Por Clênio Sierra de Alcântara
Foto: Divulgação IURD Jair Bolsonaro e Edir Macedo, irresponsabilidade social sem castigo: se essas criaturas acreditassem mesmo na existência de demônios, elas não se olhariam no espelho |
I
Quando se pensa que o
mentecapto do Planalto Central, o bufão do Palácio da Alvorada já atingiu o
apogeu de sua esquizofrenia virulenta, eis que o dito-cujo saca de sua cabeça
perturbada mais uma “reflexão” estarrecedora. Na última terça-feira, em cadeia
nacional de rádio e televisão, o senhor Jair Messias Bolsonaro, ainda o presidente deste país, não só atacou as providências que governadores sensatos
estão tomando para combater o alastramento do coronavírus, como, com certo
sarcasmo, tripudiou sobre a gravidade da ameaça letal que há semanas vem
aterrorizando o mundo, dizendo que ele, se fosse acometido pelo vírus – e,
infelizmente não o foi ainda, para ele saber o que é bom para tosse -, desenvolveria
somente uma “gripezinha” ou um “resfriadozinho”; e, como se isso fosse pouco e
contrariando o que vem sendo recomendado mundo afora pela Organização Mundial
da Saúde, ele disse que as escolas e o comércio poderiam voltar a funcionar
normalmente.
II
Na esteira da gravidade dos
fatos, considerando todos os riscos de contaminação que estamos correndo e a
intensa e divulgada recomendação de lavarmos com frequência as mãos,
localidades como o bairro onde eu moro, continuam experimentando as
dificuldades provocadas num cotidiano marcado pelo abastecimento irregular de
água, um item básico, básico, minha gente, para a sobrevivência, porque
propicia higiene e limpeza, além, claro, o preparo de alimentos. E as
autoridades ainda insistem em dizer que está tudo sob controle.
III
Talvez, vejam bem, talvez –
digo talvez, porque a mim me parece que toda a boçalidade, toda a estupidez e
toda a burrice que ele encerra são coisas muito suas, são inatas e não precisam
de estímulo algum de outrem para aflorarem; características essas, aliás, que
ele transmitiu com competência para os desequilibrados filhos dele – por merecer
o apoio de gente da estirpe de um Carlos Massa, o apresentador do Programa do Ratinho, um dos lixos da TV
brasileira que, dias desses, soltou um alto e sonoro “porra” ao vivo
desaprovando críticas feitas ao senhor presidente da República, e de um inepto
e algo execrável Prefeito do Rio de Janeiro, a múmia que atende pelo nome de
Marcelo Crivella, um preposto de Edir Macedo, do Tio Patinhas Edir Macedo que
continuou mandando seus pastores convocarem seus pobres seguidores a
permanecerem frequentando os cultos da Igreja Universal do Reino de Deus, o
senhor Jair Bolsonaro acredite que tenha uma ampla aprovação da população
brasileira para os seus atos de evidente insanidade, porque contrários ao bom
senso.
Um sinal de que nem mesmo as
Forças Armadas estão todas elas fechadas com o tresloucado presidente foi o
pronunciamento em vídeo do senhor comandante do Exército, General Edson Leal
Pujol. Feito na mesma noite em que aquele governante irresponsável falou à
nação, um comedido e muito sensato Leal Pujol, como devem ser os grandes
líderes, anunciou que ele e os seus comandados continuarão empenhados em
combater o coronavírus, chegando até a dizer que esse empenho será “Talvez a
missão mais importante de nossa geração”. Bravo, bravíssimo, general!
IV
Eu imagino que deva ser
terrivelmente corrosivo e algo desconcertante para uma pessoa tão
desequilibrada como o senhor Jair Bolsonaro, que vê inimigos em todos os cantos
deste país, o fato de que, não bastasse a realidade de ver a China sendo acusada
por tanta gente de ser não só a responsável pela disseminação do novo
coronavírus acidental e descuidadamente e sim de modo pensado e cruelmente
calculado visando à débâcle de
economias mundo afora, ele, o odiador número 1 dos regimes de esquerda e que,
inclusive, ganhou as eleições prometendo acabar com o esquerdismo e o comunismo
implantado no Brasil, segundo ele, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), ter de
andar pianinho para não contrariar os brios e os humores dos líderes chineses,
dirigentes da maior nação comunista – vá lá, comunista-capitalista – do planeta,
porque a balança comercial brasileira é altamente dependente das compras feitas
pelos homens de olhinhos puxados que, entre tantas outras coisas, inventaram a
pólvora e, ao que tudo indica, anseiam ser mandatários do país mais poderoso
que já existiu, desbancando o atual, que são os Estados Unidos.
