18 de janeiro de 2020

Malditos e sórdidos tiranos


Por Clênio Sierra de Alcântara


Imagem: Reprodução
Ele tem cara de nazista, tem jeito de nazista, tem discurso de nazista, mas não é nazista. Afinal, o que é que o senhor é, Roberto Alvim?!



Como se não bastasse, como se já não fosse suficientemente perturbador e vergonhoso e deprimente e lamentável ter como presidente da República um sujeito neurastênico, escatológico e pornográfico, nós, brasileiros, ainda temos de suportar os rebentos desajustados dessa criatura e as infames e reprováveis performances de alguns dos seus auxiliares.

Não é de hoje que o senhor Jair Bolsonaro e os seus desde sempre candidatos mais que aptos a ganharem o Prêmio Ignóbil, aqui e ali se arvoram de botar suas garras de tiranos para fora: dão lições de como fechar o Supremo Tribunal Federal;  desrespeitam jornalistas e ameaçam veículos da imprensa; e evocam vez por outra instrumentos da Ditadura Militar querendo com isso intimidar quem se opõe às suas sandices e às suas vontades autoritárias. Essa gente, como se vê, não vale muita coisa.

Querendo, talvez, emular o seu chefe e/ou ganhar pontos junto à família presidencial, eis que o então raivoso e desbocado secretário da Incultura, ops, da Cultura, Roberto Alvim, pôs-se todo pimpão diante de uma câmera e, tendo o antissemita Richard Wagner como background, iniciou um discurso em que anunciava a aposta numa “nova arte brasileira” que estaria por vir. Com sua cara de quem comeu e não gostou, o senhor Roberto Alvim, vejam só, azeitou a sua fala profética com porções generosas, digamos assim, de um discurso de ninguém menos do que Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda de Adolf Hitler, o supremo líder nazista.

Desconfio sinceramente – olha o chiste -, dada a fama de artista medíocre e algo despreparado que ele carrega, que o senhor Roberto Alvim, esse serzinho que teve a petulância de agredir a magnífica e admirável Fernanda Montenegro meses atrás, chamando-a de sórdida, foi vítima de uma bem articulada armação. Desconfio honestamente – o chiste continua – que o senhor Roberto Alvim, dado o seu passado inglorioso, nunca que ouvira Richard Wagner e desconhecia totalmente quem foi o tal do Goebbels. Será que foi mesmo uma armação? Ou será que foi o diabo da presunção que tomou conta do corpo e da mente do então secretário Roberto Alvim para que ele gravasse o vídeo com uma empáfia de quem se sente o rei da cocada preta, crente de que não seria desmascarado? Além de exibir a postura de um sujeito arrogante, prepotente e presunçoso o episódio em questão, que certamente figurará em qualquer retrospectiva que se fará deste ano que mal começou, revelou que o senhor Roberto Alvim é de uma ingenuidade tamanha. Mas ele caiu. Oh glória!

Os malditos e sórdidos tiranos que atualmente se encontram no comando do Governo federal, ao que parece, estão exercendo seus podres e tresloucados poderes sem ter consciência de que todas as suas manobras e ações visando ao sufocamento da liberdade, em geral, e de criação artística, em particular, não serão eficazes e nem alterarão o fato de que a arte tem força para germinar até mesmo em terrenos muito áridos; e que a censura, a restrição, o corte de verbas e a propaganda autoritária e nazista, ops, difamatória, não vão impedir e nem bloquear o processo de criação e expansão das expressões artísticas. A arte, malditos e sórdidos tiranos, assim como a luta pela sobrevivência, é de uma força e de uma resistência descomunais.

Fiquem bem certos, malditos e sórdidos tiranos que, de onde nós estamos, assistiremos à passagem da caravana do preconceito, do retrocesso, do autoritarismo, da intolerância e da falsa moralidade que vossas excelências estão a conduzir. O lugar da liberdade não pode ser ocupado pela tirania.

Nenhum comentário:

Postar um comentário