Fotos: Arquivo do Autor |
Anda em par com o meu vivo
interesse pelas narrativas de formação das cidades e, por extensão, pela
preservação da memória urbana, o querer conhecer delas as instituições que se
ocupam em, de alguma maneira, proteger e salvaguardar fragmentos do seu
passado, seja de sua materialidade citadina propriamente dita, seja de sua gente,
seja de acontecimentos havidos em seu território, seja dos costumes do povo que
lhe habita, seja das tradições que nelas perduram, seja, enfim, por tudo o que
compõe o arcabouço de sua história. E algumas das instituições que mais
despertam o meu interesse nos lugares aos quais eu vou são os museus, os
memoriais e as casas de cultura.
Na tarde do dia 26 de
novembro de 2015 – e eu voltaria lá na manhã do dia seguinte -, estando eu na
pernambucana cidade de Serra Talhada, na ensolarada e sertaneja Serra Talhada,
eu deixei o refresco do Cactus Hotel e fui conhecer a sua Casa da Cultura,
localizada na esquina da Rua Comandante Dantas Superior com a Praça Sérgio
Magalhães, no centro do município.
Muito embora o acervo da
Casa da Cultura seja modesto e composto basicamente de utensílios domésticos,
instrumentos de trabalho, vestes litúrgicas, fotografias de certos pontos da
paisagem urbana e de serra-talhadenses ilustres, como Arnaud Rodrigues, e
também bustos, como o de Agamenon Magalhães, ele tem um valor significativo dentro
da proposta da instituição que é, acredito, poder apresentar à população local
e aos visitantes oriundos de outros lugares, aspectos da história do município.
Contudo, a mim me pareceu que faltava àquele espaço um bom planejamento
museológico que desse um maior relevo às peças que estavam ali expostas, de
modo que elas fossem valorizadas e compreendidas dentro de um contexto
histórico. Faltava ali, digamos assim, uma espécie de “linha cronológica”
demarcando um espaço temporal dos objetos ali exibidos.
Outro ponto negativo que eu
observei durante as visitas foi a completa falta de habilidade e de preparo
mesmo dos recepcionistas que lá se encontravam. De cara eu quis acreditar que
aquelas pessoas não tiveram nenhum treinamento e não receberam qualquer noção
de monitoria, porque, para mim, só isso poderia explicar a indiferença para com
a presença do visitante e o seu interesse de saber mais sobre aquele equipamento
cultural. Uma das atendentes, inclusive, não largava o celular na ocasião da
minha primeira visita. Alguém pode até objetar dizendo que quando queremos saber
mais nós de pronto perguntamos. Mas eu compreendo que se há alguém numa
instituição museal disponibilizada para
acompanhar o visitante, essa pessoa tem de desempenhar o papel que lhe cabe,
porque isso evita e/ou coíbe, inclusive, maus comportamentos, como o de tocar
nas peças, e desperta a curiosidade do visitante, uma vez que, creio eu, quem
busca instituições como essa normalmente têm fome de saber e quer sempre
aprender algo novo. Em duas ocasiões eu entrei e saí daquela Casa da Cultura
sem ter recebido qualquer mínima informação a respeito das peças do acervo nela
expostas e/ou a respeito da própria instituição.
Busto de Agamenon Magalhães |
Ocupando um prédio de linhas
arquitetônicas simples – ele próprio é um registro da memória urbana
serra-talhadense - e situada num ponto de fácil acesso, a Casa da Cultura de
Serra Talhada guarda ainda, em sua área externa, esculturas e painéis que são,
por assim dizer, complementos do acervo. Mesmo encontrando ali as deficiências
que mencionei em linhas atrás, eu recomento sim uma visita àquela instituição,
porque de alguma maneira tudo pode nos proporcionar o alcance de certo
conhecimento; e quando prestigiamos instituições culturais corroboramos a razão
de ser de suas existências.
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