Quando
a esperança está dispersa
Só a
verdade me liberta
Chega
de maldade e ilusão.
Perfeição.
Dado Villa-Lobos/Marcelo Bonfá/Renato Russo
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Fotos: Juliano da Hora Sem esmorecer, porque a caminhada é difícil mas necessária; e o contrário de viver é morrer, e isso definitivamente eu não escolho |
Outra vez o livro e a
leitura me levaram a vivenciar uma experiência de grande satisfação para mim.
Na noite da última quarta-feira, no Café Liberal 1817, no Bairro do Recife,
ocorreu o lançamento da minha primeira reunião de poesias. Já disse noutro
momento e vou repetir agora: poesia foi a linguagem à qual recorri
primeiramente quando eu me vi capaz de adentrar no universo das letras tendo
consciência da escrita como instrumento não somente de comunicação, mas também
de registro e de testemunho do que eu sou, penso e sinto. E dizer isso, e
escrever isso tentando encontrar a maneira apropriada para fazê-lo. E tendo
plena consciência de que o labor da escrita se estabeleceria na minha vida, a
partir de então, como aqueles marcos de pedra que estabelecem limites territoriais,
sendo que, em mim, ele delimitaria um antes e um depois: um antes falto de um
rumo; e um depois acreditando na caminhada pelas veredas que eu teria de ir
sinalizando de modo a deixar as marcas de minha passagem.
Há quem diga, há quem
acredite que todo bom escritor, todo bom poeta deve primar em se fazer entender
inteiramente por aqueles que o leem. A acreditar nesse fundamento eu nunca, eu
jamais serei um bom escritor e nem um bom poeta, porque eu não creio que toda e
qualquer pessoa entenda e compreenda tudo aquilo que lê, seja o escrito tido
como “difícil” ou o que é tomado como “fácil”. E o que é “difícil”? E o que é
“fácil”? E por quê? E por quem?
Muito embora eu próprio
reconheça, eu autocriticamente me veja e me perceba como um simples operário da
palavra – e um operário ainda de baixa estatura – eu me porto desde o início –
e haverá quem enxergue nisso uma boa dose de empáfia e de presunção, o que não
deixa de ser verdade -, desde o começo de minha jornada, como alguém que não
tem disposição para assumir um compromisso de, a todo momento, ficar e/ou se sentir pressionado a fazer
concessões no exercício da escrita a fim de que ela se apresente, por assim
dizer, asséptica e agradável, palatável e, vá lá, compreensível. Não, eu vou
escrever do modo que eu sei escrever, ainda que tenha esse modo, aos olhos de
uns e outros, algo de muito simplório e que seja por eles vista como uma
reunião de ideias pequenas e de pensamentos bastante pedestres, enfim.
Minha postura se sustenta no
propósito de continuar escrevendo; é este o compromisso que eu assumi para com
o meu ser; agora, se durante esse fazer o exercício da escrita será aprimorado
seja com clareza, seja com uma riqueza de lida com as ideias e com o
pensamento, eu não sei. Dentro disso, uma coisa está certa e firmemente
estabelecida: como eu já disse noutra ocasião vou repetir agora: eu não faço
concessões de nenhuma ordem naquilo que estou disposto a escrever.
Voltemos ao evento do
lançamento do meu Só não ousem tentar me
domesticar, porque eu vou continuar sendo selagem. Desta vez eu, antes de
começar a propriamente autografar os livros das pessoas que foram até lá me
prestigiar, me dirigi a elas, algo que não realizei cinco anos atrás.
Agradeci-lhes a presença; e falei não só da razão do livro em si, como também
da minha necessidade existencial de escrever. Foi um momento de eu compartilhar
com aquelas pessoas um sentimento de realização. E ficou decidido que,
doravante, eu sempre e sempre falarei em ocasiões como aquela, porque, na
realidade, o comum é que seja assim mesmo.
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Eu no momento em que comecei a falar para a minha pequena plateia |
Ao evento compareceram
pouquíssimas pessoas; o que, de certa forma, me frustrou um pouco, porque,
normalmente, o que é escrito é para ser lido; e eu desejo alcançar um número
maior de leitores. Caso ao menos a metade daqueles que haviam adquirido o livro
comigo antes tivesse comparecido para receber autógrafos em seus exemplares, o
movimento e a festa teriam sido realmente animados. Por outro lado eu quero
acreditar que todo aquele que ali esteve, naquela noite, foi para celebrar a
existência do livro e tudo o que a leitura proporciona ao leitor.
Cuidando para não perder o
brilho da noite, o jornalista e fotógrafo Juliano da Hora posicionou suas
lentes para captar e registrar pequenos e grandes momentos que eu e os meus
convidados vivenciamos ali.
