça Tomé de Souza, localizada no
Pelourinho, teve como nome primitivo Praça da Feira, por ter sido o local da
primeira feira da cidade: “Com o tempo, na voz correntia, ela era a Praça da
Cidade, a Praça do Mercado, ainda por força da feira, Praça do Conselho, pois
que, no edifício do Paço Municipal, se reunia o antigo Conselho da Câmara,
Praça da Parada e Praça Rio Branco. Praça da Parada porque ali, se realizavam
touradas”. (18) Curioso, não?
Consultando a Recopilação de noticias soteropolitanas e
brasilicas de Luiz dos Santos Vilhena, que ele escreveu no último quartel
do século XVIII, tomei conhecimento de que, por essa época, Salvador, segundo
ele, não dispunha de praças de mercado. Leiamos o que ele registrou:
Não
ha nesta cidade huma só Praça de mercado, mas sim huns lugares a que chamão
quitandas, nas quaes se juntão muitas negras a vender tudo o que trazem, como
seja Peixe, carne meya assada, a que dão o nome de moqueada, toucinho, Ballea
no tempo da pesca, hortaliças, etc.
Destas
quitandas ha tres em toda a cidade; huma na Praya, outra que indecentemente
estava na praça ou Terreiro de Jesus, se acha hoje em huma rua chamada nova,
onde ha poucas cazas e onde o Senado mandou fazer humas cazinhas para alugar ás
quitandeiras, com a desgraça porem de serem tão pequenas que nenhuma as quer
alugar; hé a terceira quitanda nas portas de S. Bento, onde o Senado havia
mandado fazer outras cabanas que por mais espaçozas, quazi nunca ficão por
alugar.
Depois
que se julgou inutil a Fortaleza das Portas de S. Bento, por ficar entranhada
na cidade, fez S. Magestade mercê ao Senado daquelle largo para que nelle se
fizesse huma Praça de Mercado; o certo porem he que a cidade athé o prezente
caresse dela. (19)
Será que por esse tempo em
que escreveu o arguto Luiz dos Santos Vilhena não existia na capital baiana nem
sequer uma feira livre? E para onde é que seguiam as mercadorias todas vindas
do Recôncavo? Será que, além das ditas quitandas e de um possível comércio
feito diariamente pelos tripulantes das embarcações quando elas atracavam no
porto, existiam vendedores que saíam pelas ruas anunciando a plenos pulmões a
dúzia de ovos, o quilo de farinha e a palma de banana em seus pregões ouvidos
ao longe? É bem provável que sim, porque essa prática era muito comum em várias cidades brasileiras desse tempo e mesmo de depois.
Retomemos o fio de nossa
meada, para que não nos prendamos a indagações e suposições.
Tendo em vista que, ainda
que atrapalhasse de alguma maneira as obras de ampliação do Porto de Salvador,
a antiga Feira do Sete era removível, quer dizer, as suas barracas e os seus
bancos eram armados e desarmados, deixando livre o local. Agora o mesmo não se
via no terreno – e ele também era um destino das obras de transformação da zona
portuária – onde comerciantes da finda Feira do Sete se estabeleceram dando
origem à Feira de Água de Meninos, porque não demorou para que eles, como foi
visto, começassem a ocupar a área da enseada de modo fixo, montando barracas
que serviam tanto para o comércio como para moradia. E isso, com o decorrer do
tempo, configurou-se como um grande problema para as autoridades empenhadas em
dar prosseguimento àquelas obras. Deste modo, ressalta Eduardo Gantois, a feira
livre de Água de Meninos se tornou um “problema político” porque social “já era
há muito”. (20)
De acordo com Eduardo
Gantois a Prefeitura Municipal começou a negociar com os feirantes ainda na
década de 1950:
Há
registros que em 1959 houve um acordo entre as Docas, Prefeitura, sindicato dos
Feirantes e Capitania dos Portos para uma possível transferência da feira para
outro local, provavelmente na Enseada de São Joaquim.
O
acordo não teve sucesso [...] Em 1960, novo ataque dos poderes constituídos.
“Fica proibida a construção de novas barracas”. O que foi feito, está feito.
