11 de maio de 2019

A Casa da Cultura de Serra Talhada

Por Clênio Sierra de Alcântara

Fotos: Arquivo do Autor



Anda em par com o meu vivo interesse pelas narrativas de formação das cidades e, por extensão, pela preservação da memória urbana, o querer conhecer delas as instituições que se ocupam em, de alguma maneira, proteger e salvaguardar fragmentos do seu passado, seja de sua materialidade citadina propriamente dita, seja de sua gente, seja de acontecimentos havidos em seu território, seja dos costumes do povo que lhe habita, seja das tradições que nelas perduram, seja, enfim, por tudo o que compõe o arcabouço de sua história. E algumas das instituições que mais despertam o meu interesse nos lugares aos quais eu vou são os museus, os memoriais e as casas de cultura.





Na tarde do dia 26 de novembro de 2015 – e eu voltaria lá na manhã do dia seguinte -, estando eu na pernambucana cidade de Serra Talhada, na ensolarada e sertaneja Serra Talhada, eu deixei o refresco do Cactus Hotel e fui conhecer a sua Casa da Cultura, localizada na esquina da Rua Comandante Dantas Superior com a Praça Sérgio Magalhães, no centro do município.










Muito embora o acervo da Casa da Cultura seja modesto e composto basicamente de utensílios domésticos, instrumentos de trabalho, vestes litúrgicas, fotografias de certos pontos da paisagem urbana e de serra-talhadenses ilustres, como Arnaud Rodrigues, e também bustos, como o de Agamenon Magalhães, ele tem um valor significativo dentro da proposta da instituição que é, acredito, poder apresentar à população local e aos visitantes oriundos de outros lugares, aspectos da história do município. Contudo, a mim me pareceu que faltava àquele espaço um bom planejamento museológico que desse um maior relevo às peças que estavam ali expostas, de modo que elas fossem valorizadas e compreendidas dentro de um contexto histórico. Faltava ali, digamos assim, uma espécie de “linha cronológica” demarcando um espaço temporal dos objetos ali exibidos.













Outro ponto negativo que eu observei durante as visitas foi a completa falta de habilidade e de preparo mesmo dos recepcionistas que lá se encontravam. De cara eu quis acreditar que aquelas pessoas não tiveram nenhum treinamento e não receberam qualquer noção de monitoria, porque, para mim, só isso poderia explicar a indiferença para com a presença do visitante e o seu interesse de saber mais sobre aquele equipamento cultural. Uma das atendentes, inclusive, não largava o celular na ocasião da minha primeira visita. Alguém pode até objetar dizendo que quando queremos saber mais nós de pronto perguntamos. Mas eu compreendo que se há alguém numa instituição museal  disponibilizada para acompanhar o visitante, essa pessoa tem de desempenhar o papel que lhe cabe, porque isso evita e/ou coíbe, inclusive, maus comportamentos, como o de tocar nas peças, e desperta a curiosidade do visitante, uma vez que, creio eu, quem busca instituições como essa normalmente têm fome de saber e quer sempre aprender algo novo. Em duas ocasiões eu entrei e saí daquela Casa da Cultura sem ter recebido qualquer mínima informação a respeito das peças do acervo nela expostas e/ou a respeito da própria instituição.

Busto de Agamenon Magalhães













Ocupando um prédio de linhas arquitetônicas simples – ele próprio é um registro da memória urbana serra-talhadense - e situada num ponto de fácil acesso, a Casa da Cultura de Serra Talhada guarda ainda, em sua área externa, esculturas e painéis que são, por assim dizer, complementos do acervo. Mesmo encontrando ali as deficiências que mencionei em linhas atrás, eu recomento sim uma visita àquela instituição, porque de alguma maneira tudo pode nos proporcionar o alcance de certo conhecimento; e quando prestigiamos instituições culturais corroboramos a razão de ser de suas existências.

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