29 de setembro de 2018

Absurdos absurdos (I)

Por Clênio Sierra de Alcântara


Fotos: Arquivo do Autor
Registro feito a partir da Rua Sizenando Galvão: será que a rádio Voz da Ilha, que aparece no fundo, já noticiou o absurdo absurdo do desperdício de energia elétrica que está há quase dois anos ocorrendo na Ilha de Itamaracá?

Não é preciso dispor de lupa, óculos especiais ou de algo que os valha para conseguir enxergar claramente os cenários das cidades que se revelam aos nossos olhos. Eles estão lá o tempo todo à vista de todo aquele que os queira ver - e nem é preciso, também, ter olhos treinados para tanto, basta, como eu disse, querer enxergá-los.

Hoje eu inicio neste espaço mais uma série; e ela terá como enfoque certas realidades que eu porventura veja como absurdas dentro do universo urbano – e mesmo além dele. A proposta é descrever situações que vão de encontro ao senso comum de uma, digamos, boa e eficiente governança das cidades; e de um compromisso das autoridades públicas no trato com as obrigações que lhes cabem em respeito à sociedade em geral, que é quem sustenta a máquina governamental toda.

Rua Sizenando Galvão: pelo menos quatro postes estão acesos

Avenida João Pessoa Guerra

Faz quase dois anos – isso mesmo, quase dois anos – que nesta Ilha de Itamaracá, onde eu moro, que é uma das cidades que integram a Região Metropolitana do Recife, o poder público municipal vem fechando os olhos para um flagrante e dispendioso desperdício que está à vista de todos, moradores e turistas, que percorrem ruas e avenidas deste lugar: postes de diversos logradouros – e até um refletor que fica no jardim do girador – vem mantendo suas luzes acesas de modo ininterrupto; ou seja, anoitece, amanhece e anoitece e amanhece de novo e as luzes continuam iluminando as vias mesmo estando o sol a pino.

Sob qualquer avaliação que se faça, além de ser um desperdício descomunal de um recurso que requer muito investimento para ser gerado, a situação que tem sido vista em Itamaracá quer dizer, também, que a tarifa de iluminação pública que eu e você pagamos para que esse estado de coisas não seja mantido, não está tendo o destino que deveria ter, porque esse tributo que vem discriminado na conta de luz é cobrado de nós para que a Municipalidade faça a manutenção desse serviço, o que, a contento, não vem ocorrendo aqui. Há muitos meses eu venho tentando fazer com que o poder público consiga enxergar o problema, mas não tenho tido êxito. Comecei buscando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel); e fui orientado a procurar a empresa responsável pela distribuição de energia elétrica aqui no meu estado, que é a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), do Grupo Neoenergia. Pois bem, acionei a Celpe e a resposta que me deram foi de que o caso deveria ser solucionado junto à Prefeitura.


              Esta e as duas seguintes são de registros feitos na PE 001, conhecida como Estrada do Forte





Não cheguei a ir diretamente ao prédio onde bate ponto o chefe do executivo municipal, mas eu falei com uma mulher que trabalha no setor de imprensa e até com um vereador. E de nada adiantou. Então eu reclamei no site da Prefeitura e denunciei, via WhatsApp, à Rede Globo Nordeste e ao programa Por Dentro Com Cardinot, da TV Jornal.  Foi tudo em vão.

Na manhã do último dia 18 de setembro eu percorri alguns dos logradouros nos quais os postes vêm mantendo as luzes acesas 24 horas por dia, a fim de fazer uns registros fotográficos para ilustrar este artigo. Estive na Av. João Pessoa Guerra, endereço da Prefeitura; nas ruas Sizenando Galvão – esta apresenta vários postes com luzes acesas, e, vejam só, fica defronte à rádio Voz da Ilha. Eu me pergunto: será que essa rádio nunca tratou dessa questão? -, Paudalho e Jenipapo; e na PE-001, conhecida como Estrada do Forte Orange, que também figura com pelo menos três postes que estão iluminando a via sem ter descanso. E, como se isso não já não fosse por si só uma demonstração cabal e inequívoca de um desperdício absurdo e uma prova da total falta de respeito para com o cidadão, por outro lado, postes de inúmeras artérias apresentam luzes queimadas por meses a fio, como o que fica defronte à minha casa, na Rua Pau-ferro, que está há quase dois anos apagado.


Rua Jenipapo


       Na Rua Pau-ferro um poste permanece com a luz apagada há quase dois anos.  Para onde é que está indo o dinheiro arrecadado com a tarifa de iluminação pública, minha gente?

Enquanto o desperdício de energia corre a olhos vistos na Ilha de Itamaracá, onde postes conservam luzes acesas ininterruptamente, o Governo federal faz campanha contra essa prática, uma vez que a matriz energética do país é majoritariamente produzida por hidrelétricas e boa parte delas se encontra com seus reservatórios de água com níveis preocupantes, devido à falta de chuvas; além disso, esse mesmo Governo nos obriga a pagar acréscimos na conta de luz para bancar, como dizem os seus prepostos, o custo da geração de energia de um modo geral, e, particularmente – e ainda mais caro -, da que é gerada pelas usinas termoelétricas, acionadas principalmente em tempos de estiagem.



Rua Paudalho


Tão clara como a luz do sol é a constatação de que, a bem da verdade, os postes com suas lâmpadas permanentemente acesas deixam muito nitidamente ver quão incompetente e desrespeitosa para com os cidadãos que pagam os seus tributos tem sido, a exemplo das que lhe antecederam, a atual gestão municipal da Ilha de Itamaracá.

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