V
Continuando a dar de ombros
com a grave situação que estamos vivenciando, a besta-fera do Palácio do
Planalto, um ser que parece ser, interiormente, todo ele, um enorme intestino,
o senhor Jair Bolsonaro incluiu no Decreto nº 10.292/2020, publicado na
quinta-feira, as igrejas como prestadoras de serviços essenciais à população. Não
tenho dúvida de que mais esse ato irresponsável do senhor presidente foi para
atender a um dos seus currais eleitorais. Muito embora eu não nutra a menor
simpatia e nem reconheça a autoridade da Igreja Católica, uma instituição que
queimou gente viva em fogueiras, legitimou a escravidão de negros e ainda hoje
acoberta crimes sexuais praticados por seus padres e assemelhados, não acredito
que ela tenha entrado nessa questão; sou levado a crer que o senhor Jair
Bolsonaro atendeu foi à pressão dessa gentinha nojenta, manipuladora e
aproveitadora da vulnerabilidade social, da fragilidade e da ingenuidade
alheia, os quatro Cavaleiros do Apocalipse: Edir Macedo, Romildo Ribeiro
Soares, Valdemiro Santiago e Silas Malafaia, preocupados que eles estão não com
o bem-estar da população, mas com a queda na arrecadação dos seus templos,
locais nos quais durante anos eles fazem as encenações que os tornaram
milionários. Se essas criaturas, se esses quatro fariseus acreditassem
realmente na existência de demônios, eles não se olhariam no espelho.
VI
Os fatos vão sendo
debulhados como vagens de feijão e aqui e ali saltam aos nossos olhos imagens
de perturbadora dramaticidade, como o crescimento diário do número de mortes provocadas
pelo coronavírus, afora os casos que se revelam claros exemplos de alienação e
de insensatez, como o de pessoas que nem sequer acreditam na existência desse
vírus e se recusam a seguir qualquer recomendação de higiene e isolamento.
Em meio a isso tudo, nem é preciso zombar e escarnecer dos bolsonaristas de plantão, porque o próprio líder-supremo deles se encarrega de fazê-lo. Mas como eles não costumam deixar os ataques às sandices do chefe por menos, organizaram e saíram em carreata por ruas da capital paulista na tarde de ontem protestando, imaginem, contra o isolamento social. É ou não é uma demonstração de quanto, assim como o coronavírus, a estupidez é deveras contagiosa? Não só a estupidez, mas também a irresponsabilidade social e o espírito de manada.
Em meio a isso tudo, nem é preciso zombar e escarnecer dos bolsonaristas de plantão, porque o próprio líder-supremo deles se encarrega de fazê-lo. Mas como eles não costumam deixar os ataques às sandices do chefe por menos, organizaram e saíram em carreata por ruas da capital paulista na tarde de ontem protestando, imaginem, contra o isolamento social. É ou não é uma demonstração de quanto, assim como o coronavírus, a estupidez é deveras contagiosa? Não só a estupidez, mas também a irresponsabilidade social e o espírito de manada.
Enquanto prossegue a marcha
da insensatez capitaneada pelo comandante-em-chefe Jair Messias Bolsonaro, todo
pimpão, bem armado e montado num imaginário corcel negro rumo ao obscurantismo
sem fim, eu sigo firme e forte no sentido contrário, porque prezo demais o
discordar e o livre pensar; por isso, eu estou com o governador de Goiás
Ronaldo Caiado e não abro: “Ignorância não é virtude”. Ao que eu acrescento:
ignorância também mata.
VII
Nessa verdadeira balbúrdia
que mistura medo com esperança e descrença com resignação, uma das avaliações
que eu mais tenho ouvido é de que o mundo, a humanidade sairá dessa situação
provocada pelo coronavírus mais, digamos, humanizada. Não acredito nisso; e nem
por pessimismo, mas por tudo o que eu aprendi e vi ao longo dos meus 46 anos de
vida. Tão logo a poeira baixe, assim que a água turva assentar, imediatamente
após a dispersão da pandemia, muitos, muitos, muitos de nós voltará de novo à
carga, praticando excessos de egoísmo e de desumanidade, assassinando
diariamente milhares de pessoas por aí com armas de fogo potentes e deixando
outros milhares, milhões, na verdade, de indivíduos que vagam por esse mundo
como os homeless de Londres e Paris
que o coronavírus nos ver que existem, porque a fome, a miséria, o egoísmo, os
maus tratos, o descaso, a indiferença e a crueldade que continuamos a
demonstrar pelo outro, estão por toda a parte deste planeta imenso, e não
somente em nações de acentuada e injusta desigualdade de renda, como o é o
Brasil.
Nós somos como criminosos
reincidentes, não costumamos ter pena de ninguém, muito preocupados que estamos
em salvar a nossa própria pele e em saciar os nossos anseios, desejos e
vontades. Bastará o coronavírus ser domado para que voltemos a praticar o que
sempre e sempre praticamos com a maior das desenvolturas, que é a destruição do
planeta e de nós mesmos, porque, eu não duvido, nós somos o maior mal que
existe, nós somos a mais letal praga do mundo.
VIII
É visível e incontestável
nesse cotidiano atípico que estamos a atravessar em decorrência da pandemia do
coronavírus, o quanto tivemos a nossa liberdade de ir e vir cerceada. Contudo,
não nos esqueçamos de que o cerceamento da liberdade de ir e vir não significa
a subtração de nossa liberdade de pensar. Pensemos.
Diante de grave pandemia que nos assola, talvez até mais perigoso do que isso, é saber que o presidente da República se comporta como um psicopata irresponsável indo contra as próprias medidas de seu governo. O mais doentio e saber que tem milhares de bozominios que aderem e pensam semelhante ao general enlouquecido pela sua esquizofrenia.
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