Ao lado de minha mãe
Cleonice de Alcântara, Lia de Itamaracá era pura generosidade para comigo, que
muito a prezo e quero bem. Várias figurinhas do meu convívio profissional e
extramuros do local de trabalho também marcaram presença para fazer o evento
acontecer: Adalberto Passos, sua esposa Mércia e a filha Maria Rita; Adelbar
Lima, um amigão de mais de duas décadas; o casal Jadiel Santos e Edizia
Rodrigues, que levou o filho Gabriel Ikarus; Fabiana Pereira, que é uma,
digamos, aquisição recente do meu coração; Maria da Conceição, que diz carregar
em si um amor incondicional por mim; o impávido Félix Oliveira, que não cansa e
nem baixa a guarda; Sebastião Neto, o homem da voz e do violão – e dos olhos –
encantadores; Antônio Marcos, uma das pessoas mais generosas que entraram na
minha vida; Neide Ulisses, a baiana arretada que é pura alegria; Marcos Paulo,
que além de participar pegou no pesado: muito obrigado, querido!; Beto Hees, um
ser feito de força e determinação que eu admiro bastante; Aline Falcão, seu
esposo Daniel Delso e a filhota Maia, uns queridos que ainda levaram a bela
Agilana Inojosa para iluminar um pouco mais aquela noite; e outro par ao qual
eu também devoto grande apreço, Cristiano Galvão e Marize, que levou o pequeno
e valente Antônio: ali mesmo nós acertamos que a comemoração do primeiro ano do
menino será bem animada: vai ter samba para o Antônio.
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Mainha, eu e Lia de Itamaracá |
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Mainha e Beto Hees |
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Jadiel e Edizia: amizade não se compra, se conquista |
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Neto, Adlberto, Maria Rita e Mércia: porque a vida é boa e a gente não quer perder tempo com coisinhas miúdas |
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O que é que a Bahia tem? Vatapá, caruru, Senhor do Bonfim e Neide Ulisses, essa pessoa maravilhosa |
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Neide e Marcos Paulo, que é pau para toda obra |
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Fabiana reverenciando a rainha da ciranda |
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Mainha e Maria da Conceição, a Cêça, fazendo pose |
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Cristiano, Marize e o pequeno Antônio: daqui a alguns meses estaremos juntos novamente para animarmos a festa cantando um samba |
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Obrigado, rainha! |
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Fabiana: pelo carinho, pelo encontro e por tudo de bom que nos une |
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Adalberto, Mércia e Maria Rita |
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Antônio Marcos: quando os bons encontros se dão a satisfação e o respeito mútuos dificilmente se rompem |
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Adelbar: lá se foram vinte e um anos. Poxa, parece que foi ontem que eu encontrei você. Uma das grandes lições que a vida nos ensinou foi a de sermos o que realmente somos, sem tirar nem pôr nada |
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Félix Oliveira: penso no seu empenho para fazer muitas pessoas se reconhecerem como gente de valor dizendo a elas que não é a cor de nossa pele e nem o tipo de cabelo que nos definem, e louvo a sua trajetória: Parabéns, querido! |
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Aline, Maia e Daniel: reconheço em nosso encontro a certeza de que a distância em nada modifica o sentimento que nutro por vocês |
Lá pelas tantas, como se
fossem personagens de um filme de Pedro Almodóvar, apareceram três distintas e
para mim desconhecidas figuras femininas. E por que foram até lá? “Nós viemos
porque seu amigo [Otávio] Vasconcelos nos fez saber do evento”, me disse a
divertida Maria Viana, que foi acompanhada pela simpática Jô Andrade e por uma
elegante e bonita Gilvânia de Medeiros.
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Grata surpresa e satisfação, Maria Viana. Vasconcelos sabe bem escolher as amigas |
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Gilvânia de Medeiros: beleza e simpatia andando juntas numa só pessoa |
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Três amigas superpoderosas: Maria, Gilvânia e Jô |
E assim a noite foi
pontuada, com sorrisos, conversas, beijos, abraços, poses para o fotógrafo e um
desejo enorme, de minha parte, de que ocasiões como aquela se repetissem
inúmeras vezes em minha trajetória existencial. Parafraseando Cecília Meireles
diria que eu escrevo porque o instante exige e a minha vida não está terminada;
não sou alegre nem sou triste, sou vontade ainda não saciada.
O poeta sempre está no olhar e no mundo de quem aprecia e saboreia um bom livro. O tema e objeto do livro " só não ousem me tentar domésticar, além de ser um tema bastante atual, serve de reflexão individual, social e principalmente um tapa no dual política que a todo momento tenta impor sua domesticação. E que a poesia possa se entranhar cada vez mais no hábito do brasileiro.
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