Agora, parem! (21)
Diz-se que a transferência
da feira livre para São Joaquim não era um ponto pacífico nesse litígio: o
então presidente da Companhia Docas, George Humbert, apoiava a transferência da
feira, mas o prefeito Heitor Dias não, tendo ele chegado mesmo a declarar que
se as barracas fossem instaladas em São Joaquim, não hesitaria em mandar
demoli-las.
Mas eis que, no dia 5 de
setembro de 1964, um sábado de lua cheia, quando o país já se encontrava sob a
vigência de uma ditadura militar, um incêndio consumiu a famosa feira livre de
Água de Meninos, encerrando, desse modo, todas as tratativas e debates em torno
de sua remoção da área pela qual passavam tubulações das multinacionais Esso,
Texaco e Shell. Passo novamente a palavra ao Eduardo Gantois:
Alguém
afirmou laconicamente: “a lua estava cheia, porque estava sendo iluminada aqui
de baixo pelas chamas de Água de Meninos”. As labaredas alcançavam a altura da
Igreja de Santo Antônio Além do Carmo, no alto da colina. De todos os cantos da
cidade, da própria Ilha de Itaparica, o incêndio era visto. Era um espetáculo
dantesco e insólito. Vontade dos deuses ou de outras vontades? (22)
Por mais religioso e cristão
que era e é, o povo baiano, pelo menos em grande parte, não acreditou que o
incêndio da feira livre de Água de Meninos fora obra de um infortúnio e muito
menos da providência divina. Dado o confronto de interesses que havia envolvendo
a área que era ocupada pela feira, a crença quase que geral era de que o incêndio
fora premeditado, criminoso. Transcorridos quase doze anos do evento
incendiário, a pesquisadora Angela Ramalho Vianna apurou que, “segundo a versão
mais comum, [a feira de Água de Meninos] foi incendiada por ordem da própria
Prefeitura, que queria negociar o terreno onde se localizava a feira”. (23)
Epílogo
Desaparecida a feira livre
de Água de Meninos, logo, como veremos em outro momento, os baianos
acompanharam o surgimento da de São Joaquim, que ainda hoje existe. Aquela
feira livre de Água de Meninos desapareceu apenas fisicamente, porque na memória urbana da cidade de
Salvador, ela figura de modo permanente, uma vez que, como bem disse o ilustre
Afranio Peixoto, “Os nomes ficam, quando as coisas se vão”. (24)
Notas
1- Roteiro
turístico da cidade do Salvador, p. 42 e 44 (na verdade, a
publicação não apresenta as páginas numeradas; fui eu que as numerei).
2- João Emilio Gerodetti e Carlos Cornejo. Lembranças do Brasil, p. 151. O
cartão-postal foi lançado pela Litho. – Typ.
Joaquim Ribeiro & Comp.
3- Vasconcelos Maia. “Água de Meninos”. In Feira de Água de Meninos, p. 3 (também
aqui a numeração das páginas ficou por minha conta).
4- Id. ibid. p. 4.
5- Id. ibid. p. 5.
6- Id. ibid. p. 6.
7- Eduardo Gantois. “Feira de Água de Meninos”
(16 de novembro de 2009) e “História da feira de Água de Meninos” (19 de maio
de 2014). In www.salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com.br.
8- Eduardo Gantois. “Feira de Água de Meninos”
(16 de novembro de 2009). In www.salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com.br.
9- Eduardo Gantois. “Igreja de Santo Antônio e a
feira de São Joaquim” (27 de fevereiro de 2011). In www.salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com.br.
10- Afrânio Peixoto. “Água de Meninos”. In
Breviário da Bahia, p. 35.
11- Id. ibid. p. 35.
12- Id. ibid. p. 36.
13- Id. ibid. p. 36.
14- Boris Kossoy. Fotografia & História, p. 32.
15- Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros, vol. XXI, p. 270.
16- Karl Heinz Hansen (org.). Isto é a Bahia!, p. 69 e 70 (numeradas por mim). Não ficou claro
para mim, nessa publicação, quando, no verso da folha de rosto, mencionam-se
nomes de pessoas que “contribuíram” com as fotografias que nela aparecem;
fiquei sem saber se as tais pessoas são autoras dos registros ou se as
guardavam e/ou colecionavam. Bom, em todo caso fica aqui dito o que vai
registrado ali: a foto da p. 69 foi uma colaboração de Sascha Harnisch; e a da
p. 70 de Erich Hess. Desconfio que, embora a legenda não mencione, a exemplo
das dessas duas que eu publiquei aqui, a informação de que se trata da feira de Água
de Meninos e sim a legenda “Feira livre – Escolhendo quinquilharias”, a fotografia que
aparece na p. 94, colaboração também de Erich Hess, seja mais um flagrante da feira livre de Água de Meninos.
Outra coisa: o alemão Karl Heinz Hansen ficou
tão entranhado na terra baiana que, como artista plástico, muito talentoso,
aliás, passou a assinar as suas obras simplesmente como Hansen Bahia. Querem
maior prova do apego de alguém a um lugar do que esse?!
17- Vasconcelos Maia. Op. cit. p. 6.
18- Roteiro
turístico da cidade do Salvador, p. 13.
19- Luiz dos Santos Vilhena. Recopilação de noticias soteropolitanas e brasílicas, carta
segunda, p. 93.
20- Eduardo Gantois. “Feira de Água de Meninos”
(16 de novembro de 2009). In www.salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com.br.
21- Id. ibid.
22- Id. ibid.
23- Angela Ramalho Vianna. “Estratégias de
sobrevivência num bairro pobre de Salvador”. In Guaraci Adeodato Alves de Souza
e Vilmar Faria (orgs.). Bahia de todos os
pobres, p. 192.
24- Afrânio Peixoto. Op. cit. p. 37.
Fontes
e referências
-
Livros, opúsculos, etc.
Enciclopédia
dos Municípios Brasileiros. Volume XXI. Rio de Janeiro: Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, 1958.
GERODETTI, João Emilio e CORNEJO, Carlos. Lembranças do Brasil: as capitais brasileiras nos cartões-postais e álbuns de lembranças. São Paulo: Solaris Edições Culturais, 2004.
GERODETTI, João Emilio e CORNEJO, Carlos. Lembranças do Brasil: as capitais brasileiras nos cartões-postais e álbuns de lembranças. São Paulo: Solaris Edições Culturais, 2004.
HANSEN, Karl Heinz (org.). Isto é a Bahia!. 2ª ed. São Paulo:
Edições Melhoramentos, s. d.
KOSSOY, Boris. Fotografia & História. 5ª ed. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2014.
MAIA, Vasconcelos. “Água de
Meninos”. In Feira de Água de Meninos.
Coleção Recôncavo. Nº 14. Salvador: Livraria Progresso Editora, 1955.
PEIXOTO, Afranio. Breviário da Bahia. Rio de Janeiro.
Livraria Agir Editora, 1945.
Roteiro
turístico da cidade do Salvador. Salvador: Prefeitura
Municipal do Salvador/Organização Brasileira de Edições Culturais/Liceu de
Artes e Ofícios, s. d.
SOUZA, Guaraci Adeodato
Alves e FARIA, Vilmar (orgs.). Bahia de
todos os pobres. (Caderno CEBRAP nº 34). Petrópolis: Editora Vozes/CEBRAP,
1980.
VIANNA, Angela Ramalho.
“Estratégias de sobrevivência num bairro pobre de Salvador”. In SOUZA, Guaraci
Adeodato Alves e FARIA, Vilmar (orgs.). Bahia
de todos os pobres. (Caderno CEBRAP nº 34). Petrópolis: Editora
Vozes/CEBRAP, 1980. pp. 185-214.
VILHENA, Luiz dos Santos. Recopilação de noticias soteropolitanas e brasílicas.
1º volume. Bahia: Imprensa Official do Estado, 1922.
-
Sites e blogs, etc.
GANTOIS, Eduardo. “Feira de
Água de Meninos” (16 de novembro de 2009). In www.salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com.br.
Acesso: 09 de abril de 2018.
____. “História da feira de
Água de Meninos” (19 de maio de 2014) in www.salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com.br.
Acesso 09 de abril de 2018.
____. “Igreja de Santo
Antônio e a feira de São Joaquim” (27 de fevereiro de 2011). In www.salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com.br.
Acesso 09 de abril de 2018.
Excelente artigo sobre a memória do povo baiano